A Volkswagen confirma que o up! deixa de ser oferecido no Brasil. O hatch subcompacto já não consta da lista de veículos novos disponíveis no site da marca.
Lançado no Brasil no começo de 2014, o up! chegou ao mercado apenas na carroceria de quatro portas e com o motor 1.0 MPI de três cilindros (de 75/82 cavalos), aliado ao câmbio manual de cinco marchas. O up! teve variadas modificações em relação ao seu equivalente europeu, e as maiores mudanças ocorreram na parte traseira: foi substituída à tampa do porta-malas original, inteiramente feita em vidro, por outra mais tradicional, de chapa de aço. Além disso, foram ampliados o porta-malas e o tanque de combustível (aumentou de 35 para 50 litros). Para completar, as portas de trás passaram a ter vidros que baixavam ao se girar as manivelas (no up! europeu de quatro portas, os vidros apenas basculam).
Quando o up! chegou ao Brasil, ainda existiam poucos subcompactos sendo vendidos, como o Kia Picanto e o Fiat 500 - e ambos eram modelos mais caros. Com formas quadradas, capô curto e dimensões compactas, o up! conservou boa parte do estilo do modelo europeu, onde esta classe de city-cars era bastante fervilhante. Aqui, encarou a resistência de consumidores por parecer muito pequeno, embora seu porta-malas tivesse exatamente o mesmo volume do Gol e a distância entre eixos ser parelha à de modelos até 30 centímetros maiores no comprimento.
Internamente, o up! apostava num layout de ar-condicionado bem diferente do que nos habituamos nos carros: existe uma saída central (que não pode ser vedada nem direcionada) que sopra o ar para cima, visando suprir a ventilação para os passageiros dianteiros e traseiros. Porém, quem tem up! já deve ter passado pela desagradável situação de desligar o ar, abrir os vidros e o choque de temperaturas fazer o espelho interno embaçar.
O up! também trazia um volante de base reta, pelo qual se viam os instrumentos (o velocímetro era o verdadeiro destaque, com o conta-giros e o nível do tanque de combustível pequenos nos cantos). Em algumas versões, era possível escolher a cor dos plásticos dos forros de porta e base do painel em bege ou preto, e ainda existia a possibilidade de escolher um dos vários tons de pintura envernizada no painel do high up! (nos modelos black, white e red, o chamado "pad" do painel vinha na mesma cor do carro).
Inicialmente disponível nas versões take up!, move up!, high up!, black up!, red up! e white up!, o pequeno hatchback chegou ao nosso mercado pouco tempo depois da aposentadoria do Gol Geração 4, que deixou de ser produzido por não se adequar às então novas disposições de segurança instituídas, que obrigaram todos os carros zero-quilômetro a saírem de fábrica com airbags frontais e freios ABS. Aliás, no quesito de segurança, o up! causou ótima impressão logo de cara, ao ser o primeiro modelo do segmento de compactos a oferecer cinco estrelas de proteção para adultos no caso de colisões, como atestou o órgão Latin NCAP. Vale lembrar que, desde então, os standards de segurança se aprimorarem bastante, e hoje o up! não repetiria a nota máxima com os itens de proteção hoje disponíveis.
Ainda em 2014, foram lançados o aventureiro cross up!, a carroceria de duas portas (restrita às versões take e move), com janelas traseiras de formato menos ousado do que no modelo europeu, e ainda o câmbio automatizado monoembreagem I-Motion, de cinco marchas.
Um detalhe peculiar da carreira do Volkswagen up! é que justamente o ano de sua estreia (2014) foi o período em que ele mais vendeu unidades no Brasil - a cada ano, as vendas foram minguando. Mas a evolução do subcompacto continuou, e em meados de 2015 coube ao up! ser o primeiro Volkswagen a ter o motor 1.0 TSI de 105 cavalos em nosso País. Entregando mais performance e até levando vantagem ante o MPI em relação ao consumo de combustível, o motor TSI estava disponível a partir da versão move.
Para marcar a chegada deste propulsor, foi preparado um novo modelo, o speed up!, sempre branco com teto preto e detalhes em azul (nas capas dos retrovisores externos e nas laterais inferiores).
Aos poucos a Volkswagen foi buscando um posicionamento de mercado mais elevado para o up!, principalmente em função de seu custo de produção mais elevado, diretamente influenciado pelas técnicas mais sofisticadas de conformação do aço e do próprio material mais nobre aplicado à carroceria do modelo. A marca passou a incluir de série mais equipamentos, como o ar-condicionado, a partir da versão move. Já o take passou a ter um pacote completo que incluía todos os opcionais mais desejados, como direção elétrica com regulagem de altura, ar-condicionado e travas/vidros elétricos. Para completar, em 2016 foi lançado o up! Run, de produção limitada e com motor 1.0 MPI, e o up! Track, uma versão que aproveitava elementos aventureiros do cross up! mas, assim como o Run, tinha motor aspirado.
Em 2017, o menor dos Volkswagen passou por uma reestilização. Os para-choques e grade ficaram maiores, e o modelo ganhou novas opções de cores e estilos de rodas e calotas. Já as lanternas passaram a ter molduras escuras. Deixaram de ser fabricadas as carroceria de duas portas e as versões speed, black, white e red, além das séries Track e Run.
A parte interna também recebeu atenção: mudaram volante, quadro de instrumentos (que passou a ter conta-giros e tela do computador de bordo maiores), além de novos acabamentos para bancos e parte central do painel. A novidade mais vistosa era o rádio Composition Phone com tela colorida. Nem se comparava às desejadas centrais multimídia com monitores maiores e sensíveis ao toque, mas já ajudavam a ter uma conectividade maior com o celular - até foi adicionado um suporte flexível e removível no centro do painel para reforçar isso. Esse mote de conectividade fez a Volkswagen lançar a série especial up! Connect, feita somente no tom azul que foi uma das cores do lançamento.
Essa foi a fase mais refinada do up!, que poderia receber itens que só se via em segmentos superiores, como acendimento automático dos faróis, iluminação ambiente embutida no painel, volante em couro, sensor de chuva, faróis de neblina com luzes de conversão estática e bancos de material sintético.
Resgatando o espírito esportivo do speed up!, foi lançado em 2018 o up! Pepper. Esta série especial, também disponibilizada para Fox e Saveiro, trazia detalhes vermelhos e logotipos charmosos.
A partir de 2019, a Volkswagen resolveu limitar o número de versões a apenas três. Continuaram o modelo 1.0 MPI (mais completo que o antigo take, porém com menos itens que o antigo move aspirado), a Connect (que resgatou a ideia da série especial feita há dois anos, trazendo o Composition Phone) e Xtreme (que herdou alguns detalhes de estilo do cross up!, mas sem tanta pegada aventureira). Foi eliminado o câmbio automatizado i-Motion.
Em 2020, a Volkswagen diminuiu mais uma vez a gama de versões do up!, passando a existir somente uma, a Xtreme. A marca decidiu não adaptar o carrinho para receber o cinto de três pontos no meio do banco traseiro, pois fazer as modificações estruturais para a fixação do cinto não compensariam o investimento, diante do baixo volume. A "solução" encontrada foi de alterar a especificação da quantidade de passageiros permitidos no up!, reduzida de 5 para 4 ocupantes.
O up! deixa de ser produzido no Brasil sem deixar sucessor. Na Europa, onde nasceu em 2011, seu futuro é igualmente incerto. Uma pena, pois era um modelo de características diferenciadas diante de Gol, Fox e Polo. Com dimensões compactas e apropriadas para o uso na cidade, boa dirigibilidade, agilidade e economia, o up! era um carro sem concorrência direta, e seu fim simboliza o inexorável desinteresse das montadoras de automóveis em manter em produção os modelos subcompactos.
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