Renault Duster e Suzuki Swift levam nota zero nos testes do Latin NCAP


Os resultados divulgados nesta sexta-feira pelo Latin NCAP se revelaram decepcionantes: Renault Duster e Suzuki Swift tiraram nota zero. O Renault Duster, produzido na América Latina e na Romênia, zerou os testes de segurança mesmo tendo dois airbags e controle eletrônico de estabilidade (ESC) em todas as suas versões, deixando de atender às novas exigências do novo protocolo de avaliação do Latin NCAP. O SUV obteve as notas 29,47% em Proteção de Ocupantes Adultos, 22,93% em Proteção de Ocupantes Infantis, 50,79% em Proteção de Pedestres e Ciclistas e 34,88% em Sistemas de Assistência de Segurança. Vale lembrar que, agora, o resultado de segurança de um automóvel é nivelado pela nota mais baixa nos novos parâmetros de avaliação do Latin NCAP.


O Duster vendido na América Latina e no Caribe não oferece airbags laterais nem de proteção para a cabeça, diferentemente do modelo vendido na Europa sob a marca Dacia. No impacto frontal, o SUV apresentou estrutura instável e vazamento de combustível. No cenário de um teste regulatório sob a norma UN95, o modelo (também) seria reprovado devido à abertura de uma das portas durante a colisão lateral. De acordo com o órgão, a perda de combustível registrada no impacto frontal exige ações da Renault. O Latin NCAP sugeriu que a montadora deveria realizar um recall das unidades já comercializadas que poderiam ter esse vazamento de combustível no tanque após um impacto. Na mesma linha, a abertura da porta no impacto lateral exige uma ação imediata da Renault, pois esta característica gera um sério risco de ejeção do passageiro em caso de impacto lateral.


O Duster foi avaliado nos testes de impacto frontal, impacto lateral, whiplash (teste que atesta a segurança dos bancos e cintos em situações em que o corpo é projetado para trás nas colisões), proteção de pedestres e Controle Eletrônico de Estabilidade (ESC). No impacto frontal, o modelo apresentou estrutura instável e vazamento de combustível. O teste de Whiplash mostrou proteção insuficiente para o pescoço. A proteção para crianças apresentou uma pontuação baixa, pois as cabeças dos dois dummies entraram em contato com o interior do veículo. Da mesma forma, o veículo não oferece a indicação permanente do alerta de desconexão do airbag para o passageiro. A instalação de cadeirinhas também obteve pontuação baixa. A proteção de pedestres foi considerada aceitável. O ESC cumpriu com os requisitos regulamentares e teve um bom desempenho no Teste do Alce até 80 km/h (situação em que ocorre um desvio repentino, seguido do retorno à faixa original) e apenas até 60 km/h no cenário em que o volante é bruscamente girado para o lado esquerdo e em seguida para o lado direito, situação em que o Duster chegou a levantar a roda traseira direita.

Logo depois da divulgação dos resultados do Latin NCAP, a Renault do Brasil emitiu um comunicado para a imprensa em que informa que o Duster que tirou zero estrelas agora é exatamente o mesmo em termos de equipamentos de segurança ativa e passiva em relação ao veículo que obteve quatro estrelas na proteção para adultos e três estrelas na proteção para crianças, em teste realizado pela mesma instituição em 2019. A partir de 2020, o Latin NCAP mudou os protocolos de testes e, por conta disso, os resultados são diferentes.

Ao melhor estilo "se colar, colou", a Renault afirmou que "o Duster cumpre rigorosamente as regulamentações nos países em que é comercializado, superando-as em alguns quesitos. O modelo traz diversos equipamentos de segurança como ESP, alerta de ponto cego, câmera Multiview, assistente de partida em rampa, entre outros, que não são obrigatórios por lei". Porém, a falta de airbags laterais (quando até mesmo o Kwid os traz em todas as versões) é imperdoável.


O Suzuki Swift, fabricado na Índia e no Japão, também levou nota zero, mesmo trazendo dois airbags de série, ganhou zero estrela. O modelo compacto, que atualmente não é vendido no Brasil, obteve 15,53% em Proteção de Ocupantes Adultos, 0% em Proteção de Ocupantes Infantis, 66,07% em Proteção de Pedestres e Usuários Vulneráveis de Estradas e 6,98% em Sistemas de Assistência de Segurança. Este resultado do teste é válido para as versões hatchback e sedan.


O Swift foi avaliado nos testes de impacto frontal, impacto lateral, whiplash e proteção de pedestres. O péssimo resultado se explica por conta da proteção contra impacto lateral ruim (inclusive com a abertura das portas laterais durante este teste), da pontuação baixa no teste de whiplash, da falta de airbags de série para a proteção da cabeça e da falta de controle de estabilidade (ESC) de fábrica. A Suzuki não chegou a recomendar modelos de cadeirinhas para os testes, o que também contribuiu com a nota zero. A proteção de pedestres mostrou um desempenho de nível razoável.


O Swift é vendido na Europa com seis airbags e controle de estabilidade (ESC) em todas as versões, enquanto o modelo vendido na América Latina não oferece ESC nem airbags laterais. A versão latino-americana do Swift também peca por trazer um cinto de segurança de dois pontos na posição central traseira, apesar do conhecido risco de lesões devido ao seu uso.

Alejandro Furas, Secretário-Geral do Latin NCAP, disse:

"O fraco desempenho de segurança oferecido pela Renault e a Suzuki para os consumidores latinoamericanos é decepcionante e perturbador. O Latin NCAP insta e incentiva a Renault e a Suzuki a melhorar drasticamente a segurança padrão desses modelos o mais rápido possível. Os consumidores na América Latina são obrigados a pagar mais do que o preço básico para obter os mesmos equipamentos de segurança que a Renault/Dacia e a Suzuki oferecem como padrão em outros mercados, como a Europa. Em alguns casos, essas marcas nem mesmo as oferecem como opção para a América Latina e o Caribe. A segurança básica dos veículos, padrão em mercados de economias maduras, é um direito que os consumidores da América Latina e do Caribe devem exigir sem ter que pagar a mais. Esses elementos de segurança atuam como vacinas para uma das pandemias mais graves, como mortes e ferimentos causados por acidentes de trânsito. Os consumidores têm o direito de receber a mesma vacina fornecida em outro lugar, sem ter que pagar mais por ela."


Stephan Brodziak, Presidente do Conselho do Latin NCAP, disse:

"Infelizmente, vemos um resultado muito ruim para dois veículos que são altamente comercializados em nossa região, mais uma vez vemos traída a confiança que os consumidores depositam em alguns fabricantes. É muito discriminador que, após mais de 10 anos avaliando o desempenho de segurança dos veículos comercializados na América Latina e no Caribe, continuemos a ver carros zero estrela. Em termos de segurança veicular, ainda somos tratados como cidadãos de segunda classe apenas para que alguns fabricantes possam economizar dinheiro na produção de veículos. O dinheiro que esses fabricantes economizam se traduz em mortes e ferimentos graves que afetam famílias e a economia de nossa região. A América Latina não merece mais carros zero estrela, chega de carros de baixa segurança!"

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