Embora os carros autônomos estejam entre as prioridades de
vários conglomerados – de fabricantes de automóveis a sistemistas e empresas de
tecnologia da informação –, é possível que alguns avanços tornem-se viáveis
antes até de se conseguir uma homologação completa para ruas e estradas.
Pesquisas em universidades têm contribuído para explorar pontos específicos e já
alcançam resultados promissores.
Um exemplo vem do Massachusetts Institute of Technology (MIT), famosa academia particular
americana fundada em 1861, na cidade de Cambridge daquele Estado. Em
colaboração com a Toyota, o MIT desenvolve um modelo científico para ajudar a
determinar quando é seguro avançar em cruzamentos, se a visão está obstruída
por obstáculos como edificações e outros veículos.
Para tanto avalia todos os fatores críticos, além dos
visuais, como ruído do tráfego, velocidade dos carros e até o nível de atenção
de outros motoristas. O sistema, então, pode sugerir parar, avançar ou só
acelerar ligeiramente para captar e analisar mais dados. Exatamente como um
motorista prudente reage em um cruzamento mais perigoso. Os sistemas atuais
podem falhar quando a linha de visão de lidares (medidores de distância a
laser) e câmeras é encoberta por barreiras físicas estáticas ou móveis.
Essa tecnologia assemelha-se à apresentada pela Nissan em
janeiro de 2019, no salão CES, em Las Vegas, ainda em estágio inicial. Foi
batizada de Invisible-to-Visible (Invisível-a-Visível, em tradução livre). O
objetivo é o mesmo de aumentar a segurança especialmente em cruzamentos.
O sistema do MIT já foi testado por mais de 100 situações
diferentes com veículos controlados remotamente em cidade cenográfica. As
experiências envolvem carros totalmente autônomos e outros dirigidos por
pessoas, porém assistidos pela tecnologia do instituto. O índice de sucesso tem
variado entre 70% e 100%. Os pesquisadores planejam incluir novos fatores de
risco entre os quais a simulação de pedestres no entorno.
Se tudo caminhar conforme o previsto, acidentes poderão ser
evitados antes mesmo de se alcançar a segurança de nível mais alto que os
veículos autônomos prometem. Conquistas parciais significam também preços mais
acessíveis, como comprova o recurso de frenagem autônoma de emergência que já
foi muito caro e começa a baixar de preço com o aumento de escala de produção
em nível mundial.
Uma ideia mais simples para ajudar na segurança do trânsito
uniu a Toyota e a empresa de previsão do tempo Weathernews. A iniciativa está
sendo testada em três cidades do Japão: Tóquio, Osaka e Aichi desde novembro
passado. Consiste em ampliar a conectividade dos veículos ao incluir
informações de que os limpadores de para-brisa estão funcionando de modo
contínuo.
Isso permite relatórios bem mais precisos e antecipados sobre
chuvas e pistas escorregadias. Em geral radares meteorológicos são utilizados
para previsão do tempo com alto grau de acerto. A Weathernews também recebe
avisos de usuários das vias por meio da rede móvel de internet, mas depende da
iniciativa de cada motorista. Ao automatizar o processo em tempo real, mais
usuários poderão se beneficiar em especial quando as condições mudarem
repentinamente. Ou seja, dá para monitorar até variações do microclima.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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