O decênio 2010-2020 representou uma época de nítida evolução dos automóveis e também do mercado automotivo brasileiro, em todos os segmentos. Nós do Auto REALIDADE, que acompanhamos todo este período, elencamos agora quais foram as principais tendências que dominaram o Brasil nos últimos dez anos.
SUVs
Dez anos atrás, o Ford EcoSport era o único SUV compacto nacional. As montadoras até então retrucavam com paliativos - no caso, derivações com visual aventureiro de carros de outras categorias, como o CrossFox (variante do hatch Fox) ou a Palio Adventure (que nasceu da perua Weekend). Mas na última década, diversas montadoras buscaram desenvolver um rival para o EcoSport - e algumas marcas até colocaram mais de uma opção na categoria. A fórmula é basicamente a mesma: a partir de outro modelo já existente, criar um veículo com uma "embalagem" mais robusta, com maior altura em relação ao solo e posição de dirigir mais elevada.
A Renault, que lançou em 2011 o Duster, apresentou em 2017 uma opção mais fashion, o Captur. No ano de 2015, Jeep, Honda e Peugeot começaram a produzir no Brasil os modelos Renegade, HR-V e 2008, respectivamente. O Nissan Kicks chegou em 2016, e o Hyundai Creta, em 2017. Até montadoras chinesas como CAOA Chery e JAC Motors decidiram eliminar a gama de modelos mais compactos e baratos em prol de uma linha quase inteira direcionada aos SUVs, de maior valor agregado. A Chery hoje tem no portfólio os Tiggo's 2, 5X, 7 e 8. Já a JAC comercializa os modelos T40, T50, T60 e T80, e promete lançar até 2021 sua linha completa de SUVs elétricos. A Volkswagen acordou tarde para este segmento, mas o T-Cross lançado em 2019 faz sucesso, e o Nivus teve uma boa aceitação desde seu lançamento.
A Renault, que lançou em 2011 o Duster, apresentou em 2017 uma opção mais fashion, o Captur. No ano de 2015, Jeep, Honda e Peugeot começaram a produzir no Brasil os modelos Renegade, HR-V e 2008, respectivamente. O Nissan Kicks chegou em 2016, e o Hyundai Creta, em 2017. Até montadoras chinesas como CAOA Chery e JAC Motors decidiram eliminar a gama de modelos mais compactos e baratos em prol de uma linha quase inteira direcionada aos SUVs, de maior valor agregado. A Chery hoje tem no portfólio os Tiggo's 2, 5X, 7 e 8. Já a JAC comercializa os modelos T40, T50, T60 e T80, e promete lançar até 2021 sua linha completa de SUVs elétricos. A Volkswagen acordou tarde para este segmento, mas o T-Cross lançado em 2019 faz sucesso, e o Nivus teve uma boa aceitação desde seu lançamento.
Hoje, temos no mercado brasileiro: hatches com roupagem aventureira (Renault Kwid e Stepway, Hyundai HB20X, Ford Ka FreeStyle e Fiat Argo Trekking, para citar alguns exemplos), SUVs compactos (Renegade, Kicks, Tracker...), SUVs médios (Compass, Tiguan), SUVs grandes, SUVs derivados dos chassis de picapes médias (Trailblazer, SW4 e Pajero Sport), SUVs cupês (X4 e X6, GLC e GLE Coupé) e SUVs de alto luxo (Bentley Bentayga, Rolls-Royce Cullinan e Mercedes-Benz Classe G). Na Europa, até mesmo SUVs conversíveis já não são mais vistos como delírios a serem apresentados somente em salões de automóveis.
Câmbio automático
Em 2010, três montadoras - Chevrolet, Fiat e Volkswagen - ainda buscavam aprimorar seus câmbios automatizados monoembreagem como alternativa para quem não quisesse saber de trocar marchas. O primeiro modelo nacional a contar com uma opção automatizada foi a Chevrolet Meriva, em 2007, seguida pelo Fiat Stilo, em 2008. O problema é que estas transmissões estão muito aquém da suavidade transmitida por um câmbio automático tradicional (com conversor de torque) em situações corriqueiras, como manobrar o carro de ré ou andar bem pouco para a frente em um congestionamento. Ademais, o câmbio automatizado não era tão barato assim na hora da compra e ainda rendia dores de cabeça na hora da manutenção.
A Chevrolet ainda equipou o Agile com transmissão automatizada Easytronic, mas decidiu abandonar os planos de continuar aprimorando este tipo de câmbio com o fim de linha do modelo em 2014 - vale lembrar que a General Motors já oferecia para o Onix o câmbio automático com conversor de torque desde 2013. A Renault ainda embarcou na onda dos automatizados com o Easy'R (para Sandero, Logan e Stepway) em 2014, porém abandonou o barco quatro anos depois. A Volkswagen, que equipou Gol, Fox, Voyage, Polo e up! com a transmissão I-Motion, deixou de oferecer este tipo de transmissão em 2019. E a Fiat, que chegou a equipar Punto, Bravo, Linea, Weekend, Strada, Uno, Argo, Cronos e Mobi com a transmissão Dualogic (rebatizada GSR a partir do lançamento do Mobi automatizado, com operação por botões), foi a última marca a deixar de oferecer carros com câmbio automatizado de embreagem única em nosso País.
Se nos últimos dez anos ocorreu a derrocada dos câmbios automatizados monoembreagem, por outro lado muitos outros carros passaram a ter o câmbio automático tradicional, com conversor de torque (Gol, Ka, Argo, Etios, Sandero e HB20, apenas para citar alguns modelos mais populares), ou então o continuamente variável CVT (March, Versa e Yaris). Por enquanto, nenhuma montadora nacional se arriscou a oferecer este tipo de transmissão em um motor 1.0 - o Etios 1.3 é atualmente um dos carros menos potentes a dispor do câmbio automático (de 4 marchas). Mas ainda assim, é inegável que a popularidade da transmissão automática aumentou consideravelmente - estava em 12% dos automóveis vendidos no Brasil em 2010 e, em 2019, passou a estar em 49%, conforme levantamento da Anfavea.
Centrais multimídia
Há dez anos ainda eram raros os carros com vistosas telas coloridas no centro do painel, mas a popularização deste item ocorreu de forma relativamente rápida. Em 2010, o equipamento estava em apenas 3% dos automóveis vendidos no País; em 2019 passou a estar em 40%, conforme a Anfavea.
Um dos modelos que colaborou para o item cair no gosto do povo foi o Chevrolet Onix, que trazia como opcional o MyLink a partir da versão 1.0 LT. Na tela sensível ao toque de 7 polegadas, era possível conferir informações de som, visualizar fotos e vídeos, conferir o GPS (na época era usado o BringGo) e configurar alguns itens do veículo. Passados pouco mais de 5 anos, todos os rivais diretos do Onix (Ka, Gol, Argo, Etios...) já contavam com a central multimídia de fábrica em alguma versão. Mesmo carros da categoria dos subcompactos, como Renault Kwid e Fiat Mobi, hoje oferecem o sistema multimídia como opcional.
Atualmente, a integração entre dispositivos eletrônicos e o seu carro é ainda maior. Modelos como o Hyundai Creta Limited/Prestige e o Jaguar F-Pace contam com pulseiras que funcionam como chaves presenciais. O celular, que antes só pareava por Bluetooth ou era conectado pelo cabo USB, passou a espelhar o conteúdo de determinados aplicativos na tela do veículo, para minimizar distrações. Em 2020, Nivus e Strada passaram a ser os primeiros carros nacionais em que o "screen mirroring" pode ocorrer sem fio para dispositivos compatíveis.
E aplicativos mais modernos, como o myChevrolet, o Mitsubishi Remote Control e o Meu Volkswagen, trazem ainda mais funções. Nos novos Chevrolet Onix/Cruze/Tracker/S10 e no Mitsubishi Pajero Sport, é possível travar e destravar as portas, bem como ligar o motor, pelo celular. No app da VW, os carimbos físicos das revisões são dispensáveis, já que todo o processo das manutenções do veículo é feito por celular, desde o alerta de que a próxima revisão está próxima até o certificado de que o serviço foi feito, passando pelo contato com a concessionária mais próxima.
Motores compactos de três cilindros
Pouquíssimos carros tinham motores de 3 cilindros no começo dos "anos 2010". Até modelos bem compactos, como Kia Picanto e Chery QQ, de início possuíam motores de quatro cilindros em linha. Mas logo os propulsores tricilíndricos caíram no gosto do público.
A geração do Picanto lançada em 2011 apostou no 1.0 3-cilindros que também foi utilizado pelo Hyundai HB20 em seu lançamento, em 2012. Na Volkswagen, o primeiro a ter um motor com esta configuração foi o Fox Bluemotion, ao final de 2013; este mesmo motor passou a equipar o up! no ano seguinte e hoje também está em Gol, Voyage e Polo, com um pouco mais de força. Ainda em 2014, o então novo Ford Ka assumiu o posto de 1.0 aspirado mais potente do mercado, com 85 cavalos. O Nissan March ganhou seu motor 3-cilindros em 2015. Depois vieram Uno e Mobi Firefly, Argo, QQ, Sandero, Kwid, novo Onix... Hoje, são poucos os carros de entrada que não utilizam um motor 1.0 3-cilindros (um deles é o hoje ultrapassado Chevrolet Joy).
Mas os motores tricilíndricos não ficaram restritos à "classe econômica" dos automóveis. Hoje, existem SUVs como o Chevrolet Tracker com esta configuração de propulsor: o 1.2 de 3 cilindros em linha, com turbo, rende 133 cavalos e 21,4 kgfm de torque - números equivalentes aos de um motor 2.0 não muito tempo atrás. A BMW também equipou diversos modelos com motores de três cilindros, como os novos Série 1 e X2 nas versões básicas; até o esportivo híbrido i8 (que deixou de ser produzido este ano) contava com um pequeno 1.5 tricilíndrico na condição de propulsor a combustão.
Em 2015, o up! TSI usou injeção direta de combustível e turbocompressor para render 105 cavalos e seu caminho foi seguido por modelos como Fiesta EcoBoost e Golf 1.0 TSI. Aliás, falando nestes dois artifícios para ganhar força...
Injeção direta de combustível e turbocompressor
A combinação entre turbo e injeção direta permitiu que várias montadoras substituíssem motores grandes, gastões e poluentes por blocos menores e mais eficientes. Em 2016, o Chevrolet Cruze substituiu o motor 1.8 aspirado de 140 cavalos por um 1.4, de 153 cavalos.
No mesmo ano, o Volkswagen Jetta abandonou o 2.0 aspirado de 120 cv nas versões mais simples, passando a ter um 1.4 de 150 cavalos. Sim, os dois motores menores conseguem ter melhor rendimento justamente por conta da dupla "injeção direta + turbocompressor".
Até montadoras consideradas puristas se renderam a estas melhorias de eficiência: quando receberam o "prenome" 718, os Porsche Boxster e Cayman trocaram o tradicional motor de seis cilindros por um 2.0 com números equivalentes de força. Perdeu-se o ronco característico do motor maior, mas ganhou-se em economia de combustível e reduziu-se a emissão de poluentes.
Menos versões e pacotes de equipamentos mais fechados
Para ficar em um exemplo de um mesmo carro em 2010 e 2020: o Volkswagen Gol tinha há dez anos duas opções de carroceria (G4 e G5), sendo que naquele ano o G4 teve as versões City (com duas ou quatro portas), Titan e Ecomotion (modelo 2011), e o G5 teve as versões 1.0, Seleção 1.0 (alusão à Copa de 2010), 1.6, 1.6 Power, 1.6 Power I-Motion e, mais para o final do ano, o Rallye (modelo 2011). Para completar, cada uma destas versões contava com diversos opcionais, alguns avulsos, outros em pacotes/módulos.
Hoje, o Gol tem uma gama muito mais racionalizada, com 3 versões (1.0, 1.6 8v manual e 1.6 16v automático). Quem quiser pode escolher entre os pacotes de opcionais Urban completo e Interatividade Media Plus (com rádio tradicional) ou Composition Touch (com sistema multimídia).
Antes, o público aceitava melhor os carros básicos, sem ar-condicionado ou direção assistida, mas isso começou a mudar depois de 2014. Com o maior valor agregado dos carros novos depois da inclusão de airbags frontais e freios ABS de série, a procura por automóveis básicos diminuiu, e mesmo nos carros em que ar ou direção ainda eram opcionais, estes itens geralmente passaram a ser oferecidos juntos. Hoje, pouquíssimos carros de passeio vêm de fábrica com direção mecânica e apenas a ventilação forçada - são dois, para ser mais específico: Renault Kwid Life e Fiat Mobi Easy. Até a Fiat Strada, voltada para o trabalho, vem com ar-condicionado e direção assistida em todas as versões. Para se ter uma ideia, o ar-condicionado estava em apenas 31% dos automóveis vendidos no Brasil em 2010; em 2019, passou a estar em 97% dos carros, segundo levantamento da Anfavea.
Em nossa opinião, a redução de versões e menor oferta de opcionais de fábrica é uma tendência positiva. Primeiramente, é um fator que faz diminuir a espera por um carro zero, já que a tendência é se trabalhar com menos exemplares que tenham pacote de opcionais muito específico. Além disso, na hora da revenda, um automóvel completo de fábrica normalmente mantém maior valor do que outro que tenha sido equipado com opcionais - que poucas vezes são considerados no valor de tabela FIPE. Ademais, quem quiser personalizar ou proteger mais seu veículo normalmente tem à disposição uma gama de acessórios disponíveis nas concessionárias.
Segurança em patamar mais alto
Em 2010, o órgão independente Latin NCAP começou a divulgar regularmente os resultados de seus testes de segurança realizados com veículos comercializados na América Latina. As colisões frontais a 64 km/h explicitavam o quanto a maioria dos carros populares vendidos no Brasil eram inseguros, com riscos de ferimentos graves aos ocupantes e poucos itens de segurança. Na época, airbag e ABS eram indisponíveis para diversos modelos, como Celta, Classic e Ka 1.0. As montadoras, portanto, tiveram de correr atrás de adaptar seus carros para continuar a comercializá-los.
O ano de 2014 começou sem alguns modelos antes bastante tradicionais do mercado brasileiro, como Gol G4, Mille e Kombi, justamente porque a adaptação das bolsas infláveis no painel e dos freios antitravamento seria inviável para estes carros sem a realização de alterações profundas. Mas o Latin NCAP não parou no tempo e, com seus novos protocolos de avaliação, começou a expor a insegurança de modelos que até então eram considerados razoavelmente seguros aos ocupantes.
Introduzido inicialmente para corroborar a segurança dos carros aprovados com 5 estrelas nos crash-tests frontais, os crash-tests laterais se tornaram padrão para todos os veículos analisados pelo Latin NCAP a partir de 2017. Modelos como Chevrolet Onix e Ford Ka, que tinham recebido 3 estrelas de proteção a adultos nas colisões frontais, tiraram nota zero após as colisões laterais, que expuseram a importância da necessidade de uma estrutura com barras de proteção lateral e aços de alta resistência, que, complementados pelos airbags laterais e de cortina, minimizam as chances de ferimentos graves aos ocupantes nas colisões em que a lateral é atingida.
O Latin NCAP passou a realizar os testes de controle de estabilidade e de frenagem automática de emergência nos carros que contam com estes itens, e introduziu também o teste de colisão contra poste (realizado após o veículo ser aprovado na colisão lateral) e também o teste que simula atropelamento, para atestar a segurança para os pedestres.
Neste ano de 2020, o Latin NCAP divulgou resultados de seus testes sob o mais recente protocolo, que elimina as tradicionais estrelas de proteção para adultos e crianças. Agora, todos os carros terão um número único de estrelas. Essa nota única será composta por quatro aspectos: a segurança de adultos, a segurança de crianças, a segurança para pedestres e "usuários vulneráveis" (como ciclistas) e a disponibilidade de equipamentos de segurança (alerta do não uso do cinto nos bancos dianteiros e traseiros, controle de estabilidade, detector de veículos em pontos cegos, frenagem automática de emergência, limitador de velocidade, assistente de permanência na faixa de rodagem, etc). A nota mais baixa entre estas quatro determinará a nota final de proteção do veículo. E, este ano, HB20 e Ka tiraram nota zero quando avaliados pelo novo protocolo.
Todos os automóveis fabricados a partir deste ano passaram a ter cintos de 3 pontos e apoio de cabeça para todos os passageiros que o carro for homologado a transportar, e a pressão imposta pelo Latin NCAP deverá padronizar a oferta dos airbags laterais para todos os veículos como item de série. Mesmo com todo este rigor, o Latin NCAP ainda está alguns passos atrás dos protocolos exigidos pelo Euro NCAP ou NHTSA.
Eletrificação (carros híbridos e elétricos)
Há exatos dez anos, o Brasil passava a ter sua primeira opção de carro híbrido importado oficialmente: o Mercedes-Benz S 400 Hybrid. Ainda em 2010, já no final do ano, a Ford começou a comercialização do Fusion Hybrid. De lá para cá, é fato que carros híbridos e elétricos ainda não são vistos em cada esquina em nosso País, mas a tendência é que eles se popularizem cada vez mais. A Toyota hoje oferece três híbridos em seu line-up: o Prius (lançado no final de 2012), o RAV4 (desde 2019) e o Corolla Hybrid, em duas versões.
Em relação aos carros puramente elétricos, demorou mais para que as montadoras enxergassem potencial para este nicho de mercado no Brasil. Mas hoje já existe uma quantidade razoável de opções disponíveis, como o Nissan Leaf, o Chevrolet Bolt e o Renault Zoe, para citar os modelos mais baratos (ou melhor, menos caros). A infraestrutura dos grandes centros urbanos para receber veículos elétricos (ou híbridos plug-in) já vem se aprimorando, tornando-se mais comuns as vagas reservadas para estes automóveis, acompanhadas de uma tomada para carga.
Por enquanto, a maioria das estradas brasileiras ainda não possui uma infraestrutura adequada ao recarregamento de modelos puramente elétricos, mas aos poucos as grandes cidades vão recebendo mais pontos de recarga, de olho no crescimento deste mercado. E algumas montadoras já anunciaram que, em um futuro próximo, só terão carros "eletrificados" - a Volvo é uma delas, iniciando com a ampliação da linha híbrida para abandonar os motores a combustão até 2030. A marca, aliás, passará a oferecer veículos eletrificados para test-drive de forma gratuita, inicialmente em São Paulo.
Além dos híbridos e elétricos, também está ocorrendo a popularização dos micro-híbridos (ou mild-hybrid, em inglês). Geralmente com sistemas elétricos de 48 Volts, estes modelos contam com um sistema de desligamento de motor (o Start-Stop) mais avançado, que faz o desligamento do motor em movimento em determinadas situações, quando o carro está em velocidade de cruzeiro, por exemplo.
Concessionárias mais antenadas em você
Concessionárias mais antenadas em você
Dez anos atrás, quando jornais, revistas e TV ainda tinham grande relevância na divulgação de produtos e serviços, as redes sociais eram utilizadas em geral como ferramenta de lazer, para fins particulares. Depois, plataformas como Instagram, YouTube e Facebook - apenas para citar as mais populares - passaram a ser valiosos modais para se conhecer veículos em detalhes. Antes, as informações mais detalhadas sobre carros só eram encontradas nas revistas, que às vezes chegavam às mãos dos assinantes já desatualizadas, e sem tudo que as pessoas queriam saber, por conta dos limites editoriais de páginas para cada carro. Por outro lado, pela internet é possível acompanhar diversos canais/perfis que tem acesso aos modelos assim que estes são lançados (às vezes até antes), e já se especializaram em dizer o que as pessoas mais querem saber. Portanto, muitas vezes as pessoas sabem tanto quanto o vendedor sobre o carro que estão interessadas - algumas vezes, até mais...
As concessionárias precisaram se readequar a estes novos tempos. Cinco anos atrás, ainda existiam gerências de lojas que não eram afetas a matérias com os carros da loja, pois isso "faria com que consumidores não viessem até a concessionária para conhecer os veículos pessoalmente". Isso mudou bastante: hoje praticamente todas as autorizadas de veículos não só são mais abertas ao trabalho dos jornalistas, blogueiros e influencers (como explicar o que seria um influencer pra alguém 10 anos atrás?), como também mantém seus sites, canais de Instagram e atendimento por WhatsApp à disposição dos consumidores.
A pandemia do coronavírus em 2020, aliás, reforçou a necessidade de se aprimorar os canais de atendimento online. Afinal, não pega bem deixar um potencial cliente esperando por uma informação, por exemplo. Algumas montadoras aderiram a um atendimento parcialmente automatizado, para em seguida a conversa continuar com a concessionária mais próxima do cliente. Hoje, nem todas as informações estão nos catálogos dos veículos: às vezes o detalhe que o consumidor quer saber só pode ser visto através de uma descrição, foto ou vídeo de um ponto específico, por exemplo. E os consultores de venda precisam estar mais preparados para efetuar um bom atendimento.
Além disso, as concessionárias sabem cada vez mais sobre você. A partir do momento que você deixa seus dados para contato, bem como realiza a compra de determinado modelo, as lojas poderão fazer um atendimento mais especializado, fazendo convite para eventos, oferecendo serviços e componentes que poderão ser úteis para você, ou mesmo descontos e cortesias que nem estejam relacionados a carros. Exemplo: se o banco de dados da autorizada entende que você gosta de shows, por que não lhe oferecer cortesias para uma apresentação? Isso tudo é uma tentativa de aumentar a fidelidade dos consumidores - que anda em queda nos últimos tempos.
Em um futuro próximo, a maioria das concessionárias deverá ter uma área de realidade virtual para que as pessoas possam visualizar melhor, por dentro e por fora, como exatamente será o modelo que ela configurar - utilidade para quando não houver um carro idêntico fisicamente. É possível que se torne mais comum no Brasil o conceito de concessionárias reduzidas, "boutiques" praticamente apenas com o espaço de showroom (sem oficina, por exemplo), que receberão apenas clientes dispostos a conhecer e fechar negócio nos carros novos. A compra 100% online, por outro lado, já é realidade: pelo WhatsApp ou sites é possível realizar praticamente todos os trâmites necessários para se adquirir um veículo e ainda recebê-lo em casa.
Novas alternativas de mobilidade
A última década testemunhou o fim do reinado dos táxis e moto-táxis como uma alternativa mais ágil de transporte de passageiros (vale mencionar, aqui, que a rede as frotas de ônibus urbanos até hoje não dão conta de todo o público em boa parte do Brasil, e há poucos investimentos em trens/metrôs). Uber, 99, inDriver e outras plataformas trouxeram aos seus usuários o conforto do táxi aliado ao processo fácil de utilização da plataforma (basta uma conta no aplicativo) e a valores razoavelmente competitivos. Sim, ainda existe muito a melhorar nos transportes por aplicativos (principalmente em relação às más condutas de determinados motoristas e suas efetivas punições), mas estes apps se consolidaram para valer como uma opção viável para as cidades brasileiras.
Patinetes elétricos e bicicletas disponibilizados para aluguel também se popularizaram nos grandes centros. E algumas montadoras estão de olho no filão dos carros por assinatura, uma alternativa para pessoas que querem utilizar um carro novo por um período razoavelmente prolongado de tempo por um custo inferior ao aluguel tradicional (e, em alguns casos, inferior ao custo total mensal de um veículo financiado). Os planos variam: normalmente, o prazo mínimo de assinatura é de um ano. A Renault já incorporou o Loopster a diversas concessionárias pelo Brasil, a Volkswagen engatinha nesta modalidade com o programa Sign & Drive (por enquanto disponível somente no Estado de São Paulo), a Toyota promete expandir o Kinto Share e a FCA recentemente anunciou o Flua!, para assinatura de modelos da Fiat e Jeep a partir de janeiro de 2021. Até mesmo montadoras premium como a Audi já disponibilizam esta opção, com o Luxury Signaure.
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