Conheça as preciosidades da Garagem Volkswagen, agora em duas partes


A Volkswagen está reservando uma área de 1.430 metros quadrados em sua fábrica de São Bernardo do Campo (SP), na Ala 5 da planta Anchieta, para acomodar a "Garagem VW – Parte II", que contará com 36 modelos que fizeram da história da marca no Brasil. O Gol Last Edition, com tiragem limitada a 1000 exemplares (650 deles reservados para o mercado nacional), terá uma unidade exposta neste novo espaço. O acervo da Volks conta ao todo com mais de 100 carros, sendo que 58 deles estão em exposição nas duas Garagem - é a maior coleção de uma montadora no Brasil.


Ano que vem, a Volkswagen irá completar 70 anos de atuação no Brasil, e os modelos de seu acervo ajudam a contar e preservar a história da marca. Dentre os 36 carros em exposição na "Garagem VW – Parte II", há modelos já conhecidos e unidades nunca antes apresentadas. O trabalho no Acervo VW, iniciado pela Engenharia do Produto com apoio de diversas áreas da VW, já existe há mais de 20 anos. Alguns carros fizeram parte da frota de testes do time de Engenharia da VW, outros saíram da linha de produção diretamente para o acervo e também há unidades compradas de colecionadores para compor a história completa da marca no país. 


Para organização do espaço, os carros foram separados por temas. A ala "Clássicos da Anchieta" reúne exemplares do Fusca e de seus derivados que traziam motor a ar, produzidos entre as décadas de 1950 e 1980, como, por exemplo, 1600 "Zé do Caixão", 1600 TL, Brasília, Variant e SP. "Kombi: a Velha Senhora" reúne a última unidade da van produzida no Brasil, um modelo Standard na cor branca (feito em dezembro de 2013), e uma unidade 1961 vermelha e branca (saia e blusa), que é o veículo mais antigo da coleção.


O setor "Autolatina" relembra a época da parceria comercial entre VW e Ford, e é homenageada por três modelos: Apollo, Logus e Pointer. O departamento "Compactos Premium" reúne modelos dos anos 2000, como Polo, Polo Sedan e o último exemplar do Fox, feito em São José dos Pinhais (PR). O setor "Esportividade" inclui a primeira unidade (das 99 produzidas) do Golf GTI VR6, o Gol GTi 1993 na cor Vermelho Colorado, o Santana EX 1991, uma das versões mais marcantes do sedã médio, e o Golf GTI 2018, última geração do hatch médio que tivemos aqui no Brasil, na cor vermelha. 


O Gol Last Edition que se junta ao acervo é justamente a última unidade (1000/1000). Junto à ele, foi criado um espaço temático com todas as gerações lançadas do hatch, além dos seus derivados (Voyage, Parati e Saveiro). 


A "Garagem VW – Parte I", inaugurada em 2019 com 22 veículos, continua ativa, com uma alteração das unidades em exposição. Agora, carros-conceito e modelos de demonstração ocupam a área. Edições especiais, criadas para serem apresentadas durante os anos do Salão do Automóvel de São Paulo, também marcam presença. Além disso, exemplares construídos para celebrações e eventos da marca, como as Kombi Serie Prata de 2005 e Serie Ouro de 2007, o Gol Vintage (que celebrou os 30 anos de produção do Gol), veículos modificados (como a Kombi Bombeiro), carros preparados para pista (como o Golf GTI Competição e o Gol Endurance, que quebrou o recorde de endurance na categoria em 2003), além de projetos que nunca vingaram, como o projeto BY e o VEMP, também estão presentes. 


Conheça agora um pouco mais sobre os carros presentes nas Garagem VW – Parte I e II e suas histórias:

Apollo


Com nome que fazia referência ao deus grego e ao programa espacial norte-americano que viabilizou o transporte de astronautas até a Lua, o sedã Apollo foi apresentado à imprensa brasileira no dia 08 de junho de 1990, no autódromo de Interlagos, em São Paulo. Oriundo do Projeto Nevada, ele foi desenvolvido pela Engenharia da Autolatina, e era, a grosso modo, um Ford Verona modificado de acordo com especificações próprias da Volkswagen. 


Era um modelo médio (posicionado na faixa de mercado entre o Voyage e o Santana), com carroceria do tipo três-volumes e duas portas. Com apelo mais esportivo em comparação com o Verona, o Apollo trazia sob o capô o motor AP 1800 (que rendia 105 cavalos na variante movida a álcool ou 92 cv na opção a gasolina), que era montado em posição transversal - diferentemente do Voyage, no qual o propulsor ficava em posição longitudinal. No Apollo, o conjunto de suspensão era independente nos eixos dianteiro e traseiro. 


O Apollo nasceu com versões GL e GLS, e chegava eliminando características típicas dos automóveis dos anos 1980, como as calhas nas laterais do teto e os quebra-ventos. Os vidros ficavam rentes à carroceria. Conforme medição da Volkswagen na época, o porta-malas tinha 570 litros de capacidade. Em 1991 o Apollo ganhou a série especial VIP, com carroceria na cor Branco Star ou Vermelho Colorado, com itens exclusivos, como para-choques e frisos laterais na cor cinza-claro, bancos Recaro e rodas de liga leve raiadas. Fabricado até 1992, o Apollo teve pouco mais de 50 mil unidades vendidas. O exemplar exposto, ano 1992, foi retirado diretamente da linha de produção e está preservado em estado de zero-quilômetro no Acervo da Volkswagen.

Brasilia


Apresentado no dia 08 de junho de 1973, o Brasilia (sim, o modelo era tratado no gênero masculino pela Volks) foi criado e desenvolvido por engenheiros e técnicos brasileiros. Seu nome homenageava a capital do País e suas formas provinham dos traços do designer Marcio Piancastelli. O modelo tinha proporções inéditas e inovadoras inclusive para a Volkswagen na Alemanha. O projeto foi desenvolvido em torno do chassi do Fusca, já com o ganho em tamanho viabilizado pela introdução do 1600 "Zé do Caixão" (em 1968). Embora 1,3 centímetro mais curto que o Fusca, o Brasilia oferecia mais espaço na cabine e se destacava pela grande área envidraçada. 

Inicialmente, o motor era o 1600 cm³ de 60 cavalos – dois anos depois do lançamento, em 1975, o modelo passou a vir com dois carburadores, elevando a potência para 65 cv. O modelo já trazia recursos como painel acolchoado, freios a disco no eixo dianteiro, trava diferenciada para o capô dianteiro e estrutura desenvolvida para absorver a energia cinética em caso de colisão, visando preservar o habitáculo e a segurança dos ocupantes. 


Para a linha 1979, o Brasilia ganhou a versão LS, mais requintada, que trazia de série rádio AM/FM, desembaçador traseiro e bancos dianteiros com apoio de cabeça. Ao longo de nove anos de fabricação (saiu de linha em 1982), o modelo vendeu mais de 930 mil unidades. O exemplar em exposição, ano 1981, saiu diretamente da linha de produção para o acervo, foi preservado totalmente original e tem, atualmente, menos de 500 quilômetros rodados. Este carro, aliás, nunca saiu da Fábrica Anchieta.

BY


Um dos projetos da indústria automobilística brasileira que nunca se converteram em um modelo de produção em série, o Volkswagen BY deu muito o que falar desde meados da década de 1980. A unidade exposta é a única que restou do desenvolvimento do modelo, e permaneceu guardada nas dependências da fábrica Anchieta desde o cancelamento deste projeto, em 1987. 


A proposta era de ter um novo veículo de entrada para a marca no País. Visando competir em igualdade de condições com o Fiat Uno, o BY era menor do que o Gol, do qual herdava a parte dianteira da carroceria (das portas da frente em diante), mas trazia alguns recursos técnicos e de construção mais modernos. A carroceria não tinha calhas de teto na parte externa; além disso, seu para-brisa seria colado à carroceria, como se tornou mais comum entre os automóveis nacionais a partir dos anos 1990. 


Para ampliar a capacidade do porta-malas ou oferecer mais espaço para as pernas dos ocupantes traseiros, o banco traseiro seria corrediço. Esse recurso acabou sendo aplicado ao hatch Fox, que só chegaria ao mercado em 2003. Além disso, a suspensão traseira tinha elementos do Fox (o Voyage exportado para os Estados Unidos), com pontos de ancoragem diferentes dos do Gol, para não invadir o compartimento de bagagem. 


O desenho desproporcional foi apontado como uma das causas do cancelamento do projeto - o cofre dianteiro permaneceria grande porque o motor utilizado seria o mesmo AP-1600 usado por Gol, Voyage, Parati e Saveiro na época. Alguns outros fatores levaram ao seu cancelamento: o custo de produção, que se tornou elevado por causa das soluções técnicas (em especial os elementos da suspensão traseira) e a associação entre Volkswagen e Ford que resultou na Autolatina.

Fox 


Um carro tão “tupiniquim” que foi concebido sob o codinome “Projeto Tupi”, concebido sobre plataforma moderna na época (a PQ24 do Polo) e com espaço interno surpreendente. Com essas características, o Fox se tornou um dos maiores sucessos da Volkswagen do Brasil. Na virada do milênio, pesquisas de mercado apontavam que os consumidores do nosso País demandavam um modelo de entrada inédito e inovador, mais atrativo do que um Polo "pé-de-boi". A solução veio da engenharia brasileira, foi submetida à Volkswagen alemã e, em seguida, endossada: em 2000, a matriz em Wolfsburg aprovava o molde de argila que definiria os traços do novo modelo, enquanto os primeiros protótipos começariam a rodar em testes nos meses seguintes. 

Em outubro de 2003, o Fox era finalmente lançado nas versões City, Plus e Sportline, com as opções de motor 1.0 de 72 cavalos de potência e 9,2 kgfm de torque ou 1.6 de 103 cv e 14,5 kgfm de torque. Inicialmente, a carroceria era de duas portas - o modelo 4 portas estreou no ano seguinte. Construído sobre a então moderna plataforma PQ24, utilizada pela quarta geração do Polo, o Fox chegou a ser vendido em diversos países europeus. 

Praticamente tudo no modelo era inédito em comparação com os outros Volkswagen, inclusive o painel, com bordas arredondadas que abrigavam as saídas de ventilação. Ao invés do tradicional botão giratório de luzes na lateral esquerda do painel, o mecanismo passou a ficar junto da haste da seta (esta solução chegou a ser reaproveitada no Gol G5). Havia ainda volante com comandos de som e opção de rádio integrado ao painel. Com inspiração na versatilidade das minivans, o Fox oferecia 17 porta-objetos, entre eles, um nicho para garrafas nas laterais das portas e uma prateleira de 8 centímetros de profundidade sob a coluna de direção. No lugar do porta-luvas convencional, foi instalada uma gaveta de 21 centímetros de largura por 32 de profundidade. A cabine se destacava pelo teto mais elevado e pela ampla área envidraçada – somente o para-brisa tinha 1,20 metro quadrado. Outro recurso pioneiro do Fox entre veículos nacionais era o banco traseiro corrediço, com trilhos que permitiam aos passageiros da segunda fileira recuarem o assento em até 15 centímetros, ampliando o espaço para as pernas, ou aumentar a capacidade do porta-malas, que variava de 260 a 353 litros. 

Ao longo do tempo, o Fox teve inúmeras versões e séries especiais. A gama de motores também foi extensa, com destaque para o 1.0 de três cilindros (de 82 cv com etanol), que equipava a versão Bluemotion, de 2013. Vale lembrar também do 1.6 16 válvulas, de 120 cv com etanol, que podia ser combinado ao câmbio automatizado I-Motion, de 5 marchas. 

O “Projeto Tupi” também originou os modelos SpaceFox e CrossFox. A perua se destacava pelo design harmonioso e pelo porta-malas de 430 litros, enquanto o aventureiro urbano, apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo de 2004 e comercializado a partir do ano seguinte, foi sucesso imediato, trazendo suspensão elevada, rack de teto, para-choques pretos (com um pequeno quebra-mato na dianteira) e o estepe instalado do lado de fora, na traseira. 


Depois de duas reestilizações (uma em 2009 e outra em 2014) e cerca de 1,8 milhão de unidades produzidas (sendo que aproximadamente 500 mil exportadas), o Fox se despediu do Brasil: um exemplar vermelho, na versão Xtreme, foi o último exemplar a sair da fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná.


Em sua trajetória de 18 anos, o Fox acumulou diversas séries especiais – Connect, Rock In Rio, Run, Pepper, Prime, Extreme, Route, Sunrise, BlackFox, SilverFox e Seleção, entre outras. O Fox Xtreme vermelho, chassi número 9BWAB45Z5N4011367, marcou o fim da produção do hatch em São José dos Pinhais (PR) – de onde saiu direto para compor a Garagem II.

Em 2005, um exemplar do Fox destinado ao mercado europeu celebrou os 15 milhões de veículos produzidos pela Volkswagen do Brasil. No evento em comemoração a esta marca, Luiz Inácio Lula da Silva, então presidente da República, e Geraldo Alckmin, governador do Estado de São Paulo, além de executivos da VW, assinaram o capô do carro, que trazia pintada a bandeira nacional. Uma das missões do Fox era substituir o Lupo no posto de carro de entrada da Volkswagen na Europa. 


Dezesseis anos antes do lançamento do hatch, outro modelo do Fox fez história na América do Norte. Era, na verdade, um Voyage destinado aos mercados dos Estados Unidos e Canadá. Por fora, havia algumas modificações perceptíveis aos olhos. O sedã recebia, ao todo, cerca de 2.000 modificações para atender a legislações locais. Entre eles, para-choques resistentes a impactos de baixa velocidade, injeção eletrônica de combustível, aviso de cinto de segurança desafivelado e cinto traseiro de três pontos, além de outros itens que posteriormente foram implementados no Voyage nacional, como o painel de plástico espumado com comandos-satélite e o catalisador. A unidade exposta, uma das cerca de 202 mil fabricadas até o ano de 1993, foi produzida em 1988, rodou aproximadamente 10.000 quilômetros e pertenceu à frota de testes da Engenharia. 


Se o Voyage recebia o nome Fox para o mercado norte-americano, a Parati era exportada com o nome Fox Wagon - e passava pelas mesmas modificações feitas no sedã para ser comercializada nestes países. Ela, porém, teve vida mais curta. A unidade exposta da perua, uma das cerca de 25 mil fabricadas até 1989, foi produzida em 1988, rodou cerca de 3.500 quilômetros e pertenceu à frota de testes da Engenharia. 

CrossFox 

O Fox estava no mercado há pouco mais de um ano quando sua versão aventureira estreou, no Salão do Automóvel de 2004 em São Paulo. Com suspensão 3,1 centímetros mais elevada, faróis de milha e de neblina e o icônico estepe do lado de fora, o CrossFox foi sucesso desde o início de sua carreira. Inicialmente equipado com motor 1.6 8 válvulas Total Flex (de 101/103 cavalos), o CrossFox recebeu em 2014 o 1.6 16 válvulas, de 110 cavalos quando abastecido com gasolina, ou 120 cv com etanol no tanque. O câmbio automatizado I-Motion também foi oferecido no modelo. 

Na Garagem II está presente um dos primeiros exemplares do CrossFox, produzido em 2004 pela Engenharia de Protótipos e utilizado para exposição em eventos. 

Fusca


Ele foi o carro que iniciou as operações da Volkswagen no Brasil, em 1953, literalmente montado em um galpão no bairro do Ipiranga. Na época, seu motor tinha 1200 cm³. A partir do dia 03 de janeiro de 1959, começou a ser fabricado no País, já na unidade Anchieta, até o ano de 1986. Durante todo esse período, o Volkswagen Sedan (batismo oficial) teve diferentes opções do motor quatro-cilindros refrigerado a ar – o câmbio foi sempre manual de quatro marchas e a tração, traseira. 

Primeiro, o motor passou de 1200 cm³ para 1300 cm³, a partir de 1967, com 45 cavalos brutos. Em seguida, chegou o Fuscão, de 1500 cm³, introduzido em 1970 e com 52 cv brutos. A potência adicional veio associada à bitola traseira 6,2 centímetros maior, o que alterou o porte do modelo e lhe rendeu o conhecido apelido. A versão de 1600 cm³ (Bizorrão ou Super-Fuscão) viria em 1974, com dupla carburação, que rendia 65 cavalos brutos. Essa mudança veio acompanhada de aumento também na bitola dianteira, além de para-brisa maior, ventilação interna e pisca-alerta. Ao longo dos anos foram sendo introduzidas melhorias, como coluna de direção bipartida, duplo circuito de freios independentes e comando do limpador de para-brisa na coluna de direção (1977), volante de polipropileno texturizado e as lanternas traseiras grandes e arredondadas apelidadas de “Fafá” (1979), aquecimento interno e ignição eletrônica (1983), entre outras evoluções. 

O modelo teve também algumas reestilizações e séries especiais, como a Prata, de 1979. O nome foi oficialmente substituído por Fusca em 1983. Em 1984, o modelo ganhou freios a disco na dianteira e passou a ser produzido apenas na versão 1600 – no ano seguinte receberia a opção do motor movido a etanol. Sua produção foi retomada em 1993 e durou até 1996. Ao longo de toda a sua história, o Fusca teve mais de 3,1 milhões de unidades vendidas no Brasil. 


Há três unidades expostas na "Garagem VW - Parte II", todas muito especiais. A unidade do ano 1986 saiu diretamente da linha de produção, e está entre os últimos exemplares fabricados na “primeira fase” do modelo, que foi de 1959 a 1986. 


Fora de linha desde o fim de 1986, o Fusca voltaria a ser fabricado em 1993. Seu renascimento, inédito no mundo, veio de um pedido do então presidente da República, Itamar Franco, que via na retomada da produção um caminho para a geração de empregos e um estímulo econômico no setor de automóveis. Um plano de isenção tributária foi especialmente moldado à motorização refrigerada a ar, beneficiando Fusca e Kombi. 


O exemplar que passa agora a compor a Garagem II, chassi número 9BWZZZ11ZPP000001, é justamente o primeiro exemplar produzido na segunda fase de manufatura e o mesmo veículo apresentado a Itamar Franco na celebração do retorno da produção.


Em 1996, três anos após ter sua produção retomada a pedido do então presidente da República, Itamar Franco, o Fusca deixaria novamente de ser fabricado na Planta Anchieta. Para a aposentadoria definitiva no Brasil, a Volkswagen criou a Série Ouro: eram 1.368 exemplares diferenciados dos demais Fuscas "Itamar", que traziam faróis auxiliares, lanternas escurecidas, logotipo diferenciado nas laterais e a plaqueta "Fusca", no capô traseiro, em dourado. 


No interior, havia bancos com o mesmo material do revestimento do Pointer GTI, volante de dois raios do Gol "Bola", quadro de instrumentos com fundo branco e vidros verdes. Encerrada a produção do Série Ouro, outros três exemplares foram convertidos em conversíveis pela Sulam (tradicional transformadora de veículos fundada em 1973). O último desses carros, com chassi número 9BWZZZ113TP006623, pertence ao acervo histórico da Volkswagen do Brasil. 

Gol


Apresentado oficialmente à imprensa no dia 15 de maio de 1980, o Gol é, atualmente, o carro nacional mais longevo ainda em produção. Em seus 42 anos, o hatch da Volkswagen foi o carro mais produzido, vendido e exportado na história do setor automotivo brasileiro. Lançado nas versões básica e L, ambas com motor 1300 de 42 cavalos refrigerado a ar derivado do Fusca, o Gol se posicionava mercadologicamente entre a Brasília e o Passat. Mal havia chegado ao mercado e, já em 1981, as versões S e LS traziam o motor 1.6, também a ar, mas com dupla carburação e 51 cv. Baseada na versão LS, o raro Gol Copa pegou carona no campeonato mundial de futebol, sediado na Espanha em 1982. Dois anos depois, o esportivo GT estreava motores de refrigeração líquida – no caso, um 1.8 de 99 cv, que pouco tempo depois equiparia o sedã médio Santana. 

O Gol já tinha uma carreira agitada quando, em 1985, tomou emprestada a frente (com faróis maiores e agora acompanhados das luzes de seta) do Voyage e da Parati. No final do ano, a série limitada Plus abria o caminho para o famoso motor AP-600. 

O ano de 1987 foi um marco na história do Gol, que recebia sua segunda e (até então) mais profunda reestilização, ao receber novos faróis, grade e lanternas, além de para-choques mais envolventes e rodas redesenhadas. Um novo esquema de nomenclaturas - C, CL e GL - definia os níveis de acabamento e equipamentos, enquanto o GT era sucedido pelo mais apimentado GTS. Com sete anos de vida, o Gol assumiu a liderança no ranking de vendas de automóveis novos. 


A década das luzes neon e da redemocratização se aproximava do fim quando o mais mítico dos Gol nascia: em 19 de janeiro de 1989, o GTi, com seu motor 2.0 de 120 cavalos, era o primeiro carro nacional dotado de injeção eletrônica de combustível. O Gol, que passou por mais uma reformulação nos idos de 1990, também foi protagonista o surgimento de uma nova categoria de automóveis: os populares de motor 1.0, com o Gol 1000, apresentado em 1992. No ano seguinte, em 1993, o hatchback da Volkswagen chegou à marca de 1.000.000 de unidades vendidas. O Gol Copa reapareceu em 1994 homenageando o maior torneio de futebol do mundo, agora sediado pelos Estados Unidos. Com carroceria em um tom de azul similar ao do Copa de 1982 e emprestando elementos do GTi, como as lanternas fumê, os faróis de longo alcance e o volante "quatro bolas", o modelo também marcou o adeus da primeira geração.


A segunda geração do Gol foi apresentada em setembro de 1994, ganhando o apelido “bolinha”. O esportivo GTI (agora com "i" maiúsculo) inicialmente estreou com um motor 2.0 8 válvulas de 109 cavalos, que conviveu com o 2.0 16 válvulas de 145 cv, importado da Alemanha, a partir do final de 1995. Em 1996, o último Gol 1000 “quadrado” deixou a linha de produção.


Em meados de 1999, surge o Gol G3. Um novo milênio se aproxima e o Gol chega ao ano 2000 com a versão 1.0 Turbo, de 112 cv (mesma potência do 2.0 8v aspirado) e 15,8 kgfm. Logo depois, em 2001, o hatch alcança 3,2 milhões de unidades comercializadas no Brasil, ultrapassando o Fusca. 


O Gol foi o primeiro carro flex-fuel de produção em série no Brasil, em 2003, com motor 1.6 que aceitava gasolina, álcool ou a mistura de ambos em qualquer proporção. O Gol G5 marcou a remodelação completa do queridinho do Brasil, agora concebido sobre a plataforma PQ24 (2008). Em seguida, veio a opção do câmbio automatizado i-Motion (2009). Em 2014, após um recorde de 27 anos seguidos no topo do ranking de emplacamentos, o Gol deixou a liderança do mercado, ultrapassado pelo Fiat Palio. Em 2016, o Gol passou por sua última reestilização mais abrangente, ganhando novo painel, retoques visuais e o motor 1.0 três-cilindros de 12 válvulas e 82 cv com etanol. 

Aos 42 anos de idade, o Gol ficou imortalizado nas versões GT, GTS e GTI, que hoje são as mais cobiçadas pelos colecionadores. Outras variantes se tornaram igualmente itens raros de coleção, como a Copa, a Star ou a Plus, por exemplo. 


O exemplar das imagens se trata do primeiro Gol a obter a “placa preta” de veículos de coleção, um 1300 L 1980. Adquirido de um colecionador e restaurado pelo departamento de Desenvolvimento do Produto, este exemplar foi o protagonista da “Gol Fest”, celebração dos 30 anos da produção do modelo, realizada no Sambódromo do Anhembi (SP), em 2010. 


O exemplar 1993 do Gol GTi em exposição pertenceu à frota de testes da Engenharia e atualmente registra apenas 26 mil quilômetros em seu hodômetro. 


Com o Brasil ainda eufórico pelo tetracampeonato de futebol na Copa do Mundo, a Volkswagen lançou o Gol G2, em setembro de 1994. Instantaneamente apelidado de “bolinha”, o novo hatch marcou época com a versão GTI com motor 2.0 16 válvulas importado da Alemanha, a série especial em homenagem aos Rolling Stones (1995) e a primeira carroceria com quatro portas, em 1997. A geração "Bola" está representada por este exemplar, um Gol 1999 CL 1.6 na cor Azul Cancun, que foi transferido da linha de montagem diretamente para o acervo da empresa. Hoje conta com aproximadamente 400 quilômetros rodados. 


O Gol Endurance foi uma proposta apresentada no Salão do Automóvel de 2002, que remetia aos feitos automobilísticos dos anos 1960 e tinha como objetivo promover o Gol e quebrar o recorde mundial de Endurance (longa duração) na categoria. O Gol estabeleceu, às 12h23 do dia 15 de janeiro de 2003, a marca de 25 mil quilômetros rodados. O local para a prova foi o Autódromo Internacional José Carlos Pace, em Interlagos. O trecho definido para o recorde foi o anel externo do circuito, com 3.108 metros de extensão. Três unidades do Gol Power 1.6 foram escolhidas na linha de produção para o desafio. As únicas alterações realizadas foram a instalação de proteção no habitáculo dos veículos (“gaiola” de proteção) e de faróis auxiliares de longo alcance. 

Foram nove dias de rodagem ininterrupta, durante os quais os carros só paravam para troca de pneus e pastilhas de freios, além do abastecimento. Ah, e também precisavam cumprir os períodos de revisão. O primeiro Gol chegou aos nove mil km às 22h30 do dia 9 de janeiro. O segundo, que largou dia 10, estabeleceu a marca de 10 mil km às 17h04 do dia 13 de janeiro, após 3.218 voltas. Após mais de oito mil voltas no circuito, o terceiro Gol chegava à marca de 25 mil km rodados em Interlagos. É justamente esse o modelo exposto na Garagem VW, que está mantido com os adesivos originais do evento. A equipe era composta por 120 pessoas, entre técnicos, pilotos, fiscais e organizadores. Foram selecionados 15 pilotos, rodando cerca de 1h30. Os carros rodavam 24 horas por dia.


No ano de 2001, o Gol bateu o recorde de vendas do Fusca. Pouco antes, a versão 2.0 16v GTI se aposentava, diante das baixas vendas. Naquele mesmo ano, um Gol GIII equipado com motor 1.0 16 válvulas representou o marco de 10 milhões de Volkswagen produzidos no Brasil. O exemplar saiu da linha de montagem direto para a coleção da marca. 

Se no Salão do Automóvel de 1994 a segunda geração do Gol exibiu todo seu aproveitamento de espaço com uma unidade cuja estrutura fora exposta, na edição de 2000 foi a vez do Gol GIII ser recortado para demonstrar como itens de segurança, como freios ABS e airbags, estavam presentes no hatch. 


Em 2005, a Volkswagen lançou no Brasil o Gol G4 - que, assim como o G3, era uma reestilização sobre a carroceria G2. Na tentativa de manter o modelo competitivo, o visual recebeu linhas que lembravam outros VW da época e o acabamento interno foi simplifcado, reaproveitando o quadro de instrumentos do Fox. O G4 mantinha velhas heranças como o motor disposto em posição longitudinal (na contramão de todos os seus oponentes e até mesmo dos outros hatches da Volkswagen), a coluna de direção que fazia o motorista ficar com um braço mais esticado do que o outro e a dianteira que "abanava" em arrancadas. Mesmo não sendo uma geração tão marcante para os fãs do Gol, um exemplar ano 2006, equipado com motor 1.6, foi guardado para compor o acervo de modelos históricos da Volkswagen do Brasil. 

Apresentado como carro-conceito na “Gol Fest”, evento realizado em 2010 que celebrou os 30 anos do modelo, o Gol Vintage acabou se tornando uma série limitada a 30 exemplares. Entre os diferenciais, ele tinha numeração da unidade no painel, pintura da carroceria em dois tons, rodas exclusivas, faixas laterais com o nome da versão e interior seguindo a mesma temática branca e preta. Uma guitarra Tagima foi desenvolvida especialmente para o carro, com um sistema de pré-amplificação interno que permitia conectá-la ao sistema de som do Gol. Em exposição está justamente o protótipo do Gol Vintage, zero-quilômetro, que deu origem a série limitada. 

Os chamados “aventureiros urbanos” viveram seu auge nos anos 2000, e uma das principais expressões dessa categoria foi o Gol Rallye. O modelo surgiu em 2004, quando a geração era a G3, foi reeditado em 2007, na carroceria G4, e novamente relançado em 2010, já na linha G5. O conjunto de suspensão era elevado em 2,8 centímetros, ampliando para 17,1 centímetros a altura livre do solo, e o modelo trazia novas molas e amortecedores mais firmes. A unidade exposta, que compôs a frota de testes da Engenharia, é de 2011 e registra aproximadamente 88.000 quilômetros. 

Produzido entre 1984 e 1987, o GT, além de ser o primeiro Gol esportivo, também teve a primazia de inaugurar na linhagem do hatch um motor de refrigeração líquida – no caso o 1.8 de declarados 99 cavalos, que logo depois chegaria ao Santana. Para o Salão do Automóvel de 2016, o estúdio de Design da Volkswagen do Brasil apresentou o carro-conceito o Gol GT Concept, com carroceria na cor Cinza Volcano com detalhes vermelhos e teto em preto brilhante, rodas de 18 polegadas, faróis em LED e para-choques envolventes. Na cabine, a esportividade estava em detalhes como os bancos mais envolventes, o logo “GT” no painel, o volante do Golf GTI, os pedais e a alavanca do câmbio em alumínio, bem como as solteiras das portas alusivas à versão. 

Para atender a uma licitação da Polícia Civil do Estado de São Paulo, a Volkswagen desenvolveu o Gol Patrulheiro. Uma unidade 2017, que rodou cerca de 3.800 quilômetros em testes no Desenvolvimento do Produto, também está presente no acervo da VW. 


Após 42 anos de produção ininterrupta na fábrica de Taubaté (SP), o Gol chega a sua última versão. Para honrar a despedida do carro mais produzido, vendido e exportado na história do mercado brasileiro, a Volkswagen apresentou a edição limitada Last Edition em novembro. Das 1000 unidades produzidas, 650 delas serão comercializadas no Brasil - e o volume restante, exportado para países da América do Sul. O exemplar do Gol Last Edition exposto é justamente o de número 1000.

Golf 


Lançado na Alemanha em maio de 1974, o Golf foi a alternativa desenvolvida para substituir o Käfer (o apelido alemão do Fusca). O novo modelo se adequava à tendência de carros compactos mais econômicos, com motor refrigerado a água instalado na dianteira e tração igualmente dianteira. 

A primeira geração do Golf, com 3,82 metros de comprimento e 1,36 m de altura, foi desenhada por Giorgetto Giugiaro. Apresentado no Salão de Frankfurt de 1975 como “o Volkswagen mais rápido de todos os tempos”, o Golf GTI se originou a partir de um grupo de engenheiros entusiastas da marca, que desenvolveram o modelo secretamente, nas horas de folga. Quando apresentaram o projeto ao alto escalão da empresa, não houve outra alternativa senão dar sinal verde para o esportivo, lançado no ano seguinte à apresentação no salão alemão. Seria uma série limitada a 5000 unidades, mas o sucesso fez com que todas as oito gerações do Golf tivessem uma versão GTI. 

Um discreto contorno vermelho na grade dianteira, rodas exclusivas, volante de três raios e o famoso pomo da alavanca do câmbio com formato de bola de golfe diferenciavam o hot-hatch, que trazia um motor 1.6 de 110 cv. O Golf de primeira geração também trazia melhor aproveitamento do espaço interno e design marcado pelos ângulos vivos e superfícies planas. 

A segunda geração do Golf GTI estreou em 1984, chegando a ter 160 cavalos. Já a terceira geração estreou mundialmente em 1991. No Brasil, o modelo desembarcou em fevereiro de 1994 – o Plano Real ainda engatinhava e a Seleção Brasileira ainda não era tetracampeã. Primeiro carro importado (no caso, do México) da Volkswagen do Brasil em 41 anos, o hatch esportivo era comercializado inicialmente por apenas 70 concessionárias, trazendo motor 2.0 capaz de levar o modelo a quase 200 km/h. Contudo, foi na quarta encarnação, revelada em 1998, que o Golf deu seu maior salto tecnológico. E o GTI passou a vir com motor 1.8 Turbo de 150 cavalos (passaram a ser 180 cv em 2002). 


Uma safra especial do esportivo começou a ser vendida no Brasil em fevereiro de 2003: limitado a 99 unidades numeradas, o Golf VR6 trazia motor 2.8 de seis cilindros em V, com rendimento de 200 cv e 27 kgfm de torque. Já o câmbio manual era de seis marchas. Este conjunto levava o hatch médio (que tinha duas portas nesta série especial) de 0 a 100 km/h em 7,7 segundos. Esteticamente, era um modelo até discreto, com o emblema da versão na grade dianteira, faróis com máscara negra, defletores nos para-choques, rodas de 17 polegadas e saias laterais. No interior, as costuras dos bancos, do volante e dos tapetes eram vermelhas, havia uma plaqueta com a numeração daquele exemplar e o pomo da alavanca do câmbio tinha formato de bola de golfe. 


Apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo em 2002, o Golf GTI VR6 teve ali mesmo 67 unidades encomendadas. A unidade exposta na Garagem II é a 001/099, que em 2003 serviu como carro de frota do departamento de Imprensa e posteriormente foi incorporada ao acervo. 

Na Garagem II, também há um exemplar do Golf GTI da sétima geração (com motor 2.0 TSI de 230 cavalos) produzido em 2018, que pertenceu à frota de testes da Engenharia e atualmente está com 32 mil quilômetros no hodômetro.

Kombi


Ao lado do Fusca, a Kombi marcou o início das atividades da Volkswagen no País, há quase 60 anos. Sua montagem começou no ano de 1953, em um galpão no bairro do Ipiranga, em São Paulo. A partir do dia 02 de setembro de 1957, o modelo passou a ser efetivamente produzido no Brasil, na Fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, com 50% de componentes nacionais – índice que passaria para 95% em 1961. 

A Kombi foi o primeiro veículo fabricado pela Volkswagen do Brasil, antes mesmo do Fusca – e também foi o primeiro automóvel feito pela empresa fora da Alemanha. O nome Kombi é uma abreviação, adotada no Brasil, para o termo em alemão Kombinationsfahrzeug, que em português significa “veículo combinado” ou “combinação do espaço para carga e passeio”. A versão brasileira trouxe em seu lançamento o motor de quatro cilindros contrapostos (“boxer”) de 1200 cm³ refrigerado a ar, mas com potência de apenas 30 cv. 

Menos de quatro anos após seu lançamento no Brasil, foi introduzido no mercado nacional o modelo de seis portas, nas versões luxo e standard, com câmbio manual sincronizado e índice de nacionalização de 95%. A versão pick-up surgiu em 1967, já com motor de 1500 cm³ (com potência bruta de 52 cv) e sistema elétrico de 12 Volts. Em 1975, a Kombi passou por uma reestilização e também teve a cilindrada do motor ampliada para 1600 cm³. Na época, a potência bruta era de 58 cv. Três anos mais tarde, esse motor ganhou dupla carburação, o que aumentou sua potência bruta para 65 cv. A opção do motor 1.6 a diesel surgiu em 1981 – a carroceria de cabine dupla também foi introduzida naquele mesmo ano. 

Em 1982 foi introduzida a versão movida a etanol do motor 1.6. Com taxa de compressão de 10:1 e novo coletor de admissão, entre outras modificações, o motor desenvolvia potência de 56 cv. A Kombi foi o primeiro utilitário nacional equipado com catalisador, em 1992. Naquele ano também foi introduzido o servo-freio a vácuo, incluindo discos de freio no eixo dianteiro e válvulas moduladoras de pressão para as rodas traseiras. Em 1997 chegou a Kombi Carat, versão mais requintada com a carroceria reformulada que foi apresentada naquele ano, que trazia teto mais alto, porta lateral corrediça e ausência da parede divisória atrás do banco dianteiro. 


No fim de 2005, a Kombi substituiu o motor “a ar” pelo “a água” 1.4 Total Flex da família EA-111, capaz de rodar com gasolina, etanol ou qualquer mistura dos dois combustíveis. O modelo ficou 34% mais potente e cerca de 30% mais econômico do que o antecessor. A Kombi foi fabricada até agosto de 2013. Para celebrar sua despedida foi lançada a versão especial Last Edition, que teve ao todo 1200 unidades produzidas. 

Nas Garagens VW, estão em exposição nove unidades da Kombi. A "Corujinha" com pintura saia-e-blusa (nas cores Vermelho Calipso e Branco Lótus) é de 1961, foi comprada de um colecionador e, em seguida, foi totalmente reformada na Fábrica Anchieta. 

Para ampliar a visibilidade dos visitantes durante o passeio pela fábrica Anchieta, a Engenharia de Protótipos criou uma Kombi conversível em 1988. A van teve somente o para-brisa mantido e a carroceria foi cortada em sua linha de cintura; as portas laterais foram removidas para facilitar o acesso dos ocupantes e havia também uma barra atrás dos bancos dianteiros para permitir que os passageiros ficassem de pé.


Devastada durante a Segunda Guerra Mundial, a Stadt des KdF-Wagens ("cidade do KdF-Wagen", como era chamado oficialmente o Fusca até o término do conflito) voltou a funcionar inicialmente como oficina de reparos para veículos militares antes de retomar a produção civil, em dezembro de 1945, já renomeada para Wolfsburg. Para resolver a escassez de empilhadeiras dentro da fábrica ainda em reconstrução, inventou-se o Plattenwagen: sobre o chassi de Fusca, uma chapa longitudinal (daí o nome "platten", que pode ser traduzido como prancha) fora instalada à frente do motorista. Era o embrião da Kombi. A fábrica Anchieta também teve suas soluções internas, como esta Kombi Pick-Up 1999, utilizada pelo Desenvolvimento do Produto para transporte de peças e veículos, com carreta acoplada. Rodou até 2017, para então ser totalmente restaurada pelo departamento e ser incorporada ao acervo. 


Nos seus 63 anos de atividades no Brasil – contabilizando-se aí importação, montagem e fabricação –, a Kombi exerceu inúmeras funções, de transporte escolar a veículo de carga, passando por ambulância e até motorhome. Prova de sua polivalência é o exemplar de 2004 equipado com as ferramentas para atender ao Corpo de Bombeiros da Volkswagen. Até 2015, quando se aposentou da labuta para ser totalmente restaurado pelo departamento de Desenvolvimento do Produto, mantendo as características e os equipamentos de uso originais, rodou cerca de 24 mil quilômetros – sempre dentro da fábrica Anchieta. 

Normas mais exigentes de emissão de poluentes exigiram a aposentadoria do motor boxer refrigerado a ar no fim de 2005. Para marcar a despedida do propulsor (que nasceu com a própria Volkswagen), 200 unidades da Kombi Standard – o último carro no mundo ainda equipado com esse tipo de motor, com 1584 cm³, 58 cv e 11,3 kgfm de torque – se transformaram em exemplares da Série Prata, hoje muito cobiçada por colecionadores. Externamente, a Kombi Série Prata saía na cor metálica Prata Light, combinada a para-choques e aros de faróis pintados em Cinza Cross. Luzes de direção transparentes, lanternas escurecidas e uma plaqueta com o nome da versão na tampa do porta-malas completavam a diferenciação visual. Internamente, os destaques eram o revestimento diferenciado dos bancos e o logotipo “Kombi Série Prata Limited Edition” ao lado do velocímetro. Havia também vidros verdes e desembaçador do vidro traseiro. A unidade do acervo, retirada da linha de montagem para compor a coleção, pertencente ao último lote dos modelos arrefecidos a ar. 

Lançada em 2007, a Kombi Edição 50 anos foi uma versão comemorativa e limitada, representando uma unidade para cada ano de produção nacional do utilitário. Externamente, sua carroceria em duas cores recebia logotipos da série especial na tampa do porta-malas e nas portas; as luzes de direção eram translúcidas e as lanternas, escurecidas. Na cabine, havia uma plaqueta com o número de produção no painel (01/50, 02/50, 03/50...). Mimos como miniatura e certificado de propriedade enriqueciam o índice de “colecionabilidade” do veículo, que já tinha o motor 1.4 Total Flex refrigerado a água. A unidade da coleção é de pré-série, número 00/50, e foi transferida da linha de montagem diretamente para o acervo da Volkswagen do Brasil. 

A Volkswagen ainda não sabia como chamar seu veículo multiuso quando o apresentou à imprensa, em 11 de novembro de 1949. Seria Bully se outra empresa já não tivesse o registro. Quando o primeiro exemplar saiu da linha de produção da fábrica de Wolfsburg (Alemanha), em 8 de março de 1950, Transporter era o nome escolhido. E Bulli, com i no lugar do y, virou na hora o apelido. Globalmente, as gerações da Kombi, ficaram conhecidas com o T de Transporter antecedendo o número correspondente àquela fase. Na Alemanha, a T1 ("Corujinha") foi produzida até 1967, dando lugar à T2, que estreou no Brasil em 1976 e seguiu até 2013, quando saiu de linha. Na Europa, a geração atual, T6, convive com a elétrica ID. Buzz. O acervo da VW do Brasil conta com o último exemplar T2 produzido no mundo, na carroceria Furgão. 


A Garagem VW também conta com a última unidade da Kombi fabricada na Anchieta. Saiu da linha de produção diretamente para o Acervo, em 2013. Com menos de 100 quilômetros registrados no hodômetro, está totalmente original. 


A Volkswagen do Brasil confirmou o fim da produção da Kombi em 14 de agosto de 2013. Isso porque não seria possível instalar no utilitário o airbag duplo e os freios ABS, itens de segurança que se tornariam obrigatórios em todos os veículos novos a partir do ano seguinte. O fim de uma trajetória de então 56 anos ininterruptos de produção não podia passar em branco, e a versão Last Edition – inicialmente limitada a 600 unidades e posteriormente ampliada para 1200 exemplares – chegaria para marcar o fim de carreira da Kombi no Brasil com itens exclusivos, como pintura “saia e blusa”, pneus com faixa branca, adesivos nas laterais traseiras alusivos à versão e cortinas nas janelas. 


Como em outras edições especiais, havia uma plaqueta numerada no painel e um certificado de autenticidade. O exemplar exposto na Garagem II é o de número 0056/1200 e seguiu diretamente da linha de montagem para o acervo da Volkswagen do Brasil.


Logus


Para conhecer as origens do Logus, é preciso voltar ao dia 1º de julho de 1987, data da oficialização da Autolatina. A união administrativa e fabril entre Volkswagen e Ford tinha a missão de compartilhar tecnologias e, assim, reduzir custos em um momento de crise do mercado sul-americano de automóveis. Então líder do mercado nacional, a Volkswagen era sócia majoritária no acordo, com 51% das ações. Os primeiros carros desta joint-venture surgiram na década seguinte.

No dia 04 de fevereiro de 1993, chegava o substituto do Apollo: o Logus, um sedã de duas portas baseado na plataforma da quarta geração do Ford Escort, que deu origem também ao Pointer (hatch de quatro portas). Foi um dos últimos modelos frutos da Autolatina, desfeita oficialmente em 1º de janeiro de 1996. No seu curto tempo de vida, o Logus conquistou fãs com bom espaço interno: a distância entre-eixos de 2,52 metros garantia folga para os passageiros de trás, enquanto o porta-malas de 416 litros (que chegava a 688 litros com os encostos traseiros rebatidos) acomodava as bagagens de uma família média. Já os 4,28 metros de comprimento lhe garantiam o devido status de carro médio na época. 


O modelo estava disponível nas configurações CL 1.6, CL 1.8, GL 1.8 e GLS 1.8. A versão topo-de-linha trazia equipamentos como alarme acionado na fechadura, vidros elétricos com acionamento por um-toque e sistema anti-esmagamento, toca-fitas digital com equalizador e ar-condicionado. À época, o Logus impressionou a imprensa especializada pela boa posição ao volante e pela ergonomia acertada, com quadro de instrumentos de fácil leitura e controles bem-posicionados. No quesito mecânica, o Logus trazia sob o capô o motor 1.6 de origem Ford ou 1.8 AP da Volks, este com 86 cv e 14,5 kgfm de torque. Seu carburador eletrônico dispensava o afogador, mantendo a marcha lenta sempre estável, enquanto o câmbio manual de cinco marchas tinha engates acionados por cabos, solução que garantia mais precisão. 


A linha 1994 trouxe a versão GLS 2.0, com até 113 cavalos e CD Player como opcional. No mesmo ano, o sedã estreava a série especial Wolfsburg Edition, diferenciada pelo apelo mais esportivo e pelas cores exclusivas – uma homenagem à sede da Volkswagen na Alemanha. Após 125.332 unidades fabricadas, a produção do Logus se encerrou em dezembro de 1996. A unidade exposta na Garagem II foi produzida em 1995. É um modelo GLi com motor 1.8, que rodou apenas 3 mil quilômetros em sua trajetória de carro de testes do departamento de Engenharia da Volkswagen do Brasil.

Parati 


A station wagon compacta foi apresentada ao Brasil no dia 07 de junho de 1982, já como modelo 1983, com motor 1.6 refrigerado a água e três versões: S, LS e GLS. Sua primeira série especial, Plus, foi adicionada à linha um ano depois. Em 1988, a versão GLS passou a ter o motor 1.8. 


A primeira grande remodelação na Parati ocorreu em outubro de 1995, com o lançamento da linha 1996. A perua ficou sete centímetros mais longa e já trazia uma gama de motores com injeção eletrônica de combustível (monoponto nas opções 1.6 e 1.8 e multiponto no AP-2000). As versões passaram a ser chamadas CLi, GLi e GLSi. Esta última era a mais luxuosa e podia vir equipada, opcionalmente, com freios ABS. 

A Parati Geração III chegou em maio de 1999, com design renovado e uma ampla lista de itens de série e opcionais. As três versões, 1.8, 2.0 8 válvulas e 2.0 GTI 16V, passaram a ser oferecidas com pacotes modulares opcionais de comodidade e estilo. Em maio de 2000, surge a 1.0 Turbo 16 válvulas, com 112 cavalos. A quarta geração da Parati foi apresentada em 2005, seguindo as alterações do Gol G4. Em 2006, todas as versões passam a ter motor Total Flex e direção hidráulica de série. Na linha 2013, a última da Parati, foram adicionadas as rodas pintadas de cinza e os faróis com detalhes cromados. 

Na Garagem VW, existem quatro unidades em exposição. A Parati GLS é um exemplar de 1994, e esta unidade foi retirada da linha de produção na Anchieta diretamente para o Acervo da Volkswagen. 

Também está presente a Parati EDP, apresentada no Salão do Automóvel de São Paulo em 1996 como carro-conceito. O sobrenome da perua significava “Engineering Design Prototype” e antecipava as tendências do tuning automotivo que se tornariam muito populares na década seguinte. Este carro-conceito trazia motor 2.0 16 válvulas com duplo comando e 200 cavalos, sistema de escape redimensionado, freios a disco nas quatro rodas e bitolas alargadas. Esteticamente, a Parati EDP ostentava rodas BBS de 17 polegadas, para-choques exclusivos e embutidos na carroceria, grade superior fechada, para-lamas alargados, saias laterais, extratores traseiros e retrovisores aerodinâmicos. Na cabine havia volante Momo, bancos esportivos, pedais em alumínio e assoalho em chapa. O banco traseiro deu lugar a um sistema de som de 1000 Watts. 


A ex-primeira-dama Ruth Cardoso (1930 – 2008) se notabilizou por seu amplo legado na esfera das obras assistenciais. Em 1997, esta unidade das imagens acima, uma Parati GL 1.8, foi emprestada à antropóloga para auxílio em seu trabalho. Ao final do mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o veículo foi devolvido, e registra aproximadamente 23 mil quilômetros rodados. 

Também há uma unidade produzida em 1999 e utilizada por 15 anos no setor de Desenvolvimento do Produto, mais especificamente no Laboratório de Emissões para verificação de emissões e consumo. Restaurada em 2017, a "Parati Emissões" é exibida pela primeira vez na estreia da Garagem II.

Passat 


Primeiro veículo da Volkswagen com motor refrigerado a água – seu quatro-cilindros de 1.500 cm³ gerava 78 cv brutos –, o Passat foi lançado no Brasil em 1974, um ano após sua chegada na Europa. Com desenho assinado pelo italiano Giorgetto Giugiaro, no início tinha carroceria de duas portas, recebendo a de 4 portas no fim daquele ano, durante o IX Salão do Automóvel. Suas inovações eram tantas para o mercado nacional que o modelo foi eleito o Carro do Ano pela revista Autoesporte em 1975, tornando-se o segundo Volkswagen a conquistar o prêmio. 

O modelo trazia muitos avanços técnicos em relação ao portfólio da Volkswagen no Brasil. Sua carroceria era do tipo monobloco, o motor estava instalado na frente (em todos os outros modelos da marca naquela época, estava instalado na traseira) e tinha comando de válvulas no cabeçote (ante o comando no bloco dos demais motores “a ar”), sua suspensão dianteira tinha raio negativo de rolagem e os freios possuíam duplo circuito. Em 1976, viria o motor de 1600 cm³ e 96 cv, além da tampa traseira ampliada que levava junto o vidro traseiro - a versão chamada “três-portas”, oferecida em complemento às de duas e quatro portas. O recurso melhorava o acesso ao compartimento e ampliava a capacidade do porta-malas. A versão movida a álcool veio em 1979. 


Para 1980, o Passat passou por uma reestilização, com a adoção de faróis retangulares – nesse ano o modelo foi eleito novamente o Carro do Ano pela revista Autoesporte. Ao longo do tempo, o Passat estreou várias versões (Surf, TS, Village e LSE - o famoso “Passat Iraque”, criado para exportação ao país do Oriente Médio e que passou a ser também vendido no Brasil), além de oferecer itens como câmbio de cinco marchas e teto solar. 


A versão esportiva GTS Pointer foi introduzida em agosto de 1983. Trazia suspensão recalibrada, acabamento interno diferenciado, rodas de liga-leve e bancos dianteiros Recaro, entre outros itens. A partir de 1984, o Passat passou a trazer o motor 1.8 utilizado também no Santana, que gerava 85 cv na versão a gasolina e 92 cv na opção movida a álcool. O Passat foi fabricado até 1988 e teve mais de 675 mil unidades vendidas no Brasil. O GTS Pointer exposto é uma das últimas unidades do Passat fabricadas na Anchieta, em 1988, e saiu da linha de produção diretamente para o Acervo VW.

Pointer


O Pointer foi apresentado no dia 10 de dezembro de 1993, como parte da linha 1994 da Volkswagen. Chegou ao mercado com a primazia de ser o primeiro hatchback com cinco portas da Volkswagen - na época, seu gêmeo bivitelino Ford Escort só contava com carroceria de duas portas. Trazia detalhes como o grande vidro traseiro, faróis que incorporavam as luzes de longo alcance e o estilo arredondado – o desenho inovador tem a assinatura do designer Luiz Alberto Veiga. Era disponível em quatro versões, com duas opções de motor: os modelos CL e GL vinham com o AP-1800 (sendo que o GL oferecia como opcional o AP-2000), a gasolina ou álcool. As potências eram de 86 cv (1.8 gasolina), 95 cv (1.8 etanol), 106 cv (2.0 gasolina) e 113 cv (2.0 etanol). 


A versão GTi trazia o sempre AP-2000 com injeção eletrônica de gasolina e 115,5 cv. Também era equipada com freios a disco nas quatro rodas e suspensão com calibração esportiva, com amortecedores pressurizados e molas mais firmes. O Pointer era equipado com o recém-introduzido câmbio de cinco marchas “MQ”, que contava com engate por cabos. Seu porta-malas tinha 388 litros de capacidade. O hatchback foi produzido até dezembro de 1996 e teve aproximadamente 37 mil unidades vendidas no nosso País. A unidade em exposição, na cor Verde Taiti e ano 1995, saiu da linha de produção direto para o Acervo da VW.


Polo


Lançado no País no dia 18 de abril de 2002 na carroceria hatchback, o Polo ajudou a popularizar no Brasil o segmento de compactos premium. Produzido em uma linha informatizada e de conceito modular, o Polo era montado por 400 robôs, tinha sistema de solda a laser, entre outros avanços. Assim como o Passat em 1974, o Polo estreava no Brasil poucos meses após sua apresentação na Alemanha, que havia ocorrido em novembro de 2001. Projeto global, o Polo também foi produzido na Espanha, na Eslováquia, na China e na África do Sul. Sua versão sedã foi mostrada no Salão do Automóvel de São Paulo em 2002, chegando ao mercado logo em seguida. Ele foi o primeiro Volkswagen brasileiro a ser exportado para a Europa – o segundo seria o Fox. Era 28 cm maior no comprimento e tinha porta-malas de 435 litros. Sua versão completa Highline vinha com ar-condicionado automático, computador de bordo e porta-copos retrátil.


O Polo tinha motores 1.6, 2.0 e 1.0 16 válvulas (este último apenas para o hatch, somente entre 2002 e 2003) e versões 1.6, Comfortline e Sportline. O modelo se destacava por sua qualidade de construção, pela dirigibilidade (ele trazia, por exemplo, direção com assistência eletro-hidráulica), pelo nível de equipamentos e pelas soluções como o ângulo de abertura das portas de 78 graus. Seu câmbio era o manual de cinco marchas “MQ-200”. Em 2004 o motor 1.6 passou a ser flex. Em 2006, foi oferecido no mercado um lote de 30 unidades do Polo Hatch na versão esportiva GTI, com o motor 1.8 Turbo de 150 cv e detalhes exclusivos de acabamento. A primeira reestilização da linha Polo foi feita naquele mesmo ano, com a introdução de novidades no visual dianteiro e traseiro, além de mais itens de série. 

O Polo foi o escolhido para estrear no País, em março de 2009, o sistema E-Flex, tornando-se o primeiro automóvel de motor flexível sem o reservatório de gasolina para a partida a frio. Também em 2009, o Polo estreou a versão BlueMotion, garantindo redução de até 15% nos níveis de consumo de combustível e de emissões. Para isso foram feitos aprimoramentos em aerodinâmica, transmissão, suspensão (1,5 cm mais baixa), além da adoção dos pneus “verdes”, com menor resistência ao rolamento. Outra primazia do Polo foi a introdução, ainda em 2009, da transmissão automatizada ASG, na versão I-Motion. Em julho de 2011 o modelo passou por uma leve atualização visual. A quarta geração do Polo deixou de ser produzida no Brasil em 2014.

Na Garagem VW, há duas unidades em exposição: um Polo Sedan 2.0 2005 (com aproximadamente 80.000 quilômetros, que pertenceu à frota de testes da Engenharia e posteriormente foi incorporada ao acervo de carros históricos da Volkswagen do Brasil) e um Polo Hatch, exemplar 1.6 ano 2002, que foi retirado da linha de produção para o Acervo da Volkswagen.

Santana


Lançado em junho de 1984, o sedã marcava a entrada da Volkswagen no segmento de veículos médios. Inicialmente com versões CS, CG e CD e opções de carroceria com 2 e 4 portas, ele tinha câmbio manual de 5 marchas (havia câmbio automático de 3 velocidades como opcional) e motor 1.8 que gerava 85 cv na opção a gasolina e 92 cv na alternativa movida a álcool. Entre seus itens, estavam vidros e travas elétricos, além do rádio toca-fitas. Apresentada na Europa em 1981, a segunda geração do Passat deu origem ao nosso Santana, que mirava o mercado de luxo. A Quantum, que chegou em setembro de 1985, era a única station wagon na época de seu lançamento a ter a praticidade das quatro portas.

Em 1989 o sedã ganhou versão com o motor AP-2000 – nesse ano, foi eleito o Carro do Ano pela revista Autoesporte. Em 1990, foi introduzida a série especial Executivo (EX), com injeção eletrônica de combustível. 


No ano seguinte, o Santana passou por uma remodelação profunda e se tornou o primeiro carro nacional equipado com catalisador e a oferecer os freios anti-travamento (ABS) como opcional. Também em 1991 foi introduzida injeção eletrônica para os motores 1.8 e 2.0 em toda a linha. Em 1996 foi encerrada a oferta da versão com câmbio automático. 


O Santana passou por sua última reestilização em 1998 – à época, suas versões eram 1.8, 2000 Mi, Evidence e Exclusiv. A produção do sedã foi encerrada em 2006, enquanto a Quantum teve vida mais curta e saiu de cena em 2001. 


Três exemplares da linha Santana fazem parte da Garagem VW. A unidade do modelo EX, do ano de 1991, pertenceu à frota da Engenharia e foi utilizada para testes e homologação do produto. Este carro foi totalmente reformado, num processo que envolveu a recuperação de componentes como sua bomba e tanque de combustível até frisos e detalhes de acabamento. 


A Quantum, de 2001, rodou cerca de 97 mil quilômetros e foi da frota de testes da Engenharia. 


Na Garagem II também reside uma das últimas unidades produzidas no ano de encerramento de sua produção, em 2006, na versão Comfortline. Com aproximadamente 2.000 quilômetros, este carro foi da frota de testes da Engenharia.


Saveiro


A Saveiro, picape compacta da Família BX, chegou ao mercado em agosto de 1982 como a terceira e última derivação do Gol, depois do Voyage e da Parati Chegou nas versões S e LS, ambas com o motor 1600 refrigerado a ar – substituído, no fim de 1984, pelo 1.6 refrigerado a água. Entre seus principais atributos estavam a capacidade de carga, de 570 kg. A primeira geração seguiu em produção até 1997. Apresentada em outubro de 1997 como linha 1998, a segunda geração da Saveiro trazia maior distância entre-eixos e capacidade ampliada de carga (passando para 700 kg). A partir de 1999, a picape passou a contar com o airbag duplo como opcional. 

Março de 2000 marcou a introdução da Saveiro Geração III, com mudanças no design e três opções de motores: 1.6, 1.8 e 2.0. Entre as várias séries especiais e versões que o modelo teve, vale destacar a Crossover, de 2004, com quebra-mato, estribos laterais e santantônio. A Saveiro de quarta geração surgiu em 2005 e também teve a variação Crossover. Totalmente renovada e baseada no Gol G5, a quinta geração da Saveiro chegou em 2009, com o motor 1.6 EA-111 VHT montado transversalmente e o câmbio manual MQ-200. Nessa geração, a Saveiro contou com carroceria de cabine simples, estendida (com mais espaço atrás dos bancos traseiros) e, a partir de 2014, dupla, com duas portas e capacidade para 5 pessoas. 


Na Garagem VW, duas unidades da picape estão expostas. A Saveiro GL 1998 saiu da linha de produção na Anchieta direto para o Acervo da Volkswagen. Também está presente a Rocket (foguete, em inglês), carro-conceito exibido na 50ª edição do Salão do Automóvel de São Paulo. Na onda das personalizações automotivas, a Saveiro Rocket trazia motor 1.4 TSI, câmbio manual de seis marchas e bancos esportivos. O visual esportivo trazia santantônio integrado (que dava um ar de cupê à picape), aerofólio embutido na cobertura rígida da caçamba, rodas de 18 polegadas e entradas de ar laterais. A carroceria era pintada na cor branca perolizada, atravessada por uma faixa vermelha.

SP1


Considerados por antigomobilistas como dois dos modelos mais belos da história da Volkswagen, o SP1 (motor 1600) e o SP2 (motor 1700) foram inteiramente projetados, desenvolvidos e produzidos no Brasil – o desenho foi assinado pelo célebre designer automobilístico Marcio Piancastelli. A apresentação dos modelos ocorreu no dia 26 de junho de 1972 e o SP2 foi produzido até 1976. 


Com baixo centro de gravidade da carroceria e coeficiente aerodinâmico reduzido, os modelos traziam design esportivo e ousado, sem abrir mão da boa visibilidade, graças à ampla área envidraçada, e da praticidade dos dois porta-malas. Eram esportivos com detalhes exclusivos para a época, como instrumentos integrados ao painel, bancos esportivos forrados de couro e volante com desenho exclusivo. Por fora, o SP1 trazia os limpadores de para-brisa com braços pantográficos, além de apliques nas laterais que realçavam as linhas da carroceria. 


Com menos de 100 unidades produzidas, o SP1 é um modelo bastante raro e fez menos sucesso que o SP2 por ter menos potência e ser mais despojado de equipamentos. A unidade em exposição é ano 1971, passou por diversos departamentos na Fábrica Anchieta, ficou guardado por anos, foi encontrado, totalmente recuperado e integrado ao Acervo da Volkswagen.

SpaceCross


Os atributos aventureiros do CrossFox já haviam sido incorporados ao carro-conceito SpaceFox Crossover, apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo em 2006, mas somente em 2011 se iniciava a produção em série da SpaceCross, que aliava o porta-malas de 430 litros à roupagem aventureira que fazia muito sucesso no Brasil. Do CrossFox, a perua só não incorporou o estepe do lado de fora da carroceria. A SpaceCross mantida no acervo é de 2014, pertenceu à frota de testes da Engenharia e registra atualmente cerca de 25 mil quilômetros rodados.

up! 


O Acervo da VW selecionou duas unidades do modelo para expor na Garagem VW. O up! BGT7 foi customizado pelo estúdio de design da Volkswagen do Brasil para aparecer no Bubble Gun Treffen, tradicional evento para entusiastas da marca, realizado na cidade de Águas de Lindóia. A proposta, inspirada nos projetos de tuning comuns na Europa, consistia em personalizar um up! 2 portas com pintura fosca na cor prata (que destacava as formas do carro), para-choque dianteiro e tampa do porta-malas com temática de fibra de carbono, teto, retrovisores e defletor traseiro em tom cinza chumbo e a inscrição “Bubble Gun Treffen 07” nas laterais. A cabine tinha forração em couro com padronagem inspirada em modelos da Bentley, uma das marcas do Grupo Volkswagen.

Um exemplar do up! Xtreme 2021 marcou o fim da jornada de sete anos do compacto no Brasil. O exemplar guardado na Garagem II é um dos últimos produzidos.

Variant II


Apresentada em novembro de 1969 com motor 1600, a Variant trazia o nome utilizado pela Volkswagen na Alemanha para designar station wagons. Após algumas reestilizações ao longo dos anos 1970, a perua estreou sua segunda geração em novembro de 1977, denominada Variant II. Nessa segunda fase, ganhou linhas retas, muito assemelhadas às do Brasilia, além de mais espaço na cabine e inovações técnicas, como suspensão independente tipo McPherson com raio negativo de rolagem na dianteira, duplo circuito de freio (diagonal), pneus radiais de série e limpador do vidro traseiro – por incrível que pareça, essa era uma inovação no mercado nacional. 


Seu motor era o de 1600 cm³ e 67 cavalos (brutos), montado na traseira. Por dentro, trazia bancos dianteiros similares ao do Passat, banco traseiro com espuma especial e encosto rebatível. A Variant II foi produzida até 1981 e teve mais de 293 mil unidades vendidas. O modelo exposto na Garagem VW é do ano de 1980 e foi também guardado da produção na Fábrica Anchieta.


VEMP 


A Volkswagen desenvolveu um projeto inédito para poder participar de uma licitação do Exército Brasileiro no início dos anos 1970. O texto falava em “veículo todo terreno”, com tração 4x4 e que tivesse capacidade para puxar 500 kg de carga. Assim surgiu o VEMP, sigla para “Veículo Militar Protótipo”. Com construção do tipo carroceria sobre chassi, trazia o mesmo motor 1600 a ar aplicado aos demais modelos da linha Volkswagen. 


A carroceria de aço é toda feita com linhas retas e simples, para facilitar a manutenção do veículo. A tração é traseira, com caixas de redução nas rodas. A tração dianteira é acionada sob demanda por uma pequena haste ao lado da alavanca de câmbio. A suspensão dianteira utiliza barras de torção longitudinais presas diretamente ao chassi do protótipo. Foram feitas apenas duas unidades do VEMP. Sobre uma delas há poucas informações - há relatos que ela tenha sido desmontada. Já o exemplar das fotos em exposição permaneceu na fábrica Anchieta e passou a ser utilizada internamente. 


Foi descaracterizada, recebeu rodas de liga leve, ganhou outra pintura e perdeu o jeito de veículo militar. Era utilizada para puxar uma carretinha de peças. Escolhido para integrar o Acervo da Volkswagen, foi totalmente desmontado e entrou em processo de restauração. No entanto, havia poucas informações disponíveis a respeito do veículo: quase todo o processo foi feito a partir de fotografias de época. 


De volta ao seu estado original, o modelo conta com algumas modernizações, como os bancos dianteiros do Fox e o motor 1.6 da Kombi. Embora não tenha sido aprovado pelo Exército, o projeto teve sua história preservada na Garagem VW.

Voyage


Lançado no dia 23 de junho de 1981, o sedã Voyage foi oferecido inicialmente com duas portas nas versões S e LS, com opção de motores movidos a álcool ou a gasolina, ambos 1.5 refrigerados a água. O câmbio era manual de quatro marchas. Em agosto do ano seguinte, o modelo passaria a ter a opção do propulsor 1.6, também com refrigeração a água. Nesse mesmo ano ganharia outras duas versões, GLS e Plus; foi também eleito o Carro do Ano pela revista Autoesporte. Em agosto de 1983 o Voyage estreou a carroceria de quatro portas e a famosa série especial Los Angeles, com carroceria em um tom chamativo de azul. No ano seguinte viria o propulsor 1.8, seguido, em 1985, pelo motor "biela longa". 

A mudança de visual em agosto de 1986 seria acompanhada pela alteração dos nomes das versões, que passaram a se chamar C, CL, GL e GLS. O Voyage passaria por mais uma mudança estética no final de 1990, época em que oferecia os motores AE 1600 (versão CL), AP 1.8 (versão GL) e AP 1.8S (Sport). Nos anos seguintes, o sedã chegou a oferecer ar-condicionado e direção hidráulica como opcionais para a versão GL. Produzido até dezembro de 1995 nessa primeira fase, ele teve mais de 465 mil unidades vendidas. 

O Voyage foi relançado em setembro de 2008, marcando a entrada da Volkswagen em um dos mais importantes segmentos do mercado: o dos três-volumes com motor 1.0. Concebido, planejado e desenvolvido simultaneamente com o Gol, o Voyage, ao longo de seus mais de 30 anos de história, teve mais de 305 mil unidades exportadas para 58 países. A produção do Voyage começou na fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo, que fabricou 340.891 unidades do carro em dois períodos: entre 1981 e 1987 e entre 1990 e 1996. Nos anos de 1988 e 1989, o carro foi produzido na fábrica de Taubaté. Ao todo, o modelo soma mais de um milhão de unidades vendidas ao longo de sua história. 

A unidade exposta, versão GL e ano 1995, foi retirada da linha de produção diretamente para o Acervo da Volkswagen.

1600 "Zé do Caixão"


Apresentado no Salão do Automóvel de 1968, no dia 23 de novembro daquele ano (àquela época, o evento ainda ocorria no Ibirapuera, em São Paulo), o 1600 era “um Volkswagen maior", de quatro portas, com motor 1600 de 60 cavalos (potência bruta). As linhas quadradas e as maçanetas externas cromadas, fatores que se somaram ao fato de que o sedã era chamado simplesmente de 1600, fizeram com que o modelo ganhasse o apelido "Zé do Caixão".


O modelo foi desenvolvido em conjunto por engenheiros e técnicos brasileiros e alemães. Era um sedã de quatro portas equipado com o motor traseiro de quatro cilindros refrigerado a ar, instalação com a “ventoinha alta” – posição diferente da utilizada no Fusca. O 1600 era capaz de atingir 135 km/h de velocidade máxima. A má fama do nome e a preferência nacional pelos modelos compactos de duas portas foram fatores que fizeram com que o 1600 fosse produzido somente até 1971. 

De sua base – nova, com maior bitola que a do Fusca – nasceram quatro outros veículos da Volkswagen no Brasil: Variant, 1600 TL, SP1 e Brasilia. O Fuscão (1500) também passou a ser produzido sobre esse mesmo chassi a partir de 1970. A unidade do 1600 "Zé do Caixão" em exposição é ano 1970, pertenceu a um colecionador de automóveis antigos e está entre os primeiros veículos adquiridos para o Acervo da Volkswagen do Brasil. Este carro foi totalmente desmontado, reformado em todos os seus detalhes, repintado e montado.

1600 TL


O Volkswagen 1600 TL foi apresentado ao Brasil no dia 03 de agosto de 1970, como parte da linha 1971, e inovava com suas linhas arrojadas e carroceria no estilo “fastback”, com o desenho da traseira em uma curva descendente. Na dianteira, compunham o visual os faróis duplos. Inicialmente com carroceria duas-portas e com motor 1.6 de 65 cavalos (brutos), o TL destacava-se pelo interior com materiais acolchoados, painel com aplicação que imitava madeira, apoio de braço, dois para-sóis e bancos anatômicos. 


O TL tinha dois porta-malas, um na dianteira e o outro sobre o motor na traseira. O propulsor, aliás, seguia o tipo de construção “plana” já introduzido na Variant e tinha dupla carburação. Os freios eram a disco no eixo dianteiro. No fim de 1971, chegou a opção de carroceria quatro-portas – nesse mesmo ano o TL também foi eleito o Carro do Ano pela revista Autoesporte, sendo o primeiro Volkswagen a conquistar esse prêmio. 


O 1600 TL foi produzido até 1976. A unidade em exposição, ano 1972 e na cor branco-lótus, também foi adquirida de um colecionador de veículos antigos. Em seguida, passou por um extenso trabalho de restauração na Fábrica Anchieta.

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