O fim de linha de um automóvel é um assunto geralmente evitado pelas montadoras. Afinal, a notícia de que um carro deixará de ser vendido no Brasil possui repercussões imediatas: o produto normalmente desvaloriza e parte dos consumidores deixa de considerar tal modelo como sua próxima compra. Mas, em um ano atípico em todos os sentidos como foi 2020, o fim de linha de determinados carros chegou a ser anunciado ou confirmado pelas próprias marcas. Sem mais delongas, confira os modelos que deixaram de ser fabricados ou importados para cá:
Citroën C3 (2003 - 2020)
Quando o C3 começou a ser produzido em Porto Real (RJ), dezessete anos atrás, o segmento de "compactos premium" ainda estava sendo consolidado. Era impensável que um hatch daquele tamanho não tivesse uma versão popular, com motor 1.0 e depenada de equipamentos. Mas o Citroën vinha com motores 1.4 ou 1.6, e desde a opção mais simples, GLX, trazia de série direção elétrica, velocímetro digital, travas elétricas e regulagem interna de altura dos faróis, entre outros itens. Em 2004, teve sua primeira série especial, Ocimar Versolato, e em 2006 estreou o traje aventureiro-urbano com a versão XTR. Em 2008 veio uma leve reestilização, exclusiva para nosso mercado.
A mudança completa de geração ocorreu em 2012, e novamente o C3 trazia visual frontal ligeiramente diferenciado do modelo europeu - o C3 do Velho Continente foi que aproveitou elementos de estilo do hatch brasileiro (como as barras da grade superior e as luzes diurnas de LED do para-choque) na reestilização de 2013 feita na Europa. Mas, daí em diante, o C3 brasileiro praticamente parou no tempo, enquanto no continente europeu existe uma terceira geração desde 2016.
As mudanças do C3 se resumiram a: motor 1.5 substituído pelo 1.2 de três cilindros em 2016, câmbio automático de 4 marchas substituído pela transmissão de 6 marchas (em 2017) e a versão pseudo-aventureira Urban Trail em 2018, além de algumas séries limitadas de lá para cá, como a Xbox One Edition, a Style e a 100 Anos (celebrando o centenário da marca), em 2019. Seu modelo 2021 tinha apenas duas versões, a Attraction 1.2 manual e a Attraction 1.6 automática. Cada vez menos lembrado, o C3 se despede de mãos dadas com a geração anterior do Peugeot 208. Ambos deixam de ser produzidos em Porto Real, e a nova geração do 208 é trazida da Argentina.
Citroën AirCross (2010 - 2020)
A minivan aventureira AirCross foi lançada no Brasil em 2010, chegando antes mesmo de sua contraparte sem decoração off-road, a C3 Picasso. Com estepe exposto na tampa traseira e instrumentos de orientação como bússola e inclinômetros, era evidente a inspiração em outros aventureiros tupiniquins.
Em 2015, a Citroën resolveu reestilizar o modelo e fazer uma unificação na linhagem de minivans, "matando" a C3 Picasso e adotando a estratégia de oferecer versões do AirCross com ou sem estepe externo: somente as versões mais completas passavam a ter a roda sobressalente do lado de fora da carroceria.
Mas com o lançamento do C4 Cactus, em 2018, somado ao declínio do segmento de minivans, o AirCross foi esquecido. Em 2019, ele também passou a ter a série especial de 100 Anos da Citroën, como os outros modelos de passeio da marca.
Citroën Berlingo (1998 - 2020)
Quando o Berlingo chegou ao Brasil, o mercado de multivans (vans relativamente compactas para transporte de passageiros) ainda era uma aposta. Os rivais vieram depois: o Renault Kangoo, em 2000, e o Fiat Doblò em 2001. Deixou de ser importado em 2003, mas voltou em 2005, substituindo o motor 1.8 pelo 1.6 16 válvulas. Novamente teve sua importação interrompida em 2007.
O Grupo PSA, em uma estranha estratégia de mercado, decidiu oferecer produtos gêmeos na gama de utilitários da Peugeot e Citroën - e com isso, o Berlingo, que é basicamente um Peugeot Partner com outra marca, voltou a ser oferecido no Brasil em 2018, desta vez unicamente na carroceria furgão. Mas este ano o Berlingo deixou de ser exportado para nosso mercado, muito desatualizado em relação ao seu homônimo ofertado na Europa (aqui, ele estava na primeira geração com face-lift, enquanto os europeus possuem o modelo de terceira geração).
Citroën C4 Lounge (2013 - 2020)
Ausente dos showrooms das concessionárias Citroën há vários meses, o C4 Lounge deixou de ser importado da Argentina para comercialização em nosso País. Lançado em agosto de 2013 em substituição ao C4 Pallas, o Lounge compartilhava soluções com o Peugeot 408, inclusive os motores 2.0 Flex ou 1.6 THP (turbinado e com injeção direta de combustível, que se tornou flex no fim de 2014). Também acompanhando os primos 408 e 308, o C4 Lounge abandonou o motor 2.0 Flex em 2016, passando a ter uma linhagem exclusiva com o motor THP. O sedã passou por uma reestilização em 2018 e teve no ano seguinte a série limitada 100 Anos, em alusão ao centenário da Citroën.
Dodge Journey (2008 - 2020)
O SUV foi lançado no Brasil praticamente na mesma época em que passou a ser comercializado em outros mercados mundo afora. Feito no México e inicialmente trazido na versão SXT 2.7 V6, ele chegou em um momento conturbado para o grupo Chrysler (detentor da marca Dodge): a crise econômica de 2008 fez com que entrassem em concordata, mas o aporte da Fiat gerou o grupo FCA e salvou as montadoras americanas que estavam sob o guarda-chuva da Chrysler.
Em 2011, surgiu um curioso derivado do Journey, o Fiat Freemont. Em regra, onde o Journey era vendido, o Freemont não era, e vice-versa. Mas ambos foram comercializados simultaneamente no Brasil, na Austrália e na China. Contudo, aqui o modelo Fiat se diferenciava fundamentalmente pelo motor 2.4, enquanto o Journey, que também foi reestilizado em 2011, passou a trazer o propulsor 3.6 V6. O Freemont, que nunca se encaixou muito bem no portfólio nacional da Fiat, acabou deixando de ser importado em 2015.
Depois desta atualização (que não chegou a alterar tanto suas linhas externas, mas mudou substancialmente o painel), o Journey teve apenas versões novas, como a Crossroad (2014), a R/T com tração integral (2014) e o pacote Blacktop (2018). O fim do Journey ocorre a nível global: sua produção no México foi encerrada, em conjunto com a fabricação da Chrysler Town & Country, devido às vendas minguantes.
Ford Fusion (2006 - 2020)
Ele chegou ao Brasil um pouco antes da Copa do Mundo realizada na Alemanha, substituindo o Mondeo, e encantou o País com seu porte avantajado típico de sedã norte-americano, com seu estilo marcado pela grade cromada e, atrás, pelas lanternas translúcidas. Chegou apenas um ano após a estreia nos Estados Unidos, e era trazido em versão única (SEL), com motor 2.3 16 válvulas de 162 cavalos e câmbio automático. No ano seguinte, ganhou equipamentos: teclas na porta do motorista para acesso sem chave, sensor de ré e monitoramento de pressão dos pneus.
Em 2009 veio a primeira reestilização. A frente ganhou faróis horizontais, mais integrados ao formato da grade, e para-choque de estilo mais esportivo. Atrás, as lentes das lanternas ficaram vermelhas e ganharam tramas ao estilo de colmeia. O Fusion trocou o 2.3 pelo 2.5 de 173 cavalos, e ganhou em nosso mercado a opção 3.0 V6 de 243 cavalos e tração integral AWD. Entre os novos itens, o sedã passou a ter controle eletrônico de estabilidade e sistema multimídia com tela sensível ao toque (na versão topo-de-linha). A versão Hybrid passou a ser comercializada no País no ano de 2010.
Em 2012, a Ford optou por unificar globalmente os modelos Fusion e Mondeo em um só carro, com algumas diferenças regionais. A nova geração do sedã foi apresentada no Brasil no Salão de São Paulo daquele ano, inicialmente na versão mais completa Titanium AWD, com o inédito motor 2.0 EcoBoost de 240 cavalos. No ano seguinte, o Fusion passou a ter a versão SEL de entrada, com motor 2.5 (agora flex) de 167 cavalos com gasolina e 175 cv com etanol, bem como a versão Titanium 2.0 EcoBoost com tração dianteira e a nova versão Hybrid.
O Fusion ainda passou por mais duas discretas reestilizações. Em 2016, ele passou a ter a versão SEL 2.0 Turbo e câmbio automático com comando giratório no lugar da alavanca tradicional. Por fim, em 2019 ele passou por sua última (e discreta) mudança de estilo, perdendo as versões SEL 2.5 e Titanium com tração dianteira, restando os modelos Titanium 2.0 EcoBoost AWD, SEL 2.0 EcoBoost e Titanium Hybrid. Com baixas vendas e a iminente substituição por um modelo homônimo crossover, o Fusion encerra sua trajetória por aqui.
No ano de 2016, o March passou a ter a comodidade do câmbio automático Xtronic CVT para as versões 1.6 SV e SL. O câmbio era uma mão na roda para quem não queria saber de pisar na embreagem e trocar marchas, porém não tinha trocas simuladas nem modo sequencial. No mesmo ano, o modelo passou a ter a série especial Rio 2016, limitada a mil carros. Em 2020, o March abandonou o motor 1.0, sendo mantido em produção nas versões SV manual, SV automática e SL automática, todas com motor 1.6.
Volvo V60 (2012 - 2020)
A bela perua derivada do sedan S60 sucumbiu à minguante procura pelas station wagons no Brasil. A V60 chegou ao País em 2012 e era trazida nas versões T5 Comfort e T5 Dynamic, ambas com motor 2.0 de 240 cavalos, além da T6 AWD, com motor 3.0 de 304 cv. Para 2014, foi promovida uma reestilização, e as versões T5 passaram a ter motor com 5 cavalos a mais e o câmbio automático de oito marchas. Em 2018, veio a atual geração, em versão única, a Momentum 2.0 de 254 cv. Quem quiser um carro no nível da V60 aqui no Brasil, agora, terá que se contentar com o sedan S60.
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