Texto e Fotos | Júlio Max, de Teresina (PI)
A Renault pretende que o Kwid E-Tech seja o primeiro carro elétrico da vida de muita gente aqui no Brasil. O subcompacto recarregável na tomada teve seu período de pré-venda iniciado em meados de abril, com o chamariz de ser o automóvel elétrico mais em conta do nosso País, e o modelo agora já está disponível nas concessionárias. Fabricado na cidade de Shiyan, na China, o Kwid E-Tech recebeu modificações específicas para o mercado brasileiro em termos de estilo e de mecânica. Depois de três dias de convivência e mais de 220 quilômetros ao volante do elétrico da Renault, chegou a hora de contar tudo sobre o Kwid plugável na tomada!
O Kwid E-Tech acompanha a reestilização que o subcompacto recebeu em janeiro deste ano. O conjunto ótico é desmembrado em dois níveis: piscas e luzes de posição em LED ficam nas lentes superiores (e são capazes de ficarem acesos simultaneamente), enquanto mais abaixo estão os faróis baixos e altos, de dupla parábola. A grade superior é fechada na versão elétrica e traz cromados adicionais, além da pintura em preto-brilhante. Ela esconde uma tampa que, quando levantada, dá acesso aos conectores para carga.
Para abrir esta tampa dianteira, há uma alavanca na parte inferior do painel, à esquerda do comando de abertura do capô. Ela dá acesso à entrada tipo 2 de sete pinos (padrão europeu - IEC 62196). Quando o conector de energia for conectado no Kwid, é preciso apertar o botão na chave de destravar as portas para liberar e retirar o plugue. Depois, basta empurrar para baixo e apertar a tampa para fechá-la.
O para-choque dianteiro do Kwid E-Tech não traz o "ski" prateado da versão Outsider, mas conta com molduras em bronze na região logo abaixo dos faróis principais. Além disso, a peça mantém a abertura de ar inferior para refrigeração. A carroceria pode ser pintada na cor Verde Noronha, Prata Diamond ou Branco Polar, a tonalidade do carro das imagens.
Lateralmente, o Kwid E-Tech lembra a versão Outsider: ambos trazem as barras longitudinais de teto decorativas e as capas dos retrovisores externos em preto-brilhante. Aliás, as carcaças dos espelhos trazem luzes de seta embutidas nesta versão elétrica. Curiosamente, a antena de teto (rosqueável, de altura fixa) está mais verticalizada e foi deslocada da parte frontal para a traseira da capota; além disso, seu tamanho já não é mais tão exagerado em comparação com as demais versões. Assim como a versão Intense, o E-Tech traz um adesivo na região inferior das portas, que traz grafismos que identificam a versão elétrica.
As rodas são sustentadas por quatro parafusos, ao invés dos três das demais versões, já que o torque do E-Tech é um pouco superior e entregue de forma bem mais instantânea. O elétrico possui rodas de 14 polegadas de aço com calotas "Flex Wheel" (que emulam rodas de liga leve, com detallhes prateados e em preto-brilhante) e pneus de perfil 175/70 GREEN-Max EcoTouring, ligeiramente mais largos do que os 165/70 das versões com motor 1.0 flex. No E-Tech, a Renault recomenda que todos os pneus sejam calibrados com 41 libras, inclusive o estepe.
A traseira do Kwid E-Tech incorpora as mesmas lanternas das versões Intense e Outsider, escurecidas e com luzes de posição de LED. A tampa do porta-malas possui botão externo para abertura (no Kwid convencional, há um miolo prateado tapando o local da fechadura) e a identificação "E Kwid". Mais abaixo, do lado direito, há uma plaquinha com os dizeres "E-Tech Electric".
O para-choque traseiro da versão elétrica é diferente do modelo brasileiro, contando com refletores maiores e moldura prateada ampliada abaixo da placa traseira, que incorpora uma luz de neblina (exclusividade do modelo elétrico).
O interior do Kwid E-Tech conta com diferenças em relação ao modelo fabricado no Brasil, a começar pelas colorações do acabamento. O modelo elétrico possui a parte superior do painel, detalhes das portas dianteiras e do console central na cor cinza, contrastando com o preto do restante dos plásticos (no Kwid flex, o painel e os forros de porta são integralmente pretos).
Além disso, os bancos do modelo E-Tech mesclam material sintético e tecido (assim como na versão Outsider), mas possuem faixas e costuras na cor bege, além de padronagens de tecido exclusivas. Também há soleiras emborrachadas nas portas dianteiras com o nome "Renault" e tapetes de carpete com a identificação da versão elétrica nas peças dianteiras.
O volante do Kwid elétrico possui quatro raios, assim como os modelos da Dacia (subsidiária dos modelos de baixo custo da Renault na Europa). Há também alguns comandos incorporados aos seus raios, para a operação do limitador de velocidade (do lado esquerdo) e a ativação de comandos de voz pelo telefone pareado por Bluetooth (do lado direito), mas não estão presentes os comandos-satélite à direita da coluna de direção. Assim como nas demais versões do Kwid, o volante possui aro em plástico espumado e coluna de direção fixa.
A haste dos faróis conta com as posições desligada, luzes de posição ligadas e faróis baixos/altos ligados. Há um comando secundário para acender a lanterna de neblina. Com um toque leve, as luzes de seta acendem três vezes. Já a haste dos limpadores mantém as posições de varredura do Kwid flex (varredura lenta - mist, varredura intermitente, dependendo da velocidade, e varredura contínua lenta ou rápida). Estas duas hastes trazem aros cromados nas pontas, ausentes no Kwid flex.
O layout do quadro de instrumentos é semelhante ao do Kwid reestilizado com motor flex, mas há diferenças. No lugar do conta-giros fica o econômetro, que exibe as escalas "power" (em vermelho, que mostra maior demanda de força na condução), "eco" (condução com acelerações mais brandas, de forma econômica, indicadas em verde), "neutral" (mais comum de ser alcançada em velocidades de cruzeiro) e "charge" (quando há regeneração de energia nas desacelerações, com indicação em azul). Ao centro fica a tela do computador de bordo, parecida com a do Kwid convencional, mas com gráficos mais refinados.
Este monitor exibe o velocímetro digital, a porcentagem atual de bateria e informações como autonomia estimada, temperatura externa, indicador individual de porta aberta (inclusive porta-malas), indicador do uso ou não-uso dos cintos traseiros, aviso de motor ligado, alerta de baixa pressão dos pneus e as informações de computador de bordo, que incluem hodômetro total, distância percorrida A e B, consumo de energia A (em kWh/100 km), velocidade média A, indicador instantâneo de uso de energia (mostra quantos kW de potência do veículo estão sendo utilizados, exibindo números negativos nas desacelerações), dias restantes/quilômetros restantes para a próxima revisão, reset do indicador de pressão dos pneus e programação do limitador de velocidade. As informações são alternadas por uma haste na própria cúpula dos instrumentos.
No lugar do marcador de temperatura do líquido de arrefecimento do motor fica o indicador de posição de marcha, informando se o veículo está em Drive, Neutro ou Ré. E, no lugar do marcador do nível de combustível, há uma escala informando sobre o nível de carga da bateria. Para indicar que o veículo está ligado, uma luz-espia "OK" acende na cor verde nos instrumentos e uma animação é executada, com as luzes-espia e escalas acendendo e apagando, e o desenho da dianteira do Kwid aparecendo na tela do computador de bordo.
O sistema multimídia do Kwid E-Tech não acompanhou as melhorias do modelo reestilizado este ano. Na versão elétrica, a tela sensível ao toque continua a ter 7 polegadas (o modelo feito no Brasil ganhou monitor de 8 polegadas) e mantém na moldura da tela os botões "+" e "-" para controle de volume (substituídos por um prático botão giratório no Kwid flex, que também incorpora a função liga/desliga). Além disso, as entradas USB e auxiliar ficam mal-posicionadas no modelo elétrico, deixando pen-drives expostos e exigindo cabos longos para conexão (no Kwid nacional, estas entradas foram corretamente reposicionadas para o console central).
No Kwid E-Tech, o sistema multimídia não possui o menu Driving Eco para dar dicas e avaliar a condução econômica do motorista. Restaram quatro menus no modelo elétrico: Rádio, Mídia, Telefone e Configurações. A central é capaz de espelhar o conteúdo de celulares com Android Auto ou Apple CarPlay, desde que haja o pareamento via cabo. Uma vez feito o pareamento, um atalho para o espelhamento surge no canto inferior direito do monitor.
A tela também transmite a imagem da câmera de ré, que pode ter as configurações de brilho e contraste alteradas. Há ainda linhas de guia fixas, que podem ser desativadas. O sistema de som permanece com os dois alto-falantes embutidos no painel, que proporcionam som em qualidade apenas razoável, desde que com equalização bem acertada e em baixo volume com função Loudness ativada. Só há reprodução de áudio no aparelho (fotos e vídeos não são capazes de serem lidos), mas ao menos é possível tocar na barra de tempo para avançar para outra parte do arquivo. É possível sintonizar rádios AM ou FM e salvar até 12 estações.
Assim como no Kwid nacional, o modelo elétrico traz moldura preto-brilhante na parte central do painel. Só nele há uma moldura cromada circundando toda a área em black piano, como era no Kwid Outsider até a reestilização deste ano (o modelo mais recente traz dois filetes horizontais cromados). O modelo elétrico não traz a pintura brilhante em torno das saídas de ar laterais, presente nas versões Intense e Outsider reestilizadas. As maçanetas internas são cromadas e os forros das portas dianteiras e traseiras trazem frisos prateados.
O Kwid elétrico mantém os botões dos vidros elétricos dianteiros (é preciso apertar e segurar os botões), das travas das portas (uma luz vermelha acende quando as portas estão travadas) e do pisca-alerta no centro do painel. Foi adicionado o botão Eco, que limita a disponibilidade de força de 48 para 33 kW (equivalentes a pouco menos de 45 cv), reduz a velocidade máxima para 100 km/h e aciona a frenagem regenerativa, que recupera energia cinética durante as desacelerações e freadas. Segundo a Renault, é possível otimizar o consumo de energia em 9% neste modo.
Os comandos do ar-condicionado manual são praticamente idênticos aos das demais versões do Kwid. Mas no lugar da alavanca que, quando empurrada, regulava entre a captação ou vedação do ar externo, agora há um botão para esta funcionalidade na versão elétrica, que acende quanto há recirculação de ar. E, como o botão Eco desalojou o comando existente do desembaçador do vidro traseiro, há agora mais um botão junto dos comandos giratórios para ativar esta função.
O início do console central traz botão para a desativação do controle de estabilidade ESP (o Kwid flex também traz o ESP, mas ele fica permanentemente habilitado), o botão que habilita ou não o limitador de velocidade de cruzeiro e uma tomada de 12 Volts com tampa. Atrás do porta-objeto aberto está o seletor giratório de transmissão, com as posições Drive, Neutro e Ré. Curiosamente, é possível desligar o veículo em Drive. Correndo os olhos para trás, é possível ver a alavanca de freio de mão, com gatilho cromado e capa em material sintético.
O canto esquerdo do painel acomoda os botões para a regulagem elétrica dos retrovisores externos, o bloqueio dos vidros elétricos traseiros (presentes pela primeira vez em um Kwid, no lugar do botão da abertura interna do porta-malas existente nas outras versões do Kwid), o on/off dos bipes dos sensores de ré (também inéditos no Kwid, que substituem o lugar do Start-Stop das versões flex) e, mais abaixo, o ajuste de altura do facho dos faróis, que permite regular entre três níveis. Com exceção do botão de bloqueio das janelas, o motorista não dispõe de comandos para controlar os vidros elétricos traseiros.
Curiosamente, o Kwid E-Tech manteve o tamanho do pedal do freio exatamente como nas versões com câmbio manual. A única diferença está na ausência do acionamento da embreagem.
No forro de teto, o Kwid mantém o foco único de iluminação entre os para-sois, o microfone para captação de voz e a ausência de alças para os passageiros. Foi adicionado um console plástico em volta da luz de teto que incorpora o indicador da ativação ou desativação do airbag frontal do passageiro dianteiro. O retrovisor interno mantém a haste para comutação das posições dia/noite. O para-sol do motorista traz somente o porta-documento, enquanto o passageiro dianteiro dispõe de um espelho (sem tampa).
O porta-luvas mantém o espaço amplo e a entrada OBD2 para scanner veicular ao fundo, além de uma curiosa iluminação âmbar posicionada na lateral esquerda do compartimento. A tampa também conta com porta-caneta e porta-cartões em sua face interna.
O Kwid elétrico manteve a chave do tipo canivete presente no modelo a combustão, inclusive com a mesma decoração: o lado com o logo da Renault possui contornos cromados e aplique na cor marfim. Ela possui três botões, para travamento/destravamento das portas e destravamento da tampa do porta-malas. Para ligar o veículo, gira-se a chave no tambor de ignição, como no modelo com motor flex.
Depois da posição desligada, o segundo estágio permite ativar a central multimídia e o quadro de instrumentos, mas a ignição só estará ligada no estágio seguinte. Nesta etapa já é possível ligar o ar-condicionado e acionar os vidros, mas o veículo ainda não está pronto para andar. Isso só ocorre no último estágio do giro da chave no tambor de ignição, o que faz acender a luz-espia Ok nos instrumentos (caso o motorista esteja com o pé no freio).
Os bancos contam com revestimento em mescla de tecido e material sintético nas cores preta e bege. Os ocupantes da frente dispõem de regulagens de altura para os cintos da frente. Os encostos para costas e cabeça são inteiriços, e o assento do motorista tem altura fixa. Há adesivos em preto nas colunas entre as portas dianteiras e traseiras. Ao abrir a porta dianteira do passageiro é possível ter acesso ao switch que ativa ou desativa o airbag frontal do carona.
Homologado para quatro pessoas, o Kwid E-Tech tem dois cintos de três pontos e dois apoios de cabeça no banco traseiro, além das fixações Isofix e Top Tether para cadeirinhas infantis. Há dois amplos porta-revistas e, nos forros de porta, os botões para acionamento dos vidros elétricos. O túnel central é baixo, como no modelo de motor a combustão. O espaço interno é bom para a cabeça e justo para as pernas. Através de duas tiras de tecido é possível destravar e rebater o encosto do banco traseiro para a frente. O espaço interno do Kwid tradicional foi mantido na versão E-Tech, uma vez que o motor elétrico está situado na região de um propulsor a combustão convencional e as baterias foram distribuídas pelo assoalho do veículo.
O porta-malas conserva a capacidade de 290 litros, volume comparável ao de hatches com 30 centímetros a mais de comprimento. Nele fica guardado o carregador para recarga do veículo, que pode ser conectado em uma tomada de três pinos aterrada. A tampa pode ser aberta por um botão externo ou destravada pelo comando na chave. Usualmente exposta no Kwid a combustão, a parte metálica da base do porta-malas foi coberta por insertos emborrachados no modelo elétrico.
O compartimento de bagagem vem todo recoberto de carpete, mas não traz iluminação. Sob o forro interno fica o estepe, que também possui roda de 14 polegadas calçada com pneu 175/70.
Em menos de dois meses, 750 unidades do Kwid E-Tech foram reservadas em 23 Estados do Brasil, além do Distrito Federal. Segundo a marca, a maioria dos clientes que compraram o modelo possuem renda mensal entre R$ 10 mil e R$ 20 mil, sendo o Kwid E-Tech o segundo ou terceiro carro da família. Deste público, 61% têm energia solar em casa. Ainda de acordo com pesquisas da Renault, as principais razões da compra foram o custo de uso e a economia por quilômetro rodado.
O motor elétrico e síncrono de ímãs permanentes com alimentação via baterias de íon-lítio de 26,8 kWh rende 65 cavalos a partir de 4000 rpm e torque de 11,5 kgfm entre 0 e 4000 rpm. Deste modo, ele entrega três cavalos a menos do que o Kwid flex com gasolina, mas o torque é 2,1 kgfm superior e entregue instantaneamente (no subcompacto com motor 1.0, é preciso acelerar até 4250 rpm para alcançar a faixa plena de força). A tração permanece sendo dianteira, como no veículo de motor à combustão. Já a transmissão possui uma única marcha à frente e a marcha-a-ré.
O capô conta com manta acústica e é sustentado por uma haste que fica no canto direito do carro. Também estão contidos no cofre dianteiro a bateria de 12 Volts, o inversor, o reservatório de água dos limpadores e outros fluidos. Os freios são a disco ventilados no eixo dianteiro e a tambor na traseira.
Conforme o ciclo de rodagem SAE J1634, a autonomia do Kwid E-Tech é de 298 quilômetros na cidade e 265 km em percurso misto entre cidade e estrada. A entrada de carregamento em corrente AC é a CCS Type 2, enquanto para corrente DC há uma entrada CCS Combo 2. O carregador portátil (com potência máxima de 2,2 kW) traz tomada de três pinos para conectar em correntes residenciais de 20 Ampères, seja de 110 ou 220 Volts, desde que aterradas.
O tempo de recarga varia bastante de acordo com a fonte de energia. Em postos de recarga rápida com corrente DC de 30 kW, é possível recarregar entre 15 e 80% em 40 minutos. Na wallbox com corrente AC de 7,4 kW, o tempo de carga de 15 a 80% é de 2 horas e 54 minutos. Já utilizando o carregador portátil de 220 Volts, leva-se 8 horas e 57 minutos para a recarga de 15 a 80% da bateria.
Quando o Kwid está sendo carregado, a tela do quadro de instrumentos fica acesa permanentemente, exibindo o percentual atual de carga no lugar do velocímetro. Também são exibidos os tempos estimados para carga até 80% e até 100%, além da estimativa de autonomia.
As dimensões do Kwid E-Tech são ligeiramente diferentes das do Kwid tradicional. Com 3,73 metros de comprimento, 1,77 m de largura (incluindo os retrovisores), 1,50 m de altura (sem as barras de teto) e 2,42 metros de distância entre-eixos, o modelo elétrico é 5,4 centímetros mais longo e 1,9 cm mais alto do que o modelo nacional.
O peso em ordem de marcha do Kwid E-Tech é de 977 quilos, sendo que a bateria responde por 188 kg deste total. Para efeitos de comparação, o Kwid Outsider possui 825 kg.
De acordo com a Renault, o Kwid E-Tech acelera de 0 a 50 km/h em 4,1 segundos e cumpre a prova de 0 a 100 km/h em 14,6 segundos. A velocidade máxima é limitada a 130 km/h no modelo elétrico.
O conjunto de suspensão é composto pelo esquema independente McPherson na dianteira, com amortecedores hidráulicos telescópicos, e pelo eixo rígido na traseira. No E-Tech vendido no Brasil, foram recalibrados os amortecedores e as molas helicoidais.
Em termos de segurança, o E-Tech dispõe de seis airbags (frontais, laterais dianteiros e de cortina), alerta de não-utilização do cinto de segurança para todos os ocupantes, assistente de partida em ladeiras, AVAS (Audible Vehicle Alert Sound, um som discreto e musical emitido em baixas velocidades para informar quem está do lado de fora sobre o deslocamento do veículo), pré-tensionadores dos cintos dianteiros e travamento automático das portas a 6 km/h (quando elas estão trancadas, os ocupantes da frente conseguem abri-las por dentro, mas no caso dos ocupantes traseiros, depende do levantamento manual do pino), além dos demais itens já mencionados ao longo da matéria.
Comercializado em versão única (chamada de Intens), o Kwid E-Tech atualmente tem preço de tabela de R$ 146.990 tem como principal oponente o JAC E-JS1, que é um pouco mais caro (R$ 164.900), tem potência 3 cv menor, mas compensa com o torque de 15,3 kgfm, com a possibilidade de levar 5 pessoas e com a autonomia estimada de 302 km. Porém, abre mão de airbags laterais e de cortina, e nem mesmo há limpador traseiro. Correndo por fora está o CAOA Chery iCar, com preço de R$ 149.990. Com 3,20 metros de comprimento e duas portas, ele recorre a alguns itens mais sofisticados para se diferenciar, como teto panorâmico, ajustes elétricos para o banco do motorista, comandos de ar-condicionado no volante e central multimídia com tela vertical. É o menos potente do trio (61 cv), mas tem o mesmo torque do elétrico da JAC Motors. Sua autonomia é de cerca de 282 km.
Impressões ao dirigir
Ao assumir o banco do motorista, é possível logo notar que o assento está em posição elevada. É uma forma de favorecer a visão de pessoas de baixa estatura, mas, dependendo do biotipo da pessoa, pode resultar em um posicionamento alto demais, o que obriga a reclinar o encosto das costas um pouco mais para trás. Coluna de direção e bancos não se ajustam em altura, mas é possível regular a altura dos cintos.
A direção elétrica tem calibragem muito leve, principalmente nas manobras - em certas condições, parece ser leve até demais, na comparação com o Kwid flex. Esta característica sem dúvida é determinante para o conforto do E-Tech em uso urbano. O volante tem aro relativamente pequeno (diâmetro de 36 cm), espumado e com abas ergonômicas que acomodam bem as mãos. O diâmetro de giro de 10 metros (idêntico ao dos Kwid Flex) contribui para a boa manobrabilidade do modelo.
Depois de girar a chave no contato até o último estágio com o pé no freio e a transmissão em N, o quadro de instrumentos acende a luz-espia "Ok" e você está pronto para partir. A ignição é feita de forma bastante silenciosa. Em manobras, o ímpeto do Kwid E-Tech requer tempo para se acostumar. Quando está andando de ré, o motorista precisa dosar constantemente o pé no freio para sair devagar. Ao selecionar a posição D, o Renault anda a uma velocidade de cerca de 7 km/h (tanto no modo de condução convencional quanto no Eco) e também exige atenção em vagas apertadas.
Ao pisar mais forte no acelerador, o Kwid E-Tech surpreende: ele toma um impulso para a frente e ganha velocidade facilmente, principalmente até os 65 km/h. Afinal, o torque está integralmente disponível de forma praticamente instantânea. Até mesmo nas ladeiras o Renault se sai bem. Mesmo quando o modo Eco está acionado, o Kwid continua esperto nas ultrapassagens, embora seja perceptível que, mesmo pisando fundo, é mais raro atingir o último nível (Power) do econômetro. Em velocidades mais altas, os ânimos do elétrico se arrefecem, mas é possível manter altas velocidades nas estradas sem nenhum problema. A entrega de torque de forma muito ágil fica bem evidente quando analisamos os tempos das acelerações e das retomadas, como você pode conferir nos resultados dos nossos testes (realizados em ambiente fechado, com uma pessoa a bordo, controles eletrônicos ativados, ar-condicionado desligado, modo de condução convencional e cronometragem automática pelo app GPS Acceleration):
Aceleração de 0 a 50 km/h: 4,3 segundos
Aceleração de 0 a 100 km/h: 13,3 segundos
Retomada de 40 a 80 km/h: 5,6 segundos
Retomada de 60 a 100 km/h: 6,0 segundos
Retomada de 80 a 120 km/h: 13,0 segundos
A modulação do pedal de freio do Kwid E-Tech poderia ser melhor. É necessário pisar com mais força do que o normal para contê-lo, em comparação com a grande maioria dos automóveis de câmbio automático. Outro aspecto que causa estranheza no elétrico é a ausência de um apoio no assoalho para o pé esquerdo. Quando o modo Eco está acionado, é nítido que a desaceleração do veículo é mais intensa ao soltar o pedal do acelerador, ainda que não haja uma parada completa do veículo quando o câmbio está engatado em D.
O isolamento acústico da cabine é bom para um modelo de proposta urbana - apenas na estrada, em velocidades altas, é possível ouvir sopros dos ventos. Tanto é que o alerta sonoro para pedestres, que soa em baixas velocidades, mal é ouvido quando os vidros estão fechados. Em alguns momentos foi possível ouvir rangidos de acabamentos plásticos na parte direita do veículo. A maioria dos comandos principais estão à mão, mas a região do console que abriga o seletor do câmbio poderia ser um pouco mais alta, o comando de habilitação do limitador de velocidade fica distante dos demais comandos no lado esquerdo do volante e os botões no painel dos vidros elétricos dianteiros confundem o motorista em situações corriqueiras. Para o condutor ajustar os vidros traseiros, é preciso contorcionismo para alcançar os comandos nas portas de trás ou então sair do carro.
Os esguichos e as palhetas de para-brisa funcionaram bem quando demandados. A visibilidade da carroceria é boa, com retrovisores externos com amplo campo de visão e vidro traseiro bem visível através do espelho interno. Já a angulação do para-sol carece de uma posição intermediária entre ficar rente ao para-brisa ou estar quase na vertical ante o condutor.
O limitador de velocidade funcionou a contento e não deixou que o Kwid superasse a velocidade demarcada. É bem perceptível o quanto o acelerador fica bem menos reativo caso você, por exemplo, esteja a 40 km/h e queira avançar para 45 km/h programados pelo limitador.
À noite, a iluminação do Kwid é adequada, com parábolas separadas para o facho baixo e o facho alto dos faróis. As luzes de posição de LED acendem juntamente com a ignição, com brilho forte. Na cabine, são iluminados os botões do volante, os comandos do canto esquerdo e do centro do painel, os botões na moldura de tela do sistema multimídia e do ar-condicionado, os dois botões no início do console central e os comandos dos vidros elétricos nas portas traseiras. A iluminação de teto dá conta de alumiar o ambiente dianteiro; atrás, os passageiros estão mais "no escuro".
Durante nossa convivência de três dias com o Kwid E-Tech, fomos a dois locais para fazer recargas de energia. Em uma wallbox de um shopping center, de 22 kW, o Kwid chegou com 22% de carga e estimou que eram necessárias 12 horas e 35 minutos para chegar aos 100% de carga ou 9 horas e cinco minutos para alcançar 80% de energia. Precisamente uma hora e 53 minutos, o nível de bateria aumentou em 16%. No dia seguinte, conectando o mesmo carregador às 11:19 e retirando às 13:40, o nível foi de 35% para 51%. Em todas as vezes em que carregamos o Kwid, o carro virou atração. No shopping, era comum ver pessoas se aproximando do Renault e olhando pela janela do motorista para conferir o visor de recarga. Na farmácia, assim que estacionei o carro, um funcionário se aproximou e quis saber mais sobre o elétrico da Renault.
O consumo de energia este dentro de nossas expectativas, considerando que tivemos de utilizar o ar-condicionado praticamente todo o tempo - e este aparelho acarreta um gasto significativo de eletricidade. Confira o consumo do Kwid E-Tech em nosso trajeto (predominantemente urbano com trechos de estrada e uso do modo Eco em aproximadamente 50% da avaliação):
Consumo de energia: 11,3 kWh/100 km
Distância percorrida: 207,6 km
Velocidade média: 35,8 km/h
No conjunto de suspensão, o Kwid elétrico lembra seu irmão a combustão. O bom vão-livre em relação ao solo garante que o E-Tech supere lombadas, buracos e desníveis sem maiores preocupações. Com o eixo rígido, sente-se um pouco a oscilação vertical da carroceria, ao passo em que as irregularidades do piso são bem-absorvidas. Já a estabilidade da carroceria agrada, mesmo ao acelerar dentro de curvas.
Para concluir...
A convivência com o Kwid E-Tech permitiu ter a certeza de que o carro elétrico hoje é viável no Brasil. É fato que, em 2022, estes automóveis ainda custam bem mais do que seus equivalentes com motor a combustão - e, além disso, a infraestrutura atual ainda tem muito o que evoluir para permitir deslocamentos mais longos com estes veículos. Mas, com seu preço atrativo e uma relação custo-benefício vantajosa, além de pertencer a uma marca conhecida em todo o território nacional, o Kwid E-Tech tem tudo para ser responsável por introduzir muitas pessoas ao mundo dos veículos elétricos.
Onde carregar o carro elétrico?
Esta é uma dúvida comum de surgir, mas existem respostas para este questionamento. Digite no campo de pesquisa do Google Maps o termo "Ev charging" e irão aparecer os pontos de recarga no seu entorno. A maioria deles aparece inclusive com o tipo de conector (geralmente o Tipo 2) e a potência do carregador (a maioria deles possui 22 kW) na descrição.
Vale ressaltar que nem todos os locais de recarga estão catalogados no aplicativo do Google. Neste caso, é possível recorrer ao app colaborativo PlugShare, que reúne informações postadas pelos usuários. É possível ver o tipo de carga e dá até para se certificar se o carregador está ocupado ou não. A Renault também oferece o aplicativo Mobilize Charge Pass, que permite traçar rotas para a estação de recarga e adicionar veículos híbridos e elétricos para gestão de frota. Veja os locais de recarga disponíveis em Teresina, Piauí:
Shopping Rio Poty - Piso L1
Eletroposto aparece no Google Maps? Não
Endereço: Avenida Marechal Castelo Branco, 911, bairro Cabral
Dias e horários de funcionamento: domingo (12h até 22h), segunda a sábado (10h até 22h)
Conector do Tipo 2 - Potência de 22 kW - 1 Carregador
Observações: Uso gratuito; estacionamento pago após 15 minutos
Estação Solar - Energia Solar em Teresina
Eletroposto aparece no Google Maps? Sim
Endereço: Rua Ver. Luís Vasconcelos, 975, bairro São Cristóvão
Dias e horários de funcionamento: segunda a sexta (de 08h até 12h; de 14h até 18h) e sábado (08h até 12h)
Conector do Tipo 2 - Potência de 7,4 kW - 2 Carregadores
Observações: uso depende de autorização
Drogaria Globo Jóquei
Eletroposto aparece no Google Maps? Sim
Endereço: Av. Jóquei Clube, 844, bairro Jóquei
Dias e horários de funcionamento: aberta todos os dias de 07h até 00h
Conectores dos Tipos 1 e 2 - Potência de 22 kW - 2 Carregadores
Observações: uso gratuito; cadeiras disponíveis
Coco Bambu Teresina
Eletroposto aparece no Google Maps? Sim
Endereço: Rua Professor Joca Vieira, 1227, bairro Fátima
Dias e horários de funcionamento: aberto todos os dias de 11h30 até 15h e de 17h até 00h
Conector do Tipo 2 - Potência de 50 kW - 1 Carregador
Observações: Uso gratuito; estacionamento gratuito
BMW Isar Motors
Eletroposto aparece no Google Maps? Sim
Endereço: Av. João XXIII, 4181, bairro Santa Isabel
Dias e horários de funcionamento: segunda a sexta (08h até 18h); sábado (08h até 13h)
Conector do Tipo 2 - Potência de 7.4 kW - 1 Carregador
Observações: Uso gratuito; estacionamento gratuito
RS Elétrico e Solar
Eletroposto aparece no Google Maps? Sim
Endereço: Av. Miguel Rosa, 3779
Dias e horários de funcionamento: segunda a sexta (08h até 18h); sábado (08h até 12h)
Conector do Tipo 2 - Potência de 22 kW - 2 Carregadores
Lagom Volvo
Eletroposto aparece no Google Maps? Sim
Endereço: Avenida João XXIII, 3993 B, bairro Santa Isabel, Teresina, PI
Dias e horários de funcionamento: segunda a sexta (08h até 18h); sábado (08h até 13h)
Conector do Tipo 2 - Potência de 22 kW - 1 Carregador
Profit
Eletroposto aparece no Google Maps? Não
Endereço: Avenida Ininga, 671, bairro Ininga
Dias e horários de funcionamento: segunda a sábado (06h30 até 22h)
Conector do Tipo 2 - Potência: sem informações - 1 Carregador
Observações: uso gratuito
Posto Full
Eletroposto aparece no Google Maps? Não
Endereço: Avenida Homero Castelo Branco, 630, bairro São Cristóvão
Dias e horários de funcionamento: aberto 24 horas todos os dias
Conector do Tipo 2 - Potência: sem informações - 1 Carregador
Posto 6
Eletroposto aparece no Google Maps? Não
Endereço: Avenida Homero Castelo Branco, 1000, bairro São Cristóvão
Dias e horários de funcionamento: aberto 24 horas todos os dias
Conector do Tipo 2 - Potência: sem informações - 2 Carregadores
Parque da Cidadania
Eletroposto aparece no Google Maps? Não
Endereço: Avenida Frei Serafim, 110, bairro Cabral
Dias e horários: domingo (06h até 22h), segunda fechado, terça a sábado entre 06h até 10h e entre 16h até 22h
Conector do Tipo 2 - Potência: sem informações - 1 Carregador
Nanoauto
Eletroposto aparece no Google Maps? Não
Endereço: Avenida João XXIII, 812, Loja 10, bairro Noivos
Dias e horários de funcionamento: segunda a sexta (08h até 18h); sábado (08h até 12h)
Conector do Caravan Mains Socket - Potência: sem informações - 1 Carregador
Evviva
Eletroposto aparece no Google Maps? Não
Endereço: Avenida Nossa Senhora de Fátima, 1530, bairro Fátima
Dias e horários de funcionamento: segunda a sexta (08h até 18h); sábado (08h até 12h)
Conector do J-1772 - Potência: sem informações - 1 Carregador
Vem conferir a Galeria de Fotos do Renault Kwid E-Tech!
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