Texto e fotos | Júlio Max, de Teresina - PI
Matéria feita em parceria com @showcarsthe
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Na categoria de veículos off-road, é praticamente impossível agradar a todos os trilheiros. Alguns preferem que o motor seja a diesel, outros não reclamam se for um modelo movido a gasolina; há quem dispense todas as parafernálias eletrônicas e também as pessoas que querem um fora-de-estrada com conforto para o uso cotidiano, para não falar naqueles que rejeitam todo e qualquer veículo que não tenha construção sobre chassi. Preferências à parte, o Jeep Wrangler formou em torno de si um grande fã-clube, que está ciente de que este utilitário possui uma das maiores aptidões para o uso fora do asfalto entre os modelos da marca norte-americana.
O Wrangler foi apresentado inicialmente nos Estados Unidos em 1986, e se tratava de uma evolução do Jeep Willys CJ-7, oferecendo mais conforto e segurança para os ocupantes. Com carroceria de duas portas, ele poderia receber capota rígida ou de lona. Dos anos 80 até os dias atuais, o Wrangler já teve quatro gerações. No Brasil, o Jeep começou a ser vendido a partir de 1997 (quando já estava em sua segunda geração, que voltou a ter faróis redondos como os do Willys), depois estreou a terceira geração no nosso mercado em 2007 e, em 2010, chegou ao País o modelo Unlimited, com carroceria de quatro portas - inédita até então. A terceira geração do Wrangler, conhecida pelo código de fábrica "JK", teve o ciclo de vida mais longo da história do modelo, perdurando por quase 12 anos.
Do lado de fora, o Wrangler não esconde o parentesco com o veterano Willys, a começar pelos faróis redondos e pelas sete fendas verticais da grade dianteira que se tornaram marca registrada de todos os Jeep. O modelo do século XXI conta com para-choques protuberantes, alargadores dos para-lamas e estribos, que são elementos que dão uma cara de mau e ajudam a resguardar a carroceria de danos ao passar por galhos e pedras. Afinal, normalmente quem tem um Wrangler vai utilizá-lo em terrenos ruins - e até customizá-lo para isso.
As portas são abertas a partir de gatilhos nas maçanetas e são sustentadas por cintas de nylon, podendo ser removidas ao utilizar uma chave de parafusos. O teto pode ser retirado em partes: é possível rebater apenas a seção frontal, que pode ser considerada o "teto solar" do Unlimited, ou então ser removida por inteiro a parte de trás da capota, incluindo os vidros traseiros - um trabalho que exige duas pessoas, muita paciência e uma lida no manual do proprietário. Também é possível baixar o para-brisa e sentir o vento direto no rosto durante a condução. Não por acaso, o Jeep conta com um santantônio integrado à carroceria para maior rigidez torcional e melhor proteção dos ocupantes em caso de capotamento.
Este exemplar, ano e modelo 2014, possui diversas modificações: barra de LED montada sobre o para-brisa, snorkel, capô diferenciado com saídas de ar, proteção frontal "Angry Grill", com molduras "nervosas" para os faróis de LED e grade perfurada, para-choques com maior ângulo de ataque e ganchos de reboque vermelhos, rodas exclusivas de liga leve de 17 polegadas na cor preta (calçadas com pneus Pirelli Scorpion ATR 265/70), cabo dianteiro para guincho, macaco de para-choque e engate central traseiro.
Para os dias atuais, o interior do Wrangler Unlimited Sport pode ser considerado rústico, mas reserva várias soluções criativas e certas amenidades para os passageiros. Antes de tudo, a cabine foi pensada para ser facilmente lavável depois de uma trilha, o que explica o assoalho revestido de borracha, bem como os bancos de couro e os plásticos rígidos que recobrem painel, console e portas. Neste carro, foram instalados rádio-amador, buzina de longo alcance, indicador de tensão de bateria e, no porta-malas, frigobar e subwoofer traseiro.
O volante revestido de couro conta com regulagem manual de altura e botões de operação do controlador de velocidade de cruzeiro, telefone, comandos de voz, do computador de bordo e do som (estes últimos ficam atrás dos raios horizontais, como é comum nos carros do grupo FCA).
O quadro de instrumentos concentra quatro informações analógicas: indicador do nível de combustível, velocímetro (com escalas em km/h e mph, além de indicação sonora ao superar 120 km/h), conta-giros e marcador de temperatura do líquido de arrefecimento do motor. Duas telinhas esverdeadas estão presentes: à esquerda são visualizadas as informações do computador de bordo (incluindo bússola/temperatura externa, velocímetro digital, consumo médio de combustível, autonomia estimada, tempo de viagem e registros como temperatura do líquido do motor, pressão do óleo, temperatura da transmissão e indicador da vida útil do óleo, além de mensagens de eventuais anomalia do veículo), enquanto à direita é possível checar a posição do câmbio engatada e a quilometragem.
A parte central superior do painel possui um porta-trecos aberto e o aparelho de rádio, com seis alto-falantes, que neste carro foi substituído por um sistema multimídia com tela colorida e câmera de ré. Mais abaixo estão as saídas de ar centrais e os botões de comando dos quatro vidros elétricos, com função um-toque para as janelas dianteiras. O ar-condicionado não é digital, mas dispõe de modo automático de funcionamento e regulagem numérica de temperatura entre 16 e 30 graus Celsius.
A parte inferior do painel concentra outros comandos, de ajuste dos retrovisores externos, desativação parcial ou total dos controles eletrônicos de estabilidade e tração, ativação do controle automático de velocidade em descida (que mantém uma velocidade constante entre 1,5 e 12 km/h, a depender da marcha engatada, dispensando o controle de freio e acelerador pelo motorista), bem como pisca-alerta, ajuste da altura dos faróis e cinzeiro. O rádio-amador fica instalado no porta-objetos localizado na junção do painel com o console central.
Duas alavancas com pomos cromados estão no início do console entre os bancos dianteiros. Na ponta esquerda é possível escolher os modos de tração: 2H (em apenas um eixo), 4H (tração distribuída para os dois eixos) e 4L (tração 4x4 reduzida, para ser utilizada a no máximo 40 km/h e engatada com a transmissão em N). Do outro lado fica a alavanca do câmbio automático de cinco marchas, com opção de trocas sequenciais na alavanca a partir da posição D: jogando a alavanca para a direita, as marchas avançam, e, com toques para a esquerda, são feitas as reduções. Mais atrás estão a alavanca de freio de mão, dois porta-copos e um apoio de braço com porta-objetos embutido.
Os engenheiros da Jeep, que previam a utilização do Wrangler Unlimited com ou sem a capota (e as portas), instalaram certos itens na junção central do teto, como as luzes de leitura e até dois dos alto-falantes traseiros.
Já os alto-falantes dianteiros ficam embutidos na parte inferior do painel, o que explica o porta-luvas ter abertura menor do que o esperado para um veículo deste porte. Acima dele, o carona dianteiro encontra uma barra de apoio para se segurar em trilhas com mais sacolejos. Existem luzes para os pés dos ocupantes dianteiros. Por conta das portas poderem ser removíveis, não há botões de vidros elétricos incorporados a elas, mas nas portas dianteiras há comandos que controlam o travamento ou destravamento central.
O banco traseiro acomoda três passageiros e o final do console central conta com os botões dos vidros elétricos traseiros, além de dois porta-copos no piso. Há ainda dois porta-revistas para a turma do fundão.
A chave de lâmina fixa incorpora botões para travamento e destravamento das portas.
Ao abrir as duas travas externas do capô e puxar o gatilho central, é possível conferir o motor 3.6 V6 Pentastar aspirado e movido a gasolina, montado em posição longitudinal, com rendimento de 284 cavalos a 6350 rpm e torque de 35,4 kgfm a 4300 rpm, alimentado por um tanque de combustível com capacidade de 85 litros. Em relação ao motor 3.8 que equipou o Unlimited anteriormente, o Pentastar tinha 85 cavalos e 3,3 kgfm de torque a mais, e ainda era cerca de 40 quilos mais leve, ao adotar alumínio em sua composição ao invés do ferro comum. Mesmo sem pretensões esportivas e com uma carroceria de 1924 quilos, o Wrangler surpreendia nas acelerações e, segundo a Jeep, acelera de 0 a 100 km/h em 8,9 segundos, enquanto a velocidade máxima é limitada eletronicamente a 180 km/h.
A construção do Wrangler Unlimited possui pontos de ligação com o Willys, como o chassi sustentando a carroceria e o conjunto de suspensão com eixos rígidos na dianteira e na traseira, mas com molas helicoidais no lugar dos velhos feixes de mola. Já a direção possui assistência hidráulica.
Com distância entre-eixos significativamente ampliada em relação ao Wrangler de duas portas (2,42 m x 2,94 metros), o Unlimited oferece também uma maior estabilidade da carroceria em uso rodoviário. Já nos terrenos fora-de-estrada, o Jeep se destaca pela altura em relação ao solo original de 24,2 centímetros e pelos ângulos de ataque (35 graus) e saída (28 graus).
O porta-malas se abre em duas partes: primeiro, é preciso apertar o gatilho para deslocar a chapa metálica com o estepe para a direita. Assim, é possível abrir o vidro traseiro para cima. São 498 litros, ampliáveis para 934 L com o rebatimento do banco traseiro.
Esta geração do Wrangler foi comercializada no Brasil até 2019, quando chegou a quarta encarnação no Jeep, mais tecnológica e com o motor 2.0 Turbo com injeção direta de gasolina, que rende 270 cavalos e 40,8 kgfm de torque, combinado com o câmbio automático de oito marchas (três a mais que antes).
Impressões ao dirigir
Neste Wrangler, os estribos não são mero enfeite, sendo realmente necessário apoiar os pés neles para entrar e sair do carro. Ao virar a chave no tambor de ignição, logo se nota o motor em volume bem audível. Em movimento, mesmo em asfalto liso, o Jeep chacoalha constantemente ao rodar, e isso exige certa atenção do motorista para manter o SUV em sua trajetória, mas esta característica é comum em veículos voltados para o uso fora-de-estrada intenso. Outro ponto que exige prudência é a carroceria, larga e com visibilidade para trás apenas razoável, já que os encostos de cabeça traseiros e o estepe tomam parte da visão pelo retrovisor interno. As conversões, retornos e mudanças de faixa, por exemplo, devem ser feitas com maior margem de segurança e previsibilidade, pois seu formato "caixote" acaba criando alguns pontos cegos. Mas a assistência hidráulica da direção diminui o esforço do motorista nestas situações.
A bordo deste Jeep, a posição do motorista é bastante elevada até mesmo em comparação a picapes e utilitários de médio porte, e o tamanho do Wrangler Unlimited também ajuda a impor respeito no trânsito. Durante nosso primeiro dia de circulação, levamos apenas uma fechada de um apressado condutor de um Yaris sedã. Além disso, o visual atrai muitos olhares de pedestres e motoristas.
Nos trechos fora-de-estrada, o Wrangler revela suas maiores qualidades. Em terrenos onde outros carros atolariam, o Jeep esbanja torque e supera a lama com muita facilidade, além de sua distância em relação ao solo permitir passar por galhos e pedras com mais tranquilidade. Um brinquedo de gente grande!
Vem conferir a Galeria de Fotos do Jeep Wrangler Unlimited Sport 3.6 2014!
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