Fiat Strada alcança apenas uma estrela nos testes do Latin NCAP

O Latin NCAP apresentou os resultados dos crash-tests da Fiat Strada (vendida em alguns mercados com o nome Ram 700) nas carrocerias de cabine simples e dupla. A picape alcançou somente uma estrela na nota geral dos testes de segurança. O órgão considerou que a estrutura da utilitária é instável, os airbags laterais proporcionam baixa proteção, detectou que há diferenças nos assentos entre as versões de cabine simples e dupla e que faltam itens de assistência à segurança.

Fabricada em Betim (Minas Gerais), a Strada obteve uma estrela tanto na carroceria cabine simples como na cabine dupla. A picape de cabine simples, com dois airbags frontais e controle eletrônico de estabilidade de série, alcançou 47,47% de proteção para adultos, 22,08% de proteção para criança, 40,23% na proteção a pedestres/usuários vulneráveis das estradas e 41,86% no que diz respeito aos sistemas de assistência à segurança. Já a Strada de cabine dupla, que vem de fábrica com quatro airbags (dois frontais e dois laterais dianteiros com proteção para cabeça e tórax) e controle de estabilidade, alcançou 41,39% na proteção para adultos, 52,96% em proteção para crianças, 40,23% na proteção para pedestres/usuários vulneráveis das estradas e 48,84% em sistemas de assistência à segurança. O pior resultado das duas versões é aquele que representa o resultado do modelo; neste caso, ambas as versões obtiveram uma estrela.

No impacto frontal, o Latin NCAP classificou a estrutura da carroceria da Strada como instável, inclusive na área dos pés dos testes. Durante o impacto lateral contra poste, os airbags laterais (que só vêm de fábrica nas versões de cabine dupla) tiveram acionamento incorreto e apresentaram tamanho reduzido, protegendo pouco a cabeça e o tórax do ocupante, o que implica em alta probabilidade de ferimentos com risco de morte, afetando negativamente o resultado do impacto lateral. 

O Latin NCAP lembra o fato de que o veículo ter um elemento de segurança não significa que ele funcione corretamente e ofereça proteção adequada, como também foi detectado em outros modelos como os Renault Sandero, Logan e Stepway. A proteção para a coluna cervical (aferida no teste de whiplash) mostrou boa proteção para o banco da versão de cabine dupla, porém na versão de cabine simples a proteção foi considerada pobre (a pior classificação possível). Os assentos têm diferenças consideráveis entre as carrocerias, fato que surpreendeu o Latin NCAP.

A proteção das crianças foi considerada boa nos testes de colisão, mas a pontuação geral foi afetada devido à falta de ancoragens e sinalização no padrão i-Size, pela indisponibilidade de recomendação dos tipos de cadeirinhas infantis em todos os mercados onde o modelo é vendido e pela falta de capacidade de desativar o airbag frontal do passageiro de acordo com os requisitos do Latin NCAP. A proteção para pedestres mostrou uma proteção pobre na parte superior da perna. A falta de itens como frenagem autônoma de emergência, assistência de permanência na pista, detecção de veículos em pontos cegos e limitador de velocidade explicam a baixa pontuação relativa aos sistemas de assistência à segurança. A versão de cabine simples não dispõe do aviso de não-uso do cinto de segurança para o banco do passageiro.

Conforme o Latin NCAP, as cadeirinhas para crianças devem ter conectores ISOFIX para serem encaixados nos pontos estruturais do veículo. Cada tipo de cadeirinha deve ter uma lista de veículos para os quais o assento infantil é "específico do veículo". O padrão i-Size se baseia no conceito e nas aprovações das ancoragens ISOFIX, mas remove a condição "específica do veículo", o que significa que qualquer tipo de cadeirinha aprovada como i-Size será adequado para instalação em qualquer veículo reconhecido como i-Size. Cadeirinhas aprovadas como i-Size devem cumprir os requisitos de proteção contra impacto lateral.

O Latin NCAP avalia a versão mais básica dos modelos quanto à presença equipamentos de segurança passiva. Quando os resultados mostram desempenhos preocupantes, o Latin NCAP entra em contato com o fabricante sobre alternativas para melhorar a segurança dos veículos e corrigir eventuais. Fiat e Ram, ambas marcas do grupo Stellantis, não haviam respondido formalmente às perguntas do Latin NCAP a este respeito até a data de publicação dos testes.

Alejandro Furas, Secretário Geral do Latin NCAP, disse:

"A Fiat (FCA) mais uma vez decepciona com um pobre resultado após o mau desempenho do Argo/Cronos no ano passado. Estes modelos estão entre os mais populares da região. É preocupante que os fornecedores globais de autopeças continuem a oferecer sistemas de retenção na América Latina sem a robustez esperada para os cenários de teste do Latin NCAP, como fazem para outros mercados, como Europa, EUA e Austrália. Stellantis, juntamente com a General Motors e Volkswagen, é um dos três fabricantes com instalações de testes de colisão na região. Enquanto a General Motors e a Volkswagen já avançaram em direção a veículos mais seguros, visando modelos 5 estrelas, a Fiat (FCA) ainda não alcançou mais de uma estrela nos protocolos de testes atuais. A rotulagem de segurança veicular, incluindo a classificação em estrelas do Latin NCAP, é uma solução eficaz para estes problemas em nosso mercado, com o objetivo de ter consumidores informados de forma independente que prefiram veículos mais seguros e, ao mesmo tempo, que os fabricantes melhorem voluntariamente seus modelos".

Stephan Brodziak, Presidente do Conselho de Administração do Latin NCAP, disse:

"Uma pontuação tão baixa para a Stellantis faz com que pareça muito ruim em termos de segurança veicular. Com um modelo tão popular na região, só podemos denunciar a Stellantis por esta prática discriminatória em relação aos consumidores da América Latina e do Caribe. Sabemos que a Stellantis produz carros com padrões de segurança muito altos, mas dado o fraco desempenho demonstrado no teste do Latin NCAP do Fiat Strada/Ram 700, podemos ver que ela está incorrendo na prática perniciosa de duplo padrão em detrimento não apenas dos ocupantes desses veículos, mas da população em geral e da degradação da frota de veículos na região. A rotulagem de veículos com classificação por estrelas de segurança é um elemento chave para evitar este duplo padrão. Apelamos à responsabilidade dos governos de cada país da região para agir neste sentido".

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