Quando a BYD apresentou o elétrico Dolphin EV ao mercado brasileiro, em junho de 2023, o anúncio de seu preço significativamente abaixo do que era esperado fez com que surgisse uma grande quantidade de pedidos pelo modelo desde os primeiros dias de venda. O valor competitivo fez com que outras montadoras se mexessem para baratear suas alternativas recarregáveis na tomada: Renault Kwid E-Tech, JAC e-JS1 e CAOA Chery iCar tiveram reduções em seus valores. Depois da reviravolta no setor, a BYD disponibilizou a cor preta para o Dolphin EV e introduziu uma alternativa mais completa e potente em nosso mercado, o Dolphin Plus. E nós do Auto REALIDADE tivemos a oportunidade de passar um final-de-semana com esta alternativa mais completa e potente do hatchback da Build Your Dreams!
O Dolphin é o primeiro automóvel da Build Your Dreams a adotar o design da linha “Ocean”, inspirada nos animais marinhos e nas ondas do mar, e é baseado na plataforma e-Plataform 3.0, planejada desde o início para veículos puramente elétricos e também utilizada pelos modelos Yuan Plus e Seal. O design tem a autoria de Wolfgang Egger e Michele Paganetti, sendo fortemente baseado no EA1 Concept. O Dolphin Plus tem diferenças visuais na comparação com o Dolphin EV tradicional, que incluem a dianteira alongada, os para-choques com desenho mais esportivo, o estilo das rodas de liga leve e a pintura da carroceria - que é sempre em dois tons no Plus.
Principalmente na parte frontal, a carroceria do Dolphin Plus lembra o formato de um Honda Fit: trata-se de um hatchback com ares de monovolume. A dianteira tem formas curvas, capô curto e faróis de LED que compõem uma continuação visual com o aplique escurecido dianteiro que traz traços diagonais contrapostos na cor grafite e abriga o emblema da BYD. O para-choque dianteiro traz uma câmera frontal bem visível, logo acima do espaço reservado para a placa do veículo, e uma larga abertura horizontal circundada por duas fendas verticais. Para completar, há molduras nas laterais que trazem cores contrastantes com o restante da carroceria. Os vincos nas laterais do capô são exclusivos do modelo Plus.
Visto de lado, os destaques são as janelas fixas nas colunas dianteiras, além dos vincos fortes que passam pela carroceria: um traço horizontal ascendente fica na altura das maçanetas externas, enquanto um traço diagonal bastante acentuado inicia na porta dianteira e cruza a porta traseira. A entrada para recarga fica no para-lama dianteiro direito, exatamente como no Yuan Plus. Ela abre ao ser apertada pela extremidade traseira quando o veículo está destravado, e há duas borrachas de proteção para os conectores de uso de corrente alternada e contínua. Há molduras de plástico fosco em torno dos arcos dos para-lamas, mesmo que o Dolphin não tenha nenhuma pretensão aventureira. As maçanetas possuem formato de concha, abrindo quando são levantadas - na porta do motorista há um botão que permite o travamento e destravamento do veículo através da presença da chave.
As rodas de liga leve de 17 polegadas trazem raios diamantados, triângulos na cor da carroceria e detalhes pretos ao centro. Elas utilizam pneus Linglong de perfil 205/50. Assim como outros modelos da BYD, o Dolphin é compatível com a tecnologia NFC, que permite aproximar o cartão acima da capa do retrovisor do motorista para destravar a porta, e, abaixo dos espelhos, também há câmeras de visão em 360 graus e iluminação de cortesia, que se acende mesmo antes do veículo ser destravado, caso a chave esteja próxima. O teto traz antena do tipo "barbatana de tubarão" fixada logo depois do teto panorâmico, enquanto as colunas traseiras possuem superfície escura com traços diagonais similares aos vistos na dianteira.
A traseira do Dolphin Plus traz lanternas com luzes de posição que se entrelaçam e interligam-se por toda a largura da tampa do porta-malas - e na lente fica a inscrição Build Your Dreams. Do lado esquerdo está a luz de neblina, enquanto à direita fica a luz de ré. Na tampa também estão os logotipos com o nome do carro e a indicação "EV" (electric vehicle). O vidro é encimado por um aerofólio com brake-light. A versão Plus traz o limpador traseiro (ausente no Dolphin Mini e nos primeiros exemplares do Dolphin EV, mas presente desde a linha 2025), acompanhado de lavador e desembaçador. O para-choque traz detalhes com cores contrastantes. Curiosamente, existem pontos de iluminação nas lanternas que só se acendem quando a tampa do porta-malas está aberta, como forma de facilitar a visualização de que o veículo está parado se a ignição estiver ligada.
A carroceria do Dolphin Plus possui 4,29 metros de comprimento, precisamente 16,5 cm a mais do que o Dolphin EV, mas a distância entre-eixos de 2,70 metros é igual nos dois modelos - e a mesma de um sedã médio como o Toyota Corolla. Tanto o BYD Dolphin Plus quanto o EV possuem largura de 1,77 metro e altura de 1,57 m. A altura mínima em relação ao solo é de 12,0 centímetros e o peso em ordem de marcha é de 1658 quilos. Há quatro cores disponíveis para a carroceria do modelo Plus: Afterglow Pink (rosa com capô, teto e colunas em Cinza Dolphin), Delan Black (diferentemente do que dá a entender o nome, a cor predominante é o Cinza Atlantis, azulado e com detalhes contrastantes em Preto Delan), Ski White (branco com detalhes contrastantes em Cinza Dolphin) e Surfing Blue (azul-piscina com detalhes contrastantes em Cinza Dolphin; é a cor do exemplar deste test-drive). Outra particularidade: os exemplares na cor Ski White possuem rodas com design diferente das outras versões, com raios levemente rotacionados e sem os detalhes na cor da carroceria.
Na parte interna, o Dolphin traz estilo ousado e alguns elementos que lembram o Yuan Plus, a começar pelo conjunto de volante e quadro de instrumentos fixado à coluna de direção. Cada opção de cor para a carroceria do modelo também vincula uma paleta específica para a parte interna: exemplares na cor Afterglow Pink trazem o interior na tonalidade Angel Pink, enquanto os carros na cor Ski White trazem interior Dark Black, as unidades Surfing Blue adotam o interior Dark Blue e exemplares na cor Cinza Atlantis trazem os detalhes internos na cor Dark Black. Painel e forros de porta possuem plástico rígido texturizado, com áreas tridimensionais e algumas superfícies que, vistas de longe, lembram tecido. No painel, a faixa central azul traz suede macio ao toque. As portas também trazem este material, porém bem mais fino; nelas há ainda superfícies revestidas em material sintético, e o fundo dos puxadores de porta possui material emborrachado. As saídas de ar, redondas e pretas, possuem aros vermelhos e aro central que veda a passagem de vento ao ser girado para a direita.
O volante de três raios em material sintético é bem parecido com o do Yuan Plus, trazendo costuras aparentes em vermelho, base achatada e detalhes em preto-brilhante que se estendem para os botões. No raio esquerdo ficam alojados os botões para acionamento das câmeras de visão em 360 graus, rotação elétrica da tela do sistema multimídia e acionamento do controlador de velocidade de cruzeiro, com regulagem de distância do veículo à frente em quatro níveis e assistente de permanência na faixa de rodagem. Já o lado direito concentra os comandos de voz (que podem ser ditos em português), acesso ao menu do Bluetooth, volume de som, alternância entre faixas/estações e operação do computador de bordo. A coluna de direção regula manualmente em altura e profundidade através de uma alavanca no canto inferior esquerdo, além de dispor de uma coifa na parte superior para proteção.
O Dolphin Plus possui quadro de instrumentos com tela colorida de 5,0 polegadas e exibe as informações em inglês. Na parte central-superior, o velocímetro assume papel de destaque na tela. A lateral esquerda mostra a quantidade de potência (em kW ou HP) consumida, acompanhada do gráfico que registra se o carro está gastando mais energia (Power, em vermelho), sendo conduzido de forma econômica (Eco) ou se está regenerando energia (Charge, em verde). Já o lado oposto mostra a barra de energia restante, acompanhada do percentual de autonomia. O canto superior da tela também mostra relógio e temperatura externa; abaixo, são mostrados o modo de regeneração de energia, a indicação OK (de veículo pronto para partir), a posição do câmbio, o modo de condução do veículo e o hodômetro total (ou os registros de Trip A/B). Em caso de porta, capô ou porta-malas aberto, surge uma indicação visual. Até se a janela for aberta e o veículo for desligado, aparece o alerta na tela.
Ao centro, é possível alternar entre as seguintes informações:
- Pressão e temperatura de cada um dos quatro pneus
- Sem informações: para reduzir a chance de distrações
- Average speed: exibe a velocidade média do percurso
- Theme: permite alterar o layout de tela. Os dois layouts não possuem nome: o primeiro se diferencia por trazer a exibição as informações de potência e de nível de bateria em semi-círculos verticais, que harmonizam com o fundo ao estilo de túnel, enquanto o segundo tema traz estas mesmas informações dispostas em barras horizontais. O relógio sai da parte superior da tela para a inferior neste modo.
- Driving time: mostra o tempo de viagem em horas.
- Acceleration timer: somente com o veículo em modo Sport, é possível cronometrar os tempos de aceleração de 0 a 50 km/h e de 0 a 100 km/h. Ao final da arrancada, são mostrados três resultados: o melhor tempo de aceleração (Best), o tempo da aceleração anterior (Last) e o tempo atual (Current). Se este modo ficar selecionado por mais de 60 segundos sem haver cronometragem, o quadro de instrumentos automaticamente sai desta tela.
- Past 50 km: mostra o consumo de energia nos últimos 50 quilômetros.
- Total AVG: mostra a média de consumo médio de energia.
A haste de luzes concentra as posições desligado, de acendimento automático, luzes de posição acesas ou faróis baixos acesos, sendo que há um comando secundário para o acendimento da luz de neblina traseira. Ao regular a posição do acendimento dos faróis, um aviso pop-up surge na tela do quadro de instrumentos. A altura do facho dos faróis é regulada pelo sistema multimídia, assim como o temporizador do acendimento das luzes ao destravar o carro e após o seu desligamento. Um botão na ponta desta haste permite alternar entre trip A, B ou hodômetro. Ao dar um leve toque na seta, sem aciona-la até o clique, as luzes piscam três vezes. O tique do pisca é um dos barulhos internos que podem ser modificados no pacote de sons (Padrão, mais tradicional, e Marca, que soa mais futurista).
Já a haste dos limpadores dianteiros concentra as posições de funcionamento somente enquanto a alavanca estiver deslocada, além do ajuste de intermitência variável regulada em quatro níveis (não há sensor de chuva, porém) e dos acionamentos contínuo lento ou contínuo rápido. Da mesma forma que no seletor de luzes, aparece na tela dos instrumentos a notificação do modo selecionado de operação do limpador.
A tela sensível ao toque do sistema multimídia do Dolphin tem o mesmo tamanho visto no Yuan Plus: 12,8 polegadas. E além disso, incorpora as mesmas funcionalidades, como rotação elétrica (que permite ao monitor assumir os posicionamentos horizontal ou vertical), comandos de voz para inúmeras funções (que podem ser ditos em português), aplicativos instalados na memória interna e sistema operacional baseado em Android, que permite instalações de apps e atualizações.
Diversas configurações do veículo podem ser acessadas pelo aparelho, e é possível até mesmo fazer capturas de tela. Entre os apps disponíveis, estão: Navegação GPS (inclusive com carregadores e rotas possíveis com a carga do veículo), Spotify, rádio AM e FM, reprodutor de áudio e vídeo (as imagens só são exibidas com o câmbio na posição Parking), além de jogos e aplicativos de filmes e TV ao vivo, entre outros. Outra conectividade disponível é o aplicativo BYD, que possibilita comandos remotos pelo celular, como destravar e trancar o carro, programar o funcionamento do ar-condicionado e verificar o nível da bateria. Com o veículo parado, é possível utilizar aplicativos como videogames e karaokê. O aparelho dispõe de 128 GigaBytes de memória para armazenamento interno - e esta capacidade pode ser ampliada através de um cartão de memória SD. Com qualidade agradável, o sistema de som possui seis alto-falantes e a reprodução de áudio pode ser feita com os presets de equalização "Sala HiFi" e "Palco ao vivo".
A assistente de voz é acionada pelo comando "Hi, BYD" ou apertando o botão com o microfone no volante. Além de responder às ações (sendo possível filtrar se ela vai atender aos comandos somente do motorista, do passageiro dianteiro ou de ambos), a voz feminina também soa em algumas situações, como quando é detectado que o motorista entra em um local com os faróis desligados (ela recomenda o acendimento do facho baixo) ou quando se detecta a ausência da chave no interior se o veículo estiver ligado, por exemplo. As atualizações da central são feitas de forma OTA (Over The Air): uma notificação na tela confirma que existe uma atualização disponível e é possível fazer o download da atualização quando o veículo estiver estacionado. Além de aproveitar uma rede de internet Wi-Fi ou dados móveis de celular, é possível utilizar o pacote de internet que vem instalado no veículo.
As câmeras externas de visão em 360 graus, que complementam a atuação dos sensores de estacionamento dianteiros e traseiros (ativos a até 10 km/h), podem ser conferidas pela central multimídia, com opções de imagem do veículo em 3D rotacionável, "carroceria transparente" (que permite ver o que está por baixo do veículo), acionamento com o carro em movimento (abaixo de 10 km/h, com exibição até 30 km/h) e também múltiplas visões em duas dimensões. A depender da marcha engatada, aparecem diferentes indicações das linhas de guia, que acompanham o movimento do volante. Se uma das portas dianteiras for aberta, parte da visão em torno do veículo é removida para não apresentar falsas informações ao motorista.
O ar-condicionado digital conta com modo automático de funcionamento e filtro PM2.5 para purificação. A tela aparenta exibir zonas de temperatura diferentes para motorista e passageiro dianteiro, mas, assim como em alguns outros modelos de entrada da BYD, são itens redundantes: o ajuste é sempre sincronizado, entre 18 e 32º C (de um em um grau Celsius). A velocidade do vento pode ser ajustada em sete níveis e há botões para acionamento dos desembaçadores dianteiro e traseiro (o aquecimento do vidro traseiro também afeta os retrovisores externos) e para o modo Max, com temperatura mínima e ventilação máxima.
Preto, o botão de partida fica à direita da coluna de direção. É curioso que, nesta versão mais completa, ele tem aspecto mais simples do que do modelo EV, que possui botão prateado. A parte inferior do painel traz um alojamento emborrachado para colocar um celular deitado e, mais abaixo, há mais botões: na ponta esquerda, um rotor permite alternar entre as posições Ré, Neutro e Drive, com a posição Parking acionada por uma tecla na extremidade esquerda. Da esquerda para a direita, os demais botões permitem alternar entre os modos de condução, o modo Neve (indicado para pisos com menos aderência), o modo de regeneração de energia (Standard/High), o pisca-alerta, os comandos prioritários do ar-condicionado (modo automático de funcionamento, on/off do aparelho e acionamento do desembaçador dianteiro), além do comando de volume e liga/desliga do sistema multimídia.
O console central possui "dois andares". Na parte superior está mais um porta-objetos com iluminação ambiente, que traz duas entradas USB-C, uma com função de dados e outra para carregamento de dispositivos eletrônicos (ambas iluminadas), uma entrada para cartão de memória SD e uma tomada de 12 Volts/120 Watts com tampa. Logo atrás estão os dois porta-copos e os botões do Auto Hold, do freio de estacionamento eletrônico e de desativação/ativação do controle de estabilidade.
Existe também o carregador de bateria de celular por indução logo abaixo da elevação do console, que, ao se projetar para trás, forma um apoio de braço, que é fixo. A parte de baixo do console (com um organizador de cabo), a parte superior do painel (próxima às saídas do desembaçador dianteiro) e a lateral inferior esquerda do painel também trazem espaços abertos para objetos.
A tampa do porta-luvas desce de forma suave e tem bom espaço, mas dispensa iluminação e local para itens específicos. Para o passageiro, há um porta-sacolas na lateral direita do console.
O forro de teto e os para-sóis são pretos e revestidos de tecido macio, assim como no Dolphin EV. As duas sombreiras contam com espelhos, porta-documentos, tampas corrediças e iluminação; também há dois microfones próximos. O motorista dispõe de porta-óculos com fundo espumado (exclusivo da versão Plus), enquanto para os passageiros há três alças de teto com retorno suave. Quatro focos de iluminação (dois na dianteira e dois na traseira) podem ser acesos de forma individual ao tocar em suas lentes. O console de teto traz indicação do funcionamento do airbag do passageiro dianteiro e os comandos sensíveis ao toque da persiana elétrica, acionada por um toque para abrir e fechar. O Dolphin Plus traz como exclusividade o teto panorâmico fixo, acompanhado de uma persiana operada eletricamente. Pela tela do sistema multimídia é possível definir o quanto a cortina deve se abrir, de 0% a 100%.
A chave presencial é semelhante à de outros modelos da BYD, trazendo laterais curvas e quatro botões para travamento (ao travar, todas as janelas esquecidas abertas sobem, os piscas acendem uma vez e os retrovisores se recolhem) e destrancamento do veículo (ao apertar e segurar o botão de destravar as portas, as janelas descem, mas param o movimento assim que o comando é solto), destravamento da tampa do porta-malas (ao apertar duas vezes; os piscas acendem 2 vezes) e, ao apertar o botão por dois segundos (ocasião em que os piscas acendem três vezes), a partida remota para operação do ar-condicionado, que pode ficar ligado entre 10 e 30 minutos (conforme a definição no sistema multimídia) e é ativado no último estado programado. O botão lateral com a inscrição Push libera a haste metálica da chave, que pode ser inserida nas fechaduras caso necessário. Uma buzina soa para alertar quando o carro for travado, mas ainda houver porta, capô ou porta-malas aberto(s). Se o Dolphin Plus for destravado mas nenhuma porta for aberta, o retravamento automático ocorre em 30 segundos.
A porta do motorista concentra os comandos elétricos de ajuste e rebatimento dos retrovisores externos, do travamento das portas (uma luz acende quando o veículo está travado) e dos vidros elétricos (para o motorista, a janela possui função um-toque para cima e para baixo, além da função anti-esmagamento), incluindo o bloqueio dos vidros traseiros. Por motivos de segurança, caso o veículo esteja ligado, deve-se puxar as maçanetas internas duas vezes para a abertura da porta.
Os bancos dianteiros lembram o estilo do Yuan Plus, com apoios para a cabeça integrados aos encostos das costas e ajustes elétricos (de distância do assento, inclinação do encosto e, somente no banco do motorista, a regulagem de altura), além do aquecimento em dois níveis. Os revestimentos são de material sintético e se destacam pela maciez. Os cintos se ajustam somente em inclinação, mas incorporam pré-tensionadores e trazem fechos que são revestidos de veludo.
Na traseira, o espaço é ótimo tanto para pernas quanto para cabeça, e há encostos de cabeça ajustáveis em altura. O banco traseiro tem encosto bipartido (com alças de tecido que, quando puxadas, permitem o rebatimento) e os ocupantes contam com dois porta-revistas atrás dos bancos traseiros (acompanhados de mais dois porta-objetos menores em cada lado, como no Yuan Plus), um apoio de braço em material sintético com dois porta-copos (exclusivo do Dolphin Plus, com tira para facilitar na abertura e revestimentos emborrachadas) e um porta-garrafa aberto na parte superior do fim do console. Logo abaixo existem mais duas entradas USB, ambas do tipo C e exclusivas para carregamento de dispositivos eletrônicos (na versão EV, há somente uma USB-A atrás). O assoalho da parte traseira é plano, o que proporciona melhor acomodação para os pés de quem senta ao meio do banco de trás. Uma pequena parte das janelas traseiras permanece visível mesmo ao baixar totalmente o vidro.
Com a capacidade de 345 litros na versão Plus (ante os 250 litros do Dolphin EV) e ampliável para 1310 litros com o rebatimento dos encostos do banco traseiro, o porta-malas possui iluminação na lateral esquerda, além de dispor de nicho lateral com rede para armazenamento de objetos menores, além de colete refletivo, que torna a pessoa mais visível com faróis acionados caso seja necessário realizar o reparo do pneu à noite. A versão Plus não traz estepe, o que explica o maior volume para bagagens nesta opção. O kit inclui líquido veda-furo e compressor de ar (pode ser utilizado para fissuras de até 6 milímetros na banda de rodagem; após o reparo, o deslocamento é possível em velocidades abaixo de 80 km/h. A base do porta-malas traz plástico rígido texturizado e proteções emborrachadas em volta do trinco. Já a tampa, também com cobertura plástica, possui fenda no lado direito para ajudar no fechamento manual.
Quando o motorista se aproxima do Dolphin Plus com a chave próxima, mesmo antes do carro ser destravado, acendem-se luzes de cortesia sob os retrovisores, para iluminar o chão. Os itens iluminados na cabine são: comandos no volante, molduras das quatro entradas USB, foco de luz no console central direcionado para o porta-objetos das entradas USB e cartão de memória; botão de partida, molduras das lentes das luzes de teto, comandos de operação da persiana do teto panorâmico, botões físicos do painel e do console central, além de todos os comandos instalados nos forros das portas.
O Dolphin Plus possui a mesma bateria Blade de 60,48 kWh, que garante autonomia de 330 quilômetros conforme o ciclo de rodagem do Inmetro, e o mesmo motor elétrico dianteiro do Yuan Plus, que entrega 204 cavalos e torque de 31,6 kgfm. Conforme a BYD, o tempo de recarga de 30% a 80% em corrente contínua (DC) em potência máxima é de 30 minutos. É possível fazer a carga em corrente alternada (AC) através do conector Tipo 2 na parte superior em potência de até 7 kW; já a carga em corrente contínua, realizada pelo conector CCS 2, pode ser feita a até 80 kW. O Dolphin Plus é compatível com o sistema VtoL (Vehicle to Load): com o uso de um adaptador, o veículo se converte em uma fonte de energia para aparelhos elétricos.
O conjunto de suspensão é independente nas quatro rodas, utilizando-se do esquema McPherson na dianteira e multi-link na traseira. Já os freios são a disco nas quatro rodas, sendo ventilados no eixo dianteiro e sólidos na traseira.
Com preço de R$ 184.800, o Dolphin Plus é fabricado na China. A BYD já confirmou que o Dolphin EV será um dos automóveis montados pela marca em Camaçari, na Bahia, mas ainda não especificou se o Plus também estará nesta linha de montagem nacional. Desde maio de 2024, a garantia de fábrica para o veículo passa a ser de 6 anos sem limite de quilometragem, mesmo para quem já havia adquirido um automóvel elétrico da marca. Os componentes de alta tensão e baixa tensão também incorporam garantia de 6 anos. Outros sistemas, entre eles a central multimídia, contam com garantia de três anos sem limite de quilometragem e itens periféricos possuem 6 meses ou 10 mil km de garantia.
Impressões ao dirigir
É inevitável dirigir o BYD Dolphin Plus sem lembrar de características de seu arquirrival GWM Ora 03 GT, que nós do Auto REALIDADE dirigimos há alguns meses. De cara, o hatch da Build Your Dreams agrada mais em relação a alguns aspectos de condução. O volante tem aro bem mais encorpado, com abas para inserir as mãos, e a textura do revestimento agrada - no Ora 03, o aro é grande e relativamente fino, sem pegada esportiva. No Dolphin, o assento do motorista pode assumir uma posição baixa, como convém a um hatchback, e a presença do ajuste de profundidade da coluna de direção (inexistente no Dolphin EV) ajuda a encontrar um posicionamento mais esportivo - mas a ausência do ajuste de altura dos cintos de segurança é sentida. O cheiro do material sintético na cabine é um tanto quanto forte, bem similar ao do Yuan Plus.
No Dolphin Plus, a visibilidade é, em geral, boa. As janelas fixas nas colunas dianteiras são aliadas contra os pontos cegos; os retrovisores externos e interno também proporcionam boa visão. O para-brisa é amplo e inclinado; mesmo com o capô mais comprido em relação ao EV, o motorista praticamente só enxerga uma pequena borda à frente. Os esguichos e limpadores trabalham a contento, mas a área de varredura do vidro dianteiro poderia ser maior. Curiosamente, quando as palhetas estão em repouso, elas ficam sobre a área não-transparente do vidro, mas o motorista ainda vê a parte superior dos limpadores. Já a iluminação dos faróis de LED é razoável no facho baixo e boa com a luz alta.
A direção elétrica é cômoda e leve na medida correta; no modo Sport, sente-se que a assistência é ligeiramente alterada para entregar mais firmeza (é possível fazer esta alteração no sistema multimídia). Sua obediência aos comandos de quem dirige está dentro do esperado. O diâmetro de giro do BYD é de 10,5 metros, graças ao curto balanço dianteiro; são significativos 0,7 m a menos que o Ora 03, e esta característica facilita retornos e manobras em lugares mais apertados.
O conjunto de suspensão do Dolphin Plus traz o esquema independente na traseira, ao invés do eixo de torção do EV. Além do rodar mais sólido e da excelente estabilidade em curvas, o BYD oferece uma maciez surpreendente em termos de absorção das irregularidades do piso, ligeiramente melhor que o arquirrival da GWM, mesmo o Plus tendo as rodas uma polegada maiores do que na versão EV. Em rampas de garagem, o BYD não raspou a parte inferior; o Ora 03 é mais propenso a isto.
Como é de se esperar para um carro elétrico, o Dolphin Plus apresenta uma partida bem quieta, sendo percebida pelo barulho do funcionamento do ar-condicionado e pela animação dos instrumentos - o aviso sonoro para pedestres do deslocamento do veículo em baixa velocidade pode ser desativado. A rolagem dos pneus em curvas mais fechadas, por exemplo, é mais ouvida do que nos veículos a combustão. Eles, aliás, cantam significativamente durante as acelerações fortes, até mesmo com os controles eletrônicos ativados.
A ergonomia do Dolphin Plus poderia melhorar. Os comandos dos vidros elétricos na porta do motorista ficam distantes das mãos: várias vezes foi aberta alguma janela traseira, quando a intenção era baixar um vidro dianteiro. O acionamento dos botões do painel, que parecem todos iguais quando vistos de relance, demanda tempo para se acostumar até mesmo com atos simples, como o de ligar o pisca-alerta: ao invés da tecla ser apertada, ela deve ser ligeiramente movimentada para cima ou para baixo.
Se o motorista retirar seu cinto e abrir sua porta, o Dolphin Plus permanece em Drive, mas o freio de estacionamento eletrônico é automaticamente aplicado e o carro exibe aviso no quadro de instrumentos para ser engatada a posição Parking. A liberação automática, que ocorre quando o motorista põe o câmbio em Drive ou Ré e acelera (com as portas fechadas), é suave. Na prática, quase não será usado o botão do console - tanto é que o Dolphin Mini até dispensa este comando. A presença do Auto Hold, que imobiliza o carro e permite liberar o pé do freio em paradas mesmo com o câmbio em D, aumenta o conforto durante a utilização cotidiana.
O piloto automático adaptativo acelera e freia de forma autônoma, acompanhando o veículo da frente e podendo ser operado a partir dos 30 km/h. Mesmo se a parada for alguns segundos mais demorada, o Dolphin Plus volta automaticamente a rodar, sem necessidade de intervenção do motorista. A desaceleração, entretanto, algumas vezes ocorre muito perto do veículo da frente (para um sistema autônomo, que normalmente trabalha com uma margem de distanciamento maior). O assistente de permanência em faixa ajuda o veículo a ficar entre as demarcações da pista, movimentando o volante conforme necessário e alertando quando o motorista precisa voltar a colocar as mãos, mas pode ser intrusivo a ponto de assustar em algumas situações.
Porém o alerta de velocidade baseado na leitura das placas de trânsito é irritante. O bipe sonoro de que o motorista está além do limite, mesmo que seja 2 km/h acima da placa detectada, é muito incômodo. Até quando está desativado, o recurso causa um inconveniente: um ícone âmbar de alerta, que remete a um problema mais sério do veículo, acende no quadro de instrumentos. E na próxima ignição, o recurso volta a ser ativado. Alguns modelos permite um alerta mais discreto ou até mesmo ajustar margens para incomodar menos o condutor.
Já a assistência relacionada aos pontos cegos é executada de forma mais conveniente. Triângulos amarelados acendem nas lentes dos espelhos caso haja veículos na região lateral-traseira. O assistente de partida em ladeiras mantém o Dolphin Plus no lugar por cerca de 2 segundos antes de descer, tempo suficiente para soltar o freio e pisar no acelerador. O Dolphin Plus memoriza todos os modos de condução na ignição seguinte após ser desligado. Outra peculiaridade: se a parada for suficientemente longa, a persiana do teto panorâmico é automaticamente fechada, ajudando a não deixar a cabine tão quente.
A entrega de força do Dolphin Plus é feita de forma bastante intensa nos modos Normal e Sport; ainda que as respostas do pedal do acelerador sejam atenuadas no modo de condução Eco, o BYD ainda tem disposição de sobra para ladeiras e ultrapassagens. Até de ré, o hatch sobe com ímpeto. Veja os dados dos nossos testes coletados em pista sem tráfego de veículos, com ar-condicionado desligado, modo de condução Normal, somente o motorista a bordo, controles de tração/estabilidade ativos e cronometragem automática pelo aplicativo GPS Acceleration:
No aspecto do consumo de energia, o modelo da BYD apresentou índices muito melhores que os do seu rival GWM Ora 03 GT, que testamos no começo de 2024. Utilizando-se de carregador com potência de 150 kW, foi possível levar o Dolphin Plus de 45% a 100% de energia em precisamente 50 minutos (o total carregado foi de 40,65 kWh, com a potência iniciando em 88,6 kW e terminando em 16,0 kW). Para percorrermos 295 quilômetros, primeiramente andamos de 79% de carga até 45% (103 quilômetros); depois carregamos até 100% e rodamos até 53% (192 quilômetros). Veja nosso consumo em percursos majoritariamente urbanos:
Consumo de energia: 11,1 kWh/100 km
Distância percorrida: 295,0 km
Velocidade média (estimada): 19 km/h
Para concluir...
O BYD Dolphin Plus custa R$ 25.000 a mais do que a versão GS EV, mas, para quem puder pagar esta diferença, a alternativa topo-de-linha entrega uma boa relação custo-benefício. A potência e o torque são significativamente maiores, a autonomia é maior, os equipamentos adicionais de conveniência e de assistência à condução fazem a diferença na utilização cotidiana e, além disso, os principais atributos do Dolphin são mantidos. É um dos carros elétricos mais bem-aceitos pelos consumidores brasileiros - e, para quem quer se iniciar neste universo dos automóveis totalmente recarregáveis em tomadas, é uma opção interessante.
Vem conferir a Galeria de Fotos do BYD Dolphin Plus!
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