A Fiat encerra a produção do Uno no Brasil após 37 anos de história. Para marcar o capítulo final da história do hatchback em nosso mercado, ele terá a série Ciao, limitada a 250 unidades e com preço unitário de R$ 84.990. Fabricado desde agosto de 1984 em Betim (MG), o Uno acumulou 4.379.356 milhões de unidades produzidas ao longo destes anos.
Ciao, em italiano, é uma saudação com dois sentidos: pode ser usada tanto para cumprimentar alguém, quanto para se despedir. Todas as unidades do Uno Ciao contarão com um emblema para identificar a unidade produzida e para aumentar o interesse de colecionadores por esta edição final. A série limitada é baseada na versão Attractive 1.0 Fire com câmbio manual de cinco marchas.
As 250 unidades do Uno Ciao terão a carroceria sempre pintada na cor Cinza Silverstone, mas teto, capas dos retrovisores externos e spoiler traseiro são pintados de preto. As maçanetas externas das portas são na cor do veículo e há um adesivo lateral com o nome Uno Ciao, acompanhado da frase “La Storia Di Una Leggenda” — “a história de uma lenda”, em italiano. A série de despedida também conta com rodas de liga leve de 14 polegadas com pintura escurecida e, na tampa do porta-malas, o logo "Uno" nas cores da bandeira da Itália.
Por dentro, o Uno Ciao adota acabamento em preto e cinza, com o tom mais claro nas portas e na faixa central que cruza o painel. Acima da tampa do porta-luvas fica a plaqueta numerada, de 001 a 250. A série limitada também possui bancos com revestimento diferenciado e apoio de braço para o banco do motorista.
A lista de itens de série inclui ar-condicionado, direção hidráulica, quadro de instrumentos com tela central para o computador de bordo, sistema de som com rádio, Bluetooth e entrada USB; airbags frontais, travas elétricas, vidros elétricos nas portas dianteiras com função um-toque e recurso anti-esmagamento, fixação Isofix para cadeirinhas infantis, limpador, lavador e desembaçador do vidro traseiro, freios ABS com EBD, cinto de três pontos e encosto de cabeça para todos os ocupantes, bancos traseiros bipartidos e rebatíveis, além do porta-objetos de teto com retrovisor central adicional.
Lançado em 1983 na Europa, o Uno começou a ser produzido no Brasil no ano seguinte, já devidamente tropicalizado e com soluções exclusivas para nosso mercado, como o estepe alojado no cofre do motor e o conjunto de suspensão totalmente revisto. Em 1984, o hatch tinha um design tão diferente do habitual que logo ganhou o apelido "botinha ortopédica". Giorgetto Giugiaro assinava o projeto de linhas retas e com foco no aproveitamento de espaço interno.
Em 1987 chegou o Uno 1.5 R, com estilo esportivo e que fazia de 0 a 100 km/h em 12 segundos - desempenho notável para a época. Em 1990, ele ganhou a versão Mille, que inaugurou o segmento de carros populares com motor 1.0 no Brasil e fez com que as outras montadoras corressem atrás para criar rivais com motores 1-litro e lista de equipamentos simplificada para tornar o sonho do carro zero-quilômetro um pouco mais acessível. Em 1991, chegou o Uno Mille Brio, com carburador de corpo duplo e potência levemente aumentada para 51 cavalos. Em 1992, a Fiat lançou o Uno Mille Eletronic, com a mesma ignição eletrônica da versão 1.5 i.e. (porém sem injeção eletrônica de combustível) e opção de quatro portas, rodas de liga leve e outros itens.
Em 1994, o Mille ELX fez sua fama ao disponibilizar quatro portas e ar-condicionado no segmento popular. No mesmo ano, a Fiat surpreendeu o mercado ao lançar o Uno Turbo, com motor 1.4 de 116 cavalos e diversas modificações estéticas e internas. Neste ano, o Eletronic tradicional finalmente abandonou a frente antiga. Em 1995, o Mille ELX foi extinto e surgiram as versões 1.0 i.e. e EP, passando finalmente a ter injeção eletrônica de combustível (monoponto) e motor 1.0 com rendimento de 58 cavalos, que conviveram ao lado do Eletronic, carburado.
Depois do lançamento do Palio em 1996, o Mille passou a ser vendido em uma única versão, SX, em 1997, que posteriormente ganhou a companhia da série Young. No ano de 1998, o Mille SX virou EX e foi simplificado, perdendo as calotas integrais das rodas e até a luz de ré do lado esquerdo. Para 2000, veio a versão Smart, com grade redesenhada, novas calotas, volante mais encorpado e instrumentos de fundo branco.
Em 2001, o Mille Fire tirou de campo o antigo motor Fiasa. O então novo motor 1.0 era um pouco menos potente do que o anterior e tinha 55 cavalos, mas compensava com o torque 0,3 kgfm maior, com o acelerador eletrônico e com o propulsor aliviado em vinte quilos. Ele trazia o logo redondo que celebrou o centenário da marca e foi utilizado no Brasil entre 2000 e 2007. Volante, coluna de direção e retrovisores passavam a ser compartilhados com o Palio.
Uma polêmica reestilização foi aplicada no Mille em 2004. Os faróis passaram a ter superfície completa, mas a grade frontal com adornos cromados não combinava com o restante do estilo dianteiro. Para-choques, lanternas e calotas também receberam modificações, enquanto a tampa traseira passava a ser lisa. Pelo menos o Fiat passou a ter opção de direção hidráulica.
No ano de 2005, o Mille passou por uma leve atualização. A grade com cromados deu lugar a outra, com barras pretas. Nos exemplares com para-choques pintados, a área em preto se tornava maior, e o motor 1.0 passava a ser Flex, ganhando força e passando a ter 65 cavalos com gasolina ou 66 cv com etanol.
2006 chegou e o Mille aderiu ao modismo dos aventureiros urbanos com o pacote Way, que incluía suspensão 4,4 centímetros mais alta e detalhes de estilo exclusivos. A aceitação foi tão boa que, dois anos depois, passou a ser uma versão de produção em série. Em 2008, mais uma leve reestilização foi aplicada ao Mille, que incorporou o sobrenome Economy. O principal destaque era o econômetro no quadro de instrumentos.
Em 2010 chegou a nova geração do Uno, com estilo "quadrado arredondado", motores 1.0 ou 1.4 e forte apelo de personalização. Ele conviveu pacificamente com o Mille, que continuou a ser produzido com poucas alterações até o final de 2013, quando todas as montadoras tiveram que equipar seus automóveis de passeio novos com airbags frontais e freios ABS, e adaptá-los no velho Mille seria complexo demais. O fim do modelo foi celebrado com a série Grazie Mille, limitada a 2 mil unidades, e o Uno Vivace passou a ocupar o posto de carro de entrada da Fiat.
Em 2014, o Uno passou por uma reestilização e sua versão Evolution 1.4 estreou a tecnologia Start-Stop no segmento de modelos compactos nacionais. Com ele, o motor poderia ser desligado em paradas e religado dentro de até 3 minutos, com ar desligado, ou 1 minuto com o ar-condicionado ligado, visando economia de combustível e redução da emissão de poluentes. Em 2016, veio sua última reestilização, que alterou novamente seu design e introduziu os motores Firefly 1.0 e 1.3. Ironicamente, os novos e modernos motores não duraram até o fim da vida do Uno, pois desde o início deste ano ele passou a ser vendido unicamente na versão Attractive com o já antigo 1.0 Fire.
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