Avaliação: Jeep Renegade Trailhawk, um SUV off-road que também se dá bem na cidade


Fotos, vídeo e texto | Júlio Max, de Teresina - Piauí
Agradecimentos | Assessoria de Imprensa FCA

O Jeep Renegade completou cinco anos de mercado brasileiro, e mesmo estando em um segmento cada vez mais disputado, ele continua sendo um dos SUVs mais comprados em nosso País. Parte do sucesso do Renegade se explica pela ampla gama de versões, que abrangem diversos perfis de consumidores. Há cinco opções com motor 1.8 Flex, câmbio automático de 6 marchas e tração dianteira (STD, Sport, Night Eagle, Longitude e Limited) e outras três com propulsor 2.0 Turbodiesel, câmbio automático de 9 marchas e tração 4x4 (MOAB, Longitude e Trailhawk). Em fevereiro de 2016, a Jeep tinha enviado para o Auto REALIDADE um Renegade Trailhawk laranja para avaliação - e nos encantamos com o carro. Agora, a FCA cedeu por uma semana o modelo mais recente do SUV na mesma versão. Foi possível constatar que o Renegade melhorou de forma muito nítida... mas já não tem todos os mimos da época do lançamento. Vale a pena ter este Jeep? Vem conferir a resposta em nossa avaliação!


O Renegade Trailhawk tem diferenciais estéticos em relação às demais versões em diversos pontos. Na frente, o capô possui adesivo em preto-fosco (anti-reflexo) e os para-choques contam com ganchos de reboque em vermelho (dois dianteiros e um traseiro). O modelo conta com faróis com fachos baixo, alto e luzes diurnas e de neblina em LED (estas últimas possuem a função "cornering": o farol de neblina esquerdo, por exemplo, acende quando o motorista dá seta para a esquerda ou esterça o volante no mesmo sentido, a até 40 km/h). 


Segundo a Jeep, o fluxo luminoso com os faróis principais de LED é 50% mais eficiente, em comparação com as lâmpadas halógenas. Na prática, a iluminação noturna é muito boa, principalmente para os lados.


Lateralmente, esta versão conta com o emblema "Trail Rated" nos para-lamas dianteiros, reservado a modelos com maiores capacidades off-road, além de rodas exclusivas de 17 polegadas calçadas com pneus Pirelli Scorpion ATR 215/60 de uso misto e capas dos retrovisores na cor cinza - cor também presente nos logotipos externos, molduras da grade e barras longitudinais de teto. Estas barras podem suportar até 100 quilos, desde que estejam montadas também as barras transversais (oferecidas como acessório nas concessionárias, por R$ 1.835). O Trailhawk conta ainda com o teto pintado de preto em todas as cores de carroceria disponíveis.


Na parte traseira, o Trailhawk é uma das versões do Renegade (além da Longitude e da Limited) que contam com lanternas de LED (incorporadas em julho de 2019, meses depois da reestilização, ocorrida em outubro de 2018), muito bonitas. 


O para-choque acomoda a luz traseira de neblina no canto esquerdo e a iluminação de ré do lado direito, ambas com lâmpadas comuns, assim como nas luzes de pisca. A iluminação de placa é amarela. Outra mudança bem-vinda na reestilização foi o redesenho do puxador da tampa do porta-malas com botão de destravamento embutido, agora mais ergonômico.


A carroceria possui 4,23 metros de comprimento, 1,80 metro de largura (sem retrovisores), 2,02 metros de largura com os retrovisores, 1,71 metro de altura e distância entre-eixos de 2,70 metros.


Internamente, os diferenciais são os bancos revestidos em couro preto com costuras na cor Vermelho Rubi, além de revestimento de couro na alavanca do câmbio, molduras do painel e console entre os bancos nas cores Vermelho Rubi, e os bordados "Trailhawk" em vermelho no encosto dos bancos dianteiros.


Para justificar a diferença de preço de 11.600 reais em relação à versão Longitude movida a diesel, o Trailhawk incorpora vários equipamentos de fábrica que são opcionais no modelo de preço menor. Os airbags laterais dianteiros, de cortina e para os joelhos do motorista são itens de série no Trailhawk (e custam R$ 4.090 para serem adicionados na versão Longitude). Existem ainda determinados itens que não estão presentes nas outras versões movidas a diesel nem mesmo como opcional. São eles: acendimento automático dos faróis, retrovisor interno anti-ofuscante, chave presencial com partida do motor por botão, quadro de instrumentos com tela colorida de 7 polegadas para o computador de bordo, sensor de chuva e tapetes em borracha.

 
Há ainda outras exclusividades do Trailhawk pensadas para encarar terrenos off-road: ele já vem de fábrica com protetor do assoalho, do tanque de combustível, da transmissão e do cárter. O conjunto de suspensão é ligeiramente mais elevado - são 21,2 centímetros de altura em relação ao solo - e o seletor de modos de terreno (Selec-Terrain) possui 5 modos, contra quatro das outras versões. São eles: Auto (modo indicado para quando o veículo trafega por terrenos convencionais; a distribuição de força entre as rodas é gerenciada automaticamente), Snow (neve), Sand (areia), Mud (lama) e Rock (para terrenos pedregosos; é o modo exclusivo da versão Trailhawk). Vale ressaltar que só é possível alternar entre os modos de terreno a velocidades de até 120 km/h. 

  • AUTO (Automático): essa modalidade de tração nas quatro rodas equilibra automaticamente a distribuição de força para garantir manobrabilidade e aceleração melhoradas em relação a um veículo de tração dianteira, mas no Renegade não há como selecionar um modo puramente "4x2". Quando as circunstâncias permitirem, o eixo de transmissão é desativado para reduzir o consumo de combustível.


  • SNOW (Neve): modo indicado para condução em trechos fora de estrada e superfícies com baixa aderência. A partida é feita em 2ª marcha (em vez da 1ª), minimizando o risco de deslizamento das rodas, e a tração é distribuída de forma 50%/50% entre os eixos dianteiro e traseiro.


  • SAND (Areia): modo indicado para pisos arenosos. As trocas de marcha ocorrem em rotações mais altas, a calibragem do acelerador é otimizada para entregar mais desempenho, a tração reduzida é maximizada e o sistema permite um deslizamento maior entre as rodas.


  • MUD (Lama): modalidade de condução semelhante ao SAND, adequada para trafegar em pisos com baixa aderência, como pisos de estrada cobertos de lama ou relva molhada.


  • ROCK: este modo está atrelado à ativação da reduzida (4WD LOW), e é pensado para enfrentar obstáculos superáveis a baixas velocidades como, por exemplo, aclives de grandes dimensões, sulcos profundos e rochas. Neste modo, assim como no SNOW, o torque também é repartido igualmente entre os eixos.

Há ainda botões para acionar a tração 4WD reduzida/Low (que pode ser ativada ou desligada em quase qualquer posição de câmbio - com exceção do Parking - e em velocidades de até 120 km/h) e a tração 4WD Lock, que inibe a função de desativação do eixo de transmissão (que eventualmente ocorre no modo Auto), garantindo disponibilidade mais imediata do torque. Esta função é selecionável no modo Auto e está associada às outras modalidades de condução. Outra funcionalidade disponível é o "Hill Descent", o controlador de velocidade em descidas que funciona como um "piloto-automático-off-road", evitando que o veículo pegue embalo demais nessa situação. Quando o Hill Descent está ativado e o veículo está descendo, o motorista não deve nem pisar no freio nem no acelerador, sob pena de desativar o recurso, assim como ocorre quando o carro com o cruise-control.


No quadro de instrumentos, uma das formas de se constatar que o Renegade é movido a diesel é olhando o conta-giros, que marca até 6 mil rpm (nas versões flex, até 8 mil rpm). Este instrumento e o velocímetro são os únicos exibidos de forma analógica: todas as outras informações do veículo se concentram na tela central colorida de 7 polegadas. Na parte inferior ficam permanentemente o hodômetro total e os marcadores do nível de combustível e da temperatura do líquido do motor. A tela tem layout único, com fundo escuro, mas é possível navegar pelos menus do computador de bordo para conferir diversas funcionalidades:

  • Velocímetro digital (em km/h ou mph)
  • Pressão dos pneus, temperatura do líquido do radiador, temperatura da transmissão, temperatura do óleo do motor, tensão da bateria, quilometragem e dias restantes para revisão
  • Menu de economia: autonomia e consumo médio e instantâneo
  • Trip A e B (distância percorrida, consumo médio e tempo de viagem)
  • Informações de áudio
  • Mensagens
  • Configurações de tela: personalização das informações nos cantos superior esquerdo, central e direito; visor de marcha com as posições P, R, N e D ou só a marcha engatada 
  • Segurança: limitador de velocidade (de 30 a 200 km/h), volume dos avisos e display (para ver informações do telefone no quadro de instrumentos)
Esta tela também mostra individualmente se há porta aberta, e alerta inclusive se o capô ou a tampa do porta-malas foram abertos.


Revestido de couro com costuras vermelhas e com ajustes de altura e profundidade, o volante traz comandos do computador de bordo e telefone no raio esquerdo, botões para comando do limitador e do controlador de velocidade de cruzeiro (este funciona a partir de 32 km/h) no raio direito, aletas para trocas sequenciais de marcha e, na parte de trás dos raios, os atalhos de música: os botões do raio esquerdo alteram a faixa/estação, enquanto os da direita ajustam o volume e alteram a fonte (USB, rádio, Bluetooth...).


Uma das boas coisas que o Renegade conseguiu aproveitar do irmão maior Compass foi o sistema multimídia UConnect com tela de 8,4 polegadas, pondo fim a todas as reclamações dos primeiros anos do modelo, em que a telinha tinha 5 ou 6,5 polegadas no máximo. A tela atual é grande a ponto de eliminar os visores que ficavam incorporados aos botões do ar-condicionado, que permanece sendo de duas zonas. Agora, é possível conferir a temperatura (ajustável de meio em meio grau Celsius) e as outras funções de climatização em um menu específico. 

Mas é importante ressaltar que todas as funcionalidades do ar continuam a ser controláveis pelos botões físicos logo abaixo da tela da central multimídia, o que evita confusões ao motorista, que não precisa sair do menu de música ou do espelhamento de tela, por exemplo. Ainda falando em ar-condicionado, a partir dos modelos 2019 o tempo de resfriamento da cabine foi reduzido em 20%, segundo a Jeep. De fato, a refrigeração fez milagre no Br-ó-Bró piauiense.


O UConnect traz visor da câmera de ré com linhas de guia que acompanham o esterço do volante (uma mão na roda na hora de estacionar que se soma aos sensores de estacionamento traseiros, com visor gráfico na tela do computador de bordo; porém, é nítida a baixa definição da imagem; veja nas fotos acima a a visão de manhã e de noite), rádio, Bluetooth, entrada auxiliar e duas entradas USB que servem tanto para carregamento quanto para transmissão de dados. Há ainda uma tela de apps em que há ícones para cada menu. 


Nesta atualização do UConnect não há informações de computador de bordo, que estavam no sistema multimídia anterior, mas acabavam sendo praticamente redundantes. Outra boa característica do sistema multimídia é a presença de botões físicos para deixar o volume mudo ou desligar só a tela (mantendo o som ligado), para chamar menos atenção à noite. O som é de boa qualidade e possui equalizador e 6 alto-falantes: dois nas extremidades do painel e os outros quatro nas portas.


Este sistema multimídia ainda não traz funcionalidades como espelhamento de tela de celulares sem fio (já disponíveis em alguns modelos da FCA, como Toro e Strada) ou o acesso a redes Wi-Fi, que anda se popularizando em outros carros vendidos no Brasil. Mas a internet 4G a bordo do veículo, fornecida pela Tim, estará presente nos Jeeps no primeiro semestre de 2021.


No início do console central, além do seletor de tração e das entradas USB e auxiliar, há uma tomada de 12 Volts e um pequeno porta-objetos. Em seguida está a alavanca de câmbio automático, que possui modo sequencial que é utilizado ao deslocar o pomo para a esquerda, a partir da posição D. 


Logo atrás ficam localizados os botões do freio de estacionamento (elétrico) e da ativação ou desativação dos controles de tração (toque imediato) e estabilidade (após manter o botão pressionado por cerca de 6 segundos). Do lado dos porta-copos, emborrachados, há um bom nicho para acomodar o celular de lado. 


E existe ainda o apoio de braço dianteiro com ajuste longitudinal e porta-objetos embutido, também com fundo emborrachado e que abriga um easter-egg (veja no fim da matéria o box Easter-Eggs).


À esquerda do painel estão os comandos giratórios dos faróis, com as posições desligado, luzes de posição, faróis baixos e modo automático de iluminação. Neste círculo também há botões para acender os faróis e a lanterna de neblina. 


Nos rolos à direita se ajusta a altura dos faróis (a fábrica recomenda regulagem "0" para passageiros nos bancos dianteiros, sem bagagem; regulagem "1" para 4 ou 5 pessoas a bordo; regulagem "2" para 4 passageiros com bagagens e regulagem "3" quando o veículo estiver com carga máxima); também é ajustável o brilho dos instrumentos internos. Falando em iluminação, é possível ajustar no UConnect o tempo que os faróis ficam ligados após o desligamento do veículo (0 s, 30 s, 60 s ou 90 segundos) ou se as luzes diurnas de LED ficarão acesas ou apagadas (funcionalidade interessante, já que em alguns carros é impossível desativar as luzes diurnas quando a ignição está ligada).


A chave à esquerda da coluna de direção só aciona farol alto e setas, com a função Lane Change (um toque leve = 5 lampejos da seta correspondente). Na haste do lado direito são comandados os limpadores dianteiros e traseiros, com intermitência variável e sensor de chuva com dois modos.


Praticamente todos os comandos internos tem iluminação, como o ajuste dos faróis, os botões dos vidros elétricos em cada uma das portas, os comandos no volante, os botões do console e até a entrada USB traseira são iluminados e podem ter a graduação do brilho alterada pelo comando junto dos comandos dos faróis. Mas ironicamente a entrada USB da frente não traz foco de luz, nem o botão de partida do motor. 


A chave presencial traz botões para travamento e destravamento das portas (associado ao fechamento dos vidros ao travar, ou abertura das janelas ao segurar o botão de destrancamento), bem como um comando para destravar a tampa do porta-malas ao ser apertado duas vezes e uma lâmina embutida para abrir manualmente a porta do motorista. A funcionalidade presencial é parcial, pois é possível travar o carro ao apertar o botão nas maçanetas externas dianteiras e destravar o veículo ao se colocar a mão junto da maçaneta, mas o Jeep não trava automaticamente quando a pessoa se afasta com a chave. 


Além disso, o alarme é perimétrico (aciona sirene quando uma porta é aberta), e portanto não detecta movimentação interna como no caso dos alarmes volumétricos. Se serve de consolo, o alcance da chave na hora de travar é bem amplo, e ao travar ou destravar o Renegade já não ouvimos o incômodo alarme que parece o de um forno de microondas avisando que a comida está pronta, substituído por uma discreta buzinada. No destravamento, os piscas acendem duas vezes, junto com os faróis baixos.


Na porta do motorista estão os comandos dos retrovisores elétricos, vidros com acionamento por um-toque para cima/baixo e função anti-esmagamento, além de bloqueio das janelas traseiras e travamento/destravamento das portas (e conjuntamente do porta-malas e tampa do tanque do combustível), um comando que também está na porta do passageiro dianteiro.


O teto tem revestimento macio em tecido, com alças de retorno suave para os passageiros (com pequenos ganchos retráteis atrás) e porta-óculos para o motorista com fundo espumado. Os para-sóis possuem espelhos com tampa e iluminação amarelada, mesmo tom das duas luzes de leitura dianteiras de teto e da iluminação do porta-luvas - que por sua vez traz bom espaço e possui tampa que desce suavemente.


Os bancos dianteiros "abraçam" bem o corpo, e o motorista conta com ajuste manual de altura do assento. Para o passageiro, existe um porta-objeto com redinha vazada que pode acomodar um celular. O banco do carona dianteiro possui um porta-objeto embutido no assento. Quando ele é aberto, revela outro easter-egg no seu "verso" (leia mais no box Easter-Eggs ao fim da matéria).


Na parte traseira, o espaço é bom tanto para as pernas quanto para a cabeça para dois adultos e uma criança. Os ocupantes dispõem de porta-revistas, pequenos porta-garrafas nas portas, cintos de três pontos e apoios de cabeça ajustáveis em altura para todos os ocupantes. Fixo (só o encosto rebate), o assento traseiro conta com as fixações ISOFIX para cadeirinhas infantis, complementadas pelas ancoragens Top Tether atrás dos encostos traseiros. No fim do console central há a segunda entrada USB, reposicionada pensando na comodidade dos passageiros do "fundão" (antes, ela ficava no porta-objeto dentro do apoio de braço). E há iluminação na parte traseira do forro de teto.


Como a versão Trailhawk tem um estepe "full size" (com roda de liga leve e pneu igual aos outros quatro no chão), seu porta-malas tem capacidade reduzida de 320 para 273 litros - nas outras versões o estepe é temporário, mais fino. 


A bem de verdade, a usabilidade do espaço é muito boa, com assoalho elevado, dois pontos de iluminação (raridade nos SUVs do segmento), dois pequenos porta-objetos com redes nas laterais, ganchos para amarrar cargas, porta-sacolas, assoalho rígido reversível (com uma face acarpetada e a outra lisa - muito útil para transportar cargas que possam sujar o carpete) e poucas reentrâncias sem usabilidade, mas com este volume fica difícil acomodar as bagagens de muitos ocupantes em viagens. Se serve de consolo, o encosto do banco traseiro é bipartido na proporção 60/40, o que possibilita carregar objetos maiores sem inutilizar todos os lugares para passageiros no banco de trás.


Quando o Renegade foi lançado no Brasil, o modelo ainda não tinha a companhia de Fiat Toro e Jeep Compass na linha de montagem da FCA em Goiana, Pernambuco. Ele chegou com uma variedade bastante ampla de opcionais, havendo, por exemplo, a disponibilidade do teto solar até mesmo para a versão Sport. Nesta fase inicial, o Renegade Trailhawk podia ser equipado com dois tipos de teto solar (o Command View panorâmico de vidro ou o MySky com painéis removíveis). Hoje, só a primeira opção está disponível. Nos primórdios, o Trailhawk ainda podia ser equipado com Park Assist (auxiliar de estacionamento para vagas paralelas), rebatimento elétrico dos retrovisores externos, sistema de som Beats com subwoofer, lanterna recarregável e tomada 12 Volts no porta-malas, banco do motorista elétrico com regulagem lombar, tomada de 3 pinos para os ocupantes traseiros e luz nos retrovisores de alerta de veículos em pontos cegos. Todos estes itens estavam no Renegade Trailhawk que avaliamos em 2016.


Estes opcionais tinham preço salgado e pouca demanda; o lançamento do Compass enterrou de vez a possibilidade da Jeep continuar ofertando tais itens. Mas justiça seja feita: hoje, o Trailhawk traz de série itens que antes eram oferecidos só como opcional, como chave presencial e partida do motor por botão, sensor de pressão dos pneus, bancos de couro e 7 airbags, e também possui itens melhores, como faróis de LED em substituição aos de xenônio e a central multimídia com tela bem maior e espelhamento do conteúdo de celulares.


Debaixo do capô com manta acústica e duas travas laterais está o motor 2.0 Multijet II Turbodiesel com injeção direta de combustível Common-Rail, de quatro cilindros e 16 válvulas, que também é utilizado pelas versões topo-de-linha de Toro e Compass. Movido unicamente a diesel S-10, seu rendimento é de 170 cavalos a 3750 rpm e torque de 35,7 kgfm já a 1750 rpm.


Quem está do lado de fora percebe de longe que se trata de um motor movido a diesel, com ronco bastante característico. Mas na parte interna quase não se escuta este ronco em situações normais, e o nível de vibrações também é contido. Mérito de diversos itens de isolamento acústico, como a manta no capô e as espumas colocadas nas guarnições das portas dianteiras e no vão entre os para-lamas dianteiros e o cofre do motor, para citar alguns exemplos. 


Ainda que seja consideravelmente pesado para um veículo de seu porte (1674 quilos), o Renegade Trailhawk registra 77 kg a menos que o Compass Trailhawk e 197 kg a menos que o Toro Volcano a diesel. Se o 2.0 Multijet é suficiente para os modelos maiores, para o Renegade até "sobra", como indicado pelos nossos testes de aceleração e retomadas (realizados em ambiente sem tráfego, com ar-condicionado a bordo, uma pessoa a bordo, controles eletrônicos ativos e câmbio na posição Drive, cronometrados pelo GPS Acceleration):

Aceleração de 0 a 100 km/h: 10,2 segundos 
Retomada de 40 a 80 km/h: 4,8 segundos
Retomada de 60 a 100 km/h: 6,2 segundos
Retomada de 80 a 120 km/h: 8,1 segundos


Nossa aceleração de 0 a 100 km/h, feita utilizando o modo sequencial para engatar a primeira marcha e depois alternando para a posição Drive, ficou bem próxima do tempo informado pela Jeep, de 9,9 segundos.


O câmbio automático de 9 marchas, com conversor de torque e modo sequencial tanto na alavanca quanto nas aletas junto ao volante, consegue entender muito bem a dosagem do motorista ao pedal do acelerador para engatar a marcha certa. Uma pena é que, com motor frio, as trocas de marcha sejam perceptivelmente menos suaves (característica inclusive ressaltada no manual do proprietário), mas assim que se roda mais um pouco, mal se notam as mudanças efetuadas pela transmissão. Curiosamente, mesmo quando o Renegade está no modo Auto de tração, o câmbio quase sempre engata a segunda marcha, por entender que o motorista não precisa de todo o ímpeto da primeira marcha para arrancar em um semáforo. As quatro últimas marchas funcionam como "overdrive" (com multiplicação de suas relações menores que 1:1) e favorecem o consumo de combustível principalmente na estrada. Confira nossa média de consumo - com uso do ar-condicionado moderado, percurso majoritariamente urbano e alguns trechos com uso do cruise-control:

Consumo de combustível: 11,0 km/l
Distância percorrida: 382,5 km
Velocidade média (aproximada): 20,3 km/h 


Nosso consumo ficou até mais próximo ao declarado pela Jeep na estrada (11,4 km/l), já que segundo a marca o consumo urbano é de 9,6 km/l. E o tanque de combustível conta com a capacidade de 60 litros.


O conjunto de suspensão independente nas quatro rodas, presente em todas as versões do Renegade, faz toda a diferença tanto ao circular por estradas asfaltadas quanto ao encarar terrenos off-road. Este conjunto absorve bem as irregularidades do piso, mas fica evidente nos trechos mais acidentados que seu acerto é firme, para que o motorista tenha um melhor controle sobre o veículo. O Trailhawk tem bons indicadores fora-de-estrada, como o ângulo de ataque de 30 graus e o ângulo de saída de 33 graus.


O Renegade transmite robustez desde seu abrir e fechar de porta sólido. O motorista logo encontra uma posição boa de dirigir, com os ajustes de volante, banco e cinto. A visibilidade em geral é boa, com para-brisa amplo, janelas laterais razoavelmente amplas (a "linha de cintura" do modelo não é tão alta) e vidro traseiro praticamente reto. Os retrovisores externos, quadrados, são bastante amplos e ainda contam com suas bordas nitidamente convexas, que permitem ver melhor o que está pelas laterais. Neste quesito, só as colunas dianteiras (A) e traseiras (C) largas atrapalham um pouco, mesmo considerando que há pequenas janelas fixas nestas regiões para amenizar um pouco esta característica. Razoavelmente largo, com pouco mais de 2 metros incluindo os retrovisores, o Jeep inspira certos cuidados em passagens estreitas, mas o diâmetro de giro é bom (10,8 metros).


O volante de couro tem pega agradável e abas para posicionar melhor as mãos, e a direção tem assistência bem progressiva, sendo leve nas manobras e mais firme em velocidades mais altas. Os comandos ficam todos próximos da mão, mas a alavanca de seta sem firmeza no sentido longitudinal pode fazer com que o motorista inadvertidamente acione o farol alto. Elevada, a posição de dirigir nos deixa mais próximo de picapes e utilitários maiores no trânsito do que dos carros "convencionais".


Em termos de segurança, a versão Trailhawk conta com 7 airbags (frontais, laterais nos bancos dianteiros, de cortina e para os joelhos do motorista), cintos de segurança dianteiros ajustáveis em altura, alerta sonoro e visual do não-uso dos cintos dianteiros e traseiros (o alerta dos cintos dianteiros desafivelados é mais escandaloso), travamento automático das portas a 20 km/h, travas do veículo acionáveis por botões nas portas dianteiras, freios a disco nas quatro rodas (ventilados na frente e sólidos atrás) com ABS e assistente de frenagem de emergência, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em ladeiras (mantém o veículo freado por 2 segundos após soltar o pedal), controle anti-capotamento (ERM), retrovisores com piscas integrados, além dos itens já mencionados ao longo da matéria.


Com preço inicial atual de R$ 161.490, o Trailhawk tem como único opcional o teto solar panorâmico de vidro Command View, pelo valor de R$ 8.490. Apenas a cor sólida Verde Recon não possui custo a mais. Pelas cores metálicas (Preto Carbon, Vermelho Tribal, Cinza Antique e Azul Jazz), o adicional é de R$ 1.700, e pelo Branco Polar perolizado (cor do "nosso" carro), o acréscimo é de R$ 2.380.


Trazendo garantia padrão de 3 anos sem limite de quilometragem, é possível contratar cobertura adicional para o Jeep por mais 1 ou 2 anos. Outra possibilidade é a compra antecipada das revisões (de dois a dez serviços, que podem ser feitos em um intervalo de até 4 anos). Nas versões a diesel do Renegade, os intervalos das revisões passam de 10 mil quilômetros para 20 mil km, mas a periodicidade continua a ser a cada 12 meses.


Poucas semanas antes desta nossa avaliação, a Jeep passou a disponibilizar o interessante aplicativo Jeep Trilhas para dispositivos Android e iOS. Gratuito, nele é possível encontrar guias completos para viagens, com roteiros pensados tanto para carros 4x2 quanto para os 4x4. Cada trilha conta com distância, tempo estimado e nível de dificuldade, além de um passo-a-passo detalhado do início ao fim do percurso. Assim que você clica em "Iniciar Navegação", o mapa do percurso (com narração de voz) é baixado. São elencados, ainda, os locais para conhecer, para comer e para repousar, sendo que clientes Jeep podem obter descontos em determinados locais. Por enquanto, o app Jeep Trilhas exibe sete regiões de aventuras nos estados de São Paulo (Salesópolis, Brotas e Serra da Mantiqueira), Paraná (Jaguariúva/Sengés), Minas Gerais (Ibitipoca e Serra da Canastra) e Rio de Janeiro (Cachoeiras de Macacu) com 32 percursos, e, até o final de 2020 devem estar disponíveis no app mais cerca de 20 roteiros em cinco regiões.

Boletim comentado do Jeep Renegade Trailhawk

Design = 9,25
A reestilização aplicada a partir da linha 2019 fez muito bem ao Renegade, ainda mais nesta versão Trailhawk. As mudanças não foram muito profundas, mas foram aplicadas aos pontos certos. Com os novos faróis, grade, para-choques, rodas e lanternas, o Jeep ficou com um ar mais contemporâneo e refinado, sem descaracterizações ao estilo geral do modelo - um desenho que possui muitos fãs no Brasil e no mundo inteiro. Na nossa opinião, o Trailhawk é o Renegade mais bonito, ainda mais no tom perolizado Branco Polar, com um efeito bonito quando exposto ao sol.

Espaço interno = 8,5
Quatro adultos e uma criança encontram no Renegade bom espaço para cabeça, pernas e ombros, tanto na frente quanto na traseira, e a cabine conta com variados nichos para guardar objetos, como porta-óculos para o motorista, nichos nas quatro portas para garrafas, porta-luvas amplo e até esconderijos inesperados como o porta-objetos sob o banco do passageiro. Mas o porta-malas de apenas 273 litros - capacidade digna de hatch compacto - destoa bastante da proposta do modelo, apesar da boa usabilidade deste espaço.

Conforto = 9,0
O Renegade possui uma boa posição de dirigir, traz direção elétrica com nítida progressividade (é leve em baixas velocidades e mais firme ao andar mais rápido), e tem bancos que apoiam bem o corpo nas viagens, nível de ruído interno razoavelmente baixo para um veículo movido a diesel, praticamente todos os comandos bastante à mão e descansa-braço dianteiro. Mas nos primeiros minutos de funcionamento do motor, as passagens de marcha do câmbio automático dão pequenos engasgos. O conjunto de suspensão absorve irregularidades e possui maior curso em relação a outras versões, mas é firme, evidenciando seu compromisso com a estabilidade da carroceria. 

Acabamento = 9,25
Com a parte superior do painel macia ao toque, teto forrado em tecido, revestimento de couro nos bancos, painéis de porta dianteiros e traseiros, alavanca de câmbio, apoio de braço e volante, além de porta-objetos do console com fundo emborrachado e direcionadores de ar e "dials" dos botões também macios ao toque, o Renegade é sem dúvida um dos SUVs mais bem-acabados do segmento. O cuidado se estende a detalhes como as vedações das portas e nas laterais do cofre do motor, com espumas, e também no revestimento do piso do porta-malas e até dos fechos dianteiros dos cintos em carpete.

Equipamentos = 9,25
Neste aspecto, o Renegade Trailhawk teve ganhos e algumas perdas em relação aos primeiros modelos. Hoje, esta versão vem de série com equipamentos até melhores em relação aos que eram disponíveis como opcional em seus primeiros anos: entraram os faróis de LED (antes havia os de xenônio, pagos à parte) e o sistema multimídia UConnect tem tela de 8,4 polegadas e ganhou funcionalidades como o espelhamento de tela de celulares e o controle do ar-condicionado. Em contrapartida, para não canibalizar mercado com o Compass, a oferta de opcionais hoje se limita ao teto solar panorâmico, não sendo mais possível adicionar ao Renegade itens como banco do motorista elétrico, som Beats e assistente de estacionamento semi-automático, para citar alguns exemplos. 

Desempenho = 9,25
O motor Turbodiesel entrega torque absurdo desde baixas rotações, favorecendo bastante as acelerações e retomadas, que chegam a ser surpreendentes. A força é administrada pelo competente câmbio automático de 9 marchas, que praticamente em todas as circunstâncias entende bem a marcha que deve estar engatada. O Trailhawk também é estável e freia bem, considerando seu peso superior a 1,6 tonelada.

Segurança = 9,25
A versão Trailhawk é a única do Renegade diesel a trazer 7 airbags de série - as demais só trazem de fábrica os frontais obrigatórios. O Jeep também conta com os controles de tração e estabilidade, assistente de partida em subidas, controle de velocidade de cruzeiro, Hill Descent Control, faróis de LED com ótima iluminação noturna e freios a disco nas quatro rodas que proporcionam boas frenagens. Outro recurso importante é o alerta do não-uso do cinto também em todas as posições traseiras. Sua visibilidade geral é muito boa (exceto pelas colunas dianteiras e traseiras, largas em demasia) e a imagem da câmera de ré aparece bem ampla na tela da central multimídia. 
Mas para os padrões de hoje, e considerando que esta é a versão topo-de-linha, o pacote de segurança do Trailhawk deveria ser melhor. Não existe sequer um alerta de colisão frontal, item presente hoje em carros bem mais baratos. Controlador de velocidade de cruzeiro adaptativo, frenagem automática de emergência e monitoramento de veículos em pontos cegos são outros itens que você só encontra no Compass. Uma pena, considerando principalmente o fato de que nos primeiros anos o Renegade chegou a ter o alerta de automóveis em pontos cegos, em um pacote de opcionais.

Consumo de combustível = 9,25
Com o tanque de combustível de 60 litros, a autonomia é animadora. O consumo de diesel é bem melhor que o de gasolina e principalmente etanol do motor 1.8 Flex, mas a diferença de preço entre o propulsor 1.8 e o 2.0 Turbodiesel, importado da Itália, é muito alta para compensar a economia na bomba de combustível: para exemplificar, o Renegade Longitude a diesel custa 37.700 reais a mais que a mesma versão com motor Flex (ok, no preço estão inclusos a tração 4x4 e o câmbio de 9 marchas). O consumo, como era de se esperar, não foi igual ao do Renegade Trailhawk que avaliamos em 2016 porque o uso de ar-condicionado e as condições de percurso variaram. De todo modo, os 11,0 km/l obtidos em percurso majoritariamente urbano são uma boa marca para o porte do modelo.

Relação custo-benefício = 9,0
Cinco anos se passaram desde seu lançamento e o Jeep Renegade movido a diesel até hoje não possui um rival direto (com carroceria de quatro portas, câmbio automático e nível de equipamentos semelhante), o que ajuda a explicar o fato dele já ter consolidado um público cativo. A princípio, o preço do Renegade Trailhawk pode parecer salgado, mas ele está entre as versões do modelo que menos desvalorizam, e uma olhada minuciosa na lista de equipamentos das versões MOAB e Longitude revela que estes dois modelos não trazem itens que deveriam estar presentes em veículos em suas faixas de preço. E, respondendo à pergunta lá do início da matéria: sim, vale a pena investir em um Jeep Renegade Trailhawk. Ele é o típico veículo "all-round": se dá bem com o ambiente urbano, com carroceria que cabe na maioria das vagas de estacionamento e oferece bom espaço para os passageiros; se dá bem também na estrada, trazendo câmbio com aptidão para deixar o modelo bem econômico em velocidades de cruzeiro (ocasião em que o piloto automático também é uma ótima ajuda), e ainda é a versão mais preparada do Renegade para ser utilizado no fora-de-estrada, trazendo tração nas quatro rodas, pneus de uso misto, ampla altura em relação ao solo, seletor de terrenos com 5 modos e proteção por baixo da carroceria.

Nota Final = 9,1 

As notas são atribuídas considerando a categoria do carro analisado, os atributos oferecidos pelos concorrentes, além das expectativas entre o que o modelo promete e o que, de fato, oferece. Um mesmo carro avaliado duas vezes pode ter sua nota diminuída em uma avaliação posterior, caso não evolua para os níveis de exigência que se aprimoram continuamente no mercado automotivo. Frações de pontuação adotadas: x,0, x,25, x,5, x,75. Critérios - Design = aspecto estético do automóvel. Espaço interno = amplitude do espaço para passageiros (dianteiros e traseiros, de acordo com a capacidade declarada do carro), locais para acomodar objetos e bagagem. Conforto = suspensão, nível de ruído, posição de dirigir, comodidades. Acabamento = atenção aos detalhes internos (encaixes e qualidade dos materiais e padronagens). Equipamentos = itens de tecnologia e conforto disponíveis no automóvel avaliado. Desempenho = aceleração, velocidade máxima, retomada, comportamento em curvas. Segurança = visibilidade, itens de proteção ativa e passiva, frenagem. Consumo = combustível gasto e autonomia. Custo-benefício = relação de vantagem entre o preço pago e o que o carro entrega.

Easter-Eggs!


A Jeep esconde alguns "easter-eggs" (detalhes curiosos) em seus veículos. A depender da versão, no Renegade podem aparecer mais ou menos detalhes. Confira os easter-eggs que encontramos neste Trailhawk:
- parte traseira das soleiras laterais com a inscrição "No Step!", como nas asas dos aviões, para que o local não seja pisado
- moldura do bocal do tanque de combustível com uma aranha em alto-relevo com o balão de fala "Ciao, Baby!"
- para-brisa com a silhueta de um Jeep Willys "subindo" a faixa preta do vidro, no lado direito
- faróis redondos e as sete fendas do veterano Willys em locais como as molduras dos alto-falantes, os tapetes de borracha, a cobertura plástica ao redor do retrovisor interno e o forro da tampa do porta-malas
- faixa laranja do conta-giros com grafismo ao estilo paintball
- mapa topográfico no porta-objeto dentro do apoio de braço dianteiro
- inscrição "To New Adventures!" ao redor do botão de ignição
- outro mapa sob o assento do passageiro dianteiro
- Pé-Grande no vidro traseiro

Vem conferir a Galeria de Fotos do Jeep Renegade Trailhawk!




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