Aposta na crescente aceitação dos SUVs levou a Ford a confirmar o lançamento do Territory, no Brasil e na Argentina. Apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro do ano passado, era fácil de prever que este modelo estava nos planos de comercialização. Além do mercado receptivo, o Jeep Compass vem alcançando sucesso como veículo mais vendido do segmento e praticamente sem concorrentes entre os utilitários esporte médio-compactos. Passará a ter...
O Territory chegará em 2020, mais provável no terceiro trimestre. Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul, afirmou que, inicialmente, virá importado da China, onde é produzido em parceria com a fabricante local JMC (Jiangling Motors Corporation).
O termo “inicialmente” surgiu no seu discurso e não no comunicado à imprensa. Logo, ficou implícito que será produzido na região e Argentina, a escolhida. Afinal, a linha Focus foi desativada no país vizinho. O novo SUV dividirá com a próxima geração da picape Ranger e a nova Amarok as instalações em General Pacheco, Grande Buenos Aires. Na fábrica bem ao lado, a VW produzirá o SUV Tarek (concorrente do modelo da Ford) e a picape Tarok, segundo fontes da Coluna.
A empresa americana está confiante no Territory por suas dimensões: 4,58 m de comprimento, 1,94 m de largura, 1,67 m de altura. Porte do Chevrolet Equinox e do Toyota SW4, mas com preço estimado próximo ao do Compass. Espaço interno também impressiona, inclusive para os passageiros do banco traseiro. Oferecerá câmera de visão 360 graus, controle de velocidade de cruzeiro adaptativo, estacionamento automático, alerta de permanência em faixa e monitoramento de ponto cego, entre outros itens.
Um sistema de modem na central multimídia permitirá, remotamente, travar, destravar, dar partida, localizar, obter informações de telemetria e serviços como seguro mais barato. Até internet a bordo.
A Ford, afirmou Watters, está otimista sobre a recuperação econômica que se desenha no Brasil e também na Argentina. Acredita no acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia para abrir novas perspectivas de integração e custos menores.
Por outro lado, convergências políticas e econômicas devem facilitar iniciativa semelhante com os EUA. Negociação poderá ser célere em relação ao trâmite envolvendo 27 países europeus. Fabricantes de veículos têm como norma planejar em médio e longo prazos e nova opção é sempre válida. Nos dois casos, haverá longa transição a fim de preservar ou reciclar empregos na região do Mercosul.
Quanto à Ford, que passará a investir bem mais em SUVs e muito menos em automóveis, estuda importar o Escape (pouco menor que o Territory). Duas possibilidades poderão estar à mão: trazê-lo dos EUA ou da Espanha. Dependerá da rapidez das negociações entre blocos econômicos e preço final. Maior beneficiado será o consumidor brasileiro.
ALTA RODA
APESAR de as vendas ao mercado interno (veículos leves e pesados) de janeiro a julho terem subido 12% sobre 2018, Anfavea mantém previsão um pouco menor para o ano de 2019: 11,4%. Estoques recuaram para 39 dias, perto dos 35 normais. Exportações continuam muito fracas pela grande dependência da Argentina. Nível de empregos recuou 2,5%.
SEM considerar veículos comerciais e tratores, há 40 marcas de produção local e importadas hoje no Brasil. Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, afirma que outros setores de grande faturamento (telefonia, bancos e aéreas, para citar alguns) têm no máximo cinco concorrentes. Relembrou que o alto Custo Brasil dificulta bastante as exportações, além de impostos embutidos.
FENABRAVE, associação das concessionárias, está menos otimista que a Anfavea. Observou leva queda no ritmo de vendas diárias em julho, sobre junho deste ano. Este indicador é importante por reduzir influência de sazonalidades. Reduziu sua previsão de crescimento de 2019 sobre 2018 para menos de 10%. A conferir, nos próximos meses.
LEXUS UX 250h é aposta para romper a barreira de 1.000 unidades/ano da marca de luxo da Toyota. Na versão de topo F Sport, acabamento e estilo estão entre pontos fortes. Fabricante o classifica como crossover, mas só molduras nos para-lamas e rack no teto não bastam. Conjunto híbrido (dois motores elétricos e o convencional) garante silêncio e ótimas respostas. Fica devendo em espaço no banco traseiro e multimídia com aplicativos de rota.
AGOSTO completa 60 anos da criação do cinto de segurança de três pontos. Concebido pelo engenheiro sueco da Volvo Nils Bohlin, foi considerado pelo Departamento Alemão de Patentes, em 1985, como oitava invenção mais importante do século 20. Estimativas apontam cerca de um milhão de vidas salvas e redução de 45% do risco de morte em acidentes de trânsito.
RESSALVA: na coluna da semana passada, Duster é o modelo que estreou mola a gás para sustentar o capô aberto, em 2011, na linha Renault. Logan, em 2013. No Kwid, não se aplica.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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