Latin NCAP detalha seu novo protocolo de avaliações para os próximos 4 anos

O Latin NCAP realizou hoje um webinar com explicações sobre seus novos protocolos de avaliação da segurança dos veículos no período entre 2020 e 2024. Único órgão de aferição de segurança veicular que não possui apoio dos governos em todo o mundo, o Latin NCAP busca aproximar suas exigências das que já são cobradas pelo Euro NCAP há alguns anos.

Nos crash-tests, os danos aos dummies (os bonecos colocados no lugar de pessoas nos testes de colisão) são registrados em cinco cores: verde (bom), amarelo (adequado), laranja (marginal), vinho (débil) e vermelho (pobre). Lesões indicadas pela cor verde são facilmente recuperáveis no corpo humano, enquanto lesões no nível vermelho representam danos permanentes aos ocupantes, o que faz com que o carro seja um "zero estrelas" no quesito de proteção.

De 2010 a 2013, bastava atingir 16 pontos no crash-test frontal a 64 km/h contra barreira deformável para o carro obter 5 estrelas. Na fase de 2013 a 2016, para alcançar a nota máxima eram necessários 14 pontos na proteção em colisão frontal e em seguida ser submetido ao teste de colisão lateral a 50 km/h, no padrão UN95.

De 2016 a 2019, as exigências aumentaram para as 5 estrelas: envolviam ao menos 14 pontos na colisão frontal, aprovação no crash-test lateral a 50 km/h e, em seguida, a colisão contra poste a 29 km/h. Carros com 4 ou 5 estrelas eram submetidos ao teste do controle de estabilidade. Quando o veículo obtia 5 estrelas tanto para crianças quanto para adultos, era possível premiá-lo com o Advanced Award por algum motivo (por exemplo, a proteção proporcionada a pedestres ou a disponibilidade de algum item de segurança além do exigido pelo Latin NCAP).

A partir de 2020, todos os carros terão um número único de estrelas (não mais 2 classificações, uma para proteção de adultos e outra para a segurança das crianças). Essa nota única será composta por quatro aspectos: a segurança de adultos, a segurança de crianças, a segurança para pedestres e "usuários vulneráveis" (como ciclistas) e a disponibilidade de equipamentos de segurança (alerta do não uso do cinto nos bancos dianteiros e traseiros, controle de estabilidade, detector de veículos em pontos cegos, frenagem automática de emergência, limitador de velocidade, assistente de permanência na faixa de rodagem, etc). A nota mais baixa entre estas quatro determinará a nota final de proteção do veículo.

Nas colisões, as exigências aumentam em vários pontos. O veículo não pode mais apresentar vazamento de combustível em nenhuma das colisões. A carga no cinto de segurança não pode ser maior que 6 kN, sob pena de perder 2 pontos na classificação de proteção a adultos. Nos impactos contra poste, carros sem proteção lateral para a cabeça (airbags lateral/de cortina) tiram nota zero neste teste e são penalizados com menos 4 pontos no teste geral.

Um teste novo será o de colisão traseira contra barreira rígida, à velocidade de 35 km/h. Este crash-test, baseado na norma UN 32, visa aferir a proteção proporcionada pelos bancos e encostos de cabeça quando um veículo bate atrás. Para completar, também será analisado no teste do Latin NCAP a facilidade no resgate dos ocupantes (post-crash).

A nota de proteção a adultos agora será composta por:

Nota máxima no crash-test frontal = 16 pontos
Nota máxima no crash-test lateral = 8 pontos
Nota máxima no crash-test contra poste = 8 pontos
Nota máxima do funcionamento da frenagem automática de emergência urbana (baixa velocidade) = 3 pontos
Nota máxima no crash-test traseiro = 1 ponto
Nota máxima no teste de whiplash = 3 pontos
Nota máxima no post-crash (resgate dos passageiros) = 1 ponto


Para um carro alcançar 5 estrelas, ele deve obter hoje atingir pelo menos 75% desta pontuação - mas em 2022 deverá alcançar no mínimo 80%. Carros 4 estrelas possuem até 70% da pontuação; carros 3 estrelas atingem até 60% da pontuação, carros 2 estrelas alcançam 50% da pontuação, carros de uma estrela atingem 40% da pontuação e carros zero estrelas são os que ficaram abaixo dos 40%, até 0% da pontuação.

Nos crash-tests com participação de dummies infantis, haverá também a penalização de menos dois pontos para cintos de segurança com carga maior que 6 kN, bem como pelo vazamento de combustível. A disponibilidade de cadeirinhas infantis compatíveis também será levada em conta na soma de pontos.

Na provas de segurança infantil, a nota máxima é de 49 pontos.
Nota máxima de proteção nos impactos frontais e laterais = 24 pontos
Avaliação veicular = 13 pontos
Facilidade de instalação de cadeirinhas = 12 pontos


Para um carro alcançar 5 estrelas, a regra também é atingir pelo menos 75% destes pontos. Carros 4 estrelas possuem até 70% da pontuação; carros 3 estrelas atingem até 60% da pontuação, carros 2 estrelas alcançam 50% da pontuação, carros de uma estrela atingem 40% da pontuação e carros zero estrelas são os que ficaram abaixo dos 40%, até 0% da pontuação.

No aspecto de proteção a pedestres, em relação ao teste de colisão de partes do corpo contra partes do automóvel (como capô e para-choque), o veículo deve atender às especificações de proteção UN127. Em relação à frenagem automática de emergência, ela será aferida em 3 níveis, de 20 a 40 km/h, considerando também o tempo de reação do veículo.

E no tocante a proteção a pedestres e ciclistas, haverá dois protocolos. O que começa a valer agora tem pontuação máxima de 48 pontos. 

Nota máxima na proteção à cabeça = 24 pontos
Nota máxima na proteção à parte superior da perna = 6 pontos
Nota máxima na proteção à parte inferior da perna = 6 pontos
Nota máxima do recurso de frenagem automática de emergência = 12 pontos

Hoje, um carro 5 estrelas alcança pelo menos 40% desta pontos. Um carro 4 estrelas proporciona no mínimo 35% de proteção em relação a estes aspectos, enquanto um 3 estrelas tem proteção mínima de 30%. Automóveis 2 estrelas alcançam no máximo 20% da pontuação, enquanto carros de uma estrela atingem 10% desta pontuação e carros zero estrelas ficam entre menos de 10% e 0%. 

A partir de 2023, as exigências de proteção em caso de atropelamento aumentam, sendo exigido pelo menos 50% para o alcance das cinco estrelas. Carros 4 estrelas deverão ter a segurança aumentada de 35% para pelo menos 40%, enquanto para modelos 2 estrelas a performance deve melhorar de 20% para pelo menos 25%

Em relação à presença de equipamentos de segurança, haverá níveis de produção exigidos para cada veículo. Para os carros 5 estrelas, serão exigidos em 100% do volume de fabricação itens como airbags frontais, laterais e que protegem cabeça, além de encostos de cabeça que protejam contra o "efeito chicote" das colisões, cintos com pré-tensionadores e limitadores de carga, fixações ISOFIX para cadeirinhas infantis e limitador de velocidade.

No tocante ao dispositivo de frenagem automática de emergência, ele deve estar em pelo menos 10% do volume de produção, passando para 30% a partir de 2023. Já em relação ao detector de pontos cegos, alerta de saída da faixa de rodagem, assistente de manutenção na faixa de rodagem e detector das bordas das estradas, o item deve estar em 25% da produção do veículo desde já, passando para 35% em 2022, 45% em 2023 e 55% em 2024.

Em relação aos equipamentos testados, o teste do controle de estabilidade segue o mesmo (GTR8, em que a direção é esterçada por um robô, simulando uma mudança brusca de faixa). Mas a principal novidade é a introdução do teste do alce (moose test), em que há desvio para sair da faixa, com subsequente retorno à faixa de origem. Serão feitos testes do alce a 60, 65 e 70 km/h. Até 2021, carros que forem mal neste teste não terão pontos descontados, embora a informação seja publicamente divulgada. Depois de 2022, os automóveis que tiverem desempenho ruim no teste do alce terão menos pontos.

Para completar, haverá testes do LDW (Lane Departure Warning, ou alerta de saída da faixa de rodagem), LKA (Lane Keeping Assist; assistente de permanência na faixa de rodagem), RED (Road Edge Detector, ou detector das bordas da estrada), BSD (Blind Spot Detector, ou detector de veículos em pontos cegos - sendo que a detecção apenas de veículos a até 3 metros para trás soma 1 ponto, enquanto carros com alcance mais amplo ganham 2 pontos extras), SAS (Speed Assistance System, ou limitador de velocidade) e frenagem automática de emergência em alta velocidade.

Na nota de assistentes de segurança, a nota máxima é de 43 pontos.
Teste de controle de estabilidade = 15 pontos
Presença de alertas de não-uso do cinto nos bancos dianteiros e traseiros = 6 pontos
Presença de alertas de não-uso do cinto nos bancos dianteiros e traseiros = 4 pontos
Limitador de velocidade = 3 pontos
Sistemas de suporte na pista = 3 pontos
Alerta de veículo em pontos cegos = 3 pontos
Frenagem automática de emergência (alta velocidade) = 9 pontos

A partir deste ano, para um carro ser 5 estrelas ele deve somar pelo menos 75% dos pontos deste teste. Para carros 4 estrela, o mínimo é de 65% dos pontos; para três estrelas, pelo menos 50% dos pontos; carros 2 estrelas devem pontuar pelo menos 40% e automóveis de uma estrela devem somar ao menos 10% desta pontuação. E os carros nota zero registram entre menos de 10% e 0% dos requisitos.

A partir de 2022, o percentual mínimo exigido para as 5 estrelas sobe de 75% para 80%; para 4 estrelas, de 65% para 70%; para 3 estrelas, de 50% para 60%; por fim, carros de 2 ou uma estrela devem atingir pelo menos 50% de pontuação neste teste, sob pena de se tornarem carros nota zero.

A ausência do controle de estabilidade em um veículo implica que sua pontuação máxima seja limitada a apenas 13 pontos, restringindo a nota final a apenas uma estrela. É improvável, mas no regulamento, caso o carro em questão tenha frenagem automática de emergência e sistemas de suporte na pista, ele não soma pontos nestes quesitos caso não tenha controle de estabilidade.

Segundo Alejandro Furas, serão publicados três testes neste ano de 2020 (sendo que no final deste mês já haverá divulgação de resultados) e mais um em 2021. De acordo com ele, nenhum dos carros já avaliados alcançou as 5 estrelas de acordo com o novo protocolo. 

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