Reunimos as duas gerações do Nissan Versa: confira as diferenças (e semelhanças) entre eles!

Texto e Fotos | Júlio Max, de Teresina - Piauí

Agradecimentos | Assessoria de Imprensa Nissan e Agripino Rocha

A renovação do Versa, ocorrida em outubro de 2020, foi uma das apostas mais radicais que a Nissan já promoveu no Brasil nos últimos tempos. E a nova geração do Versa ficou tão diferente da anterior (que chegou ao Brasil em 2011) que a marca optou por oferecê-lo em nosso mercado junto com o modelo antigo, que passou a receber o sobrenome V-Drive e teve sua gama de versões reordenada. Nesta matéria, reunimos as duas gerações do Versa e contamos o que os sedãs tem de diferente (e também as semelhanças!).

Nesta matéria, o novo Versa Advance, que tem preço de tabela de R$ 88.390, contracenou com um exemplar da geração anterior do Versa na versão SL 1.6 CVT, ano 2018 e modelo 2019, gentilmente cedido por nosso amigo Agripino Rocha (este carro é o mascote da página do Instagram @itashathe). O modelo é equivalente ao atual V-Drive Premium 1.6 CVT, que hoje custa R$ 81.990. Doravante, quando nos referirmos ao "Versa antigo" no texto, também estaremos falando do V-Drive, e, ao falar do "Versa novo", estamos comentando sobre a geração mais recente.

As diferenças no visual são bastante impactantes, como até poderia se esperar. Afinal, o Versa anterior foi lançado no Brasil em 2011 e passou por um face-lift em 2015, enquanto a nova geração estreou sua carroceria completamente remodelada em outubro de 2020. Com suas linhas mais ousadas e horizontais, o novo Versa dá a impressão de ser bem maior do que o antigo, mas, na prática, ambos possuem dimensões parelhas:

Comprimento

Novo Versa: 4,495 metros (+ 0,3 centímetro)

Antigo Versa/V-Drive: 4,492 metros 

Largura

Novo Versa: 1,740 metros (+ 4,5 centímetros)

Antigo Versa/V-Drive: 1,695 metros 

Altura

Novo Versa: 1,465 metros (- 4,1 centímetros)

Antigo Versa/V-Drive: 1,506 metros 

Distância entre-eixos

Novo Versa: 2,620 metros (+ 2,0 centímetros)

Antigo Versa/V-Drive: 2,600 metros 

Ambos possuem rodas de liga leve de 16 polegadas, mas no novo Versa os pneus são um pouco mais largos (205/55 x 195/55). Os retrovisores, que antes ficavam 2 centímetros afastados da carroceria, tiveram o espaçamento ampliado para 4 centímetros, a fim de reduzir o ruído de arrasto de vento em altas velocidades.

 

Curiosamente, o Versa chegou ao Brasil com a antena localizada na parte de trás do teto. Nos modelos feitos a partir de 2016, que tiveram um pacote de pequenas mudanças embutidas com a estreia do câmbio automático XTronic CVT, a antena foi para próximo do para-brisa. Agora, voltou para a parte de trás do teto na nova geração.

Internamente, o Versa também evoluiu bastante, oferecendo um visual mais moderno. O novo modelo tem nítida inspiração no ambiente do Kicks, enquanto o Versa antigo tinha interior fundamentalmente baseado no do falecido Nissan March, com algumas alterações para o sedã.

No quadro de instrumentos, só o velocímetro com graduação dupla (em km/h e mph) acompanhado de uma haste para regular o brilho dos instrumentos e zerar o hodômetro são elementos semelhantes entre os modelos. Mesmo considerando que o Versa antigo tinha a opção do quadro de instrumentos "Fine Vision" mais informativo (com tela de computador de bordo de caracteres brancos separando o conta-giros do velocímetro, enquanto as versões básicas tinham o mesmíssimo quadro do March, mais simples), esta instrumentação parece arcaica diante da tela digital de 7 polegadas do Versa Advance, que é bem mais informativa: traz indicação individual de porta aberta, velocímetro digital, indicador de temperatura do líquido de arrefecimento do motor, entre outros detalhes. 

Para completar, a operação do computador de bordo do Versa Advance é bem mais cômoda, feita nos botões do raio esquerdo do volante, enquanto no Versa antigo era preciso usar um cotoco junto do quadro de instrumentos para alterar as informações na telinha.

Houve também várias melhorias em ergonomia. O comando de ajuste elétrico dos retrovisores, que antes ficava no painel (meio escondido e muito próximo da coluna de direção), foi para a porta do motorista, próximo aos botões de travas e vidros elétricos. A disposição destes comandos é semelhante em ambas as gerações, mas os botões do novo Versa são mais arredondados e ligeiramente maiores - são os mesmos comandos do Sentra e da Frontier, por exemplo, que proporcionam cliques mais suaves. O ajuste da coluna de direção é bem diferente: o antigo só regula em altura e a coluna "despenca" quando a trava é solta, enquanto o modelo novo ajusta a direção em altura e profundidade, e a operação da coluna ocorre sem sustos, através de uma alavanca mais ergonômica e visível. E, na haste esquerda da coluna de direção, o Versa anterior só dá seta à moda antiga, enquanto no novo Versa é possível dar seta 3 vezes com um toque leve na haste, sem precisar aplicar força até a alavanca dar um "clique".

Apesar das muitas diferenças entre as duas gerações do Versa, existem vários comandos e botões que ficam na mesma posição em ambos os carros. Quem dirige o antigo Versa não irá estranhar o modelo novo, e vice-versa (perdão pelo trocadilho). Além dos já mencionados botões na porta do motorista, as alavancas que abrem a portinhola do tanque de combustível e o capô do motor estão no canto inferior do painel (a diferença é que no novo Versa os símbolos estão pintados de branco) e o motorista pode abrir a tampa do porta-malas internamente pela alavanquinha no canto esquerdo do piso nos dois carros. 

O botão de pisca-alerta também fica entre as saídas de ar laterais em ambos os modelos, e são semelhantes nos Versas a alavanca para regular a altura do banco do motorista e os ajustadores da altura dos cintos dianteiros. No teto, os para-sóis são bem parecidos (grandes, com espelhos tampados nos dois carros) e as luzes de teto até foram redesenhadas, mas permanecem praticamente nas mesmas posições. Na parte de cima, a maior diferença está nas alças de teto, que são fixas no modelo anterior e retráteis com retorno suave no novo Versa.

No antigo modelo topo-de-linha SL (e no V-Drive Premium), os revestimentos dos bancos eram de couro, enquanto no novo Versa Advance eles são inteiramente revestidos em tecido. Mas, no modelo anterior, estes assentos não "abraçavam" tanto os ocupantes, proporcionando menos apoio nas curvas. No banco traseiro, o Versa antigo leva vantagem significativa no espaço para as pernas: 94,0 centímetros contra 78,8 cm do modelo novo, conforme dados de fábrica. 

Quem senta atrás no novo Versa não pode reclamar de aperto para as pernas, mas pode falar da falta de espaço para a cabeça, se tiver cerca de 1,80 metro de altura ou mais (afinal, há 7 milímetros a menos de espaço do que no Versa antigo). Por algum motivo, os apoios de cabeça, que antes eram ajustáveis em altura, passaram a vir fixos no Versa novo. Mas, no modelo antigo ou no novo, eles sempre aparecem um pouco no campo de visão do motorista pelo retrovisor. Tanto no Versa novo quanto no antigo só há um porta-revista, que fica atrás do banco do passageiro dianteiro.

As versões automáticas do Versa antigo não traziam itens demandados pelo público, como o controlador de velocidade de cruzeiro ("piloto automático") e o apoio de braço para o motorista. O V-Drive continua sem trazer estes itens de fábrica até mesmo nas versões com o câmbio CVT. Já o novo Versa vem de série com estes dois equipamentos em todas as versões com câmbio automático - itens que contribuem para um maior conforto no dia-a-dia.

O estilo das chaves de ignição dos dois Versas evidencia a quantidade de anos que separam um modelo do outro. A chave do Versa antigo era compartilhada com o velho March - nem canivete ela é. Enquanto isso, o novo Versa traz a chave presencial (I-Key) em todas as versões: estando próximo do veículo, é possível destravar ou travar as portas com um toque no botão das maçanetas dianteiras, sem precisar tirar a chave do bolso ou da bolsa. Mas as demais funcionalidades das chaves são as mesmas nos dois modelos: há botões para travar e destravar as portas, destravar a tampa do porta-malas (ao segurar) e acionar a sirene para localizar o carro.

Mas não é só. O novo Versa traz outros itens de comodidade que sequer eram cogitados para a geração anterior, como faróis com acendimento automático, regulagem interna de altura do facho dos faróis, partida do motor por botão, sensor de ré, entre outros.

No quesito segurança, o "baile" do novo Versa sobre o antigo é ainda maior. Tecnicamente, é possível dirigir o Versa anterior sem o cinto de segurança e sem ser "repreendido" pelo carro, enquanto no novo Versa soa um alarme caso os ocupantes dianteiros e até traseiros estejam sentados sem afivelar os seus cintos. O sedã anterior traz pouco além do que já é exigível por lei para carros novos (como airbags frontais, freios ABS, cintos de 3 pontos e apoios de cabeça para todos), e continua a ser produzido sem controles de tração e estabilidade porque estes itens de segurança por enquanto só são exigíveis para projetos novos de automóveis. Já o Versa traz os controles eletrônicos (além do assistente de partida em subidas), 6 airbags (dois frontais, dois laterais embutidos nos bancos dianteiros e dois de cortina), alerta de esquecimento de objetos no banco traseiro (que dá 3 buzinadinhas e informa no quadro de instrumentos que algo pode ter sido esquecido atrás), etc.

Em relação às centrais multimídias, elas são operadas por telas sensíveis ao toque de 7 polegadas nos dois modelos. O layout é mais moderno na nova geração, semelhante ao existente no Kicks e na Frontier. Além disso, há 3 entradas USB no novo Versa, sendo duas delas para carregamento de dispositivos eletrônicos (no V-Drive, há apenas uma entrada USB, que fica numa localização ruim, oculta por uma tampa perto do próprio visor do sistema multimídia, exigindo malabarismos com o cabo para celular e atenção com dispositivos USB chamativos). Mas a antiga central Multi-App possui algumas funções adicionais em relação ao sistema do Versa Advance, como a maior possibilidade de personalização de tela e o acesso à loja de aplicativos, que permite instalar os apps na memória interna do aparelho, o que dispensa a necessidade de se espelhar o celular para ter que usar o GPS, ato necessário no modelo novo.

O porta-malas aumentou de 460 para 482 litros, passou a ter botão externo para abertura da tampa, e esta capacidade volumétrica maior vem acompanhada de uma maior facilidade de acesso ao compartimento, agora com abertura mais larga. E se for necessário levar objetos mais compridos dentro do carro, o novo Versa traz o banco traseiro com encosto bipartido, possibilitando que ainda seja possível levar uma ou duas pessoas atrás. No Versa antigo e no V-Drive, o encosto é rebatível, porém inteiriço em todas as versões (e, além, disso, o vão aproveitável quando o banco é deitado é mais estreito). 

O estepe do Versa antigo, com roda de 14 polegadas e pneu 165/70, não era igual aos demais pneus no chão, mas era bem mais largo do que o estepe temporário com pneu 125/70 e roda aro 16 do novo Versa. O que não mudou foi o alojamento do macaco: permanece fixado próximo da abertura da tampa traseira. Os envoltórios da chave de roda e do triângulo de sinalização também são os mesmos.

Em termos de assistência ao estacionamento, o Versa antigo trazia um "costume" comum de outras marcas japonesas, como a Honda: vinha com a câmera de ré na versão mais completa, porém não com o sensor de estacionamento traseiro. Já o novo Versa possui os sensores de ré em todas as versões (com visualização gráfica colorida pela tela do computador de bordo nesta versão Advance), e a câmera traseira vem de fábrica a partir desta versão intermediária, com linhas de guia que acompanham o esterço do volante.

O motor 1.6 HR16DE é semelhante em ambas as gerações do Versa, mas o modelo antigo só tinha variação do comando de válvulas na admissão, enquanto a geração nova conta com esta variação na admissão e no escape, como o Kicks. Isto possibilitou o ganho de 3 cavalos e 0,4 kgfm no novo Versa, pulando de 111 para 114 cavalos, e de 15,1 para 15,5 kgfm de torque (resultados idênticos tanto com gasolina quanto com etanol). 

Veja os resultados dos nossos testes (realizados da mesma forma: com gasolina no tanque, uma pessoa a bordo, ar-condicionado desligado, câmbio na posição Drive e cronometragem pelo app GPS Acceleration):

Aceleração de 0 a 100 km/h (Versa 2019): 10,6 segundos
Aceleração de 0 a 100 km/h (Versa 2021): 10,2 segundos

Ambos também contam com o câmbio automático continuamente variável XTronic CVT, mas o modelo antigo tinha ronco gradual conforme a velocidade aumentava. Para fazer com que a rotação do motor diminuísse, o macete era tirar o pé momentaneamente do acelerador para o ruído diminuir e, logo após, continuar a acelerar levemente. Já no novo Versa, é reproduzida a sensação do modelo ter seis marchas (nas acelerações, é possível notar que o ponteiro do conta-giros sobe e em seguida baixa, quando o câmbio passa para a relação seguinte de marcha), e também existe o modo Sport, acionado por botão no pomo da alavanca de câmbio (antes, só estava disponível a função Overdrive, que entrava em ação ao apertar um pequeno botão preto na lateral esquerda da alavanca).

Apesar da reformulação da carroceria do Versa ter sido completa, o modelo novo continua sendo produzido sobre a plataforma "V", que foi inaugurada pelo March e também é aproveitada pelo Kicks. Houve variados aprimoramentos nos modelos desenvolvidos sobre esta arquitetura da Nissan, porém a capacidade do tanque de combustível permaneceu nos 41 litros.

Impressões ao dirigir

A primeira coisa que chama a atenção é que a posição de dirigir é bastante diferente entre os carros. Mesmo com o banco do motorista na posição mais alta possível no novo Versa, o condutor assume uma posição bem mais baixa do que no Versa anterior. Um dos reflexos dessa característica é que no modelo antigo se estica um pouco mais o braço para fazer uso da alavanca de câmbio, já que no Versa anterior ela foi instalada sobre um console central mais baixo, enquanto no novo Versa a alavanca de câmbio fica em posição muito mais ergonômica, já que a parte da frente do console vai "subindo" de encontro ao painel. 

Mesmo com a assistência elétrica da direção em ambas as gerações, é nítido como a leveza da direção foi bem aprimorada no modelo mais novo, em especial nas manobras em baixa velocidade, enquanto o modelo anterior tinha a direção um tanto mais pesada na mesma situação (no modelo anterior, o volante também dá a impressão de ser um pouco menos ergonômico). Além disso, o conjunto de suspensão do Versa anterior não filtra tanto as irregularidades do solo, enquanto o novo modelo passa a resguardar melhor os ocupantes das imperfeições de piso tão comuns pelas ruas do nosso Brasil. E a estabilidade também foi melhorada no Versa novo, que tem rolagem de carroceria 15% menor que a geração antiga. Nas curvas em velocidades mais altas, é possível sentir que o Versa anterior vai querer se desgarrar da trajetória antes do modelo novo.

Como foi possível conferir no nosso teste, o novo Versa possui uma aceleração ligeiramente melhor que a do modelo antigo, que já era um dos mais ágeis do segmento. E olha que o modelo novo é 29 quilos mais pesado que o anterior (1122 kg x 1093 kg). Nos dois carros, o motor só vai se fazer audível em rotações mais altas, quando o acelerador é pressionado mais forte. Mas também é nítida, ao dirigir os modelos, a impressão de que o Versa novo é mais silencioso do que o anterior. Ambos possuem manta de isolamento acústico no capô, mas no novo Versa há mantas reforçadas no painel e nas colunas dianteiras. Até os vidros dianteiros ficaram ligeiramente mais grossos para minimizar o nível de ruído.

Com tantas evoluções, realmente faz sentido manter o Versa V-Drive junto do novo Versa nas concessionárias brasileiras, assim como a Chevrolet põe à disposição dos consumidores o Joy Plus e o Onix Plus, a Fiat oferece o Grand Siena e o Cronos, e a Volkswagen mantém em linha o Voyage e o Virtus. O Nissan V-Drive atende ao público que quer pagar menos na hora da compra e nas revisões (que são ligeiramente mais em conta); a vantagem de ter um modelo com mais tempo de mercado aparece também ao se buscar peças, que são mais baratas e fáceis de encontrar. Já o novo Versa atende a consumidores mais exigentes, que estão dispostos a pagar um pouco mais para ter um sedã com mais beleza, equipamentos, segurança, conforto e uma experiência melhor ao dirigir.

Vem conferir mais fotos do Nissan Versa SL e do Versa Advance!

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