Honda ZR-V Touring 2.0: dirigimos o SUV médio derivado do Civic

Texto e Fotos | Júlio Max, de Teresina - Piauí

Com a popularização do segmento de SUVs no Brasil ao longo dos últimos anos, também se estabeleceram certas subcategorias que demandaram a criação de novos modelos. Para rivalizar com o Jeep Compass, que revitalizou o segmento dos utilitários de médio porte e passou a ter grandes volumes de emplacamentos em nosso País após a sua nacionalização, a Toyota lançou o Corolla Cross e a Volkswagen também se mexeu, apresentando o Taos. A Honda já tinha no portfólio os modelos HR-V e CR-V, mas nenhum dos dois carros se encaixava adequadamente nos anseios desta parcela específica de consumidores. O HR-V teve evoluções dignas de nota em sua atual geração (como pudemos atestar ao dirigir as versões EXL e Touring), mas sua carroceria e seu porta-malas são menores. Já o CR-V, híbrido, está em um nicho de mercado (bem) superior, rivalizando diretamente com o Toyota RAV4. E a Honda, que antes dificilmente comentava sobre planos futuros, antecipou em outubro de 2022 que o ZR-V seria vendido no Brasil. Exatamente um ano depois, a promessa se cumpriu. E, agora, o Auto REALIDADE tem a oportunidade de passar um final-de-semana com o novo utilitário para contar a você sobre as impressões durante esta convivência!

Assim como o Corolla Cross se aproveita da base e do conjunto mecânico do Corolla Sedan, o ZR-V é baseado na plataforma Honda Architecture, compartilhada com o Civic de décima-primeira geração - que, no Brasil, é oferecido nas alternativas sedã híbrido (e:HEV, que também já dirigimos) e hatchback esportivo (Type R). O novo utilitário, portanto, tem a dupla missão de disputar consumidores do segmento dos SUVs médios e de acolher uma parcela do público da geração anterior do Civic que não foi atendida pelas atuais gerações de City e HR-V (e nem mesmo pelas versões do Civic que atualmente chegam importadas).

O ZR-V vendido no Brasil é fabricado no México. Lá, e também nos Estados Unidos, no Canadá e na China, seu nome é HR-V - mas aqui, o modelo novo teria que ter um batismo diferente, para evitar confusões com o SUV já existente. Optou-se pela sigla que significa "Z Runabout Vehicle" - uma referência à "geração Z" da sociedade, composta por pessoas que nasceram entre meados dos anos 1990 até o começo da década de 2010: normalmente, gente que teve contato com internet, videogames e telefones celulares desde a infância.

As linhas do ZR-V são agradáveis e, de um modo geral, sem muitas ousadias - aliás, seguindo a tendência já antecipada pelo atual Civic. Os faróis, totalmente de LED, são horizontalizados e ficam em um nível superior ao do "bocão" da grade dianteira, que vem na cor preto-brilhante e possui aberturas hexagonais cortadas por barras dispostas em X. As "side markers" alaranjadas nas extremidades das lentes, que acendem e são detalhes tipicamente reservados aos veículos norte-americanos, foram mantidas no modelo exportado para o Brasil. Como em poucos carros da Honda, o emblema do "H" fica acima das aberturas de ar, próximo do capô. Já o para-choque traz sensores de estacionamento e aberturas centrais e laterais que são visualmente unidas. Assim como na versão mais completa do HR-V, o ZR-V Touring possui molduras em preto-brilhante que circundam a parte inferior dos para-choques, dos arcos dos para-lamas e das saias laterais. Passagens de ar direcionadas para as caixas de roda dianteiras estão presentes. As palhetas dos limpadores de para-brisa trazem os esguichos embutidos e, quando estão recolhidas, repousam na área não-transparente do vidro.

Do lado de fora, poucas peças entregam o parentesco do ZR-V com o Civic - entre elas, estão os retrovisores e as maçanetas; ambos seguem a cor da carroceria. As capas dos retrovisores contam com luzes de seta de LED embutidas e, do lado direito, a câmera LaneWatch para atenuação de pontos cegos. Já as maçanetas dianteiras possuem ranhuras que escondem sensores por onde é feita a identificação da chave presencial, permitindo o travamento ou destravamento do veículo. As colunas traseiras trazem vidros fixos e a carroceria incorpora vincos suaves e discretos. As rodas de 17 polegadas, calçadas com pneus Michelin Primacy All Season 215/60 (cuja pressão recomendada é de 33 psi no eixo dianteiro e de 32 psi no eixo traseiro), trazem detalhes diamantados sobre a pintura cinza. Todas as caixas de roda são acarpetadas. A antena, ao estilo "barbatana de tubarão", fica na parte posterior do teto.

Na traseira, as lanternas, escurecidas e totalmente de LED, se prolongam pela tampa do porta-malas, e a assinatura das luzes de posição inclui pequenos traços nas laterais. A tampa traseira é ampla e acomoda a placa do veículo, além dos logotipos cromados - aparecem somente o "H" da Honda e o nome do carro, sem menção a versão ou motorização. Já o para-choque traz dois refletores horizontais e detalhe inferior prateado. A saída de escape, à direita, traz o bocal bem visível. Brake-light e luz de placa também utilizam diodos emissores de luz.

As diferenças de tamanho na comparação com o HR-V são bem notáveis. O ZR-V é 18,3 centímetros mais comprido, 5 cm mais largo, 2,1 cm mais alto e possui 4,5 centímetros a mais de distância entre-eixos. Na ponta do lápis, o SUV médio da Honda possui 4,57 metros de comprimento, 1,84 metro de largura, 1,61 m de altura e distância entre-eixos de 2,655 metros. O vão-livre do solo é de 17,8 centímetros. Na dianteira, o ângulo de entrada é de 16,4 graus; já o ângulo de saída é de 20,2°. A carroceria tem peso em ordem de marcha de 1446 quilos e capacidade de carga de 464 kg.

Na parte interna, o ZR-V demonstra mais intensamente o seu parentesco com o atual Civic. Além das peças semelhantes ou iguais, o padrão de acabamento também é mais próximo do sedã, incluindo materiais macios ao toque na parte superior do painel (começando pela borda logo depois das saídas de ar do desembaçador) e nos forros de porta dianteiros, além da mescla de couro natural e material sintético nos bancos, nas laterais do console central, na faixa horizontal do painel e nos apoios das portas, que pode ser preto ou cinza-claro, a depender da cor escolhida para a carroceria. Porém, para quem pensar no ZR-V como sendo "tudo que o HR-V é e mais um pouco", é importante destacar que existem alguns itens que estão presentes somente no SUV de menor porte da Honda. Praticamente toda a iluminação da cabine do ZR-V utiliza LEDs, exceto as luzes dos para-sóis.

O volante é quase idêntico ao do Accord (uma das poucas diferenças é que o ZR-V possui o raio inferior em preto-brilhante, da mesma forma que os raios laterais, ao invés do prata-acetinado do sedã grande; além disso, por conta do quadro de instrumentos não ser totalmente digital, foi suprimido o rolo de alternância de informações no raio direito) e traz aro em couro com costuras na cor cinza. O lado esquerdo concentra os comandos de voz do sistema multimídia (rádio e mídia), de ajuste do volume e de alternância entre faixas e estações. No lado direito, o motorista realiza a operação do controlador de velocidade e distância do veículo à frente (com quatro níveis de distanciamento: a 80 km/h, na distância curta o ZR-V se mantém a 1,1 segundo do veículo à frente; na distância média, a 1,6 segundo; na distância longa, a 2 segundos e, na distância extra-longa, a 2,4 segundos).

O raio esquerdo do volante traz um rolo que, ao ser girado para cima e para baixo, permite alterar as informações que são exibidas no lado esquerdo da tela do quadro de instrumentos; ele também pode ser apertado para entrar em menus ou resetar informações. Também há paddle-shifts para efetuar trocas sequenciais de marcha. A coluna de direção traz coifa de proteção revestida de veludo e pode ser manualmente ajustada em altura e profundidade através de uma alavanca no canto inferior esquerdo.

O quadro de instrumentos do ZR-V é semelhante ao utilizado nas versões mais completas do HR-V. Ele utiliza uma tela colorida de 7 polegadas deslocada para a esquerda, enquanto do lado direito fica o velocímetro analógico. Quando a ignição está desligada, os instrumentos ficam em "black-out". Assim que o motorista fecha a sua porta depois do carro ser destravado, uma animação de boas-vindas é executada (com o logo da Honda acompanhado de um som de inicialização, parecido com o que é reproduzido no Civic e no Accord, porém ligeiramente diferente). Ao centro, a tela exibe velocímetro digital (encimado pelo "medidor ambiental", uma barra horizontal que acende em verde nos momentos em que a condução for econômica e apaga quando o acelerador for mais exigido ou então com o câmbio na posição Sport), ícone de ativação do modo Econ, posição do câmbio, temperatura externa, hodômetro total, nível de combustível e relógio. Estão presentes as seguintes informações:

  • Advertências: mostra mensagens de alerta ou instrução ao motorista, como porta aberta, baixo nível de combustível e necessidade de pisar no freio e apertar o botão de partida. Se não houver mensagem a ser lida, aparece a palavra "Nenhum".
  • Consumo/Alcance: exibe a autonomia estimada, o consumo médio, o gráfico com indicação de consumo instantâneo de combustível (de 0 a 40 km/l) e a distância percorrida A ou B.
  • Velocidade e Tempo: mostra a velocidade média e o tempo de viagem junto com as distâncias percorridas A e B.
  • Áudio: exibe as informações de mídia em reprodução e permite alternar entre fontes de som (rádio AM, FM, USB, Android Auto/Apple CarPlay e Bluetooth).
  • Celular: exibe as informações do celular (favoritos e chamadas recentes), caso esteja pareado por Bluetooth.
  • Navegação: exibe uma bússola digital - não há GPS nativo.
  • Atenção ao condutor: analisa os movimentos do volante para determinar se o veículo está sendo conduzido de maneira sonolenta ou desatenta. Se o carro for conduzido por mais de 30 minutos acima de 40 km/h e forem detectados sinais de cansaço, aparece a mensagem "Nível de atenção do condutor baixo", com uma xícara de café, seguido de um alerta sonoro e de uma vibração do volante.
  • Cintos de segurança: mostra um diagrama com os assentos do veículo e exibe se o ocupante está com cinto afivelado (ícone verde) ou desafivelado (ícone vermelho), mostrando também os bancos desocupados.
  • Assistentes de segurança: exibe se estão ativos o sistema RDM (de atenuação da saída da faixa de rodagem), os sensores de estacionamento e o CMBS (frenagem autônoma para atenuação de colisões à frente).
  • Sem conteúdo: exibe o conta-giros sem interferências, com emulação de ponteiro. Nele, a faixa vermelha começa pouco depois de 6500 rpm.
  • Brilho: permite ajustar a claridade do quadro de instrumentos, que afeta também quase todas as outras iluminações da cabine, exceto luzes de leitura no teto e dos para-sóis.
  • Configurações do Display: permite ocultar ou exibir alguns dos menus anteriores. Podem ser ocultados: Consumo/Alcance, Velocidade e Tempo, Áudio, Celular e Navegação. Os outros menus sempre são exibidos.

Quando o controlador de velocidade em descidas é ativado, surge no quadro de instrumentos a indicação de velocidade a ser mantida, de 3 a 20 km/h. Também há indicações para acionamento do Brake Hold e do controle de tração. O SUV, porém, peca por não trazer a indicação de temperatura do líquido de arrefecimento do motor (uma luz-espia azul indica somente a fase fria de funcionamento do propulsor). São exibidos gráficos dos sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, que também podem ser vistos pela tela do sistema multimídia quando há objetos próximos.

As hastes da coluna de direção são arredondadas, como no Civic. A alavanca de luzes concentra as posições de faróis desligados, acendimento automático das luzes (que incorpora automaticamente a função de comutação do facho baixo/alto dos faróis conforme as condições externas a partir de 30 km/h, sem a necessidade de deslocar a alavanca para a posição de luz alta, como ocorre em outros carros), iluminação de posição ligada e faróis baixos ligados. Também há o botão para acionamento ininterrupto da câmera de monitoramento de tráfego (LaneWatch) na ponta da haste. Um leve toque na alavanca, sem aciona-la até o clique, faz as setas acenderem três vezes.

Já a alavanca dos limpadores inclui as posições Mist (aciona as palhetas dianteiras somente enquanto estiver acionada nesta posição, em velocidade rápida), Off, Int (no qual a intermitência de varredura pode ser ajustada; porém, não há sensor de chuva, item presente no HR-V Touring) e de acionamento contínuo lento (Lo) ou rápido (Hi). Na ponta da haste também estão os comandos de operação do limpador traseiro, inclusive também acompanhando a intermitência.

O sistema multimídia com tela sensível ao toque de 9 polegadas é similar ao do Civic. O aparelho traz botões físicos para acesso ao menu inicial Home, retorno de menu (Back), ajuste de volume, liga/desliga e alternância entre faixas ou estações. A tela inicial traz vários ícones para os aplicativos, que podem ser reordenados - entre eles:

  • Todos os aplicativos: permite escolher quais ícones estarão presentes na tela.
  • Celular: exibe os telefones pareados e, com a conexão por Bluetooth estabelecida, permite a utilização de teclado e gerenciamento de chamadas e contatos.
  • FM: permite ouvir e navegar pelas estações de rádio.
  • Áudio Bluetooth: é possível fazer a reprodução de mídia através do streaming de áudio.
  • Conexão com smartphone (este ícone se converte no Android Auto ou Apple CarPlay quando a conexão está ativa): atalho para a utilização de aplicativos do celular. Vale dizer que o Apple CarPlay pode ser espelhado sem fio, mas o Android Auto só entra em operação ao conectar o celular por cabo (especificamente o USB-A, pois todas as entradas USB-C são para carregamento de aparelhos).
  • Computador de bordo: agrupa as informações nos submenus de viagem atual (com autonomia e comparação entre o consumo de combustível atual e anterior), Trip A e Trip B (ambos com distâncias percorridas e consumos médios, confrontados com 3 registros anteriores).
  • USB: permite acesso aos áudios e vídeos do dispositivo USB.
  • AM: permite escutar e alternar entre estações de rádio.
  • Configurações gerais: permite ajustes do sistema multimídia.
  • Configurações do veículo: traz os submenus de calibração do monitor de pressão de pneus (TPMS), configurações da assistência ao motorista, configuração do painel de instrumentos, configuração do acesso keyless (pela chave presencial), configuração da iluminação e configuração de portas/janelas.
  • Atualizações do sistema: com uma rede de Wi-Fi conectada, é possível buscar por atualizações do sistema.
  • Relógio: permite ajuste de data/hora e a exibição do relógio de forma analógica ou digital, com fundos de tela com imagens da natureza e do robô Asimo, criado pela Honda em 2000. É possível importar arquivos em .jpg ou .bmp para criar novos fundos de imagem.
  • Bússola: permite ver em maior tamanho a orientação espacial.
  • Modo de exibição: abre a barra que permite a alteração do brilho da tela (sua iluminação é afetada pelo reostato dos instrumentos, mas também pode ser ajustada de forma independente).
  • Instalador de aplicativo: busca arquivos .apk no dispositivo encaixado na entrada USB com leitura de dados para inserir outros apps no sistema multimídia.

Além do LaneWatch, a tela também exibe a câmera de ré, que possui três tipos de visualização: angular, tradicional ou de cima para baixo, incorporando linhas de guia dinâmicas. Como no Civic, é possível conferir as imagens em tamanho menor, acompanhadas dos gráficos dos sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, ou em tela cheia.

Assim como quase todos os outros modelos da marca, o ZR-V possui à disposição a plataforma myHonda Connect, utilizada a partir da instalação do aplicativo no smartphone. Entre as funções disponíveis, estão: notificação automática de colisão, detecção remota de falha, alarme de segurança, localização do veículo estacionado, acesso a informações do veículo, rastreamento do carro em movimento, controle geográfico, alerta de velocidade, assistência 24 horas, controles remotos (como acionar ar-condicionado à distância, ligar o motor do carro, destravar e travar portas), dados das últimas viagens, manual digital do proprietário e agendamento de serviços. Estão disponíveis dois pacotes do myHonda Connect. O primeiro é gratuito: ao baixar o aplicativo e se cadastrar, é permitido o acesso a boa parte destes serviços. Já o pacote Plus será pago e dará acesso a todas as funcionalidades. Neste primeiro momento, o Pacote Plus é oferecido gratuitamente por um ano.

O sistema de som do ZR-V conta com 8 alto-falantes. Apesar de estar um degrau abaixo do projeto sonoro do Civic, que possui 12 falantes e assinatura da Bose, a reprodução de áudio no SUV também é agradável, com boa definição de som e distribuição espacial uniforme.

Entre as estilosas saídas de ar, integradas entre si através de uma moldura ao estilo de colmeia, fica o botão do pisca-alerta. Logo abaixo estão os comandos de operação do ar-condicionado automático digital de duas zonas - com comandos trazidos do Civic. O ar-condicionado é digital e automático, com duas zonas de climatização e regulagem de meio em meio grau Celsius entre 15,5º C a 28,5º C. Da esquerda para a direita, os comandos são de: recirculação/captação de ar, ajuste de temperatura do motorista (com botão para modo automático de funcionamento), seleção do direcionamento do vento, desembaçador dianteiro, seleção da velocidade de ventilação (com visor incorporado ao próprio botão), desembaçador traseiro, liga-desliga do compressor de ar e ajuste da temperatura do passageiro, com possibilidade de sincronização com o que for selecionado pelo motorista (pelo botão Sync). No ZR-V, diferentemente de City e HR-V, o aro do botão de ajuste da temperatura não fica momentaneamente azul quando é selecionado mais frio nem vermelho quando há ajuste para mais calor. Quando a tela do sistema multimídia está ligada e os ajustes de ar são alterados, momentaneamente as informações de temperatura ou ventilação são exibidas na parte superior do monitor touchscreen.

O console central é exclusivo do ZR-V e traz, na parte frontal, o carregador de celular por indução de 15 Watts com superfície emborrachada (no SUV, o celular deve ser acomodado na horizontal, e não na vertical como no Civic, Accord e HR-V). Este dispositivo por indução pode ser desligado ao apertar e segurar momentaneamente o botão ao lado da luz. Do lado direito há uma entrada USB-A de 2,5 Ampères. Logo atrás estão os dois porta-copos (com duas garras retráteis e fundo em plástico rígido), a alavanca de câmbio (com trilho reto, coifa em material sintético e posições P, R, N, D e S) e os botões para operação do modo Econ, controlador de velocidade em descidas, freio de estacionamento eletrônico e Brake Hold. A partir esta região, o console passa a ter dois níveis. Acima, está o apoio de braço em couro, com acesso a um porta-trecos; abaixo, fica um porta-objetos aberto, com fundo emborrachado, foco de iluminação e acompanhado de duas entradas USB do tipo C nas extremidades, ambas de 3 Ampères e destinadas exclusivamente para carregamento de aparelhos eletrônicos.

O retrovisor interno tem lente fotocrômica (com botão iluminado em verde para ativar ou inibir o recurso) e há duas luzes de leitura dianteiras, que são acompanhadas de dois discretos focos de iluminação que jogam luz discretamente para o console. Os para-sóis (com o mesmo revestimento macio do forro de teto) trazem tampas que, ao serem levantadas, revelam espelhos e iluminação. As sombreiras, quando deslocadas para cobrir as janelas laterais, podem ser puxadas para trás.

Diferentemente do Civic, o ZR-V dispensa o porta-óculos. Mas, assim como o sedan, conta com o teto solar elétrico (ausente do HR-V), com persiana operada manualmente. O vidro desliza para dentro, entre a capota e o forro de teto. Ele pode ser acionado por um toque tanto na abertura quanto no fechamento, além de dispor da função tilt, de levantamento da parte traseira. Com o teto aberto, um defletor dianteiro é levantado. Se a persiana estiver fechada, ela se desloca junto com o teto solar caso ele for aberto.

O porta-luvas traz espaço razoável e a tampa desce suave e lentamente. Porém, o habitáculo é de plástico rígido, não conta com iluminação e também dispensa nichos para objetos menores.

A parte esquerda do painel dispõe de botão para ativar ou desativar o controle de tração; há locais para outros comandos, mas sem função, e uma fenda para guardar algum objeto pequeno. Mais abaixo fica a alavanca de abertura do capô. O apoio para o pé esquerdo é de plástico rígido e há pedaleiras metálicas para freio (com frisos emborrachados) e acelerador.

A porta do motorista concentra os comandos de ajuste elétrico dos retrovisores externos (sem botão para rebatimento), além de travamento e destravamento das portas, bloqueio das janelas dos passageiros (inclusive do carona dianteiro; quando o bloqueio está ativo, o motorista só consegue operar sua janela, e as outras ficam inoperantes) e operação dos vidros elétricos - somente os vidros dianteiros funcionam por um-toque na abertura e fechamento (é permitido o acionamento de todas as janelas até 45 segundos depois do desligamento do carro, desde que nenhuma porta dianteira seja aberta). A porta do passageiro dianteiro também traz botões para controlar o travamento e destravamento do veículo. Curiosamente, apesar de ser derivado do Civic, o ZR-V traz maçanetas internas similares às do Accord. Elas possuem a cor prata-anodizado e contam com travas mecânicas embutidas. A parte inferior do forro de porta possui barras horizontais texturizadas e porta-objetos com divisórias.

O motorista possui à disposição ajustes elétricos de altura (tanto da área das coxas quanto da parte da junção com o apoio das costas), de distância do assento e de inclinação do encosto. Os cintos dianteiros e os encostos de cabeça ajustam manualmente em altura. Os tapetes são de borracha, e na peça do motorista há duas presilhas que, ao serem giradas, podem ser liberadas ou travadas.

Na traseira, há um porta-revista atrás do banco do passageiro e, no final do console, um porta-trecos aberto e duas entradas USB-C de 3 Ampères para carregamento de dispositivos. Saídas de ar-condicionado, só para os pés. As alças de teto só existem na traseira e, do lado esquerdo, vem acompanhada de um gancho fixo; além disso, há dois focos de iluminação de teto que se acendem quando as lentes (ou suas molduras) são tocadas. Diferentemente do HR-V, o ZR-V não dispõe de saídas de ar no console, do apoio de braço traseiro ou da ampla modularidade de rebatimento de bancos que a Honda batiza de Magic Seat. Mas as duas partes do assento traseiro são deslocadas em alguns centímetros para a frente quando os encostos (bipartidos na proporção 60/40) são rebatidos para baixo, o que ajuda a formar uma superfície quase plana de carga. Quando alguma das partes do banco é rebatida, é possível perceber que permanece uma parte acolchoada na ponta lateral. Ela serve para ajudar o cinto a ficar no lugar, evitando que ele seja "engolido" ao posicionar o banco de volta no local original.

O cinto do meio parte do teto, como no HR-V, sendo que há vãos no plástico para encaixar as fivelas (para que o motorista não as veja "penduradas" pelo espelho interno) e dois fechos de cinto: um menor, para a fivela pequena, e outro tradicional, que formam os três pontos. Para remover a fivela pequena, é preciso apertar a parte metálica da chave contra uma pequena trava cinza. Os três encostos de cabeça dispõem de regulagem de altura. Ao baixar o vidro, uma parte dele permanece visível. Na traseira, há sobras de espaço para as pernas e para a cabeça, além de saídas de ar para os pés. Para o ocupante do meio, a elevação do túnel central é bem pequena; contudo, há uma certa intrusão do console, além da elevação do assento; por fim, o encosto das costas nesta área é mais vertical do que nas extremidades. Apesar da presença do teto solar, o espaço necessário para sua acomodação no forro de teto não interfere no espaço para a cabeça dos ocupantes traseiros. Curiosamente, este forro possui plástico rígido na região sobre o compartimento de bagagem.

O porta-malas de 389 litros é 35 L maior que o do HR-V e pode ser ampliado para 885 litros (até a linha dos vidros) ou 1306 L (até o teto) com o rebatimento dos encostos do banco traseiro. Ele traz focos de iluminação nas duas laterais, além de ganchos móveis para amarração de cargas e, à direita, uma tomada de 12 Volts/180 Watts com tampa. Sob o forro do assoalho, que é dobrável, fica uma caixa de isopor com nichos para objetos menores, as ferramentas para a troca do pneu e um funil, igual ao do Accord, para ajudar na inserção de combustível caso o bocal da bomba não seja compatível com o veículo ou na hipótese de ser necessário usar um galão para o abastecimento. O estepe, com roda de ferro de 17 polegadas e pneu 135/90, fica abaixo da caixa. Ele deve ser utilizado a no máximo 80 km/h e receber a pressão de 60 libras.

A cobertura do porta-malas é surpreendentemente prática. Ela possui laterais flexíveis e forro de tecido aerado, sendo bem leve e ficando apenas encaixada nos trilhos laterais, sem as tradicionais cordas. Além da função primordial de resguardar o conteúdo do compartimento de bagagem das vistas através do vidro traseiro, esta cobertura pode ser encaixada entre o painel e o retrovisor interno, criando um para-sol para o para-brisa; ao ser colocada no vão de abertura de uma das portas traseiras, a tampa do bagagito passa a servir como uma cortina para o vidro e, além disso, a cobertura pode ser torcida para ocupar menos espaço, o que permite guardá-la em nichos compactos, como no porta-revista do banco do passageiro. O forro da tampa traz um recuo do lado direito para posicionar a mão para o fechamento (manual).

A chave presencial é bastante semelhante a de outros Honda, trazendo em uma face o logo da marca sobre superfície em preto-brilhante. No verso, há quatro botões, para travamento das portas (aciona o bipe uma vez), destravamento do veículo (aciona dois bipes), abertura da tampa do porta-malas (ao apertar e segurar o botão) e comando de partida remota do motor, permitindo o acionamento do ar-condicionado antes de entrar no veículo por 10 minutos, prorrogáveis por mais dez minutos (só funciona se, primeiro, for apertado o botão de travamento e, em seguida, o botão da partida à distância for pressionado e segurado; depois, é necessário destravar o veículo e apertar o botão de partida para utilização normal do veículo). Existe ainda um pequeno botão que libera a lâmina a ser inserida nas fechaduras caso necessário. Como os vidros traseiros não possuem a função um-toque no SUV da Honda, também foram eliminadas as funcionalidades de fechamento e abertura dos vidros através dos botões na chave. Se o ZR-V for destravado mas nenhuma porta for aberta, o veículo volta a ser trancado em 30 segundos. E se a chave for levada para um perímetro mais distante que 1,5 metro em torno do carro, o ZR-V é capaz de travar as portas (caso a função esteja habilitada).

Ao abrir a porta do motorista, ficam acesos o botão de partida (que pulsa na cor branca), a luz do porta-objeto do console e as luzes de teto (caso elas estejam configuradas para acender). Estas iluminações seguem acesas por 30 segundos depois de fechada a porta. Com a ignição ligada, o botão de partida passa a ficar aceso na cor vermelha. Passam a ser iluminados os botões nos raios esquerdo e direito do volante (não inclui paddle-shifts), o comando de controle de tração, os botões de retrovisores, travas e vidros nos quatro forros de porta, os comandos de sistema multimídia e ar-condicionado, a luz que indica o funcionamento do carregador por indução, as indicações de posição de câmbio, as molduras das cinco entradas USB, os botões do console central e de teto, além dos focos de iluminação ambiente no teto e no console, caso os faróis estejam ligados.

Em termos de segurança, o ZR-V Touring dispõe de 8 airbags (assim como no Accord, o SUV possui duas bolsas de ar frontais, duas para os joelhos dos ocupantes dianteiros, duas laterais nos bancos dianteiros e duas de cortina), alarme perimétrico (em caso de abertura de alguma das portas, dispara repetidamente a buzina do veículo), assistente de partida em ladeiras, controles de tração e estabilidade, tensionadores automáticos dos cintos dianteiros e laterais traseiros, acionamento das luzes de pisca-alerta em frenagens intensas a 60 km/h ou mais, alerta de pressão dos pneus (TPMS), monitor de atenção do motorista, LaneWatch (assistente para redução de ponto cego), alerta de esquecimento de objetos no banco traseiro (se alguma das portas traseiras for aberta, e em até 10 minutos o carro for ligado, depois de desligar o veículo surge uma mensagem no quadro de instrumentos sugerindo para verificar o banco traseiro), dois pontos de fixação Isofix e outras duas ancoragens Top Tether, freios com sistemas antitravamento (ABS), distribuição eletrônica da força de frenagem (EBD) e assistente de frenagens de emergência (EBA), assistente de dirigibilidade ágil (AHA) e travamento automático das portas a 15 km/h, além dos itens mencionados nesta matéria. A estrutura da carroceria é cerca de 13% composta por aço conformado a quente, incluindo as colunas dianteiras (o que permitiu reduzir sua espessura e melhorar a visibilidade da carroceria); além disso, aproximadamente 50% da estrutura do ZR-V conta com aços de alta ou ultra-alta resistência. Já o teto é soldado a laser, o que faz com que o SUV da Honda dispense as calhas plásticas presentes em outros veículos, que disfarçam a junção da capota com as laterais.

O ZR-V vendido no Brasil possui o motor 2.0 DOHC 16v i-VTEC K20Z5 aspirado e movido somente a gasolina, diferente do R20Z1 que foi utilizado na geração passada do Civic. O propulsor do SUV possui o diâmetro dos cilindros maior e o curso dos pistões menor, além de contar com duplo comando de válvulas no cabeçote e variação do comando de válvulas na admissão e no escape - o Civic tinha comando único e variação somente na admissão. O ganho de potência na comparação com o sedã é de 11 cavalos (entregue 200 rpm mais tarde, porém), e houve 0,2 kgfm de acréscimo no torque - que chega 600 rpm mais cedo. Porém, diferentemente do Civic nacional, o ZR-V não pode ser abastecido com etanol.

Trabalhando a uma taxa de compressão de 10,8:1 e com injeção indireta multiponto de combustível, o propulsor entrega 161 cavalos a 6500 rpm e torque de 19,1 kgfm a 4200 rpm. Já o câmbio automático continuamente variável (CVT), que emula 7 marchas, dispõe da funcionalidade Step-Shift, que simula mudanças de marcha de modo mais perceptível quando a condução é feita de forma esportiva. Com o acelerador totalmente pisado (na posição kick-down), a central de gerenciamento eletrônico do CVT coordena as trocas nos pontos fixos das marchas, acentuando a sensação da mudança. Já o recurso EDDB (Early Downshift During Braking) visa conter o ganho de velocidade em descidas. Nos declives, ao detectar o acionamento do freio, o CVT automaticamente fixa uma das marchas simuladas, promovendo o efeito de freio-motor.

O conjunto de suspensão é independente nas quatro rodas, com o esquema McPherson na dianteira e o multi-link na traseira. O subframe dianteiro de alumínio e os amortecedores traseiros são os mesmos do Civic, enquanto o subframe traseiro (também de alumínio) e as pinças de freio frontais vieram do CR-V. Já os freios são a disco nas quatro rodas, ventilados na dianteira e sólidos na traseira. A Honda proíbe a instalação de engate para reboque no ZR-V, sob pena de perda da garantia de fábrica para o veículo.

O tanque de combustível, que tem a capacidade de 53 litros, pode receber gasolina comum a partir de 91 octanas ou aditivada e, assim como o Accord, traz bocal que conta com duas partes que se movem ao serem empurradas. A portinhola é aberta ao ser empurrada pela extremidade traseira quando as portas estiverem destravadas, o que dispensa a alavanca abaixo do painel que existia em alguns modelos da Honda.

Fabricado em Celaya, no México, o ZR-V Touring tem preço de R$ 214.500 e está disponível em sete cores para a carroceria: Branco Topázio (perolizado, com interior na combinação cinza-claro + preto, por R$ 2.300 adicionais), Preto Cristal (perolizado, com interior preto, por R$ 2.000 adicionais), Prata Platinum (metálico, com interior preto, por R$ 2.000 adicionais), Cinza Barium (metálico, com interior preto, por R$ 2.000 adicionais), Cinza Titanium (perolizado, com interior na combinação cinza-claro + preto, por R$ 2.000 adicionais; é a cor do exemplar desta matéria), Azul Aurora (perolizado, com interior na combinação cinza-claro + preto, por R$ 2.000 adicionais) e Vermelho Adrenalina (sólido, com interior preto, sem custo adicional). O SUV tem 3 anos de garantia, sem limite de quilometragem, e 2 anos de assistência técnica. Confira o valor das revisões:

  • 10.000 km ou 1 ano: R$ 439,99
  • 20.000 km ou 2 anos: R$ 1.119,04
  • 30.000 km ou 3 anos: R$ 946,47
  • 40.000 km ou 4 anos: R$ 1.526,04
  • 50.000 km ou 5 anos: R$ 661,99
  • 60.000 km ou 6 anos: R$ 1.810,52

O exemplar do nosso test-drive traz alguns equipamentos que não são itens de fábrica, mas estão disponíveis como acessórios nas concessionárias Honda. São eles: soleiras nas quatro portas com iluminação azul em LED e acendimento em "fade" com o nome do carro, tapetes de borracha, bandeja plástica acompanhada da rede porta-objetos sobre o forro do porta-malas e iluminação embutida na tampa do porta-malas, acionada por botão. Os acessórios também possuem garantia de 3 anos.

Impressões ao dirigir

A Honda propalou bastante o ZR-V como "o SUV com posição de dirigir de sedan". Na prática, é possível ajustar o banco do motorista de forma mais baixa do que em boa parte dos seus rivais, mas mesmo assim é nítido, depois de dirigir um Civic ou um Accord (como nós do Auto REALIDADE já fizemos), que o ZR-V é naturalmente um pouco mais elevado do que os três-volumes. Isso não é demérito, pois o SUV conta com bons ajustes de altura para coluna de direção, assento e cinto, propiciando um posicionamento cômodo e até ligeiramente esportivo para quem dirige. Além disso, os assentos dianteiros mais altos favorecem a visibilidade e o entra-e-sai dos ocupantes.

O condutor tem à disposição espelhos ancorados nas portas, que eliminam os pontos cegos nas extremidades das janelas; além disso, o retrovisor interno é bem-dimensionado (porém, a função anti-ofuscante às vezes demora a atuar) e o vidro traseiro, amplo e pouco inclinado, permite boa visualização para trás. As laterais do capô são nitidamente enxergadas, mesmo com o banco do motorista na posição mais baixa possível. Esguichos e limpadores também são bem eficientes, e há uma curiosidade: em cada ignição, é possível ouvir um pequeno ruído das palhetas grudando ou se soltando do para-brisa, o que ocorre para ampliar a vida útil das borrachas. Os faróis contam com bom alcance, mesmo utilizando somente o facho baixo; luzes de neblina seriam muito bem-vindas, pois é nítido que há uma faixa à frente do veículo que fica no escuro. Dotados de estabilizadores corporais em certos pontos, os assentos dianteiros contam com bons apoios lombares e laterais.

Porém, o retrovisor do lado esquerdo tem lente que aproxima demais o entorno traseiro. Isso faz com que o motorista tenha a impressão de que os veículos atrás pareçam mais próximos do que realmente estão, cria um ponto cego (que no Honda não é atenuado pelo alerta de veículos na região lateral-traseira, existente em alguns de seus rivais) e dificulta a visualização dos limites do próprio ZR-V, fazendo com que seja necessário se esticar para não precisar ajustar o espelho. Essa característica também foi observada no Chevrolet Bolt EUV, outro produto com características nitidamente destinadas ao público norte-americano. O espelho direito traz a clássica inscrição "objects in mirror are closer than they appear", mas permite melhor noção do que está ao redor. A falta do rebatimento elétrico dos retrovisores (presente até em versões intermediárias do HR-V) pode ser um problema em locais apertados; além disso, ao travar o carro, é comum em outros modelos deste segmento ter a "confirmação visual" de que o veículo está fechando quando os espelhos estão recolhidos - mas no ZR-V não há essa cortesia.

A direção elétrica assistida eletronicamente por pinhão duplo faz com que o ZR-V lembre muito o Civic durante a condução. Para começar, o volante tem diâmetro e formato do aro bastante semelhante entre ambos. A assistência também é similar: o ZR-V entrega comodidade sem leveza excessiva e obedece prontamente aos comandos de quem dirige, exigindo poucas correções em velocidades mais altas. As manobras de estacionamento e retornos são feitas com facilidade: o diâmetro de giro do SUV é de 11,0 metros, chegando a ser 0,2 m menor que no sedan (é preciso levar em consideração que o ZR-V tem 8 centímetros a menos de entre-eixos e 11,1 cm a menos de comprimento que o Civic).

Em relação ao conjunto de suspensão, o ZR-V bem que se esforça para absorver as irregularidades do piso. A ótima estabilidade da carroceria nas curvas e desvios rápidos de trajetória é uma característica comum aos modelos derivados da moderna plataforma Honda Architecture. Mas, quem diria: o Civic Híbrido chega a transmitir mais conforto e repassar menos chacoalhados aos ocupantes na cabine - mesmo tendo pneus de perfil mais baixo que o utilitário (50 x 60). Se serve de consolo, a altura em relação ao solo do ZR-V é uma das maiores entre todos os automóveis da Honda oferecidos no Brasil e chega a superar alguns de seus rivais diretos.

O câmbio CVT executa as mudanças das relações de marcha de maneira bastante discreta: nem mesmo há o "tranco" simulado que causa o efeito psicológico de que o carro está avançando para a marcha seguinte. Para saber se a relação de marcha foi alterada, é necessário olhar para o conta-giros. O modo sequencial, que é o único a exibir o algarismo da marcha engatada, pode operar com o câmbio em Drive ou Sport. No modo Drive, a liberdade do motorista é mais contida, e a atuação das trocas sequenciais ocorre de forma temporária. Se o acelerador for pouco pressionado (situação em que as rotações do motor ficam em patamar baixo), a transmissão logo retorna à operação automática; a mesma coisa ocorre quando o ponteiro do conta-giros chega muito próximo da faixa vermelha. Quando o indicador de marcha engatada pisca no quadro de instrumentos, o carro está indicando que a mudança de marcha não é adequada naquele momento.

Já o Sport é muito mais permissivo: a operação sequencial é sempre mantida mesmo quando o motorista pega leve com o pedal do acelerador, e é possível esticar as marchas até pouco mais de 6000 rpm; para poupar o motor de desgastes acentuados, a relação da marcha seguinte pode ser automaticamente selecionada. O modo Sport aumenta instantaneamente os giros do motor, mesmo quando o acelerador não é pressionado, e eleva as rotações em que ocorrem as mudanças de relação de marcha. Com o piloto automático mantendo os 40 km/h, o conta-giros marca cerca de 1400 rpm com o câmbio em Drive e quase 2400 rpm na posição Sport.

O modo Econ atenua a resposta do pedal do acelerador e o funcionamento do ar-condicionado: em dias quentes, é perceptível que a cabine gela melhor quando este modo é desativado (aliás, o aparelho é bem eficiente). Ainda assim, o ZR-V não perde tanta força, e é plenamente possível utilizar o carro nas estradas, inclusive fazendo ultrapassagens, nesta opção econômica. Um fato bastante curioso: enquanto outros carros da Honda trazem o seletor Drive Mode, que só permite a seleção de um modo de condução por vez, o ZR-V traz a posição Sport no trilho da alavanca e o botão exclusivamente para acionar o Econ: com isso, é possível utilizar os dois modos simultaneamente! A rotação do motor permanece em um patamar mais elevado, mas o funcionamento do ar e a resposta do acelerador seguem no padrão voltado para economia de combustível.

O controlador de velocidade de descida (HDC, Hill Descent Control) opera entre 3 e 20 km/h. Quando o botão no console é apertado, o HDC fica "em espera". A velocidade não é controlada pelos comandos do piloto automático, e sim ao pisar no freio (o que reduz o ritmo constante da descida) ou acelerar (tornando a descida mais rápida). Com o Brake Hold ativo, o ZR-V permanece no lugar mesmo em ladeiras íngremes. Se ele estiver desativado, o assistente de partida em subidas (que também atua em descidas, de ré) mantém o veículo parado por aproximadamente 2 segundos antes de descer, tempo suficiente para tirar o pé do freio e acelerar. O freio de estacionamento eletrônico é automaticamente liberado (de forma suave) com o cinto afivelado e as portas fechadas se o pedal do acelerador for pressionado; ao desligar o veículo em P ou se o cinto for retirado enquanto o Brake Hold estiver ativo, o carro se encarrega de acionar o freio de estacionamento. É possível desligar o ZR-V em Drive, mas um bipe soa imediatamente, seguido da advertência no quadro de instrumentos para levar o câmbio para a posição Parking.

Para melhorar o silêncio da cabine, a Honda dotou o ZR-V de para-brisa acústico, com uma membrana de polímero para isolamento sonoro. Também há mantas de isolamento acústico no verso do capô, na parede corta-fogo e no assoalho (na parte interna, perceptível pela espessura do material visível ao levantar a área recortada no piso do passageiro dianteiro para conferência do número do chassi, e até na área central-inferior do lado de fora, entre os conjuntos de suspensão). Sob condução tranquila, o SUV é bem quieto. A 100 km/h constantes, o ZR-V se estabiliza a pouco menos de 2000 rpm. Já ao redor dos 3000 rpm, o barulho do motor invade mais nitidamente a cabine. Apesar do ruído, o nível de vibrações repassado à cabine é mínimo.

A atuação dos assistentes de condução do ZR-V segue os parâmetros também encontrados em modelos como Civic e Accord. O piloto automático adaptativo (ACC), que opera a partir de 30 km/h e pode atuar a até 180 km/h, funcionou de forma satisfatória - sendo capaz de detectar até veículos estreitos, como motos, e de acompanhar o automóvel à frente até a parada. Como a tela do quadro de instrumentos do SUV é menor na comparação com os sedãs mencionados, não há muito espaço para a exibição de ícones relativos ao funcionamento do ACC; com isso, não há a indicação de veículos no entorno do ZR-V ou a exibição do tipo do automóvel na tela - somente o ícone de um carro que aparece quando é detectado o veículo adiante, acompanhado das barras que exibem a distância a ser estabelecida.

O assistente de permanência em faixa, que funciona entre cerca de 72 km/h até 180 km/h, também atuou dentro do esperado, esterçando o volante para se manter dentro das demarcações da pista e advertindo o motorista sobre a necessidade de posicionar as mãos no aro da direção. Quando o carro está fora da faixa, há uma vibração no volante para advertência. Outro recurso presente é a comutação automática do facho dos faróis: alguns segundos depois de entrar em ambientes sem luzes de postes ou de outros veículos, o carro automaticamente muda do facho baixo para o facho alto, desde que a velocidade seja de 40 km/h ou mais. Ao reduzir para 24 km/h ou menos, o ZR-V passa para os faróis baixos de forma automática.

Assim como no Civic e no Accord, as câmeras externas do ZR-V possuem definição nitidamente baixa através da tela do sistema multimídia. E no SUV, este monitor tremia um pouco ao trafegar por pisos ruins, característica que não observamos nos outros modelos da Honda.

Em termos de desempenho, a entrega de força do ZR-V está dentro do esperado para este segmento. Durante a largada, com um pé no freio e outro no acelerador, o ponteiro do conta-giros marca cerca de 2000 rpm. Mesmo reduzindo a atuação do controle de tração, o carro não canta pneu nas acelerações. Com o pé embaixo, as trocas de marcha são feitas bem próximo da faixa vermelha de giros do motor. Surpreendente é o fato do SUV da Honda entregar um ronco esportivo através do escape: nas aceleradas com o carro parado, a ressonância é música para os ouvidos dos entusiastas. Pena é que só é possível ouvir este som do lado de fora do veículo.

Todos os testes foram feitos com a transmissão em Drive, sem modo Sport; vale ressaltar que o exemplar desta matéria estava pouco rodado. Curiosamente, com controle de tração ativo, o ZR-V obteve tempo 0,1 segundo melhor do que a passagem com controle de tração reduzido e modo Sport acionado. Veja os dados coletados em pista sem tráfego de veículos, com ar-condicionado desligado, somente o motorista a bordo, controles de tração/estabilidade ativos e cronometragem automática pelo aplicativo GPS Acceleration:

Aceleração de 0 a 100 km/h: 10,6 segundos
Retomada de 40 a 80 km/h: 4,6 segundos
Retomada de 60 a 100 km/h: 6,3 segundos
Retomada de 80 a 120 km/h: 7,7 segundos

Condições do teste

Temperatura externa: 32º C
Altitude (estimada): 71 metros
Pressão dos pneus: não disponível
Nível de combustível: 1/2 do tanque de gasolina
Quilometragem do veículo durante os testes: 213 km

Já o consumo de combustível do ZR-V seguiu o esperado para um SUV aspirado e sem o auxílio de motores elétricos. Recebemos o carro com aproximadamente meio tanque, abastecemos 9,71 litros de gasolina e devolvemos com o indicador exibindo duas barrinhas, com a estimativa de autonomia de 79 km. Nossa média de consumo foi ligeiramente melhor do que os 10,2 km/l no ciclo urbano de rodagem do Inmetro. Veja os resultados circulando na cidade com ar-condicionado ligado a maior parte do tempo:

Consumo de combustível médio: 10,3 km/l
Distância percorrida: 270,8 km
Velocidade média (estimada): 29 km/h

Para concluir...

O Honda ZR-V é um carro muito agradável de dirigir, com virtudes também encontradas no Civic. Traz bom acabamento, pacote recheado de equipamentos de segurança, visual atraente e oferece mais espaço para passageiros e porta-malas do que o HR-V. A missão de competir com rivais estabelecidos há mais tempo no Brasil é árdua; a falta do motor Turbo, a disponibilidade de apenas uma versão e a ausência de alguns itens de comodidade esperados pelos consumidores nesta faixa de preço podem jogar contra a novidade da Honda. De toda forma, as qualidades do ZR-V são notáveis: para quem está querendo um SUV médio, vale a pena fazer o test-drive nele.

Vem conferir a Galeria de Fotos do Honda ZR-V Touring!










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