Audi e-tron Performance Black: uma volta com este pioneiro dos SUVs elétricos

Texto e Fotos | Júlio Max, de Teresina - Piauí

Lançado no Brasil em maio de 2020, o Audi e-tron foi o primeiro automóvel totalmente elétrico oferecido pela marca de Ingolstadt em nosso País - e até hoje ele é uma das principais vitrines tecnológicas da montadora. O modelo está disponível em dois tipos de carroceria (SUV tradicional e Sportback, com traseira ao estilo Coupé). Atualmente, o SUV é importado em versão única, Performance Black, enquanto o Sportback é trazido em duas versões: Performance e Performance Black. O modelo e-tron S Sportback, que dirigimos em agosto de 2022, infelizmente não é mais oferecido. Agora, o Auto REALIDADE experimenta o e-tron Performance Black. Mesmo sendo um exemplar sem opcionais, as impressões gerais sobre ele foram muito positivas!

O estilo do e-tron incorpora nuances futuristas sem exageros, além de trazer um toque de esportividade com a presença do kit S line. Com concavidades na parte inferior, os faróis totalmente de LED podem se apagar parcialmente para não ofuscar os veículos reconhecidos pelas câmeras do Audi, o que permite manter o facho alto de luz sempre ativo. O conjunto inclui luzes de condução diurna (que se convertem nos piscas dinâmicos), luzes de conversão estáticas (em curvas de baixa velocidade), luzes de nevoeiro, luzes para manobras de estacionamento (com iluminação da área frontal e lateral ao engatar a ré), luzes para estrada (alcance de iluminação estendido em altas velocidades), assim como regulação automática e dinâmica dos faróis. Já as funções Coming e Leaving Home incluem projeções de luz ao destravar e desligar o veículo. Opcionalmente, é possível incluir os faróis Digital Matrix com projeções dinâmicas de luz (sendo possível selecionar entre cinco apresentações pela tela do sistema multimídia) e maior resolução em relação aos faróis de fábrica.

Diversos detalhes externos do e-tron Performance Black são pintados em preto-brilhante, como a grade dianteira (que pode se abrir ou fechar, dependendo das condições de rodagem), as molduras laterais e inferiores dos para-choques, as capas dos retrovisores e os contornos das janelas laterais. A parte traseira do teto conta com antena ao estilo "barbatana de tubarão".

O e-tron Performance Black dispõe de três tipos de estilo para as rodas de 21 polegadas, sendo que dois dos designs possuem a grife Audi Sport - incluindo o desenho do exemplar das imagens, com raios levemente rotacionados, que escondem parcialmente os discos e as pinças de freio pintadas na cor laranja. Os pneus são de perfil 265/45 Bridgestone Alenza 001 (que devem ser calibrados com 35 psi na frente e 38 psi atrás) e as caixas de roda são acarpetadas.

O e-tron pode ser plugado em uma das suas duas entradas para energia localizadas nos para-lamas dianteiros (ambas no padrão CCS 2/Tipo 2), podendo receber desde uma tomada convencional de 110 Volts até as de alta tensão, sendo possível uma recarga de até 11 kW por hora em carregadores AC e de até 150 kW em correntes DC. O uso simultâneo dos dois acessos para carregamento não é possível. Para abrir ou fechar, basta apertar o botão preto ao lado do logo e-tron. Uma particularidade é que, no lado direito, só há entrada para carregador AC. Já do lado esquerdo estão a entrada AC e, oculta por uma tampa logo abaixo, a entrada DC. Um foco de luz está presente nesta região dos bocais.

A tampa traseira do e-tron conta com o limpador traseiro dispensado pelo Sportback. As lanternas são unidas por uma interligação luminosa central e, assim como os faróis, trazem feixes de luz horizontais nas extremidades laterais. A placa, que fica sobre a tampa do porta-malas, possui iluminação branca. Já o para-choque traz refletores e, do lado esquerdo, a luz de neblina.

Na comparação com o e-tron Sportback, o modelo de carroceria SUV tradicional tem exatamente o mesmo comprimento (4,90 metros), largura (2,04 m), altura (1,63 metro) e distância entre-eixos (2,93 m). Nos dois elétricos da Audi, a plataforma modular é a MLB Evo, também presente nos Audi Q5, Q7 e Q8, bem como no atual Porsche Cayenne, no Bentley Bentayga e no Lamborghini Urus.

A parte interna do e-tron possui linhas interessantes, assim como do lado de fora. As luzes internas podem ser personalizadas entre 30 cores, com iluminações nas portas dianteiras e traseiras, na área dos pés (também na dianteira e traseira), no logo e-tron no painel (acima da tampa do porta-luvas) e também luzes direcionadas para os porta-objetos das portas e abaixo das laterais do console central. Os bancos podem ser encomendados na cor cinza ou preto, com painel, tapetes e forro de teto sempre em tonalidade escura.

O volante é revestido de couro com costuras aparentes e áreas perfuradas, trazendo aro arredondado e emblema S no raio inferior. No lado esquerdo estão concentrados os botões em preto-brilhante que alternam as informações do computador de bordo, inclusive a visualização das informações de tela em dois estilos (View). Já o raio direito integra comandos de voz, de telefone e também a operação do sistema de som, além de trazer um botão coringa (*) que pode assumir a função que melhor atender ao motorista. Neste exemplar, ano e modelo 2022, a coluna de direção traz ajustes manuais em altura e profundidade, mas o ajuste elétrico é descrito como item de série para os modelos 2023.

Curiosamente, mesmo sendo um veículo elétrico, o e-tron dispõe de aletas atrás do volante (com iluminação), mas a função não é de troca de marcha, e sim de aumentar ou diminuir a força de desaceleração do veículo, que ajuda a regenerar a carga da bateria e, de quebra, ajuda a minimizar a necessidade do uso do pedal do freio. Para ver em que nível de regeneração o carro está, há um gráfico "Charge" nos instrumentos. É possível selecionar o grau de recuperação de energia em três níveis utilizando as aletas. No nível 0, o Audi e-tron não recupera energia quando o motorista solta o pedal do acelerador. No nível 1, de desaceleração mínima, e no nível 2, de alta desaceleração, os motores elétricos geram torque de freio regenerativo, fazendo com que o SUV elétrico reduza a velocidade de forma mais perceptível ao liberar o pedal de freio. Também existe um modo automático (selecionável no sistema multimídia) de recuperação de energia.

O quadro de instrumentos Audi virtual cockpit plus possui tela de 12,3 polegadas e gráficos assemelhados aos dos modelos da marca com motor a combustão, mas traz, no lugar do conta-giros, um indicador que mostra se o carro está desligado (off) ou pronto para ser dirigido (ready), acompanhado de uma escala que exibe o percentual de força exigido dos motores elétricos do veículo e também do nível da bateria, da posição de câmbio e do modo de condução. No lado oposto fica o velocímetro, com escala até 240 km/h. Através do sistema multimídia MMI é possível alternar entre os layouts "Esporte", "e-tron" e "Clássico".

Os modos "Clássico" e "Esporte" são bem parecidos, ambos com círculos separados para velocímetro e informações de uso de energia; no primeiro modo, o aro do percentual de energia é verde quando o veículo está ligado, enquanto no modo Esporte o aro fica branco e nos dois instrumentos aparecem arcos em vermelho; além disso, nesse modo os algarismos ficam em itálico. Por fim, o modo e-tron concentra as informações em uma única esfera, como se fosse um conta-giros da linha RS. Dentro dele ficam o velocímetro e a posição de câmbio. Nesta alternativa de visualização, as informações de computador de bordo sempre estão visíveis no lado direito da tela.

Cada um destes três modos pode ser visualizado de duas formas através do botão View no volante, podendo haver mais ênfase às informações de energia e velocímetro ou então se abrir mais espaço para as informações do computador de bordo. Nos modos Clássico e Esporte, os aros diminuem de tamanho. Já no modo e-tron, o círculo de informações dá lugar a quadros contrapostos de informações: no canto esquerdo fica a indicação de autonomia, a luz Ready, a posição de câmbio e o percentual de uso de força, enquanto do lado direito estão o velocímetro e o nível atual de bateria.

Ao centro, a tela pode mostrar:

• Informações de computador de bordo: mostra gráficos de assistência ao motorista (que mostram a distância do veículo à frente e se o e-tron está dentro das demarcações de faixa), registros de memória de curto prazo e de longo prazo (cada qual com seu consumo de energia em km/kWh, tempo de viagem, velocidade média e distância percorrida), indicador de autonomia estimada e data/hora;
• Informações de mídia: mostra as estações de rádio disponíveis ou a mídia conectada ao carro;
• Informações de telefone: quando o celular está pareado, exibe os últimos números que efetuaram ligações;
• Exibição dos mapas de GPS (em modo diurno ou noturno, com possibilidade de zoom);
  
• Há ainda alertas para portas, capô e porta-malas aberto(s).

A alavanca de luzes integra a funcionalidade da comutação automática dos faróis altos (o facho mais intenso só acende quando não forem detectadas outras luzes no sentido contrário) e também possui um botão em sua extremidade para ativar ou desabilitar o assistente de permanência na faixa de rodagem. Como é de praxe na linhagem Audi, com um leve toque, sem acionar a alavanca até o clique, as luzes de seta piscam 3 vezes.

A haste dos limpadores dispõe do modo automático (acionado pelo sensor de chuva), com variação da sensibilidade da varredura das palhetas, além do acionamento contínuo lento, rápido ou de apenas uma vez. Ao acionar o esguicho dianteiro, também é ativado o lavador dos faróis.

Uma terceira alavanca, fixada na parte inferior esquerda da coluna de direção, permite a operação do controlador de velocidade de cruzeiro adaptativo. Deslocando-se a alavanca para cima e para baixo, ajusta-se a velocidade; uma pequena haste de frente para o motorista permite aumentar ou diminuir a distância do veículo à frente. Também é possível estabelecer o limitador de velocidade.

A tela do sistema multimídia MMI é sensível ao toque e possui 10,1 polegadas. A interface lembra um smartphone ou tablet: há uma aba na parte superior da tela que, quando arrastada para baixo, exibe informações da central e do telefone conectado. O perfil de usuário é personalizável, permitindo salvar variadas predefinições. Quem criar um perfil myAudi, por exemplo, pode utilizar os seus ajustes para outros carros da Audi com o sistema MMI de atual geração. Há ainda um modo convidado.

É possível dizer comandos de voz para algumas funções de GPS, telefone, mídia e ar-condicionado. Se o motorista pedir uma temperatura, o veículo entende de onde partiu o comando e ajusta somente a sua zona do condutor. De um modo geral, no entanto, as funcionalidades acionadas pela voz são bem mais limitadas do que nos modelos da BYD e GWM que avaliamos recentemente. Vale dizer que o e-tron dispõe de GPS nativo, com indicação de velocidade e de pontos de interesse, como restaurantes, bares e postos de combustível ou de energia. O sistema multimídia é compatível com o espelhamento de tela de celulares, mas só é capaz de reproduzir o conteúdo sem fio através do Apple CarPlay, nos iPhones 9 e mais recentes.

A tela também exibe as câmeras de visão em 360 graus, que podem ser visualizadas em duas ou três dimensões, sendo que, neste último modo, é possível modificar a vista através de zoom, ou girando o carro em 3D (o modelo virtual do veículo acende as luzes de freio e de seta, caso o "carro real" também esteja com estas iluminações acionadas; até mesmo o esterço das rodas dianteiras é reproduzido). Existem três posicionamentos padrões para a vista em 3D: visão traseira ou das laterais-traseiras esquerda ou direita. Já as câmeras em 2D trazem as seguintes opções: câmera frontal com linhas de guia no modo tradicional ou sem guias no modo panorâmico (de 180 graus), visão em 360 graus em torno do veículo (Top-View), visão da câmera traseira tradicional (com linhas de guia) ou panorâmica (sem linhas e em 180 graus), além da vista das duas rodas dianteiras ou das rodas traseiras. O acionamento das câmeras em 360° é feito ao se engatar a marcha a ré ou através de um botão no console central, sendo possível também acionar o alerta de tráfego cruzado traseiro, a redução automática do volume de mídia e a vista de câmeras ou de gráficos dos sensores de estacionamento, cujos volumes dos bipes também podem ser alterados.

Logo abaixo da tela da central multimídia existe outro monitor, de 8,6 polegadas. Ele tem duas funcionalidades principais: operar o ar-condicionado digital de quatro zonas (com temperatura ajustável de meio em meio grau Celsius entre 16º C e 28° C) e servir como receptor de caracteres, podendo servir de teclado ou então reconhecer letras e números traçados com os dedos. Um recurso interessante é a possibilidade de se programar um horário para climatização do interior do e-tron, através da tela do sistema MMI, mesmo se o carro estiver sendo carregado. Na parte superior desta tela também existem alguns ícones de atalhos para certas funcionalidades, ao invés de botões físicos, para ativação do controlador automático de velocidade em descidas, abrir o mapa do GPS para checar os postos de recarga, configurar e ligar/desligar o head-up display, além de desligar o display superior (com um toque breve) ou os dois displays centrais (ao apertar e segurar). 

A tela é capaz de operar as quatro zonas de temperatura do ar, sendo que cada zona pode ter a temperatura e também a velocidade e o direcionamento do vento ajustados. É possível sincronizar as zonas dianteiras ao fazer o movimento de pinça unindo os dedos na tela e regular ou desligar as zonas traseiras.

A junção do painel com o console central traz alguns botões. Na ponta esquerda, é possível alternar entre os modos de condução do Audi drive select. Há ainda botão para desativar os controles eletrônicos (apertando este botão por mais de 3 segundos, o controle de estabilidade é desativado), ligar/desligar o pisca-alerta e ativar o desembaçador dianteiro na intensidade máxima ou o desembaçador traseiro. Logo abaixo há o botão de partida do motor, o comando para acesso ao menu de câmeras no sistema multimídia, a ativação dos recursos de assistência à condução (nos modos máximo, individual e básico) e os comandos físicos de volume, alternância de faixas/estações e para ligar/desligar a central multimídia. Observamos que essa moldura prateada reflete muita luz sob sol a pino, mesmo com a persiana do teto solar fechada.

A transmissão possui operação shift-by-wire: leves toques para frente e para trás na alavanca prateada (que pode ser movida com apenas dois dedos) permitem chegar às posições de marcha. O Parking pode ser ativado por um botão lateral ou então no posicionamento entre o Neutro e o Drive/Sport. A posição S do câmbio é automaticamente selecionada quando o modo de condução é o dynamic ou o offroad. Há ainda o botão do freio de estacionamento elétrico, mas sua operação pode ser dispensada no caso de acelerar com o veículo em Drive (o freio é desengatado). Do lado direito desta alavanca há um apoio para o pulso quando o condutor estiver manuseando a tela de 8,6 polegadas do painel.

O console dianteiro incorpora um grande porta-objetos com superfície de fundo emborrachado, suportes retráteis para copos nas laterais (além de um local para posicionar um celular "em pé" e uma cobertura corrediça. Do lado esquerdo há uma tomada de 12 Volts e um estreito porta-objetos (este exemplar não possui o carregador por indução). Existe ainda um apoio de braço dianteiro que pode ser empurrado para a frente. Quando levantado (basta puxar, pois não há trava), ele revela um porta-objetos de boas dimensões, revestido de veludo. Este local conta com uma abertura para permitir a passagem de um cabo USB.

Em termos de acabamento interno, o e-tron traz materiais macios ao toque na parte superior do painel e nas portas dianteiras e traseiras (de cima até a parte de baixo, sendo mais fofa na parte de cima), além de laterais do console com insertos macios e porta-objetos com forração (emborrachada nos porta-copos e porta-objetos das portas, e em veludo no porta-objetos do motorista, no porta-luvas e sob o apoio de braço dianteiro). Há ainda aplique amadeirado no painel, insertos de Alcantara na parte central das portas, forro de teto moldado em tecido (presente inclusive nos para-sois) e couro no volante. Um detalhe interessante é que, nos exemplares sem head-up display e telas nas portas para exibição dos retrovisores, suas respectivas áreas foram convertidas em materiais macios ao toque integrados ao restante dos forros.

O forro de teto traz dois focos de luzes de leitura de LED para os ocupantes dianteiros e outras duas luzes na traseira - o console de teto também exibe se o airbag do passageiro dianteiro está ativo ou não. Há quatro alças móveis de teto, inclusive para o motorista; nas alças traseiras há ganchos para inserir cabides. Os para-sois trazem espelhos com tampas corrediças, iluminação e, na peça do motorista, porta-documentos. Já o retrovisor interno possui função anti-ofuscante automática.

O porta-luvas é iluminado e revestido de veludo, tem tampa que desce suavemente (podendo ser trancada) e traz porta-moedas, porta-cartão e porta-caneta.

O teto solar elétrico panorâmico é dividido em duas partes, sendo que a seção dianteira é maior e pode ser rebatida para cima (posição tilt) ou aberta. O acionamento da cortina também é feito de forma elétrica. Os comandos da chave podem abrir e fechar o teto pelo lado de fora. Com teto aberto, um defletor de vento dianteiro se levanta para reduzir o ruído de vento.

O lado esquerdo do painel concentra três botões de iluminação. Na ponta esquerda, é possível alternar entre faróis desligados, luzes de posição acesas, faróis baixos acesos e acendimento automático dos faróis. O botão central acende as luzes de nevoeiro, embutidas no conjunto ótico principal. Já o botão do lado direito liga a iluminação traseira de neblina.

Assinado pela Bang & Olufsen, o sistema de áudio do e-tron conta com 705 Watts de potência, 15 canais e 16 alto-falantes (incluindo subwoofer), além do "som 3D", gerado por alto-falantes nas colunas dianteiras, pelos alto-falantes de reprodução dos médios e do algoritmo Fraunhofer Symphoria. A qualidade de som é bastante agradável, mesmo na reprodução por Bluetooth.

Curiosamente, a alavanca de abertura do capô é posicionada de tal forma que só permite a abertura com a porta do motorista aberta. Há uma larga soleira para o pé esquerdo, além de tapetes em carpete espesso (com presilhas na peça do motorista).

A chave do e-tron traz capa e botões em preto-brilhante, com comandos para travamento e destravamento das portas, além de um botão que, ao ser apertado duas vezes, aciona a tampa do porta-malas, desde que a chave esteja em um raio de proximidade de um metro e meio. Existe uma lâmina embutida na parte inferior da chave para ser inserida nas fechaduras, caso necessário. A abertura e fechamento das janelas e do teto solar (posição tilt) está associada aos botões de travamento/destravamento da chave (desde que nos dois casos o botão seja apertado e segurado), e tais funcionalidades também são ativas ao manter o dedo pressionando o sensor da maçaneta externa, caso a chave esteja próxima.

A porta do motorista concentra botões para acionamento dos retrovisores elétricos (com rebatimento elétrico, memória de posição e lentes anti-ofuscantes com desembaçamento), vidros elétricos (com função um-toque para cima/baixo e temporizadores que permitem a operação mesmo alguns minutos após o desligamento, desde que nenhuma das portas dianteiras seja aberta), das travas das portas (acendem uma luz vermelha quando as portas estão travadas; o passageiro dianteiro também possui este controle) e o botão para abertura elétrica da tampa traseira. Dois botões atrás dos comandos dos vidros fazem bloqueios "à prova de crianças" dos lados esquerdo e direito do banco de trás. Eles tornam inoperantes não apenas a janela, como também a maçaneta interna deixa de abrir a porta - e nem mesmo é possível regular a zona de ar-condicionado do lado correspondente. Todas as portas contam com fechamento servo-assistido: quando se bate a porta com pouca força, o sistema se encarrega de fecha-la. Além disso, elas também trazem refletores e trazem batentes inferiores que protegem as soleiras da sujeira. O e-tron dispõe de projeções luminosas no chão com o nome do carro ao abrir as portas dianteiras e traseiras, trazendo também as soleiras das quatro portas iluminadas.

Os bancos dianteiros do e-tron possuem ajustes elétricos, extensores manuais para a região das coxas e regulagens lombares em quatro direções. Para o motorista, existem duas memórias de posição. Os cintos de segurança são manualmente ajustáveis em altura e, neste exemplar sem o opcional de bancos "super esportivos", também é possível regular os encostos de cabeça - em altura e também na direção longitudinal. O revestimento dos assentos mescla couro e o material Dinamica (microfibra sintética).

Atrás, o encosto do banco traseiro é bipartido e o assento não dispõe de regulagens. Há duas redes para objetos atrás dos bancos dianteiros, duas cortinas laterais, cintos de três pontos e apoios de cabeça para três passageiros, além de três pontos de fixação Top Tether (atrás dos encostos) e dois locais de ancoragem Isofix, apoio de braço com dois porta-copos embutidos e mais um espaço sob o apoio, duas zonas independentes de ar-condicionado (com ajuste de temperatura, ventilação, modo automático, desligamento e bloqueio da operação traseira, além de saídas de ar nas colunas, no console e na região dos pés), bem como duas entradas USB do tipo C para carregamento e uma tomada de 12 Volts. Com a ausência de necessidade de eixo cardã para transferir força da dianteira para a traseira, o assoalho na traseira é praticamente plano, o que favorece o espaço para um terceiro ocupante, ainda que a acomodação das pernas seja parcialmente comprometida por conta do avanço do final do console central. Nas portas de trás, as janelas descem pouco menos de 2/3 de suas alturas.

O porta-malas do e-tron SUV é maior do que o do modelo Sportback: são 600 litros, contra 555 L no SUV-Coupé. A tampa pode ser aberta ou fechada de forma motorizada, e a cobertura de bagagem é do tipo "esteira", podendo ser puxada para trás ou ficar recolhida. Há duas barras de iluminação do porta-malas e um foco de luz embutido do lado direito da tampa traseira, além de alavancas para possibilitar o rebatimento dos encostos traseiros. Com a base inferior da abertura em metal e carpete macio no forro bipartido, o porta-malas traz ganchos de fixação móveis (que podem apoiar a rede para objetos) e duas cavidades nas laterais com redes que ajudam a acomodar objetos menores, sendo que do lado direito existe mais uma tomada de 12 Volts. Rebatendo-se os encostos dos bancos traseiros, a capacidade é ampliada para 1725 litros.

Levantando-se o forro é possível ter acesso ao estepe (com roda de ferro de 19 polegadas e pneu 185/70, que vem desinflado para poupar espaço sob o forro e deve ser utilizado a no máximo 80 km/h) e a uma prateleira para objetos. A parte interna da tampa traseira traz dois botões: o da esquerda fecha eletricamente a tampa, enquanto o botão à direita cumpre a mesma função e ainda trava o veículo - função útil para não precisar procurar a chave quando for necessário ir para outro lugar. A tampa do porta-malas também pode ser aberta e fechada com um gesto de chute "para a frente" com o pé abaixo do para-choque traseiro (não funcionou conosco, porém).

Esta versão do e-tron dispõe de dois motores elétricos que entregam 300 kW (equivalentes a 408 cavalos) e torque de 67,7 kgfm. São 135 kW de potência e 31,5 kgfm de torque na frente e 165 kW de potência e 36,2 kgfm no motor traseiro. Segundo a fábrica, o modelo acelera de 0 a 100 km/h em 5,7 segundos e chega à velocidade máxima limitada eletronicamente em 200 km/h.

A tração quattro regula automaticamente a distribuição de torque entre os dois eixos. Na maioria dos casos, o SUV usa principalmente o seu motor elétrico traseiro. Se o motorista pisar mais no acelerador, o torque é redistribuído, caso necessário, para o eixo dianteiro. Através do Audi drive select é possível escolher entre sete perfis de condução: Auto, Comfort, Efficiency, Offroad, Dynamic, Allroad e Individual. No modo Dynamic, é privilegiado o torque para o eixo traseiro, enquanto nos outros modos a distribuição é mais equilibrada entre ambos os eixos. Já o modo Individual permite regular a propulsão (eficiente, equilibrada ou esporte), suspensão (confortável, equilibrada ou esporte) e direção (confortável, equilibrada ou esporte).

O sistema de baterias de íons de lítio pesa cerca de 700 quilos e é composto por 36 módulos de alumínio, instalados de forma a reduzir o centro de gravidade da carroceria. A distribuição de peso é equilibrada em 50%/50% entre os eixos. Também há uma bateria de 12 Volts alimentada pelo conjunto de baterias de íons de lítio que alimenta os periféricos do veículo, como luzes externas e internas, instrumentos, sistema multimídia, entre outros. O peso do veículo é de 2595 quilos, com possibilidade de rebocar até 750 kg sem freios no trailer.

Sob o capô, sustentado por amortecedores e fechado com duas travas, existe um compartimento feito de plástico com tampa e iluminação que tem a capacidade adicional de 60 litros. O local é recomendado para guardar o carregador (Audi compact charger) e possui fundo em carpete e iluminação. Na parte dianteira do e-tron, também se tem acesso aos reservatórios do limpador de para-brisa (que traz uma peneira embutida), do fluido de freio e do líquido de arrefecimento das baterias (composto por 22 litros de água purificada e aditivo, que mantém as baterias na faixa de temperatura de 25º C a 35º C). Boa parte do cofre dianteiro possui capas plásticas.

O conjunto de suspensão é independente nas quatro rodas, com braços five-link nos eixos dianteiro e traseiro, além de ser pneumática e adaptativa, controlada eletronicamente em termos de altura do solo e amortecimento através do seletor Audi drive select. A depender da velocidade e do modo de condução selecionado, a altura em relação ao solo pode variar em até 7,6 centímetros. A parte inferior da carroceria possui uma placa de alumínio para proteger a bateria e contribuir com um melhor índice aerodinâmico.

Na corrente de 7,2 kW, é possível recarregar o e-tron de 0% a 100% em aproximadamente 13 horas. Com esta fonte de energia e segundo a marca, em 30 minutos é possível acumular autonomia de cerca de 17 km; em 1 hora, 33 km; em 4 horas, 132 km; em 6 horas, 198 km e, em 8 horas e 30 minutos, 280 km. Já com a corrente AC de 11 kW, uma carga de 30 minutos garante autonomia de aproximadamente 25 km; em 1 hora, 50 km; em 4 horas, 201 km; em 6 horas, 302 km e, em 8 horas e meia, 429 km.

Em estações de recarga ultra rápida de 150 kW, é possível carregar de 0% até 80% da bateria em 30 minutos. Conforme a Audi, em 5 minutos é possível acumular energia para rodar 55 km nesta corrente; em 15 minutos, a distância é de 174 km e, em 40 minutos, a autonomia chega ao nível máximo do ciclo WLTP (436 km). Porém, o alcance no padrão implantado em 2023 pelo Inmetro é de apenas 249 quilômetros. Além da recarga em redes externas, o SUV recupera energia ao tirar o pé do acelerador ou quando o pedal de freio é acionado. O e-tron pode ter ativada somente a ignição com energia gerada pela bateria de 12 Volts, estado em que o veículo ainda não está pronto para partir, mas já consegue ativar alguns dispositivos elétricos.

No quesito de segurança, o e-tron dispõe de oito airbags, controle de cruzeiro adaptativo em velocidades entre 0 e 200 km/h (podendo ser estabelecido a partir de 20 km/h), comutação automática do farol alto, assistente de permanência na faixa de rodagem, sistemas Audi pre sense front e Audi pre sense rear (reconhecem a iminência de uma colisão e regulam o tensionamento dos cintos dianteiros, o posicionamento de banco e o fechamento de teto solar e vidros), Exit Warning Assist (aviso de perigo quando os passageiros estão saindo do veículo, para que não "trombem" em ciclistas, pedestres ou outros veículos), Audi Side Assist (aviso de perigo de colisão em mudança de faixa) e Assistente de Tráfego Reverso (informa o condutor sobre a possibilidade de um acidente ao realizar uma manobra traseira, aplicando os freios caso necessário).

As cores de carroceria disponíveis para a versão Performance Black são discretas e incluem as opções Preto Brilhante (sólido), Azul Navarra (metálico; é a cor do carro de nosso test-drive), Branco Geleira (metálico), Cinza Crono (metálico), Prata Florete (metálico), Preto Mito (metálico) e Cinza Daytona (perolizado). Já os bancos em couro podem assumir a cor cinza ou preta.

Sem opcionais, o e-tron Performance Black tem preço de R$ 654.990 e conta com garantia de fábrica de 4 anos e de 8 anos para as baterias. Opcionalmente, o SUV elétrico pode receber carroceria com pintura metálica ou perolizada (+ R$ 2.600), pacote Tecnológico (inclui head-up display e visão noturna no quadro de instrumentos Night Vision Assist, por R$ 28.000), faróis com tecnologia Digital Matrix, que inclui luzes de seta dinâmicas e projeções dinâmicas ao inicializar e desligar o veículo (+ R$ 25.000), retrovisores externos com câmeras e telas de visualização nas portas dianteiras (+ R$ 15.000), pacote de bancos "super esportivos" revestidos em couro Valcona com encostos de cabeça integrados aos apoios das costas (+ R$ 19.000), capacidade de carga de até 22 kW através de corrente alternada (+ R$ 16.500), capas dos retrovisores externos em carbono (+ R$ 6.000) e, isoladamente, head-up display (+ R$ 16.000) e Night Vision Assist (+ R$ 21.000).

Confira os preços tabelados para as revisões do modelo:

1ª Revisão (10 mil km ou 1 ano): R$ 1.559,89

2ª Revisão (20 mil km ou 2 anos): R$ 1.870,61

3ª Revisão (30 mil km ou 3 anos): R$ 1.559,89

4ª Revisão (40 mil km ou 4 anos): R$ 1.870,61

5ª Revisão (50 mil km ou 5 anos): R$ 1.559,89

Poucos dias após nosso contato com o e-tron, o modelo passou por uma leve reestilização, e agora se chama Q8 e-tron. Do lado de fora, as mudanças foram leves e incluem novos estilos para grade dianteira, para-choques e rodas de liga leve. Na cabine, as padronagens dos bancos são novas. A maior mudança está na capacidade da bateria, ampliada de 95 para 114 kWh, o que permite aumentar a autonomia - conforme o padrão do Inmetro, a autonomia subiu de 249 para 332 quilômetros. O preço também aumentou um pouco e parte agora de R$ 669.990.

Ao longo do ano de 2022, 30 concessionárias da Audi em todas as regiões do Brasil (inclusive no Piauí, em outubro do ano passado) inauguraram eletropostos de carregamento rápido. Mais 20 carregadores rápidos, prioritariamente em postos Shell, estão prometidos para serem instalados até março de 2024 em diferentes regiões do País.

Impressões ao dirigir

A bordo do e-tron Performance Black, muitas das impressões sensoriais são semelhantes às que foram sentidas dentro do modelo S Sportback que dirigimos a praticamente um ano atrás. Ao entrar no carro e ajustar os espelhos, fica logo evidente a melhor visibilidade através do vidro traseiro do SUV, que é menos inclinado e preenche melhor o retrovisor do que em sua contraparte com estilo traseiro de cupê. O e-tron tem posição de dirigir razoavelmente elevada, e chama a atenção a amplitude da regulagem de distância da coluna de direção, além do excelente apoio proporcionado para as coxas e para a cabeça. Outro detalhe interessante é o fato de que a regulagem de altura pode ajustar o assento na extremidade das coxas e também na parte próxima à junção com o encosto das costas. Com pé no freio e dedo apertando o botão de ignição, o carro executa um aviso "ding-dong" e acende a luz "Ready" no quadro de instrumentos para informar que já está ligado. Ao alcançar cerca de 10 km/h, os cintos de segurança dianteiros "apertam" os ocupantes e depois soltam para melhor se ajustarem ao corpo das pessoas.

Os espelhos tradicionais tiram parte do futurismo do e-tron (e fazem com que a aerodinâmica da carroceria tenha uma ligeira piora), mas eles cumprem melhor com o dever de mostrar o que se passa em torno do veículo. Estes retrovisores ficam efetivamente na altura do olhar do motorista (com as câmeras, as imagens são exibidas em telas embutidas nos forros de porta, que obrigam o condutor a olhar mais para baixo). Outra vantagem aparece na indicação mais nítida do alerta de veículos em pontos cegos, com uma luz amarela incorporada na própria capa dos retrovisores. Quando há algum automóvel na região traseira e a seta é ligada, a luz pisca, alertando ao motorista sobre a proximidade de outro veículo.

O conjunto de suspensão garante um rodar surpreendentemente confortável para um carro com rodas de 21 polegadas. Neste sentido, o conjunto pneumático é bastante competente, assegurando também que o e-tron esteja sempre no prumo em curvas. O habitáculo é também muito silencioso, ouvindo-se mais notadamente o funcionamento do ar-condicionado e o rolar dos pneus sobre o asfalto, apesar de termos percebido pequenos rangidos plásticos no canto esquerdo do painel.

A direção tem boa empunhadura, com material bastante agradável para as mãos, e a assistência elétrica é correta: leve em baixas velocidades (sem ser boba) e até significativamente firme em velocidades altas, passando mais segurança ao motorista. O apoio para o pé esquerdo também contribui para o conforto de quem dirige. Os pedais trazem angulações nitidamente diferentes - e a modulação do freio agrada.

A operação da alavanca de câmbio é bem intuitiva: toques para a frente e para trás permitem os engates das posições R, N e D, nesta ordem. Para alcançar o modo Sport (ou alternar para Drive), basta pressionar com dois dedos a alavanca para trás. A surpresa negativa fica por conta da transmissão não acionar automaticamente o freio de estacionamento eletrônico quando o botão da posição Parking é pressionado, sendo necessário utilizar o botão no console. Já quando o câmbio é engatado em Ré ou Drive e o pedal do acelerador é pressionado, o freio de estacionamento é desacoplado. O sistema Auto Hold conta com acionamento automático quando o veículo fica parado, exigindo um pouco mais de atenção com a dosagem do pedal do lado direito para manobras em baixa velocidade.

A atuação do controlador de velocidade de cruzeiro é admiravelmente suave, mesmo com discrepância significativa entre a velocidade selecionada e a atual, e o sistema também dispõe da funcionalidade de permanecer parado atrás de um veículo no trânsito e acompanhar o seu movimento. Já o assistente de permanência em faixa inicialmente acende somente um ícone amarelo para lembrar o motorista da necessidade de permanecer com as mãos no volante e é capaz de esterçar o volante acompanhando o tracejado da pista.

O e-tron Performance Black pode não andar junto do S Sportback, mas também manda bem quando o assunto é performance (desculpe o trocadilho). O SUV pode não fazer você grudar no banco do mesmo jeito da (por assim dizer) saudosa versão com três motores elétricos, mas transmite muita agilidade principalmente nas retomadas de velocidade. E, no tempo de 0 a 100 km/h, ele chegou a superar o dado de fábrica em 0,3 segundo. Aqui, nem parece que se trata de um modelo com carroceria de mais de 2,5 toneladas. Veja aqui os números do nosso teste (com uma pessoa a bordo, cronometragem automática via GPS Acceleration, ar-condicionado desligado, câmbio em D, modo de condução dynamic e em ambiente seguro e sem veículos):

Aceleração de 0 a 100 km/h: 5,4 segundos
Retomada de 40 a 80 km/h: 3,2 segundos
Retomada de 80 a 120 km/h: 3,5 segundos

Condições do teste

Temperatura externa: 37º C
Altitude (estimada): 71 metros
Pressão dos pneus: não disponível
Nível de energia: aproximadamente 60%
Quilometragem do veículo durante os testes: 5306 km

Já no quesito de consumo de energia, o e-tron apresentou um gasto considerável (assim, aliás, como o S Sportback). Em nossa volta, que nem foi tão grande assim, o indicador de energia baixou de 75% para 50%. Confira os resultados:

Consumo médio de energia: 31,2 kWh/100 km
Distância percorrida: 75,4 km
Velocidade média (estimada): 12 km/h

Para concluir...

No Brasil, a Audi disponibiliza modelos em três estágios de eletrificação: desde os modelos com motor a combustão e conjunto elétrico de 48 volts, que podem ter o motor desligado em movimento a depender das condições, até os automóveis puramente elétricos - passando pelos híbridos plug-in, que podem ser recarregados na tomada ao mesmo tempo em que contam com o suporte do propulsor a gasolina. O e-tron pode até não ter sido o primeiro SUV elétrico disponibilizado para o mercado nacional, mas ajudou a pavimentar este segmento - e também a ampliar a infraestrutura para veículos recarregáveis na tomada em nosso País. Com linhas belas, acabamento bem-cuidado e lista interessante de equipamentos, além de ser mais barato do que seus rivais diretos BMW iX (R$ 699.950) e Mercedes-Benz EQC (R$ 693.900), o e-tron Performance Black ainda é uma alternativa que merece um test-drive.

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