Toyota Corolla GLi 2.0: os atributos da versão de entrada do sedã


Texto e Fotos | Júlio Max, de Teresina - Piauí
Colaborou nesta matéria | Christian Almeida 

Lançado no Brasil há quase quatro anos, em setembro de 2019, o Toyota Corolla de décima-segunda geração continua a ser o líder isolado da categoria dos sedãs médios em território nacional. É o único modelo do segmento ainda produzido no País (mais especificamente em Indaiatuba, São Paulo, onde sua fabricação teve início no segundo semestre de 1998) e também é o carro que dispõe da maior variedade de versões entre seus pares. São quatro alternativas com motor 2.0 (GLi, XEi, GR-S e Altis Premium) e outras duas opções com conjunto mecânico híbrido (Altis e Altis Premium). Nesta matéria, analisamos a versão de entrada GLi 2.0.

GLi é uma sigla que possui um longo histórico na linhagem do Corolla. Esta versão surgiu em setembro de 2009, ainda na décima geração do sedã, e chegou para ocupar uma lacuna entre o básico XLi e o intermediário XEi, trazendo mais equipamentos em relação ao modelo mais simples, como ar-condicionado automático digital, banco traseiro bipartido, freios ABS com EBD, comandos no volante para som e computador de bordo, chave com comandos integrados e rodas de liga leve de 16 polegadas. Na décima-primeira geração do Toyota, lançada em 2014, a montadora resolveu encerrar de vez a oferta do XLi, fazendo com que o GLi passasse a ser o "novo básico", como é até hoje.

A versão GLi possui visual mais simples do que as demais alternativas do Corolla. No lugar das rodas de 17 polegadas das outras versões, este traz rodas de 16 polegadas - também de liga leve, prateadas, com estilo mais recatado e calçadas por pneus Bridgestone Ecopia EP150 de perfil 205/55 que devem ser calibrados com 32 psi. Nesta versão não há faróis de neblina, grade do para-choque pintada em preto-brilhante, frisos acinzentados nas molduras laterais em volta das luzes auxiliares ou apliques cromados emoldurando as janelas. Além disso, a iluminação do GLi é predominantemente halógena, com projetores nos faróis, luzes de posição dianteiras brancas e, atrás, lanterna de neblina do lado esquerdo (nas versões GR-S e Altis, faróis e lanternas são Full LED). Mas foram preservados o friso cromado em torno das lanternas, as luzes de seta nos retrovisores externos e as molduras pretas em torno das janelas laterais.

Atualmente com preço de R$ 148.290, o GLi tem sete opções de cores para a carroceria: Branco Polar (sem custo adicional), Cinza Celestial (a cor do carro das imagens, por R$ 2.020 adicionais), Prata Supernova (+ R$ 2.020), Vermelho Granada (+ R$ 2.020), Preto Eclipse (+ R$ 2.020), Cinza Granito (+ R$ 2.020) e Branco Lunar (+ R$ 2.330). Como nas demais versões, o pacote de equipamentos da versão GLi é fechado, sem opcionais de fábrica. A carroceria possui 4,63 metros de comprimento, 1,78 metro de largura (desconsiderando retrovisores), 1,455 m de altura e 2,70 metros de distância entre-eixos.

O acabamento interno é um dos principais destaques do sedã mesmo nesta versão básica, com interior em que predominam os tons preto e cinza. A parte superior e central do painel, incluindo a cúpula dos instrumentos, possui plástico macio ao toque, com textura bem agradável. Este material também está presente na parte superior dos forros de porta dianteiros e traseiros, que também possuem couro com costuras brancas mais abaixo, na região dos puxadores. Há couro natural ou sintético em vários locais, como no volante, nos apoios de braço e nas coifas das alavancas de câmbio e de freio de mão. Já os bancos possuem áreas central em tecido e bordas em couro.

O volante revestido de couro com costuras aparentes traz regulagem manual de altura e profundidade através de uma alavanca à esquerda na coluna de direção. O raio esquerdo concentra os comandos de operação do computador de bordo, de telefone, voz e volume. No lado direito ficam os botões para escolha da fonte de áudio e para alternar entre faixas/estações.

O quadro de instrumentos traz quatro itens analógicos: conta-giros, indicador de temperatura do líquido e arrefecimento do motor, velocímetro e marcador do nível de combustível. A tela colorida vertical de 4,2 polegadas do quadro de instrumentos exibe, no canto superior, a temperatura externa e o relógio. Abaixo estão a indicação de uso dos cintos traseiros, a posição de cambio e o hodômetro. Ao centro, podem aparecer o velocímetro digital (acompanhado da autonomia estimada), o visor do consumo médio (também acompanhado da autonomia), o indicador Eco de consumo instantâneo, as informações de som, as informações de trajeto (distancia percorrida e tempo de viagem), mensagens a serem analisadas pelo motorista e as configurações de idioma, unidades, exibição do consumo de combustível, indicador de consumo instantâneo e de áudio, definições dos pop-ups e restauração às configurações de fábrica. A tela também possui indicação individual de porta e/ou porta-malas aberto e até aviso de janela aberta do motorista quando a ignição é desligada.


A haste de luzes concentra as posições Auto (de acendimento automático dos faróis conforme a atuação do sensor crepuscular), de acendimento das luzes de posição dianteiras, lanternas, luz de placa e luzes do quadro de instrumentos, além do acendimento dos faróis baixos. Um anel giratório permite ligar a lanterna de neblina. Com um toque leve na alavanca, sem aciona-la até o clique, as luzes de seta piscam três vezes. Do lado direito estão os comandos dos limpadores dianteiros. Para cima, a operação ocorre somente enquanto a haste estiver sendo sustentada pela mão. Mais abaixo ficam as posições de funcionamento intermitente, operação em baixa velocidade e operação em alta velocidade.

O sistema multimídia com tela sensível ao toque de 8 polegadas traz layout simples, mas a usabilidade é boa, com vários botões físicos para facilitar a operação. Até 2021, a tela trazia uma cobertura plástica que lembrava a proteção de uma televisão "de tubo", pois, ao invés da central multimídia, um rádio convencional era disponibilizado em alguns mercados de exportação. A partir da linha 2022, a Toyota finalmente decidiu remover a peça plástica.

Pela tela é possível conferir a câmera de ré (de baixa resolução, com dois modos de visualização, sendo um convencional e outro com maior campo de visão nas bordas, e três opções de linhas de guia, sendo duas fixas e uma que varia conforme o esterço do volante), além de ver o histórico de consumo de combustível, programar configurações do veículo e fazer o espelhamento de tela de celulares via cabo USB. Por conta da escassez de componentes eletrônicos ocorrida na montagem de veículos, desde o ano passado a Toyota vem equipando unidades do Corolla de forma aleatória com centrais multimídia com telas de 8, 9 ou 10 polegadas, de marcas variadas, mas essencialmente com funções semelhantes.


Os comandos do ar-condicionado são analógicos, com quatro velocidades de ventilação e filtro anti-pólen. À esquerda há o ajuste de temperatura, com botão para ativar ou desligar o compressor de ar. No botão central é feita a escolha da velocidade do vento e a alternância entre captação do ar externo ou recirculação. Por fim, o comando do lado direito permite o direcionamento do vento e a ativação dos desembaçadores.

O início do console central traz um porta-objetos aberto útil para acomodar um celular na horizontal; na parte inferior do painel há a entrada USB-A com função de dados e carregamento, em um posicionamento escondido e incomum.


À frente da alavanca de câmbio há um botão para desativar o controle de tração. Uma particularidade é que as posições de marcha são iluminadas em cores diferentes: Parking, Drive e Manual são representadas em azul-claro; a Ré é alaranjada e o Neutro, esverdeado. Tanto coifa quanto pomo da alavanca de câmbio possuem couro, enquanto o gatilho da alavanca de freio de mão é prateado.

O console central também dispõe de dois porta-copos e um apoio de braço dianteiro revestido de couro com costuras e que pode ser levantado através de uma trava, revelando um bom porta-objetos com fundo revestido em carpete, que esconde a tomada de 12 Volts com tampa retrátil e a segunda entrada USB-A (exclusiva para carregamento, com corrente de 2,1 Amperes e tensão de 5 Volts).


O forro de teto aloja duas luzes de leitura dianteiras com acionamento individual acima do retrovisor interno (este com haste para alternar entre as posições dia/noite) e mais um ponto de iluminação na parte traseira, que ficam acesas por no máximo 20 minutos para não descarregar a bateria. Há quatro alças de teto retráteis, inclusive para o motorista, com ganchos fixos nas peças traseiras. Já os para-sois possuem espelhos com tampas corrediças e iluminação dos dois lados. A tampa do porta-luvas desce de forma suave e traz bom espaço, além de iluminação (ao acender os faróis).


A parte esquerda do painel traz o botão giratório do ajuste de altura do facho dos faróis, entre os níveis 0 a 5.


A porta do motorista concentra os botões de ajustes e rebatimento elétricos dos retrovisores, além de travamento e destravamento das portas (cada maçaneta possui uma trava mecânica), bloqueio dos vidros (com possibilidade de acionamento pelo motorista) e acionamento dos quatro vidros por um toque para descer e subir. Com o motor desligado, as janelas ainda podem ser operadas por 45 segundos, desde que nenhuma porta seja aberta.


Os bancos dianteiros trazem ajustes manuais, com regulagem de altura para o assento do motorista e para os cintos dos ocupantes da frente (que possuem pré-tensionadores). No piso do lado do condutor estão as alavancas para destravar a tampa do porta-malas e a portinhola do tanque de combustível.

Para quem senta atrás, o GLi oferece dois porta-revistas, porta-objeto aberto no final do console, apoio de braço central em couro com dois porta-copos, três encostos de cabeça (fixos) e três cintos de 3 pontos, além dos pontos de fixação Isofix e Top Tether para cadeirinhas infantis. Os vidros elétricos descem até o final. Há porta-objetos nos forros de porta traseiros (porém nitidamente menores que os dos forros dianteiros).


O porta-malas tem a capacidade de 470 litros, que pode ser ampliada com o rebatimento parcial ou total do encosto de banco traseiro. O habitáculo dispõe de iluminação, revestimento plástico na base da abertura, carpete na parte interna da tampa e nas laterais, além do estepe, com roda de ferro de 16 polegadas e pneu 205/55 - mesma medida dos outros quatro pneus.

A chave do Corolla GLi é do tipo canivete (com lâmina dobrável) e dispõe de três botões para travamento das portas (associado ao fechamento dos vidros, caso esta função esteja habilitada e o botão seja apertado e segurado), abertura da tampa do porta-malas e destrancamento do veículo (ao apertar e segurar o comando, as janelas se abrem).


O motor 2.0 M20A-FKB 16v Flex "Dynamic Force" de quatro cilindros em linha, com injeção direta e indireta de combustível, acionamento por corrente, duplo comando de válvulas no cabeçote e variação do comando de válvulas na admissão e escape, rende 177 cavalos de potência a 6600 rpm quando abastecido com etanol (com gasolina, o rendimento é de 169 cavalos, na mesma rotação) e 21,4 kgfm de torque a 4400 rpm com os dois combustíveis. Já o câmbio automático CVT "Direct Shift K120" traz modo sequencial de dez marchas, acionado por um trilho na própria alavanca, à esquerda da posição Drive. A capacidade do tanque de combustível, cujo bocal é posicionado do lado esquerdo da carroceria, é de 50 litros.


Desde a linha 2023, apresentada no fim de janeiro de 2022, o Corolla GLi passa a vir de fábrica com o pacote Safety Sense, que inclui alerta de colisão frontal com frenagem automática de emergência (no Corolla Cross, este sistema também é capaz de detectar pedestres e ciclistas), assistente de permanência na faixa de rodagem com alerta em caso de saída involuntária da pista, faróis altos automáticos (que detectam as luzes de outros veículos para comutar automaticamente do facho baixo para alto) e controlador de velocidade de cruzeiro adaptativo, que é capaz de manter a manter uma distância predeterminada do veículo à frente. Além disso, o modelo básico passou a ter sensores de estacionamento dianteiros e traseiros.


Além destes itens mencionados, o Corolla também dispõe de 7 airbags (sendo um para os joelhos do motorista, dois frontais, dois laterais dianteiros e dois de cortina), controles eletrônicos de estabilidade e de tração, sinalização de frenagem de emergência, alarme volumétrico, freios ABS a disco nas quatro rodas (ventilados no eixo dianteiro e sólidos no eixo traseiro) e assistente de partida em ladeiras. O painel possui uma indicação luminosa camuflada no friso horizontal do lado direito que informa o status do airbag dianteiro do passageiro, que pode ser desativado através de um switch no canto direito do painel, acessível ao abrir a porta dianteira do passageiro.

Impressões ao dirigir

Conduzir o Corolla GLi é uma tarefa que exige pouco esforço, após girar a chave no contato e dar a partida com o pé no freio. A direção elétrica é bem leve nas manobras e tanto a alavanca de câmbio, de trilho predominantemente reto, quanto o freio de mão são fáceis de serem operados. Na estrada, é nítida a progressividade da direção, que passa a entregar mais firmeza. O volante poderia ter o revestimento um pouco mais espesso, ou em formato diferente, para acomodar melhor as mãos de quem conduz. O diâmetro de giro é de 11,6 metros, um porém maior que em outros rivais diretos. 


A posição de dirigir é boa, facilitada pelos ajustes manuais disponíveis para banco, volante e cinto, mas não chega a ser tão envolvente. Quem dirige tem certa dificuldade de enxergar os limites do carro à frente, pois o capô afunila para baixo (menos mal que a linha 2023 passou a ter sensores de estacionamento na frente e atrás). A visibilidade da carroceria é auxiliada pelos retrovisores externos notavelmente distanciados das portas e pelas janelinhas fixas na parte frontal, ainda que não haja um atenuação completa dos pontos cegos na região lateral-traseira. Além disso, os apoios de cabeça traseiros fixos interferem um pouco na visão para trás.


O conjunto de suspensão (independente nas quatro rodas, com molas helicoidais e barra estabilizadora nos dois eixos) se esforça para manter o conforto dos ocupantes, sendo também competente para manter a estabilidade da carroceria. Em pisos ruins, as chacoalhadas transmitidas para a cabine são atenuadas. A altura em relação ao solo é de 14,8 centímetros, apenas 1,3 cm a menos que no Corolla Cross - do segmento de SUVs médios. Também ajudam, nesta versão GLi, os pneus de perfil mais alto do que em outras versões (55 x 45).


Com dez marchas, o câmbio automático permite saídas vigorosas (a primeira marcha possui engrenagem convencional, diferentemente das outras nove, que são simuladas por relações fixas programadas). Ao utilizar o modo sequencial, acionado pela posição "M" do trilho, o Corolla dá maior liberdade ao motorista para escolher as marchas (exibindo a que estiver engatada na tela do quadro de instrumentos). A cerca de 65 km/h, por exemplo, ele permite o engate da sexta marcha. A 100 km/h constantes, o ponteiro do conta-giros fica pouco acima dos 1500 rpm.


O motor 2.0 aspirado entrega bom nível de força e lida bem com os 1375 quilos da carroceria, ainda que o torque chegue completamente em uma faixa elevada de rotações (4400 rpm) e venha acompanhado de um urro perceptível do lado de dentro da cabine. Mas, fora das situações em que o pedal do acelerador é pressionado mais fortemente, o Corolla é um carro bem quieto e com reações neutras ao volante.

Para concluir...

O Corolla GLi pode não ter os equipamentos mais sofisticados e o glamour das outras versões, mas traz os itens mais essenciais para o uso cotidiano, o bom espaço interno e mantém o conjunto mecânico já conhecido da gama do sedã (aliás, em quesitos técnicos, houve muitos avanços em relação à geração anterior). Seu preço é R$ 6.700 inferior ao da versão XEi, que traz adicionais como retrovisor interno anti-ofuscante, bancos totalmente revestidos de couro, ar-condicionado automático digital, rodas de 17 polegadas, chave presencial com partida do motor por botão na cabine, modo Sport de condução, aletas junto ao volante para trocas sequenciais de marcha, faróis de neblina de LED, sensor de chuva e temporizador da intermitência dos limpadores dianteiros. Para os consumidores, a decisão entre uma versão ou outra vai depender do quanto os equipamentos mencionados são importantes (e se é possível pagar a diferença de valor). Mas tudo indica que, mesmo com a diminuição na diferença de cifras entre as versões GLi e XEi (uma distância que, no lançamento, era de 11 mil reais), ainda existe espaço no mercado nacional para as duas versões.

Vem conferir a Galeria de Fotos do Toyota Corolla GLi 2.0!


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