Já dirigimos: Audi Q3 2.0 Performance Black entrega conjunto atraente no segmento

Texto e Fotos | Júlio Max, de Teresina (PI)

Não é exagero dizer que, com o motor 2.0 TFSI, o Audi Q3 está sendo relançado no Brasil. Afinal, todas as versões do SUV apresentado ao nosso País em 2020 contavam com motor 1.4 TFSI de 150 cavalos, tração dianteira e câmbio S tronic (automatizado de dupla embreagem) com 6 marchas, um conjunto mecânico muito semelhante ao das versões de entrada da geração anterior do modelo. Mas, agora, a estratégia da marca com o Q3 é diferente: as opções Prestige, Performance e Performance Black vendidas no mercado nacional passam a ter um conjunto mecânico mais avançado, composto pelo motor 2.0 de 231 cavalos, pelo câmbio automático Tiptronic de 8 marchas e pela tração integral quattro, de gerenciamento eletrônico. E não é só isso: a partir do segundo semestre de 2022, o Q3 passa a ser fabricado em São José dos Pinhais, no Paraná. Os exemplares que disponíveis agora nas lojas chegam de Györ (Hungria). 

Na época do lançamento da segunda geração do Q3, nós do Auto REALIDADE fizemos um test-drive com o modelo na então versão topo-de-linha Black 1.4 TFSI (relembre aqui). A oportunidade de dirigir agora a versão Performance Black 2.0 permite distinguir nitidamente o que mudou entre as duas versões, passados pouco mais de dois anos. Para quem preferir uma pitada a mais de ousadia e ineditismo, agora está disponível o Q3 Sportback, com carroceria SUV-Cupê. 

Externamente, o Q3 2.0 se diferencia do 1.4 por trazer os logos "quattro" na grade frontal e na tampa do porta-malas. Além disso, o para-choque dianteiro da versão Performance Black tem estilo mais agressivo e é ligeiramente diferente do Black anterior, com novas molduras laterais um pouco mais verticais (vale dizer que este é praticamente o mesmo para-choque frontal das versões Sportback do Q3, com exceção do estilo da grade, que tem aberturas em colmeia no SUV-Coupé).

Lateralmente, é possível identificar o Q3 2.0 Performance Black pelo logotipo S line no para-lama dianteiro. O modelo mantém as rodas de 19 polegadas da versão Black 1.4, calçadas com os mesmos pneus Hankook Ventus S1Evo² de perfil 235/50, e detalhes como as capas dos retrovisores e os frisos do teto em preto-brilhante, bem como as molduras inferiores da carroceria na cor cinza.

A traseira do Q3 Performance Black 2.0 também possui para-choque ligeiramente redesenhado e mais agressivo do que o da versão 1.4: a parte inferior ganhou defletores de ar e as molduras que emulam saídas de escape ficaram mais ousadas. Uma boa nova é que as lanternas full LED com luzes de seta dinâmicas estão agora presentes de série em todas as versões.

O interior do Q3 Performance Black possui algumas diferenças em relação à versão Black 1.4. As pedaleiras e o apoio do pé esquerdo passam a ser confeccionadas em alumínio polido, ao invés de plástico. O volante incorpora perfurações em parte de seu aro revestido de couro, enquanto os bancos trocam o revestimento: antes, eles traziam uma mescla entre material sintético e Alcantara; agora, esta última foi substituída por microfibra, com texturas diferentes e assinaturas "S" nos assentos dianteiros. Os insertos de Alcantara que haviam no painel foram retirados em prol de peças plásticas com texturas tridimensionais, enquanto a área de Alcantara que existia nas portas passa a ser de couro. 

Todas as entradas USB da cabine passam a ser do tipo C, como nos modelos mais recentes da Audi (antes havia uma entrada USB-A frontal). O botão de partida do motor agora está mais destacado, com fundo preto ao invés da superfície prateada. Além disso, o assistente semi-autônomo de manobras de estacionamento (park assist) sumiu. Em compensação, o Q3 2.0 vem de série em todas as versões com o Start-Stop (que pode ser desativado por um botão no painel). Ah: uma plaquetinha "quattro" acima da tampa do porta-luvas substitui o detalhe anterior com as quatro argolas da Audi.

Fora a diferença de acabamento do volante (mencionada acima), suas funcionalidades permanecem as mesmas. Com regulagem manual de altura e profundidade, base achatada e logo S line, ele possui comandos no raio esquerdo para operação das informações do quadro de instrumentos e computador de bordo, enquanto do lado direito estão os atalhos para volume e operação de som, telefone e comandos de voz. O volante também dispõe de shift-paddles para trocas sequenciais de marcha.

A haste de luzes permite dar seta 3 vezes com um leve toque na alavanca, sem acioná-la até o clique. Do lado esquerdo do painel, três botões permitem alternar entre os modos de iluminação principal (automático, faróis baixos, luzes de posição ou off) e acender as luzes de nevoeiro e a lanterna de neblina. Você deve ter reparado no botão na ponta da haste de luzes. Ele ativaria o alerta de saída da faixa de rodagem, mas este é um opcional do pacote Advanced. No exemplar que dirigimos, que não trazia este kit de opcionais, o botão não possui função.

Abaixo da alavanca de luzes há mais uma haste que regula o controlador de velocidade de cruzeiro, que vem de série sem a função de manutenção de distância segura do veículo à frente (o ACC é um opcional do pacote Advanced). 

Do lado direito estão concentrados os comandos dos limpadores dianteiros e traseiro, inclusive com posição "auto" para ativação do sensor de chuva, cuja atuação pode ser variável conforme o nível de sensibilidade selecionado.

O quadro de instrumentos Virtual Cockpit com tela de 10,25 polegadas está presente desde a versão Performance. O Q3 Prestige de entrada também possui uma tela digital, porém com menos recursos. O botão "View" no volante alterna entre conta-giros e velocímetro com tamanhos tradicionais ou menores, abrindo mais espaço para as informações do centro da tela. Pelo sistema multimídia ainda é possível modificar os layouts de visualização: o Clássico possui um padrão de cores mais tradicional, enquanto o Esporte traz aros vermelhos, faixa vermelha do conta-giros ampliada e dígitos em itálico.

A instrumentação traz barras fora da tela no canto esquerdo para indicar a temperatura do líquido de arrefecimento do motor, e, do lado oposto, a indicação do nível de combustível. Dentro da tela, o conta-giros e o velocímetro englobam informações (como posição de câmbio, modo de condução e velocidade instantânea), enquanto a parte central mostra informações de condução (trip A, trip B), data/hora, além de informações de rádio, mídias e telefone.

O sistema multimídia MMI com tela de 8,8 polegadas sensível ao toque é item de série em todas as versões do Q3. Ao tocar na tela, um som de clique confirma que o dedo encostou no monitor. Por ser um monitor um pouco menor em relação à tela presente na maioria dos outros Audi, cada menu exibe seis ícones, ao invés de oito nas telas de mais de 10 polegadas. 

A central multimídia possui diversas funcionalidades - entre elas, a visualização dos modos de condução (drive select), que dispõe de seis opções: offroad (a atuação do controle de estabilidade é restringida e o controlador de velocidade em descidas é automaticamente ativado), efficiency (focado em uma maior economia de combustível), comfort (recomendado para uma condução mais confortável), auto (os parâmetros de condução são automaticamente ajustados pelo veículo), dynamic (direção e propulsão ficam mais ariscas) e individual (nele, o motorista pode selecionar a propulsão entre eficiente, equilibrada ou esporte e a direção entre confortável, equilibrada ou esporte).

Ao engatar a ré ou apertar o botão dos sensores de estacionamento, a tela passa a mostrar a imagem da câmera de ré (com linhas de guia que acompanham o esterço do volante) e os gráficos dos sensores dianteiros e traseiros. Entre as opções disponíveis, está a de redução automática de volume de som quando os sensores estão ativados.

O ar-condicionado digital automático de duas zonas é item de série a partir da versão Performance. É possível ajustar a temperatura de meio em meio grau Celsius, entre 16º C e 28º C; também há saídas traseiras. Ao girar o botão de ventilação para a esquerda abaixo do nível mínimo, o aparelho desliga por completo. Embutido no seletor de temperatura do motorista está o modo automático de funcionamento do ar, enquanto incorporada ao seletor do passageiro fica o liga/desliga do compressor de ar. Os outros botões regulam a operação dos desembaçadores, a admissão/vedação do ar externo e o direcionamento do fluxo interno de ventilação. Para sincronizar a temperatura do passageiro com a do motorista, é preciso apertar o botão "Auto" por dois segundos. Abaixo dos comandos de ar estão o botão de ignição e um botão giratório que controla o volume de áudio, liga/desliga o sistema multimídia e, quando empurrado para a esquerda ou direita, alterna entre faixas ou estações.

O início do console central traz um porta-objetos com fundo emborrachado e, à direita, duas entradas USB do tipo C. Logo atrás está a alavanca de câmbio, idêntica à que era utilizada para operar o S tronic de dupla embreagem e 6 marchas, embora a transmissão seja completamente diferente na versão 2.0 (é a Tiptronic de 8 marchas com conversor de torque). 

O console também dispõe dos botões de freio de estacionamento eletromecânico com a função Auto Hold, que permite ao motorista liberar o pedal do freio em paradas mesmo que o câmbio esteja em Drive. Logo atrás destes botões há a tomada de 12 Volts dianteira (uma das três presentes no veículo) e um nicho com fundo emborrachado que pode acomodar a chave. Do lado direito há dois porta-copos, com fundo emborrachado e garras flexíveis, além de um nicho muito útil para acomodar o celular em pé.

O apoio de braço, revestido de material sintético, pode correr para a frente ou ser colocado em posição mais elevada e se manter no lugar mesmo com o peso do braço sobre o apoio. Ao levantá-lo, é possível acessar mais um porta-objetos, com fundo emborrachado e ligeiramente mais elevado na parte traseira.

Dentro do porta-luvas, o leitor de cartão SD existente no Q3 1.4 foi abolido, mas o habitáculo mantém tampa que desce suavemente, revestimento de veludo, iluminação e porta-caneta.

O forro de teto é moldado em tecido preto e conta com quatro alças móveis, além de para-sóis com espelhos com tampas corrediças, iluminação e pequenas abas que servem como porta-documentos.

A partir da versão Performance, o retrovisor interno antiofuscante adota o estilo sem bordas.

Presente de série na versão Performance Black e opcional no Performance, o teto solar elétrico panorâmico tem área ampla a ponto dos ocupantes traseiros também poderem ver o céu. Dois botões no forro de teto operam a cortina elétrica (com acionamento por um-toque para abrir e fechar) e a abertura da parte frontal de vidro (quando aberta, se levanta um defletor de vento que fica na parte da frente).

A chave do Q3 manteve o estilo e as funcionalidades. Ela possui um botão para destravar sua lâmina, que pode ser utilizada, por exemplo, para travar o porta-luvas.

O acabamento interno do Q3 manteve o bom padrão já conhecido, que inclui materiais macios ao toque na parte superior do painel e dos forros de porta dianteiros e traseiros, além de porta-objetos do console central e das portas dianteiras com fundo emborrachado, bem como revestimento de veludo no porta-objeto à esquerda do painel e no porta-luvas.

Os bancos dianteiros possuem ajustes elétricos, inclusive lombares em quatro direções. Só os encostos de cabeça possuem regulagem manual. Na versão Performance Black, os assentos dianteiros são mais encorpados e recebem o logo S line. O revestimento mescla material sintético e microfibra.

Já o banco traseiro é bipartido em seu assento e pode correr manualmente para a frente ou para trás em até 15 centímetros. Há pequenos porta-objetos abertos nas pontas do assento, acompanhadas de tiras de tecido para rebatimento dos bancos, e, ao centro, um apoio de braço em couro que dispõe de dois porta-copos retráteis com garras flexíveis. O final do console inclui saídas de ar traseiras (com comando para vedação), uma tomada de 12 Volts e duas entradas USB do tipo C exclusivas para carregamento. 

O porta-malas do Q3 tem a capacidade de 530 litros tanto na carroceria SUV quanto na Sportback, e, curiosamente, é um pouco maior em comparação do que o compartimento de bagagem do Q5 (520 L na carroceria SUV). Com os bancos traseiros na posição mais vertical e para a frente possível, o espaço passa para 675 litros, e, com os encostos rebatidos, o volume chega a 1525 litros. O assoalho do porta-malas pode ser posicionado em dois níveis. Abaixo do forro, há um estepe temporário, com pneu 145/85 e roda aro 18. A tampa do porta-malas dispõe de dois pontos de iluminação em LED, além de dois botões: um para o fechamento elétrico da tampa, outro para o travamento do veículo após a operação de fechar a tampa.

Com 1984 cm³, o motor 2.0 TFSI "EA-888" tem calibração muito similar à do propulsor utilizado no Volkswagen Jetta GLI, um modelo aclamado entre os entusiastas de performance. Tanto é que em termos de potência (231 cavalos), ambos se equivalem, embora a força total apareça primeiro no sedã (4700 x 5000 rpm). O modelo da Volks tem torque 1 kgfm maior que o do Audi (de 34,7 kgfm a 1700 rpm). Ao comparar o motor do atual Q3 com o da geração anterior, é possível notar um ganho de potência (o modelo antigo tinha 220 cv), mas em termos de torque, a geração passada entregava 35,7 kgfm.

A transmissão do Q3 passa a ser a Tiptronic com conversor de torque e oito marchas, em substituição ao câmbio automatizado de dupla embreagem de 7 marchas que era utilizado no antigo Q3 2.0 e foi mantido no Jetta GLI. A distribuição sob demanda de tração para as quatro rodas, que estava presente no Q3 2.0 anterior, foi conservada no modelo novo. Na mudança de geração, houve um ligeiro incremento de peso no modelo (que era de 1565 kg e passou a ser de 1673 quilos). A alavanca de câmbio do Q3 ainda não aderiu ao mecanismo shift-by-wire (presente em praticamente todos os outros Audi vendidos no Brasil), que, além de demandar menos esforço para alcançar a marcha desejada, também conta com botão para a posição Parking, tornando mais cômoda a tarefa de imobilizar o veículo.

A portinhola do tanque de combustível tem travamento e destravamento associados à condição das portas e dispõe da boa capacidade de 60 litros.

Com valor a partir de R$ 322.990 no período de pré-venda iniciado em fevereiro deste ano, o Q3 Performance Black tem como principal rival o recém-reestilizado Jaguar E-Pace em sua versão R-Dynamic SE, com motor 2.0 de 249 cavalos e preço bem salgado: R$ 402.550. O BMW X1 sDrive20i M Sport Plus (com motor de 192 cavalos e valor a partir de R$ 327.950) entrega um pouco menos de desempenho, dispensa a tração integral e deve mudar de geração dentro de um ano, mas tem valor competitivo para o segmento.

Impressões ao dirigir

As credenciais técnicas do Q3 2.0 são bastante atraentes neste segmento de SUVs premium. Seus números de potência e torque são superiores aos das versões do A4 Sedan e do A5 Sportback vendidas atualmente no Brasil, e se aproximam dos índices disponíveis no Q5, cujo desempenho nos surpreendeu quando o dirigimos em março deste ano. E, de fato, o Q3 anda muito bem. A força do motor, disponível desde um nível baixo de rotações, é muito bem gerenciada pelo câmbio automático Tiptronic, que faz as trocas com rapidez. A entrega de força é ágil: basta pisar um pouco mais forte no acelerador que ele ganha velocidade com facilidade.

A direção do Q3 mantém o ótimo compromisso entre a leveza nas manobras de estacionamento e a firmeza em velocidades mais altas. Com a tração nas quatro rodas, o SUV da Audi passa ainda mais confiança na hora de contornar curvas do que o modelo 1.4, mas as rodas de 19 polegadas com pneus de perfil baixo continuam fazendo com que as imperfeições dos pisos ruins sejam repassadas sem muitos filtros para a cabine.

A posição de dirigir é muito boa, facilitada pelas regulagens elétricas do assento e manual da coluna de direção, que permitem a condutores de diferentes estaturas encontrarem facilmente um posicionamento adequado. Além disso, as abas laterais dos bancos dianteiros abraçam bem o corpo. Os retrovisores externos e internos também são bem-dimensionados. Mas a imagem da câmera de ré tem qualidade apenas razoável; além disso, como ela permanece na tela mesmo que outras posições de câmbio sejam engatadas com o veículo parado, o motorista precisa estar atento em relação à transmissão.

Eficiente, o sistema de ar-condicionado refrigera a cabine em poucos minutos. O isolamento acústico da cabine agrada e filtra bem o ronco do motor. A operação do Auto Hold, que é acionado por botão, é feita sem susto: basta acelerar um pouco mais para o veículo sair da imobilidade com o câmbio em Drive, assim como quando o condutor quer desativar o freio de estacionamento apenas acelerando o carro em Drive, sem apertar o botão do console. O acionamento do piloto automático também é fácil, bastando deslocar a alavanca para a posição On e depois movê-la para cima ou para baixo para regular a velocidade do veículo. 

Confira o resultado do consumo de combustível em nosso percurso estritamente urbano, com três pessoas a bordo e ar-condicionado ativo durante todo o tempo, que ficou próximo aos 8,0 km/l na cidade declarados conforme o ciclo de rodagem estabelecido pelo Inmetro:

Consumo de combustível: 7,7 km/l
Distância percorrida: 46,8 km
Velocidade média (estimada): 22 km/h

Para concluir...

Com o novo conjunto mecânico, o Audi Q3 tem plenas condições de recuperar seu protagonismo como um dos carros mais vendidos da marca no Brasil (nos últimos meses, o Q5 passou a ser o carro-chefe da Audi, seguido pelo A3 Sedan). Afinal, uma parcela dos clientes do Q3 de primeira geração que adquiriram a versão 2.0 quattro acabaram "órfãos" nesta segunda geração. Pelo menos até agora. Além de ser ligeiramente mais ágil do que seus principais rivais diretos (BMW X1 e Jaguar E-Pace), o Q3 agrada por atributos como o bom espaço interno para passageiros e bagagens, o acabamento bem-cuidado e a lista de equipamentos bem-servida. A briga neste segmento promete ficar ainda mais intensa!

Vem conferir a Galeria de Fotos do Audi Q3 2.0 Performance Black quattro 2022!





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