Um balanço da tradicional Semana Nacional do Trânsito, este ano realizada de 18 a 25 de setembro, mostra pouco a comemorar. Há de se reconhecer os esforços do Contran ao estimular campanhas de segurança e motes sempre criativos. O deste ano foi “No trânsito, o sentido é a vida”.
Estatísticas da Seguradora Líder divulgadas naquela semana apontam que, em 2018, foram pagas 18 indenizações por morte a cada 100.000 habitantes. Significa algo em torno de 36.000 vidas perdidas. Ao considerar que o Brasil é o quinto país mais populoso do mundo, tem a sexta maior frota efetiva circulante e o quinto com maior número de acidentes fatais (segundo a Organização Mundial de Saúde), não estamos muito afastados da média internacional. Aida assim bem preocupante. Alguns avanços foram alcançados, mas ainda há muito a fazer.
No Estado de São Paulo, onde circulam 35% da frota brasileira, a taxa de acidentes e de mortalidade é até razoável, embora distante de países centrais. Entretanto, pesquisa divulgada pela agência de transporte estadual aponta que 27% dos passageiros no banco traseiro, 6% dos motoristas e 9% dos viajantes no banco dianteiro não usam cinto de segurança. Isso apenas nas rodovias pedagiadas. Pode-se concluir que no restante das estradas esses números são piores.
O Brasil apresenta um fator de risco adicional para a letalidade no trânsito. Acidentes com motocicletas acontecem em proporção muito maior que os demais veículos e a mortalidade também pela vulnerabilidade do condutor e do passageiro, mesmo protegidos com capacete. Além de menos visíveis aos motoristas, virou regra a circulação entre as faixas de rolamento, muitas vezes em velocidade incompatível com a segurança.
No dia 10 de setembro, pouco antes do início da Semana Nacional do Trânsito, uma decisão da Justiça liberou o serviço de táxi e aplicativos para motocicletas na maior cidade do País, São Paulo. Havia uma lei municipal que proibia em razão do número de acidentes, feridos e mortes desproporcionais à frota. A prefeitura vai recorrer.
Há sugestões, porém, para conter o dano coletivo. Uma das empresas de aplicativos já avisou que aceitará motocicletas com até 10 anos de uso e motor acima de 100 cm³ de cilindrada. Uma alternativa seria endurecer exigências: veículos com no máximo três anos de uso, condutores com mais de cinco anos de habilitação e motores acima de 300 cm³ para dificultar a circulação de motos de maior porte entre os veículos. Isso encareceria tarifas e atratividade do serviço.
Outra decisão, com potencial de tornar ruas e estradas menos seguras, são as mudanças no processo de habilitação de motoristas que passaram a valer, por coincidência, na Semana Nacional do Trânsito. Simuladores de direção, que relativamente poucos países adotam, agora são opcionais e a carga horária de aulas práticas diminuiu.
Há o aspecto do custo menor para se obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), mas teria de vir acompanhado de uma avaliação mais rigorosa da qualidade de ensino das autoescolas. Outra possibilidade seria aumentar o prazo de avaliação, antes de converter a CNH de provisória em definitiva.
ALTA RODA
SERÁ que a solução dos congestionamentos passa pelos carros voadores? Há várias empresas estudando o assunto, entre elas Uber, Volocopter, Terrafugia, Kitty Hawk, além de Airbus, Boeing e Embraer. Na realidade, trata-se de derivação de helicópteros leves. Hyundai é um dos primeiros fabricantes de automóveis a anunciar planos para mobilidade aérea urbana.
VERSÃO praticamente final do Polo GTS pôde ser avaliada no Autódromo Capuava, em Indaiatuba (SP). Traz o conhecido 1,4-L turbo flex de 150 cv. Respostas são convincentes e, no modo Sport, há amplificação digitalizada do som do motor. Comportamento firme e preciso em curvas. Quadro de instrumentos é novo e inclui cronômetro no painel. Chega em janeiro próximo.
CAOA anunciou que o Chery Arrizo 5e, primeiro sedã elétrico no mercado, começa a ser vendido no início de 2020. Grade dianteira e rodas são as únicas mudanças externas. Internamente há uma tela multimídia vertical de 10 pol. específica para o modelo. Assoalho atrás é um pouco mais elevado. Apesar do baixo custo de rodagem, preço previsivelmente desanima: R$ 159.900.
CONECTIVIDADE 1. Sistema de roteamento Wi-Fi Vivo Car de conexão à internet já está disponível, para até cinco celulares a bordo, em automóveis fabricados a partir de 2010. Modem se acopla à porta de diagnósticos (OBD) para monitorar o funcionamento do carro e tem antena própria. Custa R$ 718,80 em 12 vezes e depois R$ 59,90/mês por 40 GB de dados móveis.
CONECTIVIDADE 2. Mobil Delvac equipou 10 caminhões para rotear Wi-Fi, na rede 4G, para até 30 usuários simultâneos de forma gratuita durante um ano. Ideia da empresa de lubrificantes é atender, prioritariamente, caminhoneiros em postos de combustível. Poderão usar a internet ou fazer chamadas por aplicativos e, assim, sentirem-se menos solitários.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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