Volkswagen Brasilia está completando 50 anos: relembre sua história

 
A Volkswagen celebra este mês os 50 anos do Brasilia (sim, o modelo era classificado com o gênero masculino pela marca), batizado para homenagear a capital do Brasil. O ponto de partida de seu projeto foi a plataforma mecânica da linha VW 1600, com uma proposta nova (e mais alinhada aos padrões para a década de 1970) em termos de estilo, desempenho e aproveitamento de espaço interno.

O primeiro passo foi a definição do estilo do modelo, sendo aprovado pelo então presidente da Volkswagen, Rudolf Leiding, fruto dos traços do designer Marcio Piancastelli. O para-brisa dianteiro exibia dimensões incomuns para a época e ampliava a visibilidade interna. Fato curioso é que os técnicos chegaram às primeiras medidas visando o estabelecimento das dimensões aproximadas que o Brasilia teria, adotando como padrão de medida um boneco com o tamanho de um brasileiro médio. Todo o processo de desenvolvimento deste modelo, desde o projeto de estilo da carroceria à confecção dos protótipos, esteve a cargo de engenheiros e técnicos brasileiros. 


De linhas retas e equilibradas, o Brasilia inaugurava uma nova tendência de estilo para o automóvel brasileiro, com linhas mais retas e angulosas. Apresentado no dia 08 de junho de 1973, o modelo era considerado uma "camioneta" (pequena perua), daí muita gente se referir a ele no gênero feminino, embora houvesse a corrente divergente que o classificava como um dos precursores da carroceria hatchback. O modelo trazia porta-malas dianteiro de 135 litros e mais espaço interno para bagagens: eram 273 litros na parte traseira.



Antes de seu lançamento, o Brasilia foi protagonista de uma história muito marcante no jornalismo automotivo brasileiro. Depois de feitos alguns cliques de duas unidades sem camuflagem, funcionários da Volkswagen perseguiram a dupla de jornalistas Nehemias Vassão e Cláudio Laranjeira, obrigaram ambos a parar, apontaram uma arma contra a cabeça de um deles. Além disso, quebraram a câmera e deram um tiro no carro em que estavam. Mas com o filme da máquina fotográfica intacto e confiado a um casal que estava de passagem pela rodovia, as fotos foram publicadas nas páginas da revista, na edição de maio de 1973.

O responsável por fazer mover o Brasilia era o motor 1600 cm³ "boxer" traseiro, refrigerado a ar, de 60 cavalos. Em 1975 veio a alternativa com dois carburadores, elevando a potência para 65 cv. O modelo trazia itens como painel acolchoado, freios a disco no eixo dianteiro, trava para o capô na frente e estrutura desenvolvida para absorver a energia cinética em caso de colisão.


Em quase 10 anos de produção, o Brasilia atingiu a marca de 1 milhão de unidades fabricadas em seu sétimo ano de mercado. Foi o segundo modelo a superar o marco do milionésimo automóvel no Brasil  – o primeiro foi o Fusca. O Brasilia também foi exportado para mais de 25 países, incluindo México, Venezuela, Portugal e Nigéria. Saiu de cena em março de 1982.


O Brasilia 1982 do acervo da Garagem VW foi uma das últimas produzidas antes do fim de produção e saiu diretamente da linha de produção para as salas da engenharia da Volkswagen do Brasil. Nunca emplacado, o modelo mantém toda a sua originalidade e registra exatos 460 quilômetros marcados em seu hodômetro. Seu motor é um 1.6 a gasolina, com carburação dupla. 


Entre os destaques desta unidade, pintada na cor metálica Verde Mármore, estão o interior com revestimento de vinil nas portas e laterais dos bancos, os detalhes em madeira no painel e um relógio analógico do lado esquerdo do quadro de instrumentos. A versão LS dispunha de acendedor de cigarros, bancos dianteiros com encostos de cabeça e desembaçador traseiro.

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