Mercado de SUVs no mundo não para de crescer. A onda se
originou nos EUA e se transformou em maremoto ao responder por 55% do mercado
total de modelos leves. Os que mais sofreram foram os sedãs. Na Europa, utilitários
para lazer e cotidiano já representam cerca de um terço de todas as vendas.
São veículos mais pesados e o aumento no consumo de
combustível da frota de novos é relevante. Num momento em que todos os
fabricantes enfrentam o rigor de regulamentações de emissões e economia. Esse
problema afeta em especial modelos europeus. Hibridização tem ajudado e versões
elétricas também, mas não será fácil evitar multas a fabricantes “faltosos”.
No Brasil o fenômeno se repete. Em 2003 o EcoSport foi o
primeiro SUV compacto e o sucesso, crescente. O conjunto de todos os utilitários
passou de 2% do total comercializado naquele ano para 20% em 2019. Se retiradas
as picapes e acrescentados os “aventureiros” que não passam de hatches enfeitados,
os SUVs no Brasil chegarão a 23% em 2020. E a tendência é aumentar nos próximos
anos para perto de 30%.
Essa reviravolta nas escolhas de consumidor e aumento da
oferta de novos modelos “altinhos” levou ao acirramento da concorrência. Isso
explica os investimentos da Renault no seu SUV de entrada, o Duster, que acaba
de chegar às lojas. Ele enfrentará nada menos de 13 concorrentes, incluindo a
nova geração do Chevrolet Tracker agora em março e o inédito VW Nivus, em maio.
O Duster passou por profunda remodelação, na prática uma
nova geração, ao se considerar que nenhuma peça externa se manteve sem
alteração. A maior inclinação do para-brisa suavizou suas linhas, ainda inconfundíveis
e robustas. Faróis e lanternas dianteiras e traseiras são novos. Capô ficou
mais alto. Único pormenor destoante, o conjunto de faróis de longa alcance no
pacote Outsider peca por excesso.
Interior está todo renovado com certo grau de refinamento: central
multimídia de 8 pol., ar-condicionado de comando digital, apliques de tecido
nas laterais de porta, volante com regulagem de altura (sem a incômoda
queda-livre ao se liberar a trava) e agora de distância. Vedação de portas
aprimorada ajuda muito na redução de ruído.
Novos equipamentos estão disponíveis: sistema ESC, sensores
de pontos cego e crepuscular, além de quatro câmeras. Permanecem apenas dois
airbags obrigatórios. Não há portas USB atrás e a tomada para 12 V está mal
localizada. Motor de 1,6 L/120 cv (etanol) não mudou e se ressente um pouco dos
40 kg extras do novo Duster. O de 2 L foi descontinuado. O 1,3-L turbo tricilindro chegará, porém
antes no irmão mais sofisticado, Captur. Câmbio automático CVT é o único
disponível nas versões intermediária e de topo (manual, só no modelo de
entrada).
Assistência elétrica da direção diminuiu esforço em manobras
e melhorou o prazer de dirigir, em razão também de maior rigidez da carroceria
e suspensões recalibradas. Bancos dianteiros mais confortáveis dão boa
sustentação lateral. Duster tem nada menos de 23,7 cm de altura livre do solo e
o maior porta-malas do segmento, 475 litros.
Outro ponto a destacar, preços sem alteração: R$ 71.790 a
87.490.
ALTA RODA
Anfavea mantém sua aposta de que este ano o mercado de
veículos leves e pesados vai passar a barreira dos três milhões de unidades ou
9,4% acima de 2019. Vendas acumuladas em 2020, de primeiro de janeiro a cinco
de março, em comparação a igual período do ano passado, subiram 7,4%. Isso indica
cenário alinhado ao quarto ano seguido de recuperação.
Entidade sugeriu revisão do IOF no financiamento de
veículos, pois se trata de imposto regulatório e não arrecadatório. Dentro da
penúria fiscal do governo central será difícil abrir mão de qualquer tipo de
receita. Anfavea também observou ligeiro aumento nos juros cobrados por bancos,
apesar de redução na inadimplência e na taxa básica Selic, o que sempre
atrapalha.
Polo GTS devolve cada real de seu alto preço em termos de
equipamentos (vários deles importados), além de respostas de motor (1,4 L
turboflex, 150 cv e 25,5 kgfm), direção e suspensões. Ideal seria altura de rodagem
mais baixa tanto em termos estéticos quanto desempenho ainda melhor em curvas. Bancos
dianteiros aliam estética e ótima sustentação lateral.
Salão do Automóvel de São Paulo mal foi adiado para 2021 e
já surgiu a primeira desistência. GM alegou não participar mais de eventos em “formato
analógico”. Interessante de ver como será a organização do Salão de Detroit deste
ano (7 a 20 de junho), pois a empresa confirmou participação. Ótima
oportunidade para descobrir as reais diferenças e até copiar, se possível...
Novas lâmpadas de LED para faróis da Osram introduzem
novidades. Unidade de controle CAN BUS evita mensagens falsas de lâmpada
queimada para o computador de bordo do veículo. A empresa desenvolveu um sistema
de arrefecimento passivo a fim de diminuir a temperatura do ar dentro do farol,
o que melhora desempenho e vida útil do produto.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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