A 14ª edição da Automec,
feira internacional bienal de autopeças realizada semana passada em São Paulo,
superou as expectativas. Ocupou todo espaço disponível de 90 mil m², além de 20
mil² de área de interação. Atraiu 75 mil visitantes, a grande maioria de
profissionais, e se transformou na segunda maior deste setor no mundo. É o maior
evento comercial da América Latina, segundo a Reed Exhibitions, pois as rodadas
de negócios nacionais e internacionais somaram R$ 77 milhões.
O setor de reposição de autopeças espera movimentar até 2022
cerca de R$ 142 bilhões, segundo estudo da consultoria McKinsey. Em 2017 foram R$
95 bilhões.
Embalada com o crescimento no faturamento de 12,8% no primeiro bimestre deste ano, em
relação ao mesmo período de 2018, a indústria brasileira de autopeças não perdeu a oportunidade de
“marcar terreno” para enfrentar forte concorrência do exterior, em especial da
China, Turquia, Índia e Coreia do Sul, além de fabricantes da América do
Sul.
O pavilhão
internacional atraiu 580 marcas de 26 países, 200 a mais do que em 2017. China
liderou com 10% do total dos estandes. Além de Índia, Turquia e Coreia do Sul
os alemães vieram pela primeira vez. Estrangeiros representaram mais de um
terço dos 1.500 expositores.
Um evento importante foi o Encontro da Indústria de
Autopeças. “Vivemos momentos de disruptura em todas as atividades. Na nossa,
isso é ampliado pela forte concorrência mundial e novos rumos da mobilidade,
conectividade, automação e eletrificação dos automóveis’, afirmou Dan Iochpe,
presidente do Sindipeças.
Herbert Demel, CEO da canadense Magna e ex-presidente da VW
do Brasil, ressaltou que o poder de compra no Brasil triplicou desde 1980. “Os
negócios vão florescer principalmente porque o País tem o etanol, que poderá
ser muito bem utilizado em motores híbridos.”
Sobre o futuro da eletrificação continua a falta de
consenso. Volker Barth, ex-presidente da Delphi do Brasil e hoje diretor da
consultoria americana The Horizons Group, enfatizou: “Eu não acredito que o
futuro seja o automóvel elétrico com bateria. Acho que muita gente corre
depressa demais por esse caminho.”
Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil, destacou que
sua empresa investe na eletrificação, mas dá um passo de cada vez. “Acreditamos
que híbridos flex, como nosso Corolla, proporcionarão escala de produção mais
imediata. Não seria tão viável iniciar com um produto totalmente elétrico”.
Para Carlos Zarlenga, presidente da GM América do Sul, a
indústria brasileira precisa fugir de amarras tributárias. “Nossos custos de
produção são inferiores cerca de 10% em relação a um modelo equivalente nos
EUA. Mas quando chega às concessionárias aqui, o carro custa até 35% mais caro.
Não é possível ser competitivo com uma carga tributária de 40 a 50% do preço
final de um veículo”.
Entre muitas novidades que foram apresentadas nesta Automec,
o revolucionário filtro sem papel da italiana UFI, o óleo lubrificante
sintético da brasileira Petrol e o adesivo universal da alemã Loctite para
restauração de rodas de liga leve trincadas em menos de meia hora.
ALTA RODA
DISCRETAMENTE,
Mercedes-Benz anunciou que sua picape média Classe X não será mais fabricada na
Argentina. A empresa realocou investimentos e não garantiu que importará o
modelo produzido na Espanha. Situação econômica do país vizinho pode ser uma das
causas. Fica no limbo a picape Renault Alaskan, já adiada para 2020. Nissan
Frontier é base das três picapes.
ALTURA de rodagem
elevada em 4 cm deixou a versão aventureira Trekking, do Fiat Argo, pronta para
incursões leves fora de estrada e enfrentar obstáculos “naturais” de ruas e
estradas. São 21 cm de vão livre com pneus de uso misto e perfil alto. Teto
pintado de preto e aplique da mesma cor no capô chamam atenção. Entre quatro
concorrentes diretos, preço competitivo: R$ 58.990.
FORD importa,
agora, o SUV médio Edge apenas na versão esportivada ST. Os 335 cv (51 a mais)
e 54,4 kgfm trazem boas sensações. Câmbio automático de oito marchas, rodas de
21 pol., molas até 20% mais firmes e barra estabilizadora de maior diâmetro
estão coerentes com a proposta. Carrega celular por indução e oferece nível 2
de condução autônoma. R$ 299.900.
MUDOU bastante o
estilo do novo Mitsubishi Pajero Sport, importado da Tailândia. Ficou melhor,
porém lanternas traseiras são audaciosas demais. Conforto interno (sete
lugares) melhorou com 10 saídas de ar-condicionado. Suspensão traseira manteve
eixo rígido e adota molas helicoidais com três braços. Avançou em eletrônica de
bordo e também no preço: R$ 265.990.
ESPAÇO para estimular
novas ideias e criação de aplicativo para carros compartilhados (inicialmente
para funcionários da fábrica) são as primeiras ações desenvolvidas pelo Renault
Lab, no Cubo Itaú, em São Paulo. A marca francesa aposta na criatividade
brasileira.
RESSALVA: SUV de
topo da Chery é o Tiggo 8 e não T8, como publicado semana passada.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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