Agora em 2019 comemoram-se os 40 anos do protocolo entre o
Governo Federal e a indústria automobilística que deu origem aos primeiros
carros 100% movidos a álcool, cujo primeiro a receber um certificado foi um
Fiat 147. Posteriormente, deu-se conta de que há quatros tipos de álcool –
metanol, etanol, butanol e propanol – e no Brasil se chegou a usar uma mistura
de metanol, etanol e gasolina (batizada de MEG), no início dos anos 1990, por
curto período. Então se decidiu, adiante, por etanol (abreviado pela letra E)
como nome correto. A sigla usada no mundo passou a ser E100 (puro) e E85, E27
ou E10 para indicar o percentual de sua mistura com a gasolina.
Durante a 19ª
Conferência Internacional Datagro, no fim do mês passado em São Paulo, foi
anunciado outro marco de grande importância. Em 24 de dezembro próximo começa a
embalar o programa Renovabio com a regulamentação dos créditos de
descarbonização (captura de CO2 ou gás carbônico precursor de
aquecimento da atmosfera e mudanças climáticas). Conhecidos pela sigla CBio e
precificados em bolsa de valores, estes créditos comercializáveis estimularão
as usinas de etanol a produzir de forma mais eficiente, focadas na
descarbonização e boas práticas de balanço energético e ambiental. Em médio
prazo o CBio poderá tornar mais competitivo o preço do combustível verde frente
à gasolina.
Por outro lado, em
razão do programa Rota 2030 também surgirão progressos nos motores flex quanto
à economia de combustível e menores emissões. Há metas rígidas de redução de
poluentes controláveis e do próprio CO2. No futuro, motores híbridos
otimizados para 100% de etanol de cana (neutro em carbono no ciclo de vida)
poderão ser alternativa aos elétricos a bateria no Brasil.
Há outra
possibilidade. Pilhas a hidrogênio geram eletricidade para carros elétricos. A
partir de etanol no tanque de combustível, sem mudar nada da infraestrutura de
abastecimento, um reformador a bordo transforma o combustível vegetal em hidrogênio.
No final deste mês, a Nissan assinará convênio com o Instituto de Pesquisas
Energéticas e Nucleares (IPEN) da Universidade de São Paulo. O grande avanço é
eliminar o reformador e o IPEN não só aceitou o desafio, como terá apoio da marca
japonesa.
Tração elétrica
continua a ser tanto solução quanto problema, neste caso pelo alto preço e
outros desafios das baterias, inclusive de infraestrutura de recarga e origem
nem sempre limpa da eletricidade. Agora mesmo a Alemanha decidiu aumentar os
subsídios para carros elétricos até 2025. Ao mesmo tempo em que isso foi
saudado pela indústria e por ambientalistas, desnuda outra realidade: os
consumidores não vinham mostrando interesse firme, pois incertezas continuam.
Comprar um automóvel
pelo dobro do preço é decisão difícil em qualquer lugar. De outro lado, ninguém
garante que os atuais impostos pesados sobre combustíveis não serão
transferidos depois para as tarifas de eletricidade com impacto sobre custo
total de propriedade. Manutenção de um elétrico é, de fato, bem mais baixa,
porém a substituição ou reforma das baterias depois de 8 a 10 anos de uso, teria
de cair muito de preço para não anular a economia esperada.
ALTA RODA
OUTUBRO foi mês
de boas vendas no mercado interno, mas no acumulado do ano está ligeiramente
abaixo da previsão da Anfavea, que espera crescimento de 9,1% em 2019 sobre
2018. Segundo a entidade, há razões para esperar crescimento também em 2020. Já
é possível encontrar crédito com juros de 10% a 12% ao ano (padrão, 19%) para
os melhores clientes.
Foto: Notícias com Maritonio Dantas |
ERRO de
calibração levou à detonação e daí à pré-ignição ocasionando à ruptura de
pistão, biela e bloco, seguida de forte vazamento de óleo e incêndio em unidade
do novo Onix Plus no Maranhão. Recall começa no próximo dia 18 envolvendo todos
os veículos em circulação e em estoque. Antes da nova geração do Onix sedã a GM
não produzia motores turbo no Brasil.
HYUNDAI HB20 sedã, na versão de topo Diamond
Plus, mostrou importante subida de nível geral nessa segunda geração. Motor
turbo 1-litro, 3-cilindros tem ótimas respostas e baixo nível de ruído e vibração.
Melhorou muito o espaço no banco traseiro. Primeiro carro nacional com frenagem
autônoma emergencial. Acabamento de boa qualidade inclui até maçanetas
cromadas.
STATION CLUBMAN e crossover Countryman, da
grife John Cooper Works, são produtos de alto desempenho da britânica MINI.
Ambos têm motor turbo de 306 cv e tração 4x4. Interior encanta pela
originalidade e bancos bem projetados. Embora o crossover (R$ 239.990) deva
vender mais que a station (R$ 219.990), esta impressiona por extraordinária
rapidez em curvas.
QUANDO aprovado
no Congresso em até 120 dias, o brasileiro não pagará mais o seguro obrigatório
DPVAT. Indenizações de baixo valor, fraudes recorrentes e descontrole
administrativo da Seguradora Líder levaram o sistema ao descrédito. Todo motorista
deve se preocupar agora com seguro próprio a favor de terceiros. Haverá grande
concorrência entre seguradoras.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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