Texto e Fotos | Júlio Max, de Teresina - Piauí
Cultuado no Brasil desde a primeira metade da década de 1990, quando começou a ser importado para o território nacional, o Honda Civic tem bastante história acumulada nestas três décadas de estrada. Muita gente lamentou o fim de produção do modelo em Sumaré (São Paulo): entre 1997 e 2021, ele foi um dos sedãs médios de maior sucesso fabricados em território brasileiro. Este ano, a Honda buscou se redimir entre os fãs do Civic, passando a importar o modelo em duas versões bem diferentes entre si: o sedan e:HEV, que incorpora o conjunto mecânico híbrido similar ao que antes só estava disponível no Accord, e o hatchback Type R, em lote de apenas 100 unidades, com câmbio manual e feito para entusiastas de pilotagem em circuitos de corrida. Inicialmente, os dois modelos só eram encontrados em algumas poucas concessionárias da marca, mas os meses passaram e, hoje, mais lojas estão preparadas para comercializar e prestar assistência técnica ao Civic híbrido. No Piauí, por exemplo, o modelo passou a estar disponível em outubro. Agora, o Auto REALIDADE teve a oportunidade de conviver por um final de semana com o sedan!
No Civic, os faróis horizontais, totalmente de LED e com ajuste automático de altura, agrupam luzes de posição, setas (com acendimento tradicional) e fachos baixos e altos. Eles se mesclam visualmente com a grade superior; o "H" da Honda (com contornos em azul que caracterizam os modelos híbridos da marca) fica a meio-caminho entre a abertura de ar e a área do para-choque pintada na cor do carro. O capô é marcado pelos vincos nas laterais. A grade inferior é ampla, com tramas diferentes da peça logo acima, e está acompanhada de dois alojamentos nas laterais para acomodação das luzes de neblina, também de LED. O sedã traz de série os sensores de estacionamento dianteiros. As palhetas dos limpadores de para-brisa trazem os esguichos embutidos e, quando estão recolhidas, ficam na área não-transparente do vidro.
Lateralmente, o conjunto de três janelas, com molduras cromadas, lembra bastante o Accord 2021, assim como a linha horizontal na lataria que fica logo acima das maçanetas externas. As rodas de 17 polegadas trazem estilo refinado, com bordas diamantadas e parte central em cinza-chumbo, mas parecem ser pequenas para um sedã de 4,67 metros de comprimento. Por outro lado, os pneus Yokohama Advan dB Decibel de perfil 215/50 colaboram com o conforto ao rodar. Eles devem ser enchidos com 32 libras. As caixas de roda traseiras são acarpetadas, enquanto as dianteiras trazem plástico tradicional. Nas maçanetas dianteiras há ranhuras que indicam a localização de sensores para a detecção da chave; curiosamente, os puxadores possuem a parte posterior em preto, diferentemente das maçanetas traseiras, integralmente pintadas nas cor da carroceria (assim como as capas dos retrovisores, que possuem luzes de seta de LED embutidas). A portinhola do tanque fica do lado esquerdo. Do lado direito há uma câmera embutida no retrovisor para atenuação dos pontos cegos.
Na traseira, as lanternas assumem estilo mais conservador, sem as notáveis concavidades da geração anterior. As luzes de posição, brake-light e freio são de LED, mas a iluminação de ré e dos piscas traseiros utilizam lâmpadas halógenas. O emblema e:HEV fica a meio-caminho entre o espaço para a placa e a borda da tampa traseira. Esta, por sua vez, traz iluminação com diodos emissores de luz. Câmera traseira e botão para abertura do porta-malas também ficam nesta região. O para-choque traseiro traz refletores e sensores de ré, além de área inferior em preto e um filete na cor da carroceria. A saída de escape, bem discreta, fica do lado direito.
A carroceria do Civic possui 4,68 metros de comprimento, 1,802 metro de largura (desconsiderando os retrovisores), 1,432 m de altura e distância entre-eixos de 2,735 metros. Na comparação com o antigo Touring 1.5 Turbo, o Honda está 3,8 centímetros mais comprido, 0,3 cm mais largo, 0,1 cm mais baixo e com 3,5 cm a mais de distância entre-eixos. O balanço traseiro foi encurtado e a bitola traseira cresceu 1,2 cm. O peso da carroceria em ordem de marcha é de 1449 quilos, e a capacidade de carga, incluindo passageiros, é de 431 kg. A altura em relação ao solo é de 15,4 centímetros, enquanto o ângulo de entrada é de 15 graus, e o de saída, de 19 graus. Esta décima-primeira geração do Civic traz solda a laser na junção das chapas laterais com o teto, dispensando os disfarces com frisos plásticos, e conta com aços de alta resistência, elevando o nível de rigidez torcional em cerca de 8%.
O acabamento da cabine inclui materiais macios ao toque na parte superior do painel e das portas dianteiras e traseiras, além de couro (há porções naturais e de material sintético) nos bancos, volante, apoios de braço e em partes das portas. Este revestimento pode ser predominantemente cinza-claro (somente quando a cor externa for Branco Topázio, como no carro do nosso test-drive) ou preto. Um dos detalhes interessantes que surgiu no Civic - e está atualmente nos novos Accord e ZR-V - é o conjunto de saídas de ar do painel interligadas visualmente por uma moldura em formato de colmeia e com alavancas para direcionamento.
O volante traz aro forrado em couro preto com costuras claras, além de molduras em preto-brilhante e raio inferior prateado. O lado esquerdo concentra os comandos de voz do sistema multimídia, de ajuste do volume e de alternância entre faixas e estações. No lado direito, o motorista realiza a operação do controlador de velocidade e distância do veículo à frente (com quatro níveis de distanciamento: a 80 km/h, a distância curta é de 1,2 segundo do veículo à frente; a distância média, de 1,6 s; a distância grande, de 2 segundos, e a distância extra-grande, de 2,4 s), além de fazer a ativação do assistente de permanência em faixa.
Os dois raios do volante trazem rolos que permitem alterar as informações que são exibidas nos lados esquerdo e direito da tela do quadro de instrumentos. Também há paddle-shifts, que servem para escolher um dos quatro níveis de regeneração de energia durante as desacelerações. A coluna de direção pode ser manualmente ajustada em altura e profundidade através de uma alavanca no canto inferior esquerdo.
O quadro de instrumentos do Civic e:HEV concentra praticamente todas as informações dentro da tela digital de 10,2 polegadas - somente as indicações do medidor do nível de carga da bateria de alta tensão (à esquerda), do nível de combustível (à direita) e algumas luzes-espia aparecem fora do monitor. No lugar do conta-giros, o sedan possui os medidores Power e Charge. Quando está sendo demandada força do veículo, o ponteiro virtual se desloca para a direita, na faixa que vai até 100%. Já quando o carro está desacelerando ou freando (e, portanto, reaproveitando energia), o ponteiro "desce" para a esquerda. Entre os semi-círculos, estão o velocímetro digital e os ícones referentes aos assistentes de condução ativos: o ícone do veículo reproduz o acendimento dos faróis, das luzes de freio e das setas, além de exibir se o carro está entre faixas e que outros veículos (carros, motocicletas ou caminhões) estão no entorno. Do lado direito está a escala do velocímetro, de até 220 km/h.
Os mostradores podem ser exibidos com os layouts Círculo, Barra, Círculo Mínimo e Barra Mínima. No modo Círculo, os medidores Power/Charge e o velocímetro lembram itens analógicos. No barra, estas duas informações passam a ser exibidas em escala vertical nas extremidades da tela. Nos modos "mínimos", as escalas em círculo e barra ficam ocultas quando o piloto automático adaptativo está em operação.
O lado esquerdo da tela concentra as informações de posição de câmbio, relógio, temperatura externa, luzes-espia de modo totalmente elétrico ativado (EV) e carro ligado pronto para partir (Ready), além da fonte de áudio, que pode ser alternada pelo raio esquerdo do volante: rádio AM ou FM, celular pareado, USB, Bluetooth e Apps do telefone conectado. Também é possível personalizar o lado esquerdo da tela (inclusive para que as informações de áudio e relógio não sejam exibidas, o que faz com que a emulação de ponteiro seja exibida por completo) e retornar.
O lado direito exibe modo de condução, hodômetro total, e, dentro do velocímetro, os seguintes itens:
- Advertências: somente surge em situações em que o motorista precise se atentar, como porta aberta e não-utilização do cinto de segurança, por exemplo.
- Monitor do fluxo de energia: mostra como está ocorrendo a transferência ou geração de energia do veículo. Pode mostrar quatro gráficos: o do modo EV (quando somente a energia elétrica acumulada é utilizada para impulsionar as rodas), do modo híbrido (os motores a combustão e elétrico estão funcionando), do acionamento direto do motor a gasolina e do reaproveitamento de energia (nesta situação, as barras acendem em verde; nas demais situações, em azul).
- Autonomia estimada, consumo médio, gráfico com indicação de consumo instantâneo de combustível (de 0 a 40 km/l) e a distância percorrida A ou B.
- Velocidade média acompanhada do tempo de viagem junto com as distâncias percorridas A e B.
- Navegação: exibe uma bússola digital. O Civic não dispõe de GPS nativo.
- Nível de atenção do condutor: analisa os movimentos do volante para determinar se o veículo está sendo conduzido de maneira sonolenta ou desatenta. Se o carro for conduzido por mais de 30 minutos e forem detectados sinais de cansaço, aparece a mensagem "Nível de atenção do condutor baixo", com uma xícara de café, seguido de um alerta sonoro e de uma vibração do volante.
- Cintos de segurança: mostra um diagrama com os assentos do veículo e exibe se o ocupante está com cinto afivelado (verde) ou desafivelado (vermelho), mostrando também os bancos desocupados. Com o veículo em movimento, soa um alarme caso algum dos cintos esteja desafivelado (o sistema considera o peso dos ocupantes sobre os bancos dianteiros e, na traseira, se algum dos cintos estava afivelado e foi retirado).
- Assistentes de segurança: exibe se estão ativos ou desativados os sistemas RDM (de atenuação da saída da faixa de rodagem) e CMBS (frenagem autônoma para atenuação de colisões à frente).
- Sem conteúdo/Blank: mostra somente a continuação virtual do ponteiro do velocímetro, minimizando distrações ao motorista.
- Personalizar: permite ocultar ou exibir alguns dos menus mencionados acima. Os itens Cintos de segurança, Assistentes de segurança, Sem conteúdo e Personalizar não podem ser ocultados.
O quadro de instrumentos também possui mostrador individual de porta(s) aberta(s) e tampa do porta-malas aberta, além de exibir imagens para a seleção dos modos de condução e mostrar alerta em caso de baixa pressão de algum dos pneus. Porém, não há indicação de capô aberto nem do nível de temperatura do líquido de arrefecimento do motor (no caso do Civic, nem mesmo há a luz azul que indica a fase fria de funcionamento do propulsor a combustão).
A haste de luzes concentra as posições de faróis desligados, acendimento automático das luzes (que incorpora automaticamente a função de comutação do facho baixo/alto dos faróis conforme as condições externas a partir de 30 km/h, sem a necessidade de deslocar a alavanca para a posição de luz alta, como é comum em outros carros), iluminação de posição ligada e faróis baixos ligados, com um comando giratório secundário para o acendimento dos faróis de neblina. Também há o botão para acionamento ininterrupto da câmera de monitoramento de tráfego (LaneWatch) na ponta da haste. Um leve toque na alavanca, sem aciona-la até o clique, faz as setas acenderem três vezes.
Já a alavanca dos limpadores dianteiros inclui as posições Mist (aciona as palhetas dianteiras somente enquanto estiver acionada nesta posição), Off, Auto (no qual a sensibilidade do sensor de chuva pode ser alterada em cinco níveis) e de acionamento contínuo lento (Lo) ou rápido (Hi).
Com tela sensível ao toque de 9 polegadas fixada ao painel somente pela base, o sistema multimídia traz botões físicos para acesso ao menu inicial Home, retorno de menu Back, ajuste de volume, liga/desliga e alternância entre faixas ou estações. A tela inicial traz vários ícones para os aplicativos, entre eles:
- Todos os aplicativos: permite escolher quais ícones estarão presentes na tela.
- Celular: exibe os telefones pareados e, com a conexão por Bluetooth estabelecida, permite a utilização de teclado e gerenciamento de chamadas e contatos.
- FM: permite ouvir e navegar pelas estações de rádio.
- Áudio Bluetooth: é possível fazer a reprodução de mídia através do streaming de áudio.
- Conexão com smartphone (este ícone se converte no Android Auto ou Apple CarPlay quando a conexão está ativa): atalho para a utilização de aplicativos do celular.
- Computador de bordo: agrupa as informações nos submenus de viagem atual (com autonomia e comparação entre o consumo de combustível atual e anterior), Trip A e Trip B (ambos com distâncias percorridas e consumos médios, confrontados com 3 registros anteriores).
- USB: permite acesso aos áudios e vídeos do dispositivo USB.
- Power Flow: mostra gráficos com consumo de combustível instantâneo, fluxo de energia momentâneo do veículo e autonomia estimada.
- Configurações gerais: permite ajustes do sistema multimídia.
- Configurações do veículo: traz os submenus de calibração do monitor de pressão de pneus (TPMS), configurações da assistência ao motorista, configuração do painel de instrumentos, configuração do acesso keyless (pela chave presencial), configuração da iluminação e configuração de portas/janelas.
- AM: permite escutar e alternar entre estações de rádio.
- Atualizações do sistema: com uma rede de Wi-Fi conectada, é possível buscar por atualizações do sistema.
- Relógio: permite ajuste de data/hora e a exibição do relógio de forma analógica ou digital, com fundos de tela com imagens da natureza e do robô Asimo, criado pela Honda em 2000. É possível importar arquivos em .jpg ou .bmp para criar novos fundos de imagem.
- Bússola: permite ver em maior tamanho a orientação espacial.
- Modo de exibição: abre a barra que permite a alteração do brilho da tela (a iluminação é afetada pelo reostato dos instrumentos, mas também pode ser ajustada de forma exclusiva).
- Instalador de aplicativo: busca arquivos .apk no dispositivo encaixado na entrada USB com leitura de dados para inserir outros apps no sistema multimídia.
O Civic também traz conectividade através do aplicativo para celular myHonda Connect, que inclui as funcionalidades de notificação automática à central de relacionamento da Honda em caso de acidente com acionamento dos airbags, detecção remota de falhas (um breve descritivo do mal funcionamento, e como proceder, estará disponível no aplicativo), alerta enviado para o celular do usuário em caso de alarme disparado, verificação da localização na qual o veículo está estacionado (com a possibilidade de traçar rota até o carro), verificação remota do status das portas, janelas, luzes e calibragem dos pneus, além do diagnóstico geral; acompanhamento da localização do carro em tempo real no mapa, controle geográfico (definida uma área de controle, pode haver notificação quando o veículo entrar ou sair deste perímetro), alerta de velocidade (após determinar uma velocidade máxima, o usuário receberá uma notificação todas as vezes que o veículo rodar além deste limite estabelecido), assistência 24 horas por dois anos com solicitação de serviços pelo app (de guincho, chaveiro, carga de bateria, entre outros), comandos remotos (como acionamento e alteração da temperatura do ar-condicionado após ligar o motor à distância, destravar/travar portas e acionar buzinas e luzes), dados de computador de bordo (gravados e armazenados no aplicativo para verificação de trajetória e estatísticas da viagem, tais como duração e velocidades máxima e média), manual digital do proprietário, assistente de voz Google, notificações e agendamento de revisões na concessionária de preferência. O pacote Plus dá acesso a todas as funcionalidades e é gratuito por um ano.
O sistema de som Bose dispõe de nada menos que 12 alto-falantes, proporcionando nitidez admirável em termos de distribuição espacial e reprodução de áudio. Além disso, há os recursos ANC (cancelador ativo de ruídos) e ASC (controle sonoro ativo). A central é compatível com a reprodução de vídeos.
A tela também exibe a câmera de ré, que possui três tipos de visualização: angular, tradicional ou de cima para baixo, incorporando linhas de guia dinâmicas. É possível conferir as imagens em tamanho menor, acompanhadas dos gráficos dos sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, ou em tela cheia.
O ar-condicionado é digital e automático, com duas zonas de climatização e regulagem de meio em meio grau Celsius entre 15,5º C a 28,5º C. Da esquerda para a direita, os comandos são de: recirculação/captação de ar, ajuste de temperatura do motorista (com botão para modo automático de funcionamento), seleção do direcionamento do vento, desembaçador dianteiro, seleção da velocidade de ventilação (com visor incorporado ao próprio botão), desembaçador traseiro, liga-desliga do compressor de ar e ajuste da temperatura do passageiro, com possibilidade de sincronização com o que for selecionado pelo motorista (pelo botão Sync). No Civic, diferentemente de City e HR-V, o aro do botão de ajuste da temperatura não fica momentaneamente azul quando é selecionado mais frio nem vermelho quando há ajuste para mais calor. Quando a tela do sistema multimídia está ligada e os ajustes de ar são alterados, momentaneamente as informações de temperatura ou ventilação são exibidas na parte superior do monitor touchscreen.
O início do console central traz o carregador de celular por indução no porta-objetos aberto, acompanhado de duas entradas USB do tipo A (uma para dados e outra para carregamento), além de uma tomada de 12 Volts com tampa. Esta região é iluminada e a superfície do carregador é emborrachada - o dispositivo por indução pode, inclusive, ser desligado ao apertar e segurar momentaneamente o botão ao lado da luz verde. A alavanca de câmbio traz coifa em couro, com costuras aparentes e as posições P, R, N e D. Logo atrás está o seletor de modos de condução (Drive Mode), que permite alternar entre as configurações Normal, Econ e Sport (com exceção do modo esportivo, os demais são memorizados quando o carro é desligado e a ignição é posteriormente acionada), bem como os botões de freio de estacionamento eletrônico e Brake Hold, que mantém o veículo freado em paradas, dispensando o ato de manter o pé no freio mesmo com a transmissão em Drive. À direita estão dois porta-copos, cada um com duas garras laterais flexíveis e confeccionados em plástico rígido - poderiam ser emborrachados para evitar barulhos.
Também há um apoio de braço revestido de couro que pode ser aberto, revelando mais um porta-objetos, que possui uma pequena bandeja removível. Ela pode ser encaixada mais à frente ou atrás, funcionando como um "andar superior" para guardar itens menores. Um detalhe muito interessante é a presença de um easter-egg na parte inferior desta bandeja: um blueprint do Civic de primeira geração, com a legenda em inglês: "A história do Civic continua...". O fundo do porta-objeto é emborrachado, mas a bandeja é de plástico rígido com pequenos insertos de veludo nas laterais.
O porta-luvas traz espaço razoável e a tampa desce suave e lentamente, contando com iluminação. Porém, o habitáculo é de plástico rígido e sem divisórias para objetos menores.
O retrovisor interno tem lente fotocrômica (com botão iluminado em verde para ativar ou inibir o recurso) e há duas luzes de leitura dianteiras, que são acompanhadas de dois discretos focos de iluminação que jogam luz discretamente para o console. Os para-sóis (com o mesmo revestimento macio do forro de teto) trazem tampas que, ao serem levantadas, revelam espelhos e iluminação. Também há quatro alças de teto móveis (inclusive para o motorista) e mais um ponto de iluminação no forro de teto, direcionado para a traseira.
O Civic também dispõe de porta-óculos retrátil, com fundo em veludo, e do teto solar elétrico, com persiana que desliza manualmente. O vidro desliza para dentro, entre a capota e o forro de teto. Ele pode ser acionado por um toque tanto na abertura quanto no fechamento, além de dispor da função tilt de levantamento da parte traseira. Com o teto aberto, um defletor dianteiro é levantado.
O lado esquerdo do painel possui um rolo para ajuste do brilho dos instrumentos e, mais abaixo, quatro botões para ativar/inibir os bipes dos sensores de estacionamento, desativar o alerta sonoro emitido em baixa velocidade do lado de fora para que os pedestres percebam o deslocamento do veículo, alterar o status do controle eletrônico de estabilidade (VSA; para fazer isso, o botão deve ser apertado e segurado até o acionamento de um bipe) e abrir, na tela do quadro de instrumentos, o menu de assistentes de segurança ativos. O apoio para o pé esquerdo e os pedais trazem borracha.
A porta do motorista concentra os comandos de ajustes e rebatimento elétrico dos retrovisores, além de travamento e destravamento das portas, bloqueio das janelas dos passageiros (inclusive do carona dianteiro; quando o bloqueio está ativo, o motorista só consegue operar sua janela, e as outras ficam inoperantes) e operação dos vidros elétricos por um-toque na abertura e fechamento (é permitido o acionamento das janelas até 45 segundos depois do desligamento do carro, desde que nenhuma porta seja aberta), bem como para a abertura da tampa do porta-malas. Todas as portas trazem maçanetas centralmente vazadas em prata-acetinado e frisos em preto-brilhante, sendo que nos forros dianteiros também há filetes de iluminação ambiente branca. A porta do passageiro dianteiro também controla o travamento e destravamento do veículo.
Os bancos dianteiros trazem amplos apoios laterais e incorporam o estabilizador corporal similar ao de outros modelos da Honda. O motorista possui à disposição ajustes elétricos de altura (tanto da área das coxas quanto da parte da junção com o apoio das costas), de distância do assento e de inclinação do encosto. O passageiro também traz ajustes elétricos, mas somente para regulagem da distância do assento e inclinação do apoio das costas. Os encostos de cabeça são ajustáveis em altura, e os cintos dianteiros dispõem de pré-tensionadores e ajuste manual de altura. Há iluminação para os pés dos dois ocupantes frontais. Os tapetes são de carpete, e na peça do motorista há duas presilhas que, ao serem giradas, podem ser liberadas ou travadas.
Para os ocupantes traseiros, o Civic traz duas saídas de ar traseiras direcionáveis e com vedação central, dois porta-revistas atrás dos bancos dianteiros, além de três encostos de cabeça ajustáveis em altura, apoio de braço central com dois porta-copos (curiosamente, o recipiente do lado direito é maior que o da esquerda) e alças de teto, com um pequeno gancho fixo no lado esquerdo. O final do console também oferece mais duas entradas USB-A para carregamento de dispositivos eletrônicos. Na região do assento traseiro há uma abertura para ventilação da bateria de alta tensão. O espaço é bom principalmente para as pernas, e suficiente para a cabeça (no caso de ocupantes com 1,80 metro de altura), mesmo considerando o ressalto do forro de teto necessário para a operação do teto solar, mas a acomodação do ocupante central é um pouco mais complicada por conta do ressalto do túnel no assoalho e da elevação do assento nesta região. Os vidros descem quase até o final. Nas posições laterais do banco traseiro há fixações Isofix (cobertas por capas) e Top Tether (no tampão traseiro) para engate de cadeirinhas infantis.
O porta-malas possui 495 litros, ficando um pouco menor que na geração anterior - mas, ainda assim, é uma capacidade generosa para um sedan híbrido - no Corolla Hybrid, a capacidade é de 470 litros. A sua tampa pode ser destravada por comando na chave, pelo botão externo próximo da iluminação de placa ou pelo botão presente no forro de porta do motorista, e se eleva de maneira controlada até o curso máximo de sua abertura.
Este movimento é possível por conta da adoção de um sistema de molas de torção que trabalha em conjunto com um amortecedor do tipo mola a gás. Enquanto o primeiro sistema realiza a abertura, o segundo cadencia a velocidade do movimento da tampa. Apesar desta comodidade, o Civic não traz o acionamento motorizado da tampa que existe no HR-V Touring.
O compartimento de bagagem possui iluminação central, alavancas para rebatimento dos encostos do banco traseiro (não é possível rebater pela parte interna), e, sob o assoalho dobrável, está o estepe acompanhado das ferramentas para troca do pneu. Ele utiliza uma roda de ferro de 16 polegadas calçada com pneu 125/80, cuja pressão recomendada é de 60 psi, e que deve rodar a no máximo 80 km/h. A parte interna da tampa é forrada em carpete e possui um apoio para encaixar a mão direita na hora do fechamento.
No destravamento, as luzes externas e de teto se acendem, junto com as luzes das portas e a iluminação do carregador por indução. O botão de ignição pulsa na cor branca. Com a ignição ligada, este botão passa a ter a cor vermelha e ficam acesos os botões do lado esquerdo do painel e dos forros de porta, além dos botões nos raios do volante, dos atalhos do sistema multimídia, dos comandos de ar, das iluminações dos pés e do carregador por indução, bem como os comandos do console, as molduras das quatro entradas USB e os botões do teto. O reostato altera o brilho de quase tudo na cabine, exceto das luzes de leitura no teto, das iluminações dos para-sóis, do porta-luvas e das luzes indicadoras de itens ativos, acesas em verde ou âmbar.
A chave do Civic é praticamente a mesma do HR-V Touring que dirigimos recentemente, trazendo em uma face o logo da Honda sobre superfície em preto-brilhante. No verso, há quatro botões, para travamento das portas (aciona o bipe uma vez e faz com que as janelas esquecidas abertas sejam fechadas, inclusive o teto solar; além disso, os retrovisores se recolhem eletricamente), destravamento do veículo (aciona dois bipes; ao apertar e segurar este botão, as janelas e o teto solar são abertos), abertura da tampa do porta-malas (ao apertar e segurar o botão) e comando de partida remota do motor, permitindo o acionamento do ar-condicionado antes de entrar no veículo (só funciona se, primeiro, for apertado o botão de travamento e, em seguida, o botão da partida à distância for pressionado e segurado; depois, é necessário destravar o veículo e apertar o botão de partida para utilização normal do veículo). Existe ainda um pequeno botão que libera a lâmina a ser inserida nas fechaduras caso necessário. A diferença mais perceptível entre a chave dos dois carros é o fato de que a ilustração do botão de abertura do porta-malas mostra a silhueta de um sedã no Civic e de um SUV no HR-V. Se o Civic for destravado mas nenhuma porta for aberta, o veículo volta a ser trancado em 30 segundos. E se a chave for levada para um perímetro mais distante que 1,5 metro em torno do carro, o Civic é capaz de travar as portas (caso a função esteja habilitada).
No quesito de segurança, o Civic vem com 8 airbags (dois frontais, dois laterais nos bancos dianteiros, dois laterais traseiros e dois de cortina), freios a disco nas quatro rodas (ventilados na dianteira e sólidos na traseira) com os sistemas anti-travamento (ABS) e distribuição eletrônica da força de frenagem (EBD), além do EBA (Emergency Brake Assist, assistência em frenagens de emergência); controles de tração e estabilidade, assistente de partidas em ladeiras, acendimento do pisca-alerta em frenagens de emergência em velocidades a partir de 60 km/h, alerta de esquecimento de objetos no banco traseiro (se alguma das portas traseiras for aberta, e em até 10 minutos o carro for ligado, depois de desligar o veículo surge uma mensagem no quadro de instrumentos sugerindo para verificar o banco traseiro), travamento automático das portas a partir de 15 km/h e alarme perimétrico, além dos demais itens mencionados ao longo desta matéria.
O sistema de propulsão híbrido e:HEV conta com três motores, sendo um a combustão e outros dois elétricos: um deles rende o equivalente a 184 cv e 32,1 kgfm, que trabalha em conjunto com o motor 2.0 a gasolina de 143 cavalos a 6000 rpm e 19,1 kgfm de torque a 4500 rpm. O segundo motor elétrico gera energia para a IPU (Intelligent Power Unit), conjunto de baterias de íons de lítio de 1,05 kWh posicionado sob o assento do banco traseiro. Já o câmbio é o automático e-CVT, com uma marcha à frente e a ré. A tração é distribuída para as rodas dianteiras. Não há fonte de alimentação externa no Civic, diferentemente dos híbridos plug-in, que podem ser recarregados de forma similar aos veículos elétricos. Além disso, não há potência e torque combinados, pois apesar dos motores até poderem funcionar juntos (no modo Hybrid), eles não atuam unidos para impulsionar o veículo: neste caso, o motor a combustão vai atuar como gerador de energia.
O motor 2.0 a gasolina de ciclo Atkinson possui injeção direta de combustível, pelo qual ocorrem múltiplos pulsos na câmara de combustão (“multistage injection”), o que permite a ampliação da faixa de atuação estequiométrica, com ganho de eficiência. Com alta taxa de compressão, de 13,9:1, o motor a combustão do Civic Híbrido chega à eficiência térmica na ordem de 41%, segundo a marca (em média, outros motores a gasolina chegam a 30% de eficiência).
Este motor a gasolina aciona o gerador de energia elétrica e, na situação da condução em velocidades de estrada com alta rotação, envia força ao carro sem dependência do conjunto elétrico. O gerador é responsável por dar a partida no motor a gasolina e gerar energia elétrica, quando acionado pelo motor a gasolina, para fornecer eletricidade para alimentar o motor elétrico e/ou carregar a bateria de alta-tensão. O motor elétrico fornece propulsão para as rodas (em conjunto com o motor a gasolina em determinadas condições) e fornece eletricidade à bateria de alta tensão por meio de frenagem regenerativa. Por fim, a bateria de alta tensão (sob o banco traseiro) fornece armazenamento de energia e serve como fonte de energia para o motor elétrico. Existe também uma unidade de controle de energia que controla os dois motores elétricos e faz o gerenciamento da alta tensão.
O Civic dispõe de uma bateria de 12 Volts tradicional (com 45 Ampères) que alimenta os airbags, as luzes internas e externas, bem como os dispositivos elétricos comuns de serem acionados somente com a ignição ligada. Já a bateria de alta tensão é usada para alimentar o motor de propulsão e recarregar a bateria de 12 Volts. O capô é sustentado por haste (sustentada pelo lado direito, com espuma) e traz manta de isolamento, além de capa emborrachada e removível para o motor a combustão.
O tanque de combustível, que tem a capacidade de 40 litros, pode receber gasolina comum ou aditivada. A portinhola pode ser aberta ao empurrar pela extremidade traseira quando as portas estiverem destravadas.
O conjunto de suspensão é independente nas quatro rodas, utilizando o esquema McPherson na dianteira, com barra estabilizadora, e multi-link na traseira, também com barra estabilizadora.
Importado de Prachinburi, na Tailândia, e atualmente com preço de tabela de R$ 259.900, o Civic Híbrido é vendido em pacote único de equipamentos, sem opcionais de fábrica. As cores disponíveis para a carroceria são: Branco Topázio (perolizada), Preto Cristal (perolizada), Cinza Basalto (metálica) e Prata Platinum (metálica). Se a cor branca for escolhida para a carroceria, o interior incorpora revestimentos em cinza-claro; já no caso das outras tonalidades, o interior traz os revestimentos em preto. O veículo tem 3 anos de garantia, sem limite de quilometragem. Já o conjunto elétrico (baterias e motores) tem garantia de 8 anos ou 160 mil quilômetros.
Impressões ao dirigir
O Civic oferece uma posição de dirigir bastante agradável: baixa e que permite ao motorista dirigir de forma mais esticada, o que proporciona maior sensação de esportividade. O volante é um deleite para as mãos, graças ao seu formato anatômico e à qualidade do couro empregado. Suas dimensões também agradam. O diâmetro de giro, de 11,2 metros, é bem aceitável para um carro com mais de 4,70 metros de comprimento.
A visibilidade do sedã é, de um modo geral, boa. Mesmo com o banco em posicionamento mais próximo do solo, é possível enxergar parte do capô, o que permite ter melhor noção da largura do veículo. Os retrovisores externos tem lentes relativamente compactas, mas que proporcionam bom campo de visão; o retrovisor interno também é bem-dimensionado e a angulação do vidro traseiro permite boa visibilidade para trás; também ajuda o fato de que os encostos de cabeça podem ser recolhidos para baixo (em alguns sedãs, estes encostos traseiros são fixos). Outras coisas também ajudam, como o uso racional do fluido dos limpadores (as palhetas se movimentam ao mesmo tempo em que jogam água, gastando menos) e a boa iluminação dos faróis, mesmo em facho baixo; as luzes de neblina propiciam melhor visibilidade para as laterais.
Nossa principal curiosidade estava em saber como o conjunto mecânico híbrido funcionaria no uso cotidiano. Quando a ignição é acionada, o Civic quase sempre permanece no modo 100% elétrico (indicada pela luz-espia "EV" no quadro de instrumentos), a menos que o veículo detecte a necessidade de ligar o motor a combustão (para, por exemplo, servir como gerador). Mas, a qualquer momento, este propulsor a gasolina pode ser desativado. Em ambientes silenciosos, é nítido pelo ruído que o motor a combustão foi ligado, mas, com o carro em movimento, o liga e desliga só é perceptível através da alteração dos gráficos do fluxo de energia (e quando a indicação "EV" acende no quadro de instrumentos, indicando que o carro está no modo elétrico de funcionamento). Diferentemente do Accord (e do Haval H6 PHEV, outro híbrido que dirigimos há alguns meses), o Civic não dispõe de comando para fazer o veículo funcionar somente em modo elétrico.
É possível utilizar o motor a gasolina como um gerador de energia ao ligar o Civic, permanecer com o câmbio em Parking e acelerar até o fim (não se preocupe, o nível de giros do motor a combustão não vai ser elevado). Em cerca de 10 minutos, o sedã passa a ter a carga completa de energia. No nosso uso, houve variação constante deste nível: entre mais da metade até apenas duas barrinhas. Porém, o carro sempre evitou o descarregamento total.
Curiosamente, o Civic não deixa o motorista subir o giro do motor a combustão com o carro parado, mesmo com o câmbio em Neutro. Neste caso, ele chega a cortar a operação do motor a gasolina e a exibir uma mensagem no quadro de instrumentos orientando para a liberação do pedal do acelerador.
No modo híbrido, o motor a combustão é acionado para alimentar o gerador que fornece energia elétrica, mas a movimentação do veículo continua a ser feita pelo motor elétrico. Neste modo, a potência excedente é redirecionada para a recarga das baterias. Existe ainda o modo em que o motor a combustão é acoplado por uma embreagem para estabelecer sua conexão direta com as rodas dianteiras, que atua somente em velocidades mais altas e em regime de condução de cruzeiro - faixa, portanto, em que o motor a combustão trabalha de forma mais eficiente. Durante nosso uso, foi possível observar este modo em ação em trechos de estrada com velocidade estabilizada.
A cabine do Civic é bem silenciosa - mérito do som com cancelamento de ruídos, da manta de isolamento acústico do capô e pelo próprio fato da condução urbana poder ser feita somente com o motor elétrico. Até mesmo o "zumbido" para alertar os pedestres sobre sua movimentação em baixa velocidade é praticamente inaudível com os vidros fechados e o ar-condicionado ligado. Do lado de fora, o barulho é mais perceptível. O ar-condicionado eficiente, que pode ser ligado do lado de fora do veículo, também colabora bastante com o bem-estar dos ocupantes.
O sedan da Honda surpreendeu bastante no quesito de suspensão. O conforto transmitido pelo Civic chega a ser maior do que o de alguns SUVs que dirigimos, com absorção macia das irregularidades do piso e altura em relação ao solo suficiente para não raspar em lombadas e valetas durante sua utilização cotidiana. Além disso, o sedã é bastante obediente e estável nas curvas e desvios rápidos de trajetória: a progressividade da direção elétrica de duplo pinhão e relação variável torna a direção cômoda nas manobras de estacionamento e firme em velocidades mais altas.
O piloto automático adaptativo, que opera a partir de 30 km/h e pode atuar a até 180 km/h, funcionou de forma bem satisfatória. O Civic é capaz de desacelerar automaticamente acompanhando o veículo à frente até chegar a 0 km/h - são detectados automóveis a até 120 metros de distância. Quando o veículo à frente começar a se movimentar novamente, o ícone do automóvel pisca no quadro de instrumentos. Se a parada atrás de um veículo for muito rápida, o Honda retoma automaticamente a velocidade programada. Se a parada for um pouco mais alongada, o Civic permanece parado: para retomar a velocidade, deve-se apertar o botão Res/+ ou acelerar. Nas ladeiras, o sedan da Honda também se saiu bem, até mesmo dando conta de fazer uma subida íngreme de ré. O assistente de partida em pisos inclinados atua por cerca de 2 segundos antes do freio ser liberado e o veículo começar a descer - tempo suficiente para o condutor começar a acelerar.
O assistente de permanência em faixa é capaz de esterçar ligeiramente o volante para fazer com que o veículo permaneça entre as demarcações da pista. Se o sistema estiver ativo, chega a ser difícil tirar o carro do prumo, pois a direção fica bem mais pesada nesta situação, evitando mudanças abruptas de trajetória. Além disso, o volante pode vibrar (sua assistência fica intermitente, como se houvesse pequenos travamentos) para indicar que o motorista está saindo da pista, mas essa opção de alerta pode assustar um pouco. Pena que este assistente só comece a funcionar a partir de 72 km/h (permanecendo ativo até 185 km/h), pois é um item bastante útil e que poderia atuar a cerca de 60 km/h - velocidade mais comum de ser alcançada em vias urbanas. Também ajudam na condução o alerta de colisão frontal (audível e visível no quadro de instrumentos) acompanhado da frenagem autônoma de emergência, que atua a partir de 5 km/h (operando até 100 km/h) e pode detectar pedestres e ciclistas, podendo aplicar os freios de forma mais suave ou mais severa.
As câmeras de ré e de atenuação dos pontos cegos (LaneWatch) possuem definição ruim, aparentando ser pior do que as de outros Honda que avaliamos recentemente - certamente, um reflexo da tela do sistema multimídia do Civic ser uma polegada maior que no HR-V e City. À noite, esta característica fica ainda mais evidente. Além disso, o alerta de veículos em pontos cegos com indicadores junto dos retrovisores seria bem mais prático do que o LaneWatch, por permitir a incorporação de alertas adicionais (como monitor de tráfego cruzado traseiro ou advertência em caso de desembarque, indisponíveis no Civic) e por servir também para avisar sobre veículos nos pontos cegos da lateral esquerda.
O Brake Hold, que pode ser ativado ou desativado pelo botão próximo ao do freio de estacionamento, funcionou de forma bastante satisfatória, deixando o veículo parado mesmo com o câmbio em Drive sempre que necessário, até em descidas (permitindo relaxar mais o pé direito), e liberando o sedã de forma bem suave. Se o Hold permanecer ativo por 10 minutos ou na situação em que o motorista desafivela o cinto, o freio de estacionamento é automaticamente aplicado.
O freio de estacionamento eletrônico pode ser liberado com um leve toque no acelerador a partir do engate do câmbio em Drive ou Ré, mas é possível sentir a resistência do conjunto em desacoplar (de toda forma, é um pouco mais suave do que em outros modelos que chegamos a dirigir recentemente; para mais suavidade, o melhor é acionar manualmente o botão). É possível programar o freio de estacionamento eletrônico para ser automaticamente aplicado quando o carro for desligado (o procedimento está descrito no manual do proprietário). O Civic pode ter a ignição desligada com o câmbio em Drive, por exemplo, mas o quadro de instrumentos exibe uma mensagem para a alavanca ser levada para a posição Parking.
A seleção do modo de regeneração de energia permite, na intensidade mínima, que o Civic perca pouca velocidade quando o pedal do acelerador é liberado; no modo máximo de regeneração, é perceptível que o carro inicia uma desaceleração mais intensa ao tirar o pé do pedal direito; ainda assim, neste Honda é necessário pisar no freio para realizar a parada completa, pois sempre haverá a velocidade residual decorrente do câmbio estar em Drive.
Cada um dos modos de condução do Civic proporciona reações nitidamente diferentes para o motorista. O funcionamento do motor a combustão é parcialmente interrompido com frequência principalmente nos modos Econ e Normal, passando para o motorista o efeito psicológico de que estão ocorrendo mudanças de marcha, mesmo que na prática a transmissão tenha somente uma marcha à frente (e a ré). O modo Econ inspira uma condução mais tranquila, pois as reações do conjunto mecânico e a eficiência do ar-condicionado são atenuadas com o fim de economizar combustível, mas, mesmo assim, não falta força para utilização no modo cotidiano. No modo Normal, a condução é mais equilibrada e há diferenças nítidas nos pontos de interrupção do funcionamento do propulsor a gasolina. Por fim, o modo Sport intensifica pelos alto-falantes o ronco do motor, que passa a lembrar o VTEC de um Civic Si, e há bem menos pontos de interrupção do funcionamento do propulsor a combustão, fazendo com que o carro pareça "segurar" por mais tempo uma marcha.
Com estas diferentes características, os tempos de aceleração para cada modo também foram bem distintos. No modo Econ, o Civic precisou de 9,3 segundos para ir de 0 a 100 km/h. No modo Normal, o tempo baixou um segundo, para 8,3 s. Já no modo Sport... bom, o resultado está abaixo. Nas retomadas, optamos por utilizar o modo de condução Normal. Veja os dados coletados em pista sem tráfego de veículos, com ar-condicionado desligado, somente o motorista a bordo e cronometragem automática pelo aplicativo GPS Acceleration:
Aceleração de 0 a 100 km/h: 6,8 segundos
Retomada de 40 a 80 km/h: 4,0 segundos
Retomada de 60 a 100 km/h: 5,1 segundos
Retomada de 80 a 120 km/h: 5,9 segundos
Condições do teste
Temperatura externa: 29º C
Altitude (estimada): 71 metros
Pressão dos pneus: não disponível
Nível de combustível: cerca de 1/4 do tanque de gasolina e 1/2 de energia armazenada
Quilometragem do veículo durante os testes: 634 km
Já o consumo de combustível põe o Civic como um dos carros mais econômicos que já passaram pela garagem do Auto REALIDADE - e olha que o resultado final ainda ficou razoavelmente distante dos 18,3 km/l na cidade estabelecidos no padrão de rodagem do Inmetro. Para percorrermos pouco mais de 260 quilômetros, utilizamos meio tanque de combustível e fizemos um pequeno abastecimento de 5,72 litros, restando uma autonomia estimada de 79 km (o carro não chegou a entrar na reserva). Veja abaixo os resultados da condução urbana, com gasolina comum e utilização constante do ar-condicionado:
Consumo de combustível médio: 16,4 km/l
Distância percorrida: 264,7 km
Velocidade média (estimada): 23 km/h
Para concluir...
Fica evidente a mudança de posicionamento de mercado que a Honda estabelece com o Civic e:HEV no mercado brasileiro. O preço assusta pelo fato de estar acima de outros sedãs médios (e na comparação com a geração anterior), mas, conhecendo mais a fundo tudo que este carro oferece, é perceptível que este modelo híbrido está em um patamar notavelmente superior na comparação com a geração anterior. Ao mesmo tempo em que entrega ótimo nível de performance e baixo consumo de combustível, o Civic está mais equipado do que nunca e entrega dirigibilidade encantadora. Sem dúvida nenhuma, está entre os carros que mais gostamos de guiar em 2023.
Vem conferir a Galeria de Fotos do Honda Civic Touring e:HEV!
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