BYD Han EV: este sedã elétrico de luxo impressiona em cada detalhe!


Texto e Fotos | Júlio Max, de Teresina - Piauí

O público consumidor dos sedãs executivos é seleto, exigente e... conta com cada vez menos opções de modelos disponíveis no Brasil. A BYD (Build Your Dreams), que atualmente está ampliando seu portfólio de veículos elétricos e híbridos em nosso País, tem o Han EV como seu porta-estandarte - ele foi o segundo modelo da linhagem de automóveis de passeio a estar disponível para venda no mercado nacional, depois do Tan EV. Além de ser 100% recarregável em tomadas de energia, este modelo incorpora uma série de atributos interessantes: é um carro que preza pelo conforto dos ocupantes ao mesmo tempo em que entrega performance surpreendente. O Auto REALIDADE teve a oportunidade de passar três dias convivendo com este modelo, cujo nome faz referência à dinastia chinesa (202 a.C - 9 d.C/25 - 220 d. C), e agora relata as impressões sobre ele!

O estilo do Han 2023 incorpora novidades em relação ao modelo anterior, que chegou ao Brasil em abril de 2022. O emblema com as letras cromadas da BYD foi aplicado em diversos pontos do sedan (no lugar do logo da dinastia Han, que agora só permanece sobre a capa que esconde os componentes elétricos), como na dianteira, nas rodas, na traseira e no volante. O estilo também traz detalhes mais refinados. No ângulo frontal, a principal mudança está no estilo do para-choque dianteiro, que incorpora estilo mais agressivo para as passagens de ar ao centro e nas laterais. A parte inferior, logo abaixo da placa do veículo, abriga a câmera dianteira (que faz parte do conjunto de seis câmeras em 360 graus) e o radar que auxilia na condução do veículo.


O design da carroceria segue a filosofia Dragon Face, que leva a assinatura do diretor de design Wolgang Egger. Os faróis Full LED trazem três projetores e três pontos de luz azul de cada lado, iluminação de conversão e luzes de seta dinâmicas que se transformam em luzes de posição quando não estão em uso. As lentes se "infiltram" pela barra prateada que estampa o logotipo da BYD ao centro (há um feixe de luz logo abaixo dessa barra, o que garante uma "assinatura luminosa" mais futurista). Ao travar e destravar o carro, os faróis acendem de forma dinâmica, em animação.


Visto de lateral, o Han 2023 ostenta rodas de 19 polegadas redesenhadas, com detalhes pretos e prateados, calçadas com pneus Michelin Pilot Sport 4 de perfil 245/45, que devem receber 36 libras. As caixas de roda dianteiras e traseiras são acarpetadas. A altura em relação ao solo é de 12,5 centímetros. As maçanetas externas ficam embutidas às portas quando o veículo é travado e "ejetam" quando está destravado. Por motivos de segurança, estas maçanetas sempre se recolhem cerca de dois minutos depois de fechada a porta por dentro. Ao invés de cromados, o Han traz muitos detalhes em prata acetinado, que estão nas molduras das janelas laterais, nos frisos da parte inferior das portas, nas "flechas" que nascem nos para-lamas dianteiros (com o emblema BYD Design) e na moldura inferior das capas dos retrovisores (que também incorporam luzes de seta e câmeras de visão em 360 graus). O para-brisa é polarizado e os vidros dianteiros são laminados. Além disso, as quatro portas dispõem de focos de iluminação em suas partes inferiores.


Aliás, o retrovisor do lado do motorista incorpora um sensor que lê dispositivos e cartões NFC, permitindo abrir, travar e ligar a ignição do veículo por meio do método de autenticação do próprio aparelho. O cartão é do tamanho aproximado de um cartão de crédito. A tecnologia NFC (Near Field Communication, ou campo próximo de comunicação) permite a aproximação de dois dispositivos para que troquem informações sem fios.


Atrás, destacam-se as lanternas inteiriças ao estilo Dragon Claw, que também possuem piscas dinâmicos e se acendem com animações no travamento e destravamento do carro. Elas são visualmente unidas por uma barra; logo abaixo, está a inscrição Build Your Dreams ("construa seus sonhos", em português). A tampa do porta-malas também possui os logotipos "EV" (no lado esquerdo) e "Han 3.9S" (em referência ao tempo de aceleração de 0 a 100 km/h declarado pela fábrica para este modelo). A iluminação de placa também é de LED.


A carroceria tem comprimento de 4,995 metros, largura de 1,91 m, altura de 1,495 m e distância entre-eixos de 2,92 metros, com o notável coeficiente aerodinâmico (Cx) de 0,233.


O interior do Han também se destaca pelo estilo ousado, com integrações entre o painel e os forros de porta, além de trazer iluminação que pode ter a cor e a intensidade ajustadas pelo sistema multimídia. Estes focos de iluminação estão na superfície do painel acima da tampa do porta-luvas, em filetes dos forros das quatro portas e da parte central do painel, além dos pés dos ocupantes dianteiros. As saídas de ar laterais do painel lembram a arquitetura da época da dinastia Han e o console central elevado concentra boa parte dos (poucos) comandos físicos distribuídos pela cabine, iluminados na cor azul-ciano.


O acabamento interno é admirável e emprega materiais macios ao toque no painel (exceto na borda do para-brisa e ao redor do head-up display), desde a parte superior até a seção inferior em direção aos pés (inclusive a tampa do porta-luvas é macia) e da parte de cima das portas dianteiras e traseiras, além de couro Nappa (nas cores Red Clay ou, como no carro das imagens, Qi Lin Brown) nos revestimentos dos bancos, painéis de porta e apoios de braço, bem como volante em material sintético, tecido macio no forro de teto (inclusive nos para-sois e no forro atrás dos bancos traseiros), detalhes em alumínio e madeira maciça nos quatro forros de porta, no console e no painel, com texturas que lembram os modelos da Mercedes-Benz. Mesmo as colunas entre as janelas trazem finas camadas de tecido, e os fechos dos cintos dianteiros trazem carpete. O veludo marca presença nos porta-objetos da parte esquerda inferior do painel, no porta-óculos, no porta-luvas, e nos porta-trecos sob os apoios de braço dianteiros e traseiros. Há ainda vários fundos emborrachados: nas fendas dos puxadores das quatro portas, nos porta-objetos das portas dianteiras, no carregador por indução, nos porta-copos dianteiros e sob os apoios de braço dianteiros.


O volante traz base achatada e moldura em preto-brilhante com o nome "DiPilot" na parte inferior. Do lado esquerdo há botões para ativação das câmeras em torno do veículo, para rotação elétrica da tela do sistema multimídia, para operação do controlador de velocidade de cruzeiro e para regulagem de distância do veículo à frente. À direita estão os comandos de telefone/Bluetooth, comandos de voz, seleção de modo da fonte de som e volume, além de operação do computador de bordo (quando as informações deste são alteradas, o botão de volume passa a servir para passar as informações para baixo e para cima). A coluna de direção ajusta em altura e profundidade de forma elétrica (por botão na lateral esquerda) e o aro do volante é revestido em dois tons de couro, com costuras aparentes.


O quadro de instrumentos com tela digital de 12,3 polegadas possui os modos de visualização Classic (com semi-círculos) e Fashion (com grafismos que preenchem mais as bordas da tela), mas a organização dos dois layouts é semelhante. À esquerda é exibida a quantidade de potência (em kW) consumida, acompanhada do gráfico que registra se o carro está gastando mais energia (Power, em vermelho), sendo conduzido de forma econômica (Eco) ou se está regenerando energia (Charge, em verde). Já o lado oposto mostra o velocímetro, junto com o ícone de reconhecimento de placas de velocidade. A parte superior da tela traz informações como relógio, posição do câmbio, modo de condução (Eco, com borda superior azul; Normal, sem cor de borda, e Sport, com borda vermelha) e de regeneração de energia, bússola, informações de som e temperatura externa; abaixo é possível ver o percentual de bateria e a autonomia estimada, que varia conforme o modo de condução selecionado. No canto inferior direito está a informação de distância percorrida A ou B, além do hodômetro total. Ao centro da tela é possível selecionar entre as seguintes funções:
  • Alterar o layout de visualização dos instrumentos (Clássico, com semi-círculos, ou Moda, com grafismos que acompanham o formato da tela);
  • Alterar a temperatura do ar-condicionado (no menu seguinte é possível ajustar a ventilação, em sete níveis);
  • Status do veículo;
  • Cronômetro de aceleração (só pode ser ativado com o modo de condução Sport: permite realizar o "launch control", que otimiza o carro para aceleração e, ao final, exibe os tempos de aceleração de 0 a 50 km/h e de 0 a 100 km/h mais recentes);
  • Menu de informações: permite ver o consumo médio de energia nos últimos 50 quilômetros, o consumo médio cumulativo, a pressão e temperatura de cada um dos pneus, além do tempo de viagem e da velocidade média.
  • Limitador de velocidade (permite ajustar entre 60 e 240 km/h, de 10 em 10 km/h);
  • Ao ativar o piloto automático adaptativo, é possível ver gráficos relacionados ao reconhecimento de faixas e veículos à frente;
  • Também há indicador individual de portas abertas, que também exibe porta-malas ou capô abertos, e aviso de cintos de segurança desafivelados, que se baseia pelo peso dos ocupantes nos bancos dianteiros e traseiros, emitindo alerta sonoro no caso dos cintos dianteiros não estarem afivelados. Caso um celular esteja sobre a superfície do carregador por indução ao desligar o veículo, uma mensagem é exibida para que o ocupante lembre de buscar o telefone. Em caso de janela esquecida aberta ao desligar, também é exibido um alerta.

O Han traz como novidade da linha 2023 o Head-up Display, que projeta no para-brisa informações relevantes de condução, minimizando distrações ao motorista. O item pode ser ajustado em altura, brilho e rotação através da central multimídia, podendo exibir caracteres na cor branca ou azul (este último é considerado o "modo neve", para evitar a confusão em meio ao branco do gelo).


A haste de luzes concentra as posições desligado (com o veículo ligado, as luzes de posição ficam acesas mesmo neste modo), de acendimento automático (incorpora a função de comutação automática do facho dos faróis, caso esta função esteja ativada no sistema multimídia), luzes de posição acesas ou faróis baixos acesos, sendo que há um comando secundário para o acendimento da luz de neblina traseira. Ao regular a posição do acendimento dos faróis, um aviso pop-up surge na tela do quadro de instrumentos. A altura do facho dos faróis é regulada pelo sistema multimídia. Um botão na ponta da haste permite alternar entre trip A, B ou hodômetro. Ao dar um leve toque na seta, sem aciona-la até o clique, as luzes piscam três vezes. O tique do pisca é um dos barulhos internos que podem ser modificados no pacote de sons (Padrão, mais tradicional, e Marca, que soa mais futurista).


Já a haste dos limpadores dianteiros concentra as posições de funcionamento somente enquanto a alavanca estiver deslocada, além do modo automático (o sensor de chuva pode ter sua intermitência variável regulada em quatro níveis) e dos acionamentos contínuo lento ou contínuo rápido.


O Han traz o sistema multimídia DiLink com tela sensível ao toque de 15,6 polegadas, resolução 1920 x 1080 e rotação elétrica, podendo ficar na vertical ou na horizontal. Assim que o monitor assume o novo posicionamento, a interface também se adapta e realiza a rotação automática. Diversas configurações do veículo podem ser acessadas pelo aparelho (através dos menus DiLink, DiPilot, Nova Energia, Configurações do Veículo e Saúde do Veículo), e é possível até mesmo fazer capturas de tela da central. No lugar do tradicional espelhamento de conteúdo de celular, a BYD preferiu dotar o DiLink de aplicativos instalados no sistema com Wi-Fi integrado para utilização sem necessidade de aproveitar os dados móveis do smartphone. Entre os apps nativos, estão: Navegação GPS (inclusive com carregadores e rotas possíveis com a carga do veículo), Spotify, rádio AM e FM, reprodutor de áudio e vídeo (as imagens só são exibidas com o câmbio na posição Parking), entre outros. O aparelho dispõe de 128 GigaBytes de memória para armazenamento interno - e a capacidade pode ser ampliada através de um cartão de memória SD.


As câmeras externas de visão em 360 graus, que complementam a atuação dos sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, podem ser conferidas pela central multimídia, com opções de imagem do veículo em 3D rotacionável e com opção de "carroceria transparente", acionamento com o carro em movimento (abaixo de 10 km/h, com exibição até 30 km/h) e também múltiplas visões em duas dimensões. A cor do carro em 3D pode ser modificada, e a imagem do veículo também reproduz luz de freio, brake-light e setas.


No menu de ar-condicionado é possível gerenciar as temperaturas para motorista e passageiro da frente, com regulagem de 1 em 1 grau Celsius (de 18 a 32° C), além da purificação de ar (com filtro PM2.5), ionizador, desembaçadores dianteiro e traseiro (este último também desembaça os espelhos externos) e aquecimento do volante (em um nível) e aquecimento ou ventilação (ambos em dois níveis) dos bancos dianteiros e laterais traseiros.


O sistema de áudio Dynaudio conta com otimização de som e 12 alto-falantes (sendo um no painel, dois em cada uma das quatro portas, mais dois no tampão traseiro e o subwoofer no porta-malas), oferecendo qualidade admirável de reprodução, com ampla definição de graves, médios e agudos em alto ou baixo volume. Há também quatro microfones no teto, que garantem boa qualidade de áudio nas chamadas e gravações de vídeo. As luzes internas coloridas (presentes na parte direita e no filete central do painel, além da iluminação para os pés na frente e dos feixes de luz nas portas dianteiras e traseiras) podem se acender conforme o ritmo da música e com seleção de cores automática ou determinada pela tela.


O início do console central é curvado e traz uma tampa retrátil - que, quando aberta, revela dois porta-copos, um porta-objeto adequado para acomodar um celular e duas entradas USB (uma do tipo A e outra do tipo C, ambas para carregamento).


A alavanca de câmbio é acionada de forma shift-by-wire, com pomo da alavanca em preto-brilhante e retroiluminação azul-ciano, contendo as posições da transmissão (o Parking é acionado por botão próprio). Toda vez que a posição de marcha for mudada, deve-se apertar o botão lateral Unlock. Logo atrás desta alavanca fica o botão de partida (que pulsa momentos após a porta do motorista ser aberta) e, em seguida, o botão do freio de estacionamento eletrônico. Do lado esquerdo estão os botões de pisca-alerta (acende quando apertado), sensores de estacionamento, controle de estabilidade e Auto Hold. À direita ficam os botões de volume e mudo/liga-desliga do sistema multimídia, além dos comandos simplificados do ar-condicionado (modo automático, on/off e desembaçador dianteiro). Atrás, ficam os ajustes de regeneração de energia (Standard/Larger) e a seleção do modo de condução (Sport, Eco e Normal), além de botão dedicado ao modo Neve, indicado para pisos escorregadios.


O carregador de celular por indução (sem fio) fica bem próximo dos dois apoios de braço dianteiros, que podem ser abertos individualmente. Com ambos levantados, eles dão acesso a um porta-objetos com superfície que pode carregar a chave presencial e que abriga duas entradas USB-A (uma para dados e outra para carregamento), uma entrada para cartão de memória SD e uma tomada de 12 Volts/120 Watts. Logo abaixo destas entradas há ainda um raso porta-trecos.


O porta-luvas traz tampa amortecida, iluminação e revestimento de veludo. Através da lâmina embutida na chave, ele pode ser travado.


Acima do retrovisor interno eletrocrômico há uma câmera interna que pode fazer, editar e compartilhar fotos (de 2 Megapixels) e vídeos (em formato MP4 e com resolução 1920 x 1080) dos ocupantes. Por motivos de segurança, a câmera só funciona quando a alavanca de câmbio está em Parking (se um vídeo estiver sendo gravado, ele é cortado 10 segundos depois do câmbio sair da posição P), e o modo foto sempre possui temporizador (de 3, 5 ou 10 segundos). Para pessoas desconfiadas, a lente da câmera pode ser coberta com uma capa plástica corrediça. 


O console de teto incorpora um porta-óculos revestido em veludo, duas luzes de leitura (acendem ao tocar na lente) e os comandos sensíveis ao toque para operação elétrica da persiana e da abertura da parte frontal do teto solar panorâmico, que dispõe de função anti-esmagamento e desliza para fora da capota, com defletor de vento na dianteira que levanta assim que o vidro é aberto. Há três alças de teto para os passageiros e os dois para-sóis trazem espelhos com tampas corrediças, iluminação e porta-documentos.


Os bancos elétricos dianteiros podem ser aquecidos e ventilados em dois níveis. Para o motorista, há ajustes de distância, altura (tanto da parte frontal quanto da junção com o encosto), inclinação do encosto e regulagem lombar em quatro direções, além de duas posições de memória (o botão "Set" permite salvar um posicionamento para banco do motorista, volante e espelhos externos). Para o passageiro dianteiro, também há regulagens elétricas de inclinação, altura (somente em uma direção), distância e ajustes lombares em quatro direções. Existem ainda dois botões redundantes na lateral esquerda para inclinação e distância deste banco, em um posicionamento alcançável pelo ocupante que senta logo atrás. Ao abrir alguma das portas dianteiras, tanto o banco do motorista (e o volante) como o banco do passageiro recuam eletricamente para que haja mais espaço no embarque e desembarque do veículo.


Na porta do condutor estão os comandos de retrovisores externos elétricos (incluindo rebatimento), travamento e destravamento das portas (uma luz vermelha acende quando travado), acionamento dos vidros elétricos por um-toque para subir e descer (o bloqueio das janelas e portas traseiras atua em conjunto e pode afetar apenas para o lado esquerdo ou direito) e abertura (porém não fechamento) da tampa do porta-malas. As soleiras são prateadas e trazem o nome da marca.


As portas traseiras trazem botões que juntam acionamento dos vidros e ajuste de inclinação para os bancos laterais traseiros. Quem senta atrás do lado direito consegue até mesmo afastar o assento à frente. Há duas saídas de ar no final do console (e também para os pés), com display sensível ao toque no fim do console, que exibe relógio e permite regular temperatura e ventilação, além de usar o modo automático de funcionamento. Porém, não se trata de uma terceira zona de ar-condicionado: a regulagem afeta a climatização na dianteira (se o ar-condicionado estiver "dessincronizado", a regulagem é feita na zona do motorista). O espaço para cabeça é agradável e, para as pernas, o conforto é excepcional. Diferentemente da maioria dos sedãs de luxo, normalmente limitados a quatro ocupantes (uma eventual quinta pessoa viajaria apertada), o Han consegue efetivamente acomodar cinco pessoas, graças ao túnel central pouco elevado. Porém, ainda assim, é recomendável que a pessoa que ocupe o meio do banco traseiro seja mais baixa: o assento é mais alto do que nas pontas e existe um ressalto no forro de teto que toma espaço. Curiosamente, apenas o encosto de cabeça do ocupante do meio do banco traseiro é regulável em altura - todos os outros bancos trazem encostos inteiriços.


Ao baixar o encosto do assento do meio como se fosse um descansa-braço, os ocupantes encontram mais uma tela multifuncional e sensível ao toque, por meio da qual podem controlar diversos comandos do veículo, como sistema de som/mídia, ajuste da iluminação ambiente, regulagem elétrica dos bancos dos passageiros dianteiro e traseiros (incluindo ventilação e aquecimento para os assentos atrás), abertura da persiana/teto solar, configurações da tela e ajustes do ar-condicionado. Diferentemente do quadro de instrumentos e do sistema multimídia, traduzidos para o português, esta tela exibe informações em inglês. Embutidos atrás do encosto de cabeça do meio estão dois porta-copos com garras flexíveis e abaixo do apoio de braço há um porta-objetos revestido de veludo com mais duas entradas USB-A para carregamento. Não é possível rebater os bancos traseiros, mas existe um acesso ao porta-malas através de uma tampa junto do apoio de braço. Há também capas retráteis e levemente emborrachadas para guardar revistas, pontos de iluminação de teto próximos às alças e ganchos fixos.


A chave presencial do Han traz laterais curvas e quatro botões para abertura do veículo (as portas são travadas caso não sejam abertas em um intervalo de 30 segundos), travamento, abertura da tampa do porta-malas (ao apertar duas vezes; se as portas estiverem fechadas, elas permanecem assim) e partida remota para operação do ar-condicionado (pode ficar ligado de 10 a 30 minutos).


O porta-malas dispõe de espaço para 410 litros e conta com tampa que abre e fecha eletricamente, podendo ser operada através do Foot Sensor (sensor de movimento dos pés sob o para-choque traseiro). Porém, não conseguimos operar este sistema no exemplar avaliado. Ao invés de estepe, o sedã dispõe de um kit de reparo para pneus, que inclui compressor de ar, líquido veda-furos e até mesmo uma roupa refletiva, para facilitar a visualização da pessoa caso ela precise sair do carro à noite. Com o pneu vedado, a BYD recomenda que a velocidade seja de no máximo 80 km/h. As alças da tampa se movimentam por dentro de um forro, evitando o risco de uma bagagem ser amassada. O compartimento de bagagem traz dois focos de iluminação, revestimento até na parte de cima do forro e o subwoofer do sistema de som. A tampa traz dois botões: um para fechar a tampa e outro para fechar a tampa e travar o veículo - uma função interessante para evitar procurar a chave do carro nas situações em que a intenção é deixar objetos no porta-malas e sair do veículo em seguida.


Entre os itens de segurança e tecnologia, um dos destaques é o controlador automático adaptativo de velocidade de cruzeiro com função Stop & Go, que acelera e desacelera o veículo acompanhando o carro à sua frente, sem o motorista precisar intervir nos pedais (atua de 30 a 150 km/h). Também há controle de estabilidade (que atua reduzindo a aceleração do carro, mesmo que o motorista esteja com o pé totalmente no pedal direito, ao mesmo tempo em que aplica o freio numa única roda, de modo a não permitir derrapagens), detecção para abertura de portas (que monitora as condições traseiras do veículo e dá sinais de alerta sobre pontos cegos, reduzindo o risco de acidente durante a abertura das portas), monitoramento de veículos em pontos cegos com alerta de tráfego cruzado dianteiro e em marcha à ré, alerta de colisão frontal com identificação e proteção de pedestres, aviso de saída de faixa e auxiliar de permanência na pista (atuam a partir de 60 km/h), 9 airbags (dois frontais, dois laterais dianteiros, dois laterais traseiros, dois de cortina e um para os joelhos do motorista), pré-tensionadores dos cintos dianteiros e traseiros (com sistema elétrico ativo na frente), assistente de partida em ladeiras, freios ABS, sensor de pressão dos pneus e fixações Isofix/Top Tether para cadeirinhas infantis.


O BYD Han EV conta com dois motores elétricos para enviar força para as quatro rodas conforme a demanda. A potência combinada é de 517 cavalos e 71,4 kgfm de torque (mesma potência do Tan EV e o maior torque entre os modelos da Build Your Dreams oferecidos no Brasil). A energia elétrica é armazenada pela bateria Blade de 85,4 kWh, que fornece autonomia de 602 quilômetros, conforme o ciclo NEDC, ou 349 km de acordo com o padrão nacional PBEV do Inmetro, que aplica uma redução de 30% sobre o valor da autonomia verificada em testes de laboratório. Segundo a marca, em uma corrente contínua de 120 kW, o sedan pode ser recarregado de 30% a 80% em 34 minutos. Já em corrente alternada de 6,6 kW, o carregamento é feito em 12 horas. Conforme a marca, o Han EV pode acelerar de 0 a 100 km/h em 3,9 segundos e atinge a velocidade máxima de 186 km/h - vale dizer que o sedan tem peso em ordem de marcha de 2250 quilos.


O conjunto de suspensão é independente nas quatro rodas, com esquema McPherson na dianteira e multi-link na traseira. O assoalho do Han EV traz chapas aerodinâmicas sob a carroceria.


Os freios a disco dianteiros são ventilados e perfurados, com pinças Brembo. Atrás, os freios também são a disco, mas sem os diferenciais vistos na dianteira. Segundo a marca, o Han freia de 100 a 0 km/h em 32,8 metros. É possível usar o freio de estacionamento eletrônico para parar completamente o sedan, com força de frenagem de 0,4 g (apertando simultaneamente este botão e o pedal de freio, a força chega a ser de 0,8 g).


O capô é sustentado por amortecedores pneumáticos e traz manta de isolamento acústico. Para abri-lo, puxa-se duas vezes a alavanca na parte inferior do painel. Para fecha-lo corretamente, o recomendado é fazer força a partir dele aberto na posição mais alta. Abaixo dele estão carenagens plásticas que cobrem praticamente todos os componentes - somente três reservatórios ficam com suas tampas "à mostra". A capa plástica esconde o acesso aos componentes de alta tensão.


A portinhola para carregamento fica no para-lama traseiro direito, com proteção emborrachada para as entradas AC (Tipo 2) e DC (CCS 2). Ao empurrar e abrir a tampa (que é travada e destravada junto com as portas), há iluminação logo acima dos conectores. Ela é branca quando a portinhola é aberta; quando há a conexão e o status de carga está em espera, a iluminação fica amarelada; quando o carro está carregando, a cor passa a ser verde.


O Han EV tem preço de R$ 539.990 e está disponível nas cores Preto, Azul, Vermelho, Branco (cor do carro da matéria, com efeito perolizado) e Cinza. A garantia é de cinco anos para o veículo (ou 500 mil quilômetros) e de oito anos para as baterias.

Impressões ao dirigir


Entrar e dirigir o Han EV é um ritual com muitas tecnologias envolvidas. Para começar, a maçaneta externa ejeta quando o carro é destravado - a mão puxa a peça para trás, em um movimento natural. Os bancos dianteiros e o volante recuam eletricamente para o nível mais afastado possível, a fim de facilitar o entra-e-sai. O som do fechar das portas é bastante abafado. Ao inserir o cinto de segurança, ele dá um aperto no ombro do ocupante dianteiro e lentamente vai liberando até o nível mínimo de folga. Como é de praxe em veículos elétricos, a partida é feita de forma bastante silenciosa - não existe no Han um modo somente de ignição ligada, então as telas em operação ajudam a identificar mais facilmente que o carro está ligado.


A luz-espia OK no quadro de instrumentos indica que já é possível partir com o Han. De 0 a 30 km/h, um som (que pode ser um "zumbido" sintetizado ou notas musicais chinesas, dependendo do modo sonoro escolhido) é emitido para que os pedestres possam saber que um carro elétrico está se deslocando em baixa velocidade. De ré, o alerta também soa. Basta apertar o botão na lateral do câmbio e deslocar a alavanca para trás para entrar em Drive e partir - o freio de estacionamento é automaticamente desativado ao pisar no acelerador e entra em ação sempre ao apertar o botão Parking no painel.


A direção tem diâmetro de giro de 12,3 metros - medida bem razoável para um carro com suas dimensões. Na prática, é possível fazer retornos com boa previsibilidade, ainda que os cinco metros de comprimento exijam certa atenção em lugares mais apertados. A assistência elétrica da direção é bastante agradável, tanto no modo esportivo quanto no conforto: ela é leve sem ser molenga, e passa segurança a quem dirige. Porém, a buzina é difícil de acionar "de leve". A espessura e o formato do aro, que encaixa nos dedos, são bastante agradáveis para o tato.


O conjunto de suspensão se esforça para absorver bem as irregularidades do piso - aliás, nem parece que o Han tem rodas de 19 polegadas e pneus de perfil baixo. Os baques do piso são bem-absorvidos, ainda que certas chacoalhadas sejam sentidas. Além disso, a atuação do Auto Hold é bastante suave - e outra comodidade interessante é o fato de que este sistema é automaticamente desativado quando são detectadas manobras de baixa velocidade, livrando o motorista de ter que procurar este comando no console para desligar. Mais um fator que se destaca é o silêncio dentro da cabine.


Um fato curioso é o de que, quando o carro está saindo da faixa sem dar seta, o aro do volante pulsa por dentro na direção que deve ser corrigida. Caso habilitado, o sistema de auxílio à permanência na faixa realiza correções no volante para manter o sedã na trajetória. A atuação do piloto automático adaptativo é boa e permite quatro opções de distanciamento do veículo à frente. Mesmo no nível mínimo, a margem de segurança mantida é ampla. Chamou a atenção o fato de que o leitor de placas de velocidade foi capaz de identificar até mesmo uma indicação parcialmente oculta pelas folhas de uma árvore.


Os retrovisores externos e interno proporcionam amplo campo de visão - os encostos de cabeça interferem pouco na vista. A indicação de veículos em pontos cegos surge tanto por luzes amarelas nas lentes dos espelhos externos quanto por um grafismo vermelho na tela de identificação do trânsito no quadro de instrumentos. Nas manobras de ré, os dois espelhos externos se rebatem para baixo para auxiliar na visibilidade (o comum é que apenas o espelho direito se movimente). Além disso, as câmeras de visão em 360 graus, com suas variadas modalidades de visão, auxiliam bastante na identificação do ambiente no entorno do sedã. A iluminação de LED permite ampla visão em ambientes escuros e, ao fazer curvas em baixas velocidades, fica ativa a iluminação projetada para as laterais.


O desempenho do Han é bastante surpreendente: existe até mesmo um modo específico para melhor extração de desempenho no menu do cronômetro do veículo, que otimiza a entrega de força (fora deste modo, o melhor número que conseguimos para a aceleração de 0 a 100 km/h foi de 4,5 segundos). Além de acelerar com muito ímpeto, o Han também se destaca no quesito de frenagem, parando em espaços menores do que o motorista imaginava. Não conseguimos chegar ao "número mágico" dos 3,9 segundos na prova de aceleração de 0 a 100 km/h, mas ficamos muito próximos disso. Os resultados fazem com que o sedã da BYD assuma o posto de carro mais rápido já testado pelo Auto REALIDADE, desbancando o Audi e-tron S Sportback que dirigimos em agosto do ano passado. Nas acelerações feitas com o cronômetro ativado, o Han chega a executar trancos bastante acentuados em determinadas velocidades, como se fossem trocas de marcha. Confira agora os resultados (as acelerações foram registradas pelo software do próprio carro e a retomada teve o registro feito pelo aplicativo GPS Acceleration, sempre em pista sem tráfego de veículos, com ar-condicionado desligado, cronometragem automática, somente o motorista a bordo e uso do modo Sport).

Aceleração de 0 a 50 km/h: 1,6 segundo
Aceleração de 0 a 100 km/h: 4,0 segundos
Retomada de 80 a 120 km/h: 2,8 segundos

Condições do teste

Temperatura externa: 27° C
Altitude (estimada): 71 metros
Pressão dos pneus: 33,3 psi (esquerdos)/32,9 psi (direitos)
Nível de energia: 33%
Quilometragem do veículo durante os testes: 2827 km


Em relação à atuação dos assistentes de condução, o Han bem que poderia receber alguns aprimoramentos. Várias vezes, em trechos de linha reta e com poucas correções de trajetória, o carro emitiu um alerta sonoro estridente informando que era necessário por as mãos no volante, mesmo estando com elas sobre a direção. Com isso, o motorista precisa mexer ligeiramente o volante para um lado e para outro na tentativa de fazer cessar o alerta (que geralmente volta a se manifestar em pouco tempo). Sente-se a falta de um modo de condução por "um-pedal", com maior desaceleração para regeneração de energia (a ponto de fazer com que, na prática, se utilize mais somente o pedal do acelerador), pois o modo de regeneração Larger até inicia uma desaceleração mais intensa do que no modo Standard, porém sempre faz o carro andar para a frente - se serve de consolo, a modulação do pedal de freio é adequada no sedã.


Carregamos o Han EV em duas ocasiões durante nosso período de convivência. Na primeira oportunidade, utilizamos um carregador de corrente AC que iniciou a entrega de energia por volta de 6,7 kW, mas terminou enviando menos de 1 kW. O nível de carga subiu de 33% para 40% em uma hora e dez minutos. Já na segunda vez, conseguimos utilizar o carregador ultra-rápido de 150 kW disponível na Audi Center Teresina. Nesta ocasião, a potência de carga efetivamente transmitida ao veículo começou a 122,9 kW, mas foi sendo gradativamente reduzida até o nível final de 11,5 kW. No total, foram 75 minutos para carregar 74,88 kWh (de 26% a 100%). Em relação ao consumo de energia, até que o Han teve um gasto condizente com seu segmento. Ao devolver o carro com 85% de carga, a estimativa era de que o sedã poderia rodar mais 482 quilômetros no modo Eco.

Consumo médio de energia: 23,6 kWh/100 km
Distância percorrida: 284,3 km
Velocidade média (estimada): 17 km/h

Para concluir...


Com o Han, a BYD tem uma vitrine e tanto do que a marca é capaz de produzir. É um carro bonito, que rendeu vários olhares e elogios por onde passou; também usa materiais refinados na parte interna e, além de oferecer um nível surpreendente de conforto aos ocupantes, também é um modelo que entrega performance capaz de deixar qualquer pessoa boquiaberta. Tudo isso aliado a uma longa lista de equipamentos de comodidade e segurança. E, se formos considerar que todos os sedãs elétricos que possuem níveis similar de desempenho e luxo ao deste BYD estão custando mais de R$ 700 mil, acredite: os R$ 539.990 pedidos pelo Han até são justificáveis...

Vem conferir a Galeria de Fotos do BYD Han EV!








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