Texto e Fotos | Júlio Max, de Teresina - Piauí
No Brasil, o segmento de SUVs médios ganhou muita relevância nos últimos tempos - e a Ford resolveu apostar no Territory para o mercado nacional como sua alternativa para brigar com Jeep Compass, Commander, Volkswagen Taos e CAOA Chery Tiggo 7. Porém, a primeira geração deste modelo enfrentou percalços como o fato de ter sido lançado no Brasil em agosto de 2020 (quase dois anos depois de sua primeira aparição no Salão do Automóvel de São Paulo, em 2018) e de ser fortemente baseado no JMC Yusheng S330, o que fazia com que faltasse nele o DNA dos outros modelos da marca do oval azul. Agora, as coisas estão diferentes nesta segunda geração. O Territory passa por uma reformulação extensa, incorporando estilo inspirado em outros Ford chineses, como a mais recente geração do Mondeo e o crossover Evos, e ainda tem preço de tabela inferior ao praticado no modelo antigo. Nós do Auto REALIDADE conhecemos e dirigimos por um final-de-semana o novo Territory, que chega ao Brasil em versão única: Titanium 1.5 EcoBoost. Depois de rodar 250 quilômetros, é hora de relatar as impressões sobre ele!
A nova geração traz personalidade visual acentuada e dá a impressão de ser significativamente maior, por conta da carroceria com elementos mais horizontais e da ampliação do tamanho das rodas, que cresceram uma polegada. Na ponta do lápis, ele ficou 5 centímetros mais comprido e 3,2 cm mais alto em comparação com a primeira geração. O conjunto ótico de LED é agora desmembrado em dois níveis: na parte de cima ficam as luzes de posição (que se interligam visualmente com o friso na parte superior) e, quando necessário, as luzes de seta; abaixo, estão os faróis principais (com nivelamento automático) e de neblina, com a inscrição "Ford LED". A grade dianteira hexagonal foi ampliada verticalmente, trazendo cromados em relevo, e o para-choque traz estilo mais ousado, com moldura inferior em prata.
Na lateral, o aumento do tamanho das rodas de liga leve de 18 para 19 polegadas (com face diamantada, detalhes em cinza-escuro e pneus Goodyear EfficientGrip SUV 235/50) faz com que a carroceria seja mais proporcional aos olhos de quem o vê pessoalmente. Um cuidado discreto: as caixas de roda dianteiras e traseiras são acarpetadas. A linha superior dos vidros agora é mais uniforme, com a linha de cintura se elevando levemente à medida em que avança para a traseira. Além disso, as molduras das janelas são cromadas. Capas dos retrovisores e maçanetas externas seguem a cor da carroceria - nas portas dianteiras há botões pretos para travamento e destravamento pela presença da chave. As carcaças dos espelhos trazem luzes incorporadas, que projetam círculos no chão quando uma porta dianteira é aberta caso o veículo esteja desligado. A parte inferior das portas traz um detalhe visual em prata-anodizado, cor também presente nas barras de teto. A antena, convencional, fica atrás do teto panorâmico. Como na geração anterior, o bocal do tanque de combustível fica no para-lama traseiro esquerdo. Curiosamente, a ponteira do escapamento também é direcionada para o lado esquerdo, mas fica bem escondida.
Atrás, as lanternas horizontalizadas de LED invadem mais a tampa do porta-malas - e trazem luzes de seta dinâmicas, que "correm" em direção às extremidades, diferentemente da dianteira. O nome do carro agora fica abaixo do logo da Ford. No lado esquerdo fica a identificação "EcoBoost" e, à direita, o nome da versão. O para-choque traseiro conta com duas luzes de neblina, circundadas por molduras em prata. A iluminação de placa é amarelada. Próximos a ela ficam o botão de abertura do porta-malas e a câmera de ré.
A nova geração do SUV possui 4,63 metros de comprimento, 1,94 m de largura (2,18 m com os retrovisores), 1,71 metro de altura e 2,73 m de distância entre-eixos. Estão disponíveis seis cores para a carroceria, todas sem custo adicional: Azul Metálico, Cinza Catar, Branco Bariloche, Vermelho Vermont, Marrom Roma e Preto Toronto. Tanto o azul quanto o cinza são tonalidades novas no catálogo do modelo. O preço de tabela da versão única, Titanium, é de R$ 209.990.
O interior do Territory, assim como a parte externa, em praticamente nada lembra a geração anterior. As telas do quadro de instrumentos e do sistema multimídia foram visualmente unificadas e estão maiores: no lado esquerdo, o monitor aumentou de 10 para 12,3 polegadas, enquanto a tela sensível ao toque na parte central do painel foi ampliada de 10,1 para (também) 12,3 polegadas.
A antiga haste do controlador de velocidade de cruzeiro, na parte inferior esquerda da coluna de direção, foi abolida: o volante agora possui estes comandos do piloto automático adaptativo no seu raio esquerdo, incluindo botão de operação do assistente de permanência em faixa e até um comando-coringa com função que pode ser configurada (são três opções possíveis: alteração da fonte de áudio, ativação ou desativação do modo mudo e atalho para o menu de ajustes de segurança do veículo). No lado direito ficam os botões de operação de áudio, incluindo comandos de telefone, que também servem para a operação do computador de bordo. O volante conta com aro revestido de couro, trazendo áreas perfuradas nas laterais, costuras aparentes na cor azul, base achatada e ajuste manual de altura e profundidade para a coluna de direção.
O quadro de instrumentos conta com duas alternativas de visualização: Clássico, com grafismos que emulam conta-giros e velocímetro em círculos com ponteiros, e Sport, que traz estes mesmos itens exibidos em gráficos verticais, em escala menor, dando mais ênfase aos números instantâneos. Nos dois modos, são exibidos o velocímetro à esquerda (com escala até 240 km/h), acompanhado da velocidade digital e da informação de temperatura do líquido de arrefecimento do motor, e o conta-giros à direita, com faixa vermelha iniciando em 5000 rpm, posição do câmbio, nível de combustível e indicação numérica do tacômetro. Há ainda algumas informações fixas: na parte de cima do monitor ficam relógio, temperatura externa e luzes-espia, enquanto abaixo está o hodômetro total. A parte central da tela, que pode alternar entre "Configurações de Controles Ativo" ou "Controles de Volume Ativos", exibe os seguintes menus quando está no primeiro modo:
- Info Condução: exibe as informações de Viagem 1 e Viagem 2 (ambas com distância percorrida, velocidade média e consumo de combustível em km/l; em Viagem 1 é possível ver o consumo em litros por hora, quando o carro está parado ou em baixa velocidade, e, em movimento, o consumo instantâneo em km/l; em Viagem 2 é possível conferir a autonomia; os dois registros podem ser reiniciados), além de indicador individual de pressão dos pneus (ao calibrar, não é necessário resetar o sistema), utilização dos cintos de segurança traseiros (que detectam o peso dos ocupantes sobre os assentos, assim como na frente) e informações do sistema StartStop (se há, por exemplo, prioridade para carregar a bateria, para o uso do ar-condicionado, ou se ele está desligado).
- Assist. Condutor: exibe um gráfico do Territory visto de traseira; conforme forem sendo detectados automóveis, motocicletas, caminhões e faixas na pista, ocorrerá a reprodução destes itens na tela. Se a direção do carro estiver sendo corrigida, a faixa do lado correspondente é exibida em azul; se o veículo estiver invadindo a faixa, o traço representando a demarcação da pista fica vermelho.
- Telefone: permite ver histórico de chamadas, chamadas perdidas, chamadas efetuadas e receber chamadas.
- Mídia: possibilita a seleção de fonte de áudio (rádio AM, FM, iPod, USB, Bluetooth, Android Auto e Apple CarPlay).
- Configurações: permite ajuste do relógio e da data, seleção do tema do quadro de instrumentos (Clássico ou Sport), idioma (português, inglês ou espanhol), configuração do limitador de velocidade (pode ser estabelecido entre 90 e 160 km/h, em intervalos de 10 em 10 km/h), unidades de medida (de pressão, temperatura e medição do consumo de combustível) e retorno às configurações de fábrica.
- Status Veículo: mostra mensagens que são importantes para o motorista, como, por exemplo, a indicação de que o carro deve ser abastecido.
O quadro também exibe porta(s) aberta(s) (soando um alerta a partir de 3 km/h), bem como tampa do porta-malas e capô aberto(s). Além disso, também exibe uma mensagem textual caso o motorista ou o passageiro dianteiro tenham esquecido de afivelar o cinto. Caso o motorista esqueça as luzes ligadas, um aviso também é emitido (de toda forma, o temporizador dos faróis se encarrega de apaga-los após certo tempo).
As hastes de luzes e limpadores estão entre as poucas coisas que foram herdadas da geração anterior. Ambas possuem detalhes cromados em suas extremidades que parecem botões, mas que não podem ser apertados. Na alavanca do lado esquerdo, o seletor giratório permite alternar entre, de cima para baixo: faróis baixos ligados, luzes de posição acesas, acendimento automático dos faróis (que integram a comutação automática do facho baixo/alto) e luzes desligadas. Uma pequena chave central permite acionar os faróis de neblina (incorporados ao conjunto ótico principal) e as lanternas de neblina. Ao acionar a alavanca levemente, sem deslocar até o clique, a seta é acionada três vezes.
Já a alavanca dos limpadores, ao ser movida, permite alternar entre os modos Mist (de acionamento somente enquanto a haste for deslocada), off, modo de operação automático através do sensor de chuva (com intermitência de operação ajustável em quatro opções) e acionamento contínuo lento (Lo) ou contínuo rápido (Hi). O comando giratório na ponta da haste aciona o limpador traseiro.
A tela do sistema multimídia Sync Touch traz, no menu inicial, cinco ícones de atalho (para rádio, configurações do veículo, gerenciamento de dispositivos, além de utilização do Apple CarPlay e Android Auto, com espelhamento de tela de celular sem fio), com relógio no canto superior direito e atalhos para utilização do ar-condicionado na parte inferior, além de ícones no canto esquerdo para acesso a menus. O menu de configurações do veículo é subdividido em outros três: informações do veículo, segurança do veículo e configurações da carroceria. Em informações do veículo, é possível ver pressão dos pneus, quilometragem total, combustível restante (em %), autonomia estimada, consumo médio de combustível, tempo de viagem, velocidade média e tensão da bateria.
No menu de segurança, é possível selecionar entre um dos modos de condução (Normal, ECO, Esportivo e Serra/Colina; os dois primeiros utilizam por padrão o modo Clássico do layout dos instrumentos, enquanto os dois últimos modos utilizam o estilo Esporte), além de alterar os parâmetros de recursos como: alerta de colisão frontal (e seus ajustes), sistema de frenagem ativa, aviso de ponto cego (incluindo alerta sonoro), ajuste de permanência em faixa (e sua sensibilidade), ajustes de saída de faixa, comutação automática do facho dos faróis, alerta de tráfego cruzado traseiro, reboque em neutro, controlador de velocidade em descida, alerta de colisão traseira e controle de tração.
Por fim, o menu de configurações da carroceria se ramifica entre definições de luzes, travas, portas/janelas e mais. A central também dispõe de um menu de configurações (acessado pelo ícone de engrenagem na lateral esquerda da tela) que inclui os submenus de gerenciamento de dispositivo, informações de unidade, manual do proprietário, outras configurações, volume e bipes, selecionar idioma e configurações de relógio. Ao arrastar a barra da extremidade esquerda é possível acessar os atalhos de volume, brilho de tela, modo de condução, HDC (Hill Descent Control, ou controlador de velocidade em descidas) e ativação do Bluetooth.
O sistema de som dispõe de 8 alto-falantes. No sistema multimídia é possível regular graves, médios e agudos, além de alterar a distribuição espacial de som, ativar o volume ajustável automaticamente conforme a velocidade e melhorar a intensidade de áudio. A qualidade é boa, com pouca distorção mesmo em alto volume e boa nitidez do direcionamento de som.
Pela tela do sistema multimídia também é possível conferir as imagens das câmeras de visão em 360 graus, que pode ser visto em 2D ou 3D. Elas podem ser exibidas automaticamente, em baixa velocidade, ou ao apertar o ícone de atalho no canto inferior direito da tela. A imagem "do alto" sempre é exibida à esquerda; quando tocada, ela exibe botões de atalho para ver certos ângulos. À direita, no modo 2D, fica ativa a câmera dianteira ou traseira (conforme a posição de câmbio), com linhas de guia que acompanham o movimento do volante, e, no modo 3D, é possível rotacionar a imagem do Territory em três dimensões e escolher a porcentagem de transparência da carroceria. O esterço das rodas dianteiras é reproduzido na imagem, e, ao dar seta (também reproduzida na imagem em 3D, automaticamente o carro exibe o ângulo traseiro correspondente ao lado para o qual as luzes piscam (e a imagem passa a dar prioridade ao ângulo lateral-traseiro). As imagens podem ser exibidas em movimento a até 15 km/h. Ao tocar no ícone do canto superior da imagem dianteira ou traseira, a câmera é exibida no modo "tela cheia". Se uma das portas estiver aberta, parte da imagem em 360 graus fica opaca, para não transmitir imagens fora do local de posicionamento tradicional da lente. A câmera traseira tem angulação de 180 graus.
Ainda no aspecto de conectividade, o Territory possui à disposição o aplicativo de celular FordPass, que inclui Guia 360 com tutoriais das principais funcionalidades do veículo, comandos e alertas via smartphone, Ford Concierge, agendamento online de serviços (com acompanhamento online e histórico), além da possibilidade da retirada do veículo para manutenção e entrega no local desejado pelo consumidor.
O menu de ar-condicionado permite o ajuste das duas zonas de temperatura dianteiras entre as temperaturas de 16º C a 30º C, de meio em meio grau. Os botões permitem: desligar o aparelho por completo, escolher recirculação de ar ou captação de ar externo, ligar ou desligar o compressor de ar, acionar o modo A/C Max (de temperatura mínima e ventilação máxima), ligar o modo automático de funcionamento, ativar o modo Dual Zone ou sincronizar temperaturas, além de acionar o desembaçador dianteiro (em modo convencional ou máximo) e o desembaçador traseiro. O fluxo de vento é controlado ao tocar nos traços que representam as correntes de ar em direção ao ocupante. Logo abaixo está o ajuste da velocidade do vento, dos níveis 1 ao 7. Já o menu Assento permite ligar ou desligar o resfriamento dos bancos dianteiros em três níveis, que ventilam tanto o assento quanto a parte inferior do encosto, desde que o carro esteja com motor ligado. No menu inicial é possível fazer parte dos ajustes de ar-condicionado pelos atalhos na parte inferior da tela.
Abaixo das saídas de ar centrais estão alguns comandos para ligar pisca-alerta, ligar/desligar o aparelho de ar-condicionado, diminuir e aumentar a intensidade do vento, acionar o desembaçador dianteiro no modo máximo e o desembaçador traseiro, além de ativar ou desativar o compressor de ar. Tirando o botão do pisca-alerta, apertável de forma tradicional, os demais botões estão em uma superfície sensível ao toque e vibram quando são tocados.
O console central agora é dividido em dois níveis e se inicia com um porta-objeto aberto que incorpora um carregador de bateria de celular por indução com bordas elevadas para evitar que o celular "sambe" nas curvas. Pena que não possui duto de refrigeração, o que faz com que nem sempre o telefone carregue adequadamente. As laterais do console são revestidas de couro, com costuras aparentes, enquanto a superfície horizontal tem a cor preto-brilhante. Assim como na Maverick, no Bronco Sport e nas versões V6 da Ranger, há um rotor para controlar as posições do câmbio entre as posições P, R, N e D. Um botão central aciona a posição Low, recomendada para subidas muito íngremes ou descidas em período prolongado.
Um toque na tampa abre os dois porta-copos, com divisória retrátil e flexível nas pontas - lembra muito o Haval H6. Atrás da manopla de câmbio ficam os botões de freio de estacionamento eletrônico, Auto Hold, StartStop, assistente de estacionamento semiautônomo e de bipes dos sensores de estacionamento. Próximos a este conjunto estão os comandos físicos do sistema multimídia, incluindo volume e os atalhos Home, Telefone, Mídia e Back.
O apoio de braço frontal é revestido de couro e, ao ser levantado (basta puxar para cima), dá acesso a um amplo porta-objetos, que inclui uma bandeja que corre sobre trilhos para colocar objetos que precisem ter o acesso facilitado. Tanto esta bandeja quando o baú inferior possuem fundo emborrachado. Uma presilha na parte interna do apoio de braço permite guardar algum item.
A seção inferior do console central abriga mais um porta-objetos, com superfície que pode ser utilizada para carregamento da bateria da chave, acompanhado de duas entradas USB (uma do tipo A, com função de dados, e outra do tipo C, para carregamento, ambas com molduras iluminadas), além de uma tomada de 12 Volts com tampa.
Acima do porta-luvas há um nicho aberto para objetos, com fundo emborrachado. A tampa do porta-luvas tem queda amortecida e o habitáculo tem espaço razoável, mas dispensa iluminação e espaços para objetos específicos.
O retrovisor interno tem lente anti-ofuscante com botão liga-desliga. Sua moldura traz, do lado direito, uma quarta entrada USB, do tipo A, que serve como fonte de energia para uma câmera de monitoramento de tráfego. O console de teto integra porta-óculos revestido de veludo, luzes de leitura dianteiras e acionamento elétrico da persiana (por um toque) e da parte frontal do teto solar panorâmico (com a abertura, fica levantado o defletor de vento). Também há três alças de teto para os passageiros com retorno amortecido e, nos para-sóis, tampas, espelhos e iluminação (amarelada). Na peça do motorista também há um clipe que serve como porta-documento.
O painel e os forros de porta dianteiros e traseiros contam com filetes de iluminação ambiente na cor ciano típica dos modelos da Ford. Esta iluminação tem o brilho regulado de acordo com a seleção de claridade das telas dos instrumentos e sistema multimídia, mas não pode mudar de cor e só apaga caso o interruptor de luzes esteja na posição Off.
A porta do motorista traz comandos de rebatimento e controle elétrico dos retrovisores externos, destravamento e travamento das portas (a luz acesa indica que elas estão travadas), vidros elétricos (que sobem e descem por um-toque, além de terem função anti-esmagamento e acionamento temporizado por 1 minuto logo após a ignição ser desligada e as portas permanecem fechadas) e bloqueio das janelas traseiras. Mais abaixo, na região do porta-garrafas, está o botão para abertura (e fechamento) da tampa do porta-malas, que opera se o veículo estiver destravado.
Os bancos dianteiros possuem ajustes elétricos, sendo que para o motorista há ajustes lombares em duas direções e de altura do assento também em duas direções (a regulagem é possível na área das coxas e na parte traseira do assento, que se une com o encosto das costas). Para o passageiro, as regulagens se limitam à distância do assento e à inclinação do encosto. Cintos e apoios de cabeça ajustam de forma manual. Os tapetes são de carpete, com duas presilhas na peça do motorista, e o apoio para o pé esquerdo é emborrachado, assim como o pedal de freio (o do acelerador é de plástico).
Atrás, o encosto do banco traseiro é bipartido e o espaço interno para as pernas é bastante favorecido, com o túnel central praticamente plano. Em medidas, ele possui 96,5 cm de espaço para cabeça, até 97,1 cm de espaço para as pernas, 1,44 m de espaço para quadris e 1,48 m de espaço para os ombros. As alças de teto para os passageiros acompanham dois focos de iluminação de leitura. Os ocupantes também dispõem de dois porta-revistas, dois nichos menores nas laterais dos bancos (que podem guardar um celular, por exemplo), duas saídas de ar direcionáveis, entrada USB-A para carregamento de dispositivos eletrônicos, além de apoio de braço com dois porta-copos (e tira para facilitar a abertura). Os vidros se abrem totalmente e estão presentes as fixações Isofix e Top Tether para cadeirinhas infantis.
A chave presencial foi outro detalhe mantido na comparação com a geração anterior. Ela traz o logo da Ford em uma face e, do lado oposto, traz botões de travamento e destravamento do veículo, bem como para abertura do porta-malas, ao apertar e segurar por dois segundos. Apertando o botão de travamento duas vezes em menos de dois segundos, as luzes externas piscam e a buzina é acionada, para localizar o veículo. É possível associar o fechamento e abertura dos vidros (e teto solar) através dos comandos de travamento e destravamento das portas, além de programar a abertura e fechamento do veículo pela presença da chave (ao se afastar, o carro trava; ao chegar próximo, ele destrava). Se o carro for destravado mas nenhuma porta for aberta, o retravamento ocorre em 30 segundos. Um botão lateral permite o acesso à lâmina para inserir em fechaduras, caso necessário. Na prática, ao ficar próximo de uma lateral do carro com a chave, ele acaba ficando em um trava-destrava; além disso, com o carro destravado e a chave próxima, a tampa do porta-malas abriu eletricamente duas vezes durante uma lavagem com mangueira - comportamento que não se espera do veículo.
Quando o carro é destravado, momentaneamente as luzes de posição externas se acendem junto dos botões no volante, dos filetes de iluminação ambiente, dos botões das portas, dos comandos no painel abaixo das saídas de ar centrais, do console de teto, das entradas USB dianteiras e dos botões do console agrupados em torno do freio de estacionamento eletrônico. A iluminação interna, predominantemente azul, se apaga logo em seguida, para que somente o botão de ignição permaneça ligado por cerca de 25 segundos.
Iluminado, o botão de ignição foi reposicionado e agora fica à direita da coluna de direção. Abaixo dele fica o comando de regulagem da altura do facho dos faróis, que possui ajustes entre os níveis 0 e 3.
Em termos de acabamento, o Territory evoluiu em alguns aspectos e traz boa qualidade. A parte superior do painel e das portas dianteiras (e, agora, das traseiras) contam com material macio ao toque; todas estas partes mencionadas também possuem superfícies de couro com costuras aparentes, também presentes nas laterais do console dianteiro. Curiosamente, foram mantidos os apliques com textura de madeira que já existiam na geração passada. Os porta-objetos do console central (exceto a região das entradas e tomada) trazem fundo emborrachado, assim como as fendas das portas para encaixe dos dedos, e o couro também está no volante, nos apoios de braço, na coifa da coluna de direção e nos bancos. O cuidado se estende aos fechos dos cintos de segurança dianteiros, parcialmente revestidos de veludo. Além disso, o forro de teto é moldado em tecido macio e até os para-sóis possuem este material. Mesmo as partes de plástico rígido são bem cortadas e encaixadas. Uma peculiaridade da parte interna do modelo da Ford é que predomina uma cor azul-escura, junto com o preto (na geração passada, o bege era a tonalidade predominante na versão Titanium).
O porta-malas cresceu de 348 para 448 litros, podendo ser ampliado para 1422 litros com o rebatimento do banco traseiro. A iluminação fica do lado esquerdo, e em cada extremidade lateral há um recuo para objetos pequenos. Sob o forro, que traz uma tira para facilitar o acesso, fica o estepe (de uso temporário, com roda de ferro de 18 polegadas e pneu 145/80) e as ferramentas para efetuar a troca. A tampa do porta-malas abre e fecha de forma motorizada, trazendo recuo no lado direito para auxiliar no (também possível) fechamento manual e botão para fechar eletricamente. O acionamento (tanto abertura quanto fechamento) também pode ser feito por um gesto do pé sob o para-choque traseiro e traz a função anti-esmagamento. Através do sistema multimídia é possível definir até que altura a tampa poderá abrir, entre 40% a 100%.
Em termos de segurança, o Territory vem de fábrica com 6 airbags (frontais para condutor e passageiro, laterais de tórax nos bancos dianteiros e de cortina), alarme perimétrico, alerta do não-uso do cinto de segurança para motorista e passageiros, alerta de colisão frontal com frenagem autônoma de emergência, alerta de saída de faixa com assistente de permanência na pista, controlador de velocidade em descida, assistente de partida em ladeiras, cintos dianteiros com pré-tensores, controles eletrônicos de estabilidade e tração, freios a disco nas quatro rodas (ventilados na dianteira e sólidos na traseira) com antitravamento ABS e distribuição eletrônica da força de frenagem (EBD), travamento automático das portas a partir de 15 km/h, além dos demais itens mencionados ao longo desta matéria.
O motor 1.5 EcoBoost a gasolina, com turbocompressor, injeção direta e comando variável de válvulas, trabalha em ciclo Otto e passa a entregar 169 cavalos a 5500 rpm (19 cv a mais que antes) e torque de 25,5 kgfm entre 1500 e 3500 rpm (contra 22,9 kgfm do modelo anterior). O propulsor recebeu calibração específica para o estilo de condução e para a gasolina com etanol presente no Brasil. Já o câmbio automatizado de sete marchas com dupla embreagem banhada a óleo substitui o continuamente variável CVT anterior, que simulava 8 marchas. A tração é dianteira.
O capô traz manta de isolamento acústico e amortecedores que dispensam o uso da vareta de sustentação, bastando deslocar a trava (amarela) para a esquerda. Porém, ele exige ser empurrado com um pouco de força para poder fechar de uma vez.
O tanque de combustível cresceu de 52 para 60 litros. A portinhola é aberta ao empurrar a extremidade traseira quando o veículo estiver destravado; na tampa há uma etiqueta com a indicação "Gasolina".
Impressões ao dirigir
Assim como a maioria dos SUVs médios, o Territory tem uma posição de dirigir naturalmente elevada, o que ajuda o motorista a enxergar melhor o capô e o trânsito ao redor. Os retrovisores externos são bem-dimensionados e trazem bordas curvas, o que ajuda a ampliar o campo de visão para os lados. As luzes incorporadas em suas lentes podem acender no caso de veículos detectados na região de pontos cegos em movimento para a frente, nas manobras de ré (no caso de veículos trafegando em direção perpendicular) e também quando o Ford estiver parado, como forma de advertência para que a porta ainda não seja aberta para evitar colisão. O espelho interno também é amplo, mas, caso os encostos de cabeça estejam levantados, a visão para trás é comprometida. Se este não for o caso, o vidro traseiro permite boa noção do tráfego, graças ao seu tamanho e angulação. Os faróis iluminam muito bem à noite, especialmente para as laterais.
A assistência elétrica da direção do Territory é um pouco mais pesada do que se percebe em outros utilitários, mesmo no modo Normal e em baixas velocidades - mas, ainda assim, é bem cômoda. A vantagem deste acerto aparece em velocidades mais altas, quando é necessário fazer menos movimentos de correção de rota. Com alguns rivais é o contrário: a direção acaba ficando boba quando se anda mais rápido. O volante do Ford também é ergonômico para as mãos e traz aro com textura agradável; além disso, os bancos proporcionam bom apoio para o corpo. Atrás, os cintos são ancorados em posição relativamente baixa.
O conjunto de suspensão (independente nas quatro rodas, com esquema McPherson na frente, acompanhado de amortecedores com batentes hidráulicos, complementados pelos braços multilink na traseira) foi uma grata surpresa do SUV da Ford. Afinal, ele traz rodas grandes e pneus de perfil relativamente baixo, mas mesmo assim o modelo absorve confortavelmente as irregularidades do solo e segura os baques contra o piso. Chacoalhadas são sentidas, mas em nenhum momento o carro raspou ou chegou ao fim de curso de suspensão.
Uma das maiores curiosidades era saber como o câmbio de dupla embreagem do Territory se comportaria - até porque existem opiniões variadas sobre este tipo de transmissão. Ele faz as trocas de maneira bastante suave e imperceptível, lembrando uma caixa automática com conversor de torque: aliás, tão discretamente que o motorista terá dificuldade de saber em que marcha está, já que não há indicação de qual das sete marchas está em uso. As mudanças são feitas rapidamente - uma pena que não está disponível o modo sequencial. Mesmo com pé embaixo, as trocas de marcha são feitas na faixa entre 5200 e 5600 rpm - câmbios CVT com simulação chegam a manter as relações até 6000 rpm. Em velocidades de cruzeiro, o motor gira pouco: a 70 km/h constantes, por exemplo, o conta-giros marca aproximadamente 1500 rpm. Isso colabora bastante com o silêncio a bordo, que é digno de nota.
Se o carro for desligado em Drive, a alavanca automaticamente gira para a posição Parking e o freio de estacionamento eletrônico é aplicado. Caso o motorista esteja de cinto e as portas estejam fechadas, basta acelerar levemente para que o freio elétrico seja desacoplado - de maneira suave. O funcionamento do Auto Hold, que permite ficar com o carro parado mesmo com o câmbio em Drive, também é agradável e discreto. Na fase fria de funcionamento, o nível de vibrações repassadas à cabine é razoavelmente perceptível, mas se dissipa logo nos primeiros minutos de motor ligado. O StartStop, a rigor, opera em situações muito específicas - se a bateria estiver com voltagem alta e quando o ar-condicionado já está operando por muito tempo. Uma surpresa negativa: com o veículo desligado durante a atuação do StartStop, o volante perde a assistência e trava, diferentemente da Ranger.
Além de distinguir veículos como carros, caminhões e motos (sendo, porém, incapaz de identificar pedestres), o piloto automático adaptativo, que atua entre 30 e 140 km/h, exibe quantos metros o automóvel da frente está distante de você. É um recurso tão útil quando a função Stop&Go, que faz com que o Territory acompanhe a frenagem total do veículo à frente. É curioso como o freio é aplicado de forma autônoma para fazer com que a desaceleração em baixa velocidade ocorra lentamente. Se o automóvel à frente começar a andar até 3 segundos depois da parada, o SUV da Ford retoma o movimento. Do contrário, ele fica parado, e o motorista deve pisar no acelerador para voltar a andar.
Com alerta estridente em caso de saída da pista, o sistema de permanência na faixa de rodagem também funcionou de forma satisfatória durante nosso convívio. O esterço autônomo do volante é notável, e o Territory demora a avisar ao motorista de que ele deve por as mãos no volante, fazendo o possível para intervir sozinho. Caso o motorista dê seta enquanto um veículo esteja sendo detectado na região lateral-traseira e o alerta sonoro para esta situação esteja ativo, o monitoramento de pontos cegos se revela bastante precavido, mesmo quando é possível fazer a mudança de faixa com segurança.
Já o assistente de estacionamento se revelou muito bem calibrado. Ele é capaz de refazer, de marcha a ré, os últimos 50 metros percorridos (embora a distância memorizada possa ser menor, a depender da situação). A leitura das faixas que demarcam vagas de estacionamento nem sempre foi possível, mas, ao andar devagar com o Territory, ele é capaz de identificar vagas perpendiculares à via. Ao escolher a vaga sondada pelo carro e confirmar a manobra, o Territory se encarrega de tudo: aceleração, frenagem, alteração da posição de câmbio e esterço do volante. O modelo da Ford se colocou na vaga melhor do que o Haval H6, utilitário que também possui recurso semelhante: as margens laterais foram respeitadas e o carro também guardou boa distância até a calçada.
As diferenças entre os modos de condução são bem sutis. Toda vez que o Territory tem o motor ligado, o parâmetro Normal é automaticamente selecionado. O modo Eco é mais indicado para redução do consumo de combustível, enquanto o Sport encurta o tempo de resposta da borboleta do acelerador, altera ligeiramente o ronco do motor e faz com que as marchas sejam mantidas em rotações mais elevadas para facilitar as retomadas de velocidade e aprimorar a atuação do freio-motor em descidas. Já o modo Serra/Colina, que é descrito como "modo Off-Road" no manual do proprietário e faz acender a luz-espia "Mount" no quadro de instrumentos (referente à palavra mountain, "montanha" em inglês) otimiza a resposta do pedal do acelerador e altera as configurações de atuação dos controles de tração e de estabilidade são otimizadas. Este modo é recomendado ao conduzir sobre areia, cascalho solto ou lama.
O desempenho do Territory surpreendeu na nossa medição cronometrada automaticamente pelo aplicativo GPS Acceleration, em pista sem tráfego de veículos, com gasolina no tanque, ar-condicionado desligado, somente o motorista a bordo, controles eletrônicos ativados e transmissão em modo tradicional de operação. A carroceria da nova geração ficou um pouco mais pesada do que o modelo anterior, chegando a 1705 quilos (73 kg a mais, o que equivale ao peso de uma pessoa adulta a bordo), mas, ainda assim, o resultado de aceleração de 0 a 100 km/h foi bem melhor que o declarado pela fábrica (10,3 s). Em algumas situações, o Territory reage de forma arisca ao toque do acelerador, mesmo sem pisar tanto no pedal direito. Nota-se também a atuação significativa do controle de tração para coibir excessos.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 9,2 segundos
Retomada de 40 a 80 km/h: 3,9 segundos
Retomada de 60 a 100 km/h: 5,3 segundos
Retomada de 80 a 120 km/h: 7,8 segundos
Condições do teste
Temperatura externa: 29º C
Altitude (estimada): 71 metros
Pressão dos pneus: 33 psi (traseiro esquerdo)/32 psi (demais pneus)
Nível de combustível (aproximado): 48%
Quilometragem do veículo durante os testes: 698 km
Retomada de 40 a 80 km/h: 3,9 segundos
Retomada de 60 a 100 km/h: 5,3 segundos
Retomada de 80 a 120 km/h: 7,8 segundos
Condições do teste
Temperatura externa: 29º C
Altitude (estimada): 71 metros
Pressão dos pneus: 33 psi (traseiro esquerdo)/32 psi (demais pneus)
Nível de combustível (aproximado): 48%
Quilometragem do veículo durante os testes: 698 km
Em termos de consumo de combustível, o Territory não chegou aos 9,5 km/l de média na cidade pelo padrão de rodagem do Inmetro, principalmente pelo fato do ar-condicionado ter sido usado de forma intensa sob o calor de 41º C da capital do Piauí. Veja os dados obtidos no nosso uso urbano:
Primeiro test-drive
Consumo de combustível médio: 8,3 km/l
Distância percorrida: 250,1 km
Velocidade média: 36 km/h
Consumo com carro parado: 1 litro/hora
Autonomia no início da reserva: 58 km (4% de combustível restante no tanque)
Distância percorrida: 250,1 km
Velocidade média: 36 km/h
Consumo com carro parado: 1 litro/hora
Autonomia no início da reserva: 58 km (4% de combustível restante no tanque)
Segundo test-drive
Consumo de combustível médio: 8,0 km/l
Distância percorrida: 127,7 km
Velocidade média: 35 km/h
Consumo com carro parado: 2 litro/hora
Distância percorrida: 127,7 km
Velocidade média: 35 km/h
Consumo com carro parado: 2 litro/hora
Para concluir...
Com a chegada da segunda geração do Territory ao Brasil, a Ford tem nas mãos um produto muito mais competitivo, com evoluções bastante notáveis na comparação com a geração anterior. Com mais personalidade, motor mais potente, mais espaço interno (inclusive para bagagens), além de ter um pacote interessante de equipamentos, ele merece ser levado em consideração por quem está de olho nos SUVs médios da faixa de preços ao redor dos 200 mil reais. Ah, se todas as evoluções dos automóveis fossem assim...
Vem conferir a Galeria de Fotos do Ford Territory Titanium 1.5 EcoBoost 2024!
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