Texto e Fotos | Júlio Max, de Teresina - Piauí
Agradecimentos | Assessoria de Imprensa Stellantis
Completando 20 anos de produção no Brasil, o Citroën C3 está com apelo mais popular do que nunca em sua atual geração, que estreou em agosto de 2022. Quando chegou ao mercado nacional, em 2003, o C3 ajudou a consolidar o segmento dos compactos premium, composto por projetos alinhados com os então recentes modelos europeus (junto de Polo, 206 e Corsa), que traziam níveis de acabamento e equipamentos acima dos hatches básicos de entrada. A segunda geração do C3, de 2012, deu prosseguimento a esta filosofia, mas posteriormente houve uma "bifurcação" de trajetórias do compacto da Citroën pelo mundo. A terceira geração do C3 europeu, disponível desde 2016 e reestilizada em 2020, é requintada como o C4 Cactus, mas foi baseada em uma plataforma que está sendo abandonada pelo grupo Stellantis (a PF1) e disputaria praticamente o mesmo público do Peugeot 208. Já a América Latina e a Índia receberam uma nova geração que foi concebida ao levar-se em consideração algumas necessidades em comum dos consumidores destas regiões, como o melhor aproveitamento de espaço interno e a maior distância em relação ao solo. Para completar, o C3 passou a ter versões na faixa de preço entre os hatches subcompactos (Mobi e Kwid) e os compactos (Polo, HB20, Stepway, Onix, Argo e 208), com opções de motor 1.0 ou 1.6. Nós do Auto REALIDADE tivemos a oportunidade de avaliar por treze dias o modelo em sua versão Feel 1.0 manual - a opção mais completa com este conjunto mecânico. Confira agora todos os detalhes da convivência com ele, depois de mais de 1100 quilômetros!
O desenvolvimento do projeto CC21, que deu origem a este C3, começou quando os grupos FCA e PSA ainda seguiam rumos paralelos. Até que, em janeiro de 2021, houve a fusão entre as corporações, que originou a Stellantis. O modelo da Citroën passou a ser testado e aprimorado também pelas equipes de engenharia da Fiat, para que o motor 1.0 Firefly (originado em 2016 no Uno, e que atualmente equipa versões de Argo, Cronos e Peugeot 208) pudesse ser validado no C3, que é o primeiro integrante da família de modelos C-Cubed - o segundo modelo será o C3 AirCross, que chega ao Brasil no final deste ano, e o terceiro será um crossover três-volumes ainda inédito, que vem sendo chamado de Fastlounge.
Apesar de ser baseado na plataforma CMP também utilizada pelo Peugeot 208 atualmente fabricado na Argentina, o C3, que é feito em Porto Real (Rio de Janeiro), ostenta uma identidade forte: pouquíssimos elementos do lado de fora e na parte interna fazem lembrar do hatch da marca do leão. Além do formato radicalmente diferente da carroceria, o Citroën incorpora características típicas dos utilitários compactos, como os ângulos de ataque/saída ampliados e as molduras plásticas na parte inferior da carroceria - ainda assim, a marca declara que o C3 é um hatchback tradicional, mas com "atitude SUV". O modelo da Citroën é atualmente oferecido em quatro versões no Brasil: Live 1.0 manual, Live Pack 1.0 manual, Feel 1.0 manual e Feel Pack 1.6 automática.
A dianteira do C3 tem ares de robustez e possui algumas inspirações visuais no C4 Cactus. Assim como no modelo lançado no Brasil em 2018 e retocado este ano, o conjunto ótico do C3 possui dois níveis: na parte superior estão as luzes de posição (DRLs) e os piscas halógenos; mais abaixo, também há luzes de posição acompanhando os faróis halógenos de parábola única, com mesma lente e refletor para luz baixa e alta. Um detalhe interessante de estilo é que as luzes de posição se interligam visualmente com as barras (cromadas a partir da versão Feel) que compõem o duplo chevron da Citroën. Além disso, olhando com atenção, é possível ver o nome da marca gravado nas lentes superiores. Cada lado do C3 possui um único farol, mas, como o para-choque se infiltra entre os dois níveis da iluminação, tem-se a sensação de serem dois faróis separados em cada extremidade.
Se somente as luzes de condução diurnas estiverem ligadas (com o seletor de faróis na posição 0), a luz de pisca é priorizada, e a iluminação de condução se apaga momentaneamente; já com a haste dos faróis nas demais posições, DRLs e setas ficam acesos simultaneamente. O para-choque traz um "bocão" octogonal com duas áreas de passagem de ar (a seção dos chevrons não possui entradas para refrigeração) e uma seção central onde a placa é fixada. A parte inferior da dianteira, em plástico fosco, incorpora os alojamentos para os faróis de neblina - de série na versão Feel Pack 1.6.
Visto de lateral, o C3 traz elementos que reforçam o seu caráter aventureiro-urbano, como as barras longitudinais de teto na cor cinza (que são decorativas e estão presentes a partir da versão Feel) e as molduras em torno dos arcos dos para-lamas e logo abaixo das portas. As colunas dianteiras e entre as janelas possuem adesivos em preto-fosco, que melhoram o aspecto visual do modelo. As maçanetas externas, em formato de concha, são pintadas a partir da versão Feel 1.0 (na porta do motorista, há uma fechadura logo abaixo da peça). Já as capas dos retrovisores incorporam luzes de seta nas extremidades. Em carros sem pintura em dois tons, essas peças são pintadas em cinza-fosco; já quando a pintura em dois tons é escolhida, as capas assumem a mesma cor do teto.
Os vincos horizontais sobre os para-lamas são detalhes de estilo marcantes na lateral do C3, e chegam a contornar as maçanetas traseiras. As rodas foscas, pintadas na cor Cinza Antra, são de 15 polegadas com pneus Goodyear EfficientGrip 195/65 (que devem ser calibrados com 29 psi, caso o veículo rode com no máximo duas pessoas, ou com 33 libras na frente e 36 libras atrás, se rodar com passageiros atrás e bagagem), e a altura em relação ao solo de 18 centímetros é superior à da maioria dos hatches compactos. Grande, a antena de teto fica na parte frontal do teto. Assim como o 208, o C3 possui o bocal do tanque de combustível do lado esquerdo da carroceria, e a portinhola é grande para poder receber a entrada de carregamento, no caso de versões elétricas, sem grandes modificações: a variante ë-C3 está disponível na Índia desde o início deste ano, e estreou na Europa em outubro (com visual extensamente reformulado, já incorporando o mais recente símbolo da marca, de 2022).
Na traseira, também se destacam os vincos que se integram ao volume do para-choque traseiro e que estão em torno das lanternas. Estas, por sua vez, trazem lentes escurecidas e mais volumosas nas extremidades verticais (que integram as luzes de posição, enquanto piscas e iluminação de ré ficam ao centro). O nome da marca fica gravado nas laterais dos piscas. O logo da Citroën fica ao centro da tampa traseira, com a parte central em preto, e o nome do carro está do lado direito (com o "C" cromado e o "3" internamente escuro). A terceira luz de freio (brake-light) fica protegida pelo vidro traseiro. O para-choque de trás, quase rente com a tampa, traz a parte inferior em preto-fosco e abriga a placa (com dois focos de iluminação em LED, diferentemente do restante das luzes traseiras, que são halógenas) e dois refletores horizontais.
No quesito de dimensões externas, o C3 possui 3,98 metros de comprimento, distância entre-eixos de 2,54 m, largura de 1,73 metro sem retrovisores (2,02 m com os espelhos) e altura de 1,605 metro, incluindo as barras de teto. O ângulo de entrada é de 24 graus, e o de saída, de 38º.
O interior do C3 traz aspecto moderno em suas linhas, com detalhes inspirados em outros modelos da Citroën, mas adotando várias peças inéditas, diferenciadas do 208 e do C4 Cactus. A partir da versão Feel, a faixa central horizontal do painel (com tramas de círculos crescentes no lado direito) recebe a cor azul.
Com aro em plástico espumado, o volante de três raios traz base levemente achatada (o raio central é vazado, com moldura prateada) e botões no lado direito para controle de volume (apertar o "-" por alguns segundos emudece o som), comandos de voz do celular pareado, escolha da fonte de áudio (SRC) e para alternar entre as faixas ou estações (que, no momento em que o celular pareado está recebendo uma ligação, também permite atender ou recusar chamadas telefônicas). A coluna de direção tem ajuste de altura, mas é preciso atenção ao liberar a trava, pois o volante "despenca".
Quando a ignição é feita, todas as luzes-espia e caracteres do quadro de instrumentos se acendem momentaneamente. O visor central, com fundo preto e caracteres brancos, exibe na parte superior o velocímetro (que também mostra a velocidade de ré), enquanto a base da tela mostra duas barras: uma para o nível de combustível e outra para o indicador de temperatura do líquido de arrefecimento do motor, cada um com escalas de 8 traços. Ao centro estão as informações do computador de bordo, alternadas ao apertar uma haste no lado direito da cúpula dos instrumentos, cujo acesso exige contorcionismo da mão. É possível ver as distâncias percorridas A e B, o consumo de combustível médio em km/l (AFE; average fuel economy), o hodômetro total (ODO), a autonomia estimada (DTE; distance to empty) e, quando os faróis estão acesos, o ajuste de iluminação (ILL), que, com toques breves, permite ajustar entre os níveis 1 a 4.
Há luzes-espia em caso de cinto de segurança do motorista desafivelado (acompanhado de um sinal sonoro a partir de 20 km/h), perda de pressão dos pneus (ao calibrar, o reset é feito a partir da tela do hodômetro total, apertando a haste por alguns segundos até o bipe de confirmação) e porta aberta (que também acende em caso de porta-malas aberto e dispara sinal sonoro a partir de 10 km/h), bem como os ícones de sugestão para avançar/reduzir marcha. Um detalhe curioso é que, mesmo com o motor desligado, o indicador de marcha no canto superior direito da tela mostra a ré engatada.
A haste de luzes traz as posições desligado (que acende as luzes diurnas dianteiras, com brilho de maior intensidade), de luzes de posição dianteiras/traseiras acesas (os LEDs da frente brilham em menor intensidade) e de faróis baixos acesos (que mantém os LEDs acesos). Um leve toque na alavanca, sem acioná-la até o clique, faz com que as luzes de seta pisquem 3 vezes. As luzes se apagam automaticamente quando a ignição é desligada. Caso o seletor de faróis seja girado com a ignição desligada, um alerta soa quando a porta do motorista está aberta, e os faróis não acendem (somente as luzes de posição).
Na alavanca dos limpadores, há as posições desligado (0), de acionamento uma vez (x1), o modo intermitente variável proporcional à velocidade do veículo (Int) e o acionamento contínuo lento (1) ou rápido (2). Na ponta da alavanca, ao girar é possível utilizar o limpador e lavador traseiro, ambos de série a partir da versão Live Pack.
No C3, a tela sensível ao toque de 10,25 polegadas do sistema multimídia "Citroën Connect Touchscreen" assume posição de destaque e fica na parte superior central, parcialmente desmembrada do painel. Dispensando botões físicos ao redor do monitor, ela conta com a funcionalidade do espelhamento de conteúdo de celulares sem fio, compatível com Apple CarPlay e Android Auto, além de Bluetooth. Na parte esquerda da tela ficam os atalhos de volume, do desligamento da tela (ou, pressionando longamente, do aparelho por completo, que passa a exibir uma tela preta com o ícone de religar o sistema, podendo mostrar data e hora, se configurado) e para emudecer o som. Se a tela for desligada e algum comando no volante for acionado, o sistema volta a exibir o seu layout. Há também outros botões de atalho na parte direita, para menu inicial, rádio, telefone (se converte no ícone de espelhamento de tela de celular, caso ativo) e de navegação por GPS (também vinculado ao espelhamento do telefone).
O menu principal é organizado em oito submenus: rádio, telefone, Android Auto, Apple CarPlay, mídia USB (com reprodução de áudios e, se o carro estiver parado, de vídeos; fora dessa condição, uma mensagem de "vídeo indisponível" aparece), áudio Bluetooth, gerir dispositivos conectados e configurações do veículo. A parte superior do monitor indica a fonte e o nome da mídia, a data e o relógio (e as informações de rede e bateria do celular conectado). Há memória para seis estações de rádio AM e 12 memórias de rádio FM, além de busca automática por estações, e até cinco telefones podem ser conectados ao sistema (acima disso, a central pede para que um dos dispositivos já conectados seja excluído para que outro possa ser pareado).
Quando o carro é desligado, aparece uma mensagem por 10 segundos perguntando se o sistema deve ser mantido ligado ou não (função útil, considerando que, se a ignição for desligada, não existem comandos físicos capazes de religar o sistema). De um modo geral, a central executa suas funções rapidamente, mas foi observada uma demora de aproximadamente 18 segundos entre a partida do carro e o reconhecimento das mídias do dispositivo USB (da partida até a utilização do sistema, incluído o tempo de exibição das telas de inicialização, bastam 10 segundos).
O sistema de som do C3 traz 4 alto-falantes (um em cada porta) e 2 tweeters nas colunas dianteiras. A equalização de graves, médios e agudos pode ser feita de modo predefinido (Flat, Pop, Jazz, Rock, Voz, Clássica) ou personalizado (Pessoal). O ajuste de volume ocorre de forma automática conforme a velocidade, e esta função pode ser acentuada no menu de configurações - onde também é possível ajustar o brilho da tela (curiosamente, pode ser definido um nível de brilho com os faróis desligados e outro diferente para quando as luzes externas forem acesas) e conferir alertas (muito embora o manual do proprietário não registre que tipos de mensagens aparecem neste submenu).
À direita do sistema multimídia existe uma base pensada para acomodar um suporte de celular. Também é possível encaixar estes suportes próximo às duas saídas de ar laterais.
Logo abaixo desta tela estão as saídas de ar (com quatro molduras cromadas ao centro) e os comandos do ar-condicionado manual, com quatro velocidades de ventilação e, abaixo deste botão, um comando deslizante para alternar entre a captação ou vedação do ar externo. À esquerda estão os controles de temperatura e do desembaçador traseiro; do lado direito, a ativação/desativação do compressor de ar e o direcionamento da ventilação. Uma curiosidade é que, ao redor destes comandos, existem abas que ajudam a enrolar o fio de conexão do celular.
A parte interna da tampa do porta-luvas incorpora duas abas e um nicho para que objetos menores sejam alcançados mais facilmente - o que é bem útil, pois o compartimento em si, que dispensa iluminação, é fundo e exige que o motorista se estique para alcançar os itens dentro dele. Acima deste compartimento, que possui tampa leve com maçaneta posicionada na vertical, há um espaço aberto que também pode acomodar objetos pequenos.
Mais abaixo, no console, estão a tomada 12 Volts/120 Watts com tampa, a entrada USB do tipo A (para dados e carregamento) e os porta-objetos, que incluem um espaço para acomodar o celular na horizontal, outro porta-trecos mais abaixo e dois porta-copos, além de um pequeno nicho abaixo da alavanca de freio de mão, que traz coifa em couro e botão de gatilho prateado. A alavanca de câmbio, com pomo cinza, laterais pretas e coifa também em couro, com costuras à mostra, traz moldura prateada ao redor.
Os comandos dos vidros elétricos traseiros ficam posicionados ao final do console frontal. É uma forma de, ao mesmo tempo, possibilitar o acionamento das janelas de trás tanto pelos ocupantes da frente quanto por quem senta no banco traseiro, minimizando a necessidade de adicionar botões "redundantes" nas portas traseiras. A partir da versão Feel 1.0, todos os vidros contam com a função um-toque para cima e para baixo, além do recurso anti-esmagamento, mas, depois da ignição ser desligada, deixa de ser possível acionar as janelas; se o carro for desligado enquanto um vidro estiver em operação, o movimento da janela também é interrompido. O final do console traz mais um porta-objetos aberto, que acomoda bem uma garrafa de 500 mL e traz pequenas abas que permitem encaixar na vertical um celular (carregado pelo cabo USB).
Na parte esquerda do painel, logo abaixo da saída de ar do motorista, estão os comandos dos retrovisores externos elétricos, do travamento e destravamento das portas (uma luz vermelha acende quando o carro está travado; o fechamento automático do veículo ocorre a partir de 10 km/h), bem como do bloqueio das janelas traseiras. Quando a ignição é desligada, o botão de travamento das portas fica inoperante; uma alternativa para manter o travamento por dentro é apertar o botão na chave. Se for apertado o botão no painel (travando e acendendo a luz vermelha) e for aberta uma porta por dentro, a luz do botão passa a piscar, indicando que não é possível fazer o travamento. Mais abaixo fica a alavanca de abertura do capô, amarela. A área dos pedais dispensa apoio para o pé esquerdo. As pedaleiras de embreagem e freio possuem cobertura de borracha, enquanto o acelerador vem em plástico.
Os bancos dianteiros trazem apoios de cabeça reguláveis em altura a partir desta versão Feel 1.0 (nos modelos Live e Live Pack, os encostos de cabeça são integrados ao apoio para as costas nos bancos da frente) e são revestidos em tecido de três cores (preto, cinza e azul), com costuras aparentes. Para o motorista, há regulagem de altura do assento por alavanca; também há hastes nos dois bancos para ajuste da inclinação dos encostos. Os trilhos dos bancos dianteiros são cobertos por plásticos. Já os cintos dianteiros possuem altura fixa, regulando em inclinação (inclusive, os fechos dos cintos também inclinam, e na peça do motorista há uma cobertura lateral em carpete). Os tapetes são de borracha, com duas presilhas de fixação na peça do motorista.
Mesmo pessoas com 1,90 metro de altura não terão do que reclamar do espaço na segunda fileira de bancos, com boa amplitude tanto para as pernas quanto para a cabeça. Com padronagem de tecido idêntica à da primeira fileira de assentos, o banco traseiro é inteiriço tanto no encosto quanto no assento, trazendo as fixações Isofix e Top Tether para cadeirinhas infantis, além dos cintos de 3 pontos e apoios de cabeça ajustáveis em altura para os três passageiros, que são do tipo "vírgula": ao serem rebatidos para baixo quando não são utilizados, eles melhoram a visibilidade traseira.
O encosto do banco traseiro é rebatível: ao liberar as duas travas laterais, é possível por este encosto para a frente, possibilitando levar objetos mais longos dentro do veículo. Porém, como o assento não é rebatível, fica nítido o degrau formado em relação ao nível do porta-malas. Os ocupantes de trás não dispõem de porta-revistas ou porta-objetos nos forros de porta, mas contam com uma rara comodidade neste segmento: duas entradas USB-A de 2,5 Ampères para carregamento de dispositivos eletrônicos. Os vidros das portas traseiras descem quase até o final. Quem senta ao meio lida com o assento um pouco mais alto e com o túnel central razoavelmente elevado e largo, mas ainda dispõe de bom espaço para a cabeça.
O porta-malas é acessado por um botão na extremidade inferior central da tampa traseira. A capacidade é de 315 litros, no padrão de medição VDA - um dos maiores do segmento. O estepe, interno, fica logo abaixo do forro do porta-malas e tem roda de ferro de 15 polegadas com pneu sobressalente de perfil 125/85, com uso recomendado a até 80 km/h e que deve receber 60 psi de pressão. Lateralmente, é possível ver do lado direito um porta-sacolas que leva até 3 quilos e, à esquerda, um criativo alojamento para encaixar o celular com a lanterna ligada (afinal, não há iluminação do habitáculo).
A "boca" do compartimento de bagagem, ao redor do trinco, tem a lataria exposta, diferentemente dos volumes das caixas de roda, cobertos em carpete. Na tampa (que, quando aberta, leva consigo os dois pontos de iluminação da placa) há uma cobertura de plástico ao centro e área em metal também exposta, dispensando alças ou fendas que ajudassem no fechamento.
Ao abrir a porta, a tela do quadro de instrumentos acende momentaneamente e a luz de teto fica acesa por 20 segundos depois da porta ser fechada. Com a ignição ligada e o seletor de faróis a partir da posição de luzes externas ligadas, ficam acesos os botões do volante, da parte esquerda do painel (exceto os direcionadores dos retrovisores), dos vidros elétricos (dianteiros/traseiros), do pisca-alerta e do ar-condicionado; além disso, a tela do sistema multimídia liga automaticamente. Desligando a ignição, todos os mencionados botões se apagam, mas a luz de teto volta a acender.
No aspecto de itens de segurança, o C3 Feel 1.0 traz de fábrica dois airbags (frontais), assistente de partida em ladeiras (que atua por aproximadamente 2 segundos, mantendo o veículo freado em subidas, com marcha à frente engatada, ou em descidas, em marcha-a-ré), sinalização luminosa de frenagem de emergência (ESS), travamento automático das portas com veiculo em movimento, alarme perimétrico (dispara continuamente a buzina com a abertura do capô, porta ou tampa traseira), freios ABS com distribuição eletrônica da força de frenagem (REF), além dos controles eletrônicos de estabilidade (CDS) e de tração (ASR), que ficam sempre ativos com o veículo em movimento.
Fabricado em Betim (Minas Gerais), o motor 1.0 Firefly, de três cilindros em linha e seis válvulas, entrega no C3 rendimento praticamente idêntico aos Fiat Argo e Cronos 1.0: 71 cavalos com gasolina a 6000 rpm e 75 cavalos com etanol a 6250 rpm, e 10,0 kgfm de torque com gasolina a 4250 rpm ou 10,7 kgfm de etanol a 3250 rpm. No C3, a única diferença é que o torque com gasolina chega 1000 rpm após o pico de força com etanol, enquanto no Argo e no Cronos 1.0, os 10 kgfm surgem também a 3250 rpm com o combustível derivado do petróleo. Um fato curioso é que, nos países da América Latina para os quais o C3 é exportado, este 1.0 não é utilizado. A alternativa disponível é o 1.2 Puretech de 82 cavalos. Este motor, que chegou a ser usado na geração passada do hatch da Citroën entre 2016 e 2021, vinha importado e, no Brasil, deixaria o atual C3 com preço menos competitivo (além disso, a alíquota de Imposto sobre Produtos Industrializados seria mais salgada para o 1.2 do que para o 1.0). Aliás, é a primeira vez que um Citroën fabricado em território nacional utiliza um motor de 1-litro.
O 1.0 Firefly Flex do C3 trabalha na mesma taxa de compressão (13,2:1) dos carros da Fiat e possui exatamente a mesma cilindrada (999 cm³) e dimensões de diâmetro dos cilindros e curso dos pistões, além de ter a correia de comando de válvulas no cabeçote e dispor de pré-aquecimento de combustível (que começa a atuar assim que a porta do motorista é aberta, quando necessário). A parte interna do capô traz manta de isolamento acústico, que contrasta com o fato de que o cofre do motor e o verso do capô possuem áreas somente com a primeira camada de pintura (primer). Já a bateria é de 60 Ampères.
No hatch da Citroën, o câmbio manual com cinco marchas + ré utiliza praticamente as relações de marcha (e diferencial) adotadas nos modelos 1.0 Firefly da Fiat: a única diferença é o encurtamento da quinta marcha para o C3. A alavanca de câmbio e os pedais são compartilhados com as versões 1.0 aspiradas do Peugeot 208 (que também eram utilizados nas extintas versões 1.6 manuais).
O conjunto de suspensão é composto pelo esquema independente McPherson na dianteira, com barra estabilizadora, e eixo de torção na traseira, com amortecedores hidráulicos pressurizados e molas helicoidais nos dois eixos.
Os freios utilizam discos ventilados com 25,2 centímetros de diâmetro e 2,2 cm de espessura na dianteira e, atrás, há tambores com diâmetro de 20,3 centímetros.
A versão Feel 1.0 manual tem peso em ordem de marcha de 1056 quilos, e sua capacidade de carga, incluindo passageiros, é de 410 kg. Engates para reboque não podem ser usados no C3.
O tanque de combustível tem a capacidade de 47 litros (a mesma dos modelos 1.0 Firefly da Fiat). A Citroën recomenda que todo abastecimento seja superior a 10 litros, para que o volume possa ser reconhecido pela sonda de combustível. O verso da portinhola traz a indicação dos combustíveis a serem usados e a indicação do local onde a tampa deve ser encaixada durante o reabastecimento.
O C3 tem garantia de três anos sem limite de quilometragem, com assistência técnica 24 horas também válida por 3 anos, e está disponível em cinco cores para a carroceria: Preto Perla Nera, Branco Banquise, Cinza Artense, Cinza Grafito e Azul Spring (este último tom só está disponível da versão Feel 1.0 em diante). O teto está disponível em duas cores, podendo ser Branco Banquise (somente para a cor Azul Spring) ou Preto Perla Nera (para as cores Azul Spring, Cinza Artense, Cinza Grafito e Branco Banquise).
O custo de revisões do Citroën C3 está entre os menores do segmento - mais baixo até do que o de outros modelos que utilizam o mesmo motor 1.0 Firefly. No mês de outubro, a marca passou a oferecer os três primeiros serviços de manutenção de forma gratuita para todas as versões do modelo. As revisões deverão ser feitas em intervalos de 10.000 km (com tolerância de 1.000 km, para mais ou para menos) ou de 1 ano, o que ocorrer primeiro. Veja abaixo os valores das seis primeiras revisões:
1ª Revisão (10.000 km ou 1 ano): R$ 496,00
2ª Revisão (20.000 km ou 2 anos): R$ 896,00
3ª Revisão (30.000 km ou 3 anos): R$ 496,00
4ª Revisão (40.000 km ou 4 anos): R$ 1.450,00
5ª Revisão (50.000 km ou 5 anos): R$ 496,00
6ª Revisão (60.000 km ou 6 anos): R$ 1.148,00
O C3 avaliado é da linha 2023. Na linha 2024, todas as versões do hatch da Citroën passam a ter a liberação da portinhola do tanque de combustível associada ao destravamento das portas, o que dispensa o ato de entregar a chave do carro para o frentista inserir na fechadura e abrir a tampa, como no exemplar que avaliamos. Além disso, a partir da versão Live Pack passa a vir a moldura prateada no painel, que inicia abaixo dos difusores centrais de ar e se prolonga até o porta-objeto acima do porta-luvas (antes, esse detalhe vinha na cor preta).
Com preço de R$ 83.990, o C3 Feel 1.0 possui à disposição três pacotes de opcionais. O Protection Pack custa R$ 900 e inclui proteções plásticas nas portas e protetor de cárter. Já o Comfort Pack tem preço de R$ 1.400 e adiciona a câmera de ré junto com os sensores de estacionamento traseiros. E os pacotes Protection Pack e Comfort Pack, juntos, custam R$ 2.300. O exemplar avaliado possui a carroceria na cor Cinza Artense, que passa facilmente como uma tonalidade prata (enquanto o Cinza Grafito é mais escuro) e sozinho representa um adicional de R$ 1.500 - com a combinação em dois tons, que incorpora teto e capas dos retrovisores em preto, o acréscimo é de R$ 2.800. Esta unidade também traz os tapetes de PVC com identificação Citroën, que podem ser encontrados nas concessionárias pelo valor sugerido de R$ 251,83.
Impressões ao dirigir
Ao assumir o banco do motorista, quem dirige nota rapidamente que o posto de condução é nitidamente elevado, mesmo no nível mais baixo possível - e, quando o assento é deslocado para cima, ele fica mais próximo do volante. Essa característica colabora com a boa visibilidade do entorno do veículo, mesmo para pessoas de baixa estatura. A amplitude do ajuste do assento é digna de nota - e se o banco do motorista já é naturalmente alto, o do passageiro dianteiro (com altura fixa do assento) é ainda mais.
Os retrovisores externos são relativamente compactos, mas oferecem bom campo de visão. Tanto o espelho interno quanto o vidro traseiro e os três apoios de cabeça (que podem ser postos para baixo quando não estão em uso) colaboram com a visibilidade para trás, ainda que as coberturas do brake-light e do motor do limpador traseiro bloqueiem parte da visão. O capô, mais elevado nas laterais, pode ser parcialmente visto pelo motorista. Curiosamente, apesar dos limpadores dianteiros repousarem em uma área não-transparente do vidro dianteiro, a parte superior dos seus braços ainda fica visível. Diferentemente do Fiat Argo, no C3 é possível fazer a partida apenas girando a chave no tambor de ignição, sem pisar na embreagem.
A maciez dos bancos do C3 é digna de nota dentro do segmento de hatches compactos. No conjunto de suspensão, o Citroën segue o "jeito Fiat" de conforto: mesmo em lombadas, valetas e buracos, ele passa suavidade, amortecendo com maciez as irregularidades e transmitindo a sensação de robustez para quem dirige. Em estradas bem-pavimentadas, o hatch parece flutuar, de tão macio; sobre as lombadas, ele passa como se fosse um SUV. Outro item que contribui bastante para o conforto ao rodar é o aparelho de ar-condicionado, bem eficiente mesmo na velocidade de vento 1.
Uma das maiores curiosidades residia em torno da operação da alavanca de câmbio de cinco marchas. Afinal, a transmissão é da Fiat, mas a manopla e os pedais são compartilhados com as versões manuais do Peugeot 208. A operação da embreagem está dentro do esperado para quem está acostumado aos modelos manuais da Fiat, e traz pedal de curso longo no C3. Os engates da alavanca são suaves e perceptivelmente mais precisos do que nos Fiat manuais, com "caminhos" mais curtos das posições de marcha, e a manopla é mais ergonômica (nos carros da marca de Betim, o pomo da alavanca é maior, fazendo com que a palma da mão fique mais aberta). Sempre que o carro está engatado, é mostrada a marcha selecionada (enquanto o carro estiver em neutro e ao pisar na embreagem, a informação some) e, todas as vezes em que o C3 detecta a necessidade de subir ou descer uma marcha, um ícone de seta (para cima ou para baixo) é exibido junto da marcha atual. A ré se situa atrás da quinta marcha e entra "direto", sem arruelas ou outros mecanismos inibidores. O pomo da alavanca fica próximo da mão direita, graças a uma elevação do console nesta região.
A direção do C3 merece destaque: a assistência elétrica é leve, muito agradável e com boa progressividade, ficando mais firme em velocidades altas, e o volante também possui manuseio cômodo, com formato agradável às mãos, diâmetro relativamente reduzido e aro um pouco fino. Nesta versão Feel 1.0, a textura é alisada e o plástico do aro é bem firme. Além da direção com reações diretas, seu diâmetro de giro de 10,5 metros é outro fator que reforça a vocação do C3 para o uso urbano. São três voltas de batente a batente.
Com lentes monoparábola e luzes halógenas, os faróis baixos do C3 proporcionam iluminação apenas regular à noite, e o facho alto também possui alcance mediano. Os limpadores e esguichos funcionaram a contento, e sem muito barulho. De um modo geral, a ergonomia da cabine é boa - até mesmo o acesso do motorista aos botões dos vidros elétricos traseiros, no console, não é tão difícil quanto parece em um primeiro momento. A operação da alavanca de freio de mão, leve, também é fácil. Porém, os comandos do lado esquerdo do painel ficam encobertos pelo volante, e a angulação dos para-sóis ou fica rente com o para-brisa ou se torna vertical diante dos olhos do motorista, assim como nos Fiat Mobi e Strada.
Ao dar a partida, o motor 1.0 Firefly desperta rapidamente com uma acentuada vibração. A manta acústica ajuda a atenuar um pouco o nível de ruído, mas, dependendo do nível de rotação, o ronco do propulsor se faz bem evidente para os ocupantes, juntamente com o rolar dos pneus. As vibrações são perceptíveis em alguns pontos da cabine, principalmente em neutro - aliás, é algo natural em carros com motores de três cilindros deste segmento. As relações das quatro primeiras marchas são curtas - a primeira, aliás, é tão curta que, ao andar em segunda marcha a cerca de 15 km/h, o quadro de instrumentos recomenda a redução. A partir da terceira engatada, em certas situações (como em subidas e retomadas) fica perceptível que é necessário acelerar mais ou então baixar uma marcha para ganhar velocidade rapidamente.
De toda forma, o C3 é um carro plenamente utilizável nas estradas, e a plataforma do 208 colabora com o adernamento relativamente contido em curvas do modelo da Citroën (ainda assim, é necessário prudência: trata-se de um hatch com 18 centímetros de vão-livre do solo, e o centro de gravidade também é mais elevado que o comum no segmento). A quinta marcha é a única com a característica "overdrive", sendo a mais indicada para manter a velocidade de cruzeiro nas estradas em um patamar menor de giros do motor. Com a ajuda do assistente de partida em ladeiras (que atua até mesmo em inclinações leves) e a embreagem de operação previsível, é bem difícil o C3 "morrer". Se isso acontecer, a chave deve ser novamente girada para a partida do motor.
A título de curiosidade, monitoramos quando os ícones de sugestão de troca de marcha aparecem sob condução tranquila em piso plano, com o ar-condicionado ligado e apenas o motorista a bordo. Estes ícones aparecem como forma de auxiliar o motorista a poupar combustível. Quando o pedal de acelerador é muito pressionado, o ícone passa a atuar como "shift-light", indicando quando é o momento para avançar para a marcha seguinte antes do motor chegar ao seu limite de rotações por minuto. Confira:
Acelerando
De 1ª para 2ª marcha: aproximadamente 14 km/h
De 2ª para 3ª marcha: aproximadamente 24 km/h
De 3ª para 4ª marcha: aproximadamente 37 km/h
De 4ª para 5ª marcha: aproximadamente 50 km/h
Desacelerando
De 5ª para 4ª marcha: aproximadamente 46 km/h
De 4ª para 3ª marcha: aproximadamente 38 km/h
De 3ª para 2ª marcha: aproximadamente 24 km/h
De 2ª para 1ª marcha: aproximadamente 16 km/h
O C3 é 21 quilos mais leve do que o Argo Drive 1.0 e também leva vantagem sobre o 208 na balança, mas a maior altura em relação ao solo e a aerodinâmica menos favorável fazem com que, na prática, o modelo da Citroën fique um pouco para trás dos outros hatches compactos da Stellantis. Contudo, é curioso que, nas acelerações, o C3 destraciona e canta pneu na partida e também na troca para a segunda marcha (lembrando que os controles eletrônicos sempre ficam ativados). As retomadas de terceira marcha foram boas, mas o teste de 80 a 120 km/h, feito necessariamente em quarta marcha (afinal, a terceira permite ir a até 113 km/h no velocímetro), demandou mais tempo. O tempo de aceleração de 0 a 100 km/h com gasolina ficou meio segundo acima do dado de fábrica. Confira agora os resultados dos nossos testes, realizados em ambiente seguro, com uma pessoa a bordo, gasolina no tanque, ar-condicionado desligado, controles eletrônicos ativados e cronometragem automática pelo aplicativo GPS Acceleration:
Retomada de 40 a 80 km/h (3ª marcha): 9,5 segundos
Retomada de 60 a 100 km/h (3ª marcha): 10,5 segundos
Retomada de 80 a 120 km/h (4ª marcha): 20,5 segundos
Condições do teste
Temperatura externa: 29º C
Altitude (estimada): 71 metros
Pressão dos pneus: não disponível
Nível de combustível (aproximado): 1/4 do tanque
Quilometragem do veículo durante os testes: 9616 km
Com etanol, é perceptível que o C3 fica mais esperto na condução - afinal, há a entrega de 0,7 kgfm adicionais. Nossa aceleração de 0 a 100 km/h com o combustível derivado da cana-de-açúcar, em teste com condições semelhantes aos feitos com gasolina, ocorreu em 14,8 segundos (resultado ligeiramente melhor que os 15,0 s declarados pela Citroën). Os freios possuem boa atuação, sendo suficientes para a parada segura e com boa modulação do pedal - mas percebemos, principalmente nas frenagens mais acentuadas, um fino chiado vindo dos tambores traseiros.
Em termos de consumo de combustível, o hatchback não chegou a superar os índices registrados pelo Inmetro em nosso uso. Como o C3 não possui registro de velocidade média, não pudemos levá-la em consideração desta vez - mas nossos percursos com o Citroën foram parecidos com os dos demais carros avaliados pelo Auto REALIDADE, sendo feitos predominantemente dentro da cidade. A luz de reserva acendeu, com gasolina, quando o indicador de autonomia calculava 40 km restantes (e, com etanol, em aproximadamente 34 km restantes). O visor continuou a recalcular o alcance até a estimativa de apenas 1 quilômetro - depois disso, a luz indicadora de reserva passa a piscar e o indicador de autonomia exibe somente traços. Depois de cada abastecimento, foi necessário rodar alguns quilômetros para que este indicador pudesse calcular quanto seria possível percorrer com o combustível recém-inserido. Foram, ao todo, 1123,8 quilômetros rodados com o C3 Feel 1.0.
Distância percorrida: 463,2 km
Distância percorrida: 197,0 km
Distância percorrida com gasolina: 660,2 km
Distância percorrida: 221,3 km
Distância percorrida: 463,6 km
Boletim comentado do Citroën C3 Feel 1.0 Manual
Design = 9,0
O Citroën C3 consegue se destacar no segmento de hatches de entrada por ser um carro totalmente reformulado na comparação com a geração anterior e por trazer estilo agradável - ainda mais nas versões mais equipadas Feel e Feel Pack. Com luzes diurnas de LED que se interligam visualmente com as barras cromadas dianteiras, molduras plásticas em preto-fosco e carroceria com formas parrudas, o C3 é um hatch que incorpora proporções e detalhes de estilo típicos dos SUVs. Curiosamente, ele parece ser menor por fotos do que é ao vivo. A versão Feel avaliada traz rodas de liga leve de 15 polegadas escurecidas, maçanetas externas na cor do carro, opção da pintura da carroceria em dois tons (com teto e capas dos retrovisores em tonalidade contrastante com o restante da carroceria, incluindo detalhes foscos nas colunas) e barras de teto escurecidas - itens que fazem toda a diferença em relação às versões Live e Live Pack. Sem estes detalhes, o C3 passa a dar a impressão de ser muito mais básico (e olha que o Live Pack custa somente 3 mil reais a menos que a opção Feel). Ainda ganhando popularidade pelas ruas das cidades, o hatch da Citroën atrai olhares.
Espaço interno = 9,0
Este é outro aspecto de destaque da nova geração do C3: os passageiros conseguem se acomodar muito bem tanto nos bancos dianteiros quanto atrás. Mesmo pessoas de 1,90 metro de altura terão espaço de sobra para as pernas e para a cabeça - apenas o ocupante do meio do banco de trás terá um pouco menos de espaço para a acomodação. O aproveitamento de nichos na cabine para objetos também é digno de nota: as portas dianteiras podem receber garrafas de mais de 1 litro e há vários locais no console central que podem acomodar um celular. Já o porta-malas de 315 litros é 50 L maior do que o de seu irmão de plataforma, o Peugeot 208, e é um dos maiores do segmento - perde por apenas cinco litros do Renault Stepway.
Conforto = 8,5
O conjunto de suspensão contribui bastante para o conforto a bordo do C3: com altura em relação ao solo e ângulos de ataque e saída de dar inveja a alguns modelos classificados como SUVs, o Citroën absorve as irregularidades do piso com maciez. O ar-condicionado gela bem, o volante tem assistência elétrica bastante agradável e os principais comandos estão próximos do motorista. Já o curso do pedal de embreagem, longo e que demanda um pouco mais de força perto do fim do curso, faz com que a perna esquerda seja posta à prova em percursos urbanos mais longos.
Acabamento = 8,25
Neste quesito, o C3 segue o padrão visto em grande parte dos hatches compactos em versões intermediárias disponíveis no Brasil, trazendo volante em plástico, bancos de tecido (macios) com três cores e plásticos rígidos com variações de texturas no painel, no console central e nos forros de porta dianteiros e traseiros, que dispensam insertos em tecido. O carpete está no fundo do porta-objeto no fim do console (cobrindo um parafuso) e em uma das laterais do fecho do cinto do motorista. A versão Feel traz alguns detalhes que o diferenciam das opções Live e Live Pack por dentro, como a faixa azul ao centro do painel (ao invés de cinza) e detalhes prateados, como as maçanetas internas e a moldura da alavanca de câmbio. De um modo geral, os recortes das partes plásticas são bem-executados e quase todos os parafusos estão escondidos, mas algumas peças do exemplar avaliado, como a tampa do airbag do passageiro e a parte posterior do console, não estavam alinhadas.
Equipamentos = 8,25
Além dos itens mais essenciais, como ar-condicionado, direção elétrica, travas e vidros elétricos, limpador traseiro e chave com botões de travamento e destravamento à distância, a versão Feel traz equipamentos de comodidade e estilo interessantes para este segmento, como rodas de liga leve de 15 polegadas, central multimídia, espelhos nos dois para-sóis, duas entradas USB-A voltadas para os ocupantes traseiros, alarme, função anti-esmagamento dos vidros e regulagem de altura da coluna de direção e do banco do motorista. Porém, bem que o C3 poderia vir com sensor de ré de fábrica a partir da versão Feel - principalmente pelo fato de que o para-choque traseiro fica rente à tampa do porta-malas, o que faz com que as manobras sejam feitas com cautela até demais. O item só está disponível como opcional pago à parte, e, ainda assim, vinculado à câmera de ré (esta vem de série somente na versão Feel Pack 1.6 automática).
Instrumentos, Multimídia e Sistema de Som = 8,0
O quadro de instrumentos do C3 tem estilo minimalista e dispensa os marcadores analógicos e o conta-giros - que é um item importante principalmente para as situações de acelerações e ultrapassagens, ainda mais para uma versão com câmbio manual. Além disso, a haste de comando no canto direito da cúpula exige um posicionamento incomum da mão e nem sempre reage quando apertada. Se serve de consolo, a Citroën se preocupou em deixar sempre visível o marcador de temperatura do líquido de arrefecimento do motor, ao lado do indicador do nível de combustível. Além disso, há as informações mais fundamentais de computador de bordo, o ajuste de intensidade de iluminação e o indicador de troca de marcha - que compensa parcialmente a indisponibilidade do tacômetro. O quadro dispensa cúpula plástica, e a luz forte do Sol pode interferir na leitura das informações.
O sistema multimídia possui uma das maiores telas sensíveis ao toque do segmento (junto com o Peugeot 208), com 10,25 polegadas, e traz recursos interessantes, como espelhamento de conteúdo de celular sem fio, reprodução de áudio e vídeo, ajustes de som e acesso a configurações. Também conta com os botões físicos no volante, que tornam a operação mais prática. O ajuste do brilho da tela poderia ser mais fácil de encontrar e utilizar.
Já o sistema de som, com quatro alto-falantes e dois tweeters, tem boa qualidade de reprodução. Em baixo volume, transmite bom efeito de distribuição espacial. Em volume mais alto, os graves fazem com que os forros de porta vibrem em demasia, exigindo o ajuste da equalização (dica: para melhor definição, os agudos e médios devem ficar no nível máximo, e os graves devem ficar abaixo da posição 0, entre -2 e -4).
Desempenho = 7,25
Com o motor 1.0 Firefly e o câmbio manual de cinco marchas, o C3 mostra desenvoltura para acompanhar o trânsito das grandes cidades, apresentando relações curtas, com a quinta marcha nitidamente voltada para a economia de combustível e a redução do nível de ruído. Em certas situações, o motorista deve se dispor a reduzir uma marcha para elevar as rotações do motor e, com isso, estar mais próximo da entrega de torque e potência. Dentro da cidade, e especialmente com etanol, o Citroën dá a impressão de agilidade - que se dissipa quando o pedal do acelerador é muito exigido. Nos nossos testes, as retomadas em terceira marcha foram boas, porém, para ir de 80 a 120 km/h, em quarta, o Citroën precisou de muitos segundos adicionais. Mas acredite: há outros carros 1.0 aspirados que exigem mais tempo (e paciência do motorista) nas acelerações.
Dirigibilidade = 8,75
O ajuste fino feito pelo lado FCA da Stellantis fez com que o C3 incorporasse uma dirigibilidade bem interessante. É mais fácil "encontrar" as marchas e fazer as trocas no Citroën, mesmo a transmissão sendo da Fiat - mérito dos pedais e alavanca de câmbio compartilhados com o Peugeot 208 manual. A direção tem diâmetro relativamente reduzido e transmite respostas rápidas, enquanto o comportamento em curvas e desvios rápidos de trajetória é mais previsível do que o esperado para um veículo com tamanha altura em relação ao solo.
Segurança = 6,75
O C3 é concebido sobre a plataforma modular CMP, utilizada em modelos como os novos Peugeot 208 e 2008, o DS 3 Crossback, a terceira geração do Citroën C4 e até o Jeep Avenger, vendidos na Europa e em vários outros mercados pelo mundo. Porém, o C3 traz somente os airbags frontais aqui e na Índia (seu irmão de plataforma 208, feito na Argentina e vendido no Brasil, traz 4 airbags desde a versão mais básica). Alerta do não-uso do cinto de segurança? Só para o motorista. No mês de julho, o Citroën teve seu desempenho criticado pelo Latin NCAP, e o hatch obteve as notas 30,52% na proteção de ocupantes adultos, 12,10% em proteção infantil, 49,74% em proteção a pedestres/usuários vulneráveis da estrada e 34,88% em itens de assistência à segurança. Em sua defesa, o C3 traz de série o assistente de partida em ladeiras e os controles de tração e estabilidade de fábrica em todas as versões (nos Fiat Mobi e Argo 1.0/1.3 manuais, por exemplo, estes controles eletrônicos ainda são oferecidos como opcionais, por custo adicional, e, no Renault Stepway manual, os itens sequer estão disponíveis) - e atuam o tempo todo, pois o motorista não consegue desabilitá-los. Além disso, os freios mostram boa atuação.
Consumo de combustível = 8,5
As expectativas eram de que o C3 1.0 conseguisse, pelo menos, superar os índices de consumo dos modelos 1.3 Firefly manuais da Fiat que avaliamos nos últimos anos. Mas, na prática, o hatch da Citroën não chegou a ultrapassar a fronteira dos 12 quilômetros por litro de gasolina em uso urbano (superada pelo Argo 1.3 S-Design e pelo Pulse Drive 1.3, ambos manuais, nas nossas avaliações). A média urbana de 11,6 km/l é condizente com o segmento, ainda que distante dos 12,9 km/l obtidos pelo modelo no ciclo de testagens do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) do Inmetro. Já com etanol, os 8,8 km/l obtidos em nossa rodagem na cidade foram mais próximos dos 9,3 km/l do PBEV do Inmetro.
Relação custo-benefício = 9,0
Com o C3, a Citroën possui um produto que possui bons diferenciais competitivos, apesar da acirrada disputa de mercado com os modelos compactos das outras montadoras e até dentro das marcas do grupo Stellantis (afinal, Peugeot 208 e os Fiat Mobi e Argo possuem versões com preços semelhantes aos do hatch da marca do duplo chevron). Na versão Feel 1.0, o C3 tem valor dentro da média dos hatches compactos intermediários, e seus custos de revisões também são acessíveis, diante dos rivais. Esta opção intermediária também atende a quem deseja um carro sem cara de básico, e traz atributos como bom espaço para passageiros e bagagem, conforto ao rodar e lista satisfatória de equipamentos de comodidade: por 3 mil reais a mais que a opção Live Pack, ele possui volante com ajuste de altura, vidros elétricos traseiros (além da função um-toque para subir e do recurso anti-esmagamento), retrovisores externos elétricos, luzes diurnas de LED, tomada 12V, duas entradas USB-A traseiras, alarme, rodas de liga leve e detalhes de estilo diferenciados, como barras dianteiras cromadas, maçanetas externas pintadas, maçanetas internas prateadas, barras de teto e painel com superfície azul. Com a ampliação da rede de concessionárias Citroën em todo o Brasil, a tendência é de que o C3 conquiste, cada vez mais, seu espaço nas ruas.
Nota Final = 8,3
As notas são atribuídas considerando a categoria do automóvel analisado, os atributos oferecidos pelos concorrentes (diretos ou por aproximação), além das expectativas entre o que o modelo promete e o que, de fato, oferece. Um mesmo carro avaliado duas vezes pode ter sua nota diminuída em uma avaliação posterior, caso não evolua para os níveis de exigência que se aprimoram continuamente no mercado automotivo. Frações de pontuação adotadas: x,0, x,25, x,5, x,75. Em caso de notas com valores fracionados na casa dos centésimos, os décimos da nota do resultado final são arredondados para cima. Critérios - Design = analisado o aspecto estético do automóvel, considerando-se as linhas e formas do veículo, bem como as proporções entre tamanho de rodas e o restante da carroceria, a presença de itens de estilo diferenciados, entre outros detalhes. Espaço interno = julgada a amplitude do espaço para passageiros (dianteiros e traseiros, de acordo com a capacidade declarada do carro), locais para acomodar objetos e bagagem. Conforto = considera o nível de comodidade transmitida pelo conjunto de suspensão e pela operação de transmissão, pedais, alavancas e outros mecanismos, bem como o nível de ruído e de vibrações dentro do automóvel, a posição de dirigir, a ergonomia interna e outras amenidades adicionais. Acabamento = analisada a atenção aos detalhes internos do veículo (encaixes de peças, qualidade dos materiais empregados e padronagens dos revestimentos). Equipamentos = analisam-se itens de série e opcionais disponíveis no automóvel avaliado. Aqui são considerados os equipamentos de conveniência. Instrumentos, Multimídia & Sistema de som = na análise do quadro de instrumentos, são julgados a facilidade de leitura e a disponibilidade de informações. O sistema multimídia do veículo é avaliado de acordo com os recursos disponíveis (espelhamento de tela de celulares, entradas para dispositivos, facilidade de operação do aparelho, visualização de câmeras, etc). Caso o veículo avaliado não possua um sistema multimídia mas disponha de rádio, este aparelho será analisado sob os mesmos critérios. Se o automóvel não dispuser de sistema de áudio, iremos considerar a presença de pré-disposição para som (fiação, antena e falantes). Desempenho = julgadas a aceleração do veículo, as retomadas de velocidade e a entrega de torque e de potência pelo automóvel. Dirigibilidade = são analisados o comportamento em curvas, a manobrabilidade do veículo (incluindo diâmetro de giro e número de voltas de batente a batente do volante) e o funcionamento da transmissão. Segurança = levam-se em conta a visibilidade pelos retrovisores e pela carroceria, a iluminação do veículo, os itens de proteção ativa e passiva, o desempenho nas frenagens (assim como a modulação do pedal do freio) e a presença e facilidade de operação dos assistentes de condução. Consumo de energia/combustível = energia/combustível gasto durante a avaliação e autonomia. Custo-benefício = avaliada a relação de vantagem entre o preço pago e o que o carro entrega.
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