No ano de 2023, a Volkswagen celebra, pela primeira vez, o Dia Internacional da Kombi, em 02 de junho. A "Velha Senhora" marcou o início das atividades da marca no País, há 70 anos. Sua montagem começou em 1953, em um galpão no bairro do Ipiranga, em São Paulo. A partir de 2 de setembro de 1957, passou a ser efetivamente produzida no Brasil, na fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, com 50% de componentes nacionais – índice que passaria para a 95% em 1961.
A Kombi foi o primeiro veículo fabricado pela Volkswagen do Brasil, antes mesmo do popular Fusca. Também foi o primeiro automóvel feito pela empresa fora da Alemanha. A marca mantém quatro unidades da Kombi expostas no acervo da Garagem VW, que fica dentro da fábrica Anchieta. A primeira Kombi ficou conhecida pelo apelido Corujinha, em referência ao estilo de sua frente, e a unidade que faz parte do acervo da Garagem VW traz pintura saia-e-blusa, combinando o Vermelho Calipso com o Branco Lótus. Este exemplar é do ano de 1961 e, em 2012, foi comprado de um colecionador, passando posteriormente por uma restauração completa. Anos depois, em 2019, a unidade se juntou ao acervo de clássicos para a inauguração da Garagem VW, onde segue até hoje. Trata-se do automóvel mais antigo do acervo.
Devastada durante a Segunda Guerra Mundial, a Stadt des KdF-Wagens ("cidade do KdF-Wagen", que foi o primeiro nome oficial do Volkswagen Sedan/Fusca até o término do combate) voltou a funcionar inicialmente como oficina de reparos para veículos militares antes de retomar a produção civil, em dezembro de 1945, já renomeada para Wolfsburg. Para resolver a escassez de empilhadeiras dentro da fábrica ainda em reconstrução, foi criado o Plattenwagen: sobre o chassi de Fusca, era aplicada uma chapa longitudinal (daí o nome "platten", que pode ser traduzido como prancha), com o motorista à frente. Este era o embrião da Kombi.
A Kombi Pick-Up do acervo, de 1999, foi utilizada pelo departamento do Desenvolvimento do Produto para transporte de peças e veículos, com carreta acoplada. A unidade em exposição rodou até 2017, para então ser totalmente restaurada e, depois, incorporada ao acervo. A Kombi Pick-up chegou a ser produzida até os anos 2000.
A Volkswagen do Brasil confirmou o fim da produção da Kombi em 14 de agosto de 2013. Isso porque ficaria inviável instalar nela os airbags frontais e os freios ABS, itens de segurança que se tornariam obrigatórios em todos os veículos novos a partir do ano seguinte. Para marcar o fim de uma trajetória de 56 anos ininterruptos de produção, surgiu a versão Last Edition – inicialmente limitada a 600 unidades e posteriormente ampliada para 1200 exemplares. Ela trazia carroceria com pintura “saia-e-blusa”, pneus com faixa branca, adesivos nas laterais traseiras e cortinas nas janelas. Como em outras edições especiais, havia uma plaqueta numerada no painel e um certificado de autenticidade. O exemplar exposto na Garagem VW é o de número 0056/1200 e seguiu diretamente da linha de montagem para o acervo da Volkswagen do Brasil.
Também está exposta na Garagem VW a última unidade da Kombi fabricada na Anchieta, sem a caracterização Last Edition. Também saiu da linha de produção diretamente para o Acervo, em 2013. Com menos de 100 km aferidos no hodômetro, encontra-se totalmente original.
O nome Kombi, aliás, é uma abreviação adotada no Brasil, para o termo em alemão Kombinationsfahrzeug, que em português significa “veículo combinado” ou “combinação do espaço para carga e passeio”. Estreou em nosso País com o motor de quatro cilindros contrapostos (boxer) de 1200 cm³ refrigerado a ar, com potência de apenas 30 cv. Menos de quatro anos após seu lançamento no Brasil foi introduzido no mercado nacional a carroceria de seis portas, nas versões luxo e standard, com câmbio manual sincronizado e índice de nacionalização de 95%. A versão pick-up surgiu em 1967, já com motor de 1500 cm³ (que entregava potência bruta de 52 cv) e sistema elétrico de 12 volts. Em 1975, a Kombi passou por uma reestilização e também teve a cilindrada do motor ampliada para 1600 cm³. A potência bruta era de 58 cv. Três anos mais tarde, esse motor 1.6 ganhou dupla carburação, o que elevou sua potência bruta para 65 cv. A opção com motor 1.6 a diesel surgiu em 1981 – a opção picape de cabine dupla também foi introduzida naquele mesmo ano. Em 1982 foi introduzida a versão movida a álcool do motor 1.6. Com taxa de compressão de 10:1 e novo coletor de admissão, entre outras modificações, o motor desenvolvia potência de 56 cavalos.
A Kombi foi o primeiro utilitário nacional equipado com catalisadores, em 1992. Naquele ano também foi introduzido o sistema de servo-freio a vácuo, incluindo discos na dianteira e válvulas moduladoras de pressão para as rodas traseiras. Em 1997, a Kombi estreou nova carroceria com teto mais alto, porta lateral corrediça e a ausência da parede divisória atrás do banco dianteiro. Também passou a ter uma versão mais requintada, a Carat. No fim de 2005, a Kombi substituiu o motor “a ar” pelo “a água” 1.4 Total Flex da família EA-111, capaz de rodar com gasolina, etanol ou qualquer mistura dos dois combustíveis. O modelo se tornou 34% mais potente e cerca de 30% mais econômico do que o antecessor.
O estilo da primeira Kombi, apelidada de "Corujinha", serviu de inspiração para as linhas da van elétrica I.D. Buzz, que acaba de estrear sua carroceria com distância entre-eixos alongada em 25,1 cm e que traz opção de seis ou sete bancos. No Brasil, a I.D. Buzz esteve no Rock in Rio 2022, mas sua importação para o nosso mercado segue indefinida.
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