Neste dia 20 de maio de 2019, o mundo perdeu Niki Lauda, um dos pilotos de Fórmula 1 com uma das trajetórias mais marcantes dentro e fora do automobilismo. Nascido Andreas Nikolaus Lauda em 22 de fevereiro de 1949, Niki se tornou corredor sob desaprovação de familiares, iniciando as corridas com um minúsculo Mini e na Fórmula V. Em 1971, garantiu uma vaga na equipe da March na Fórmula 2, com o valor de um empréstimo que tinha como garantia um seguro de vida. Simultaneamente, correu nas Fórmulas 1 e 2 ao longo de 1972, mas o início de sua carreira foi desastroso na F1 - não fez um ponto em seus dois primeiros anos na categoria, embora tivesse alcançado o quinto lugar na F2 em 1972 - e em 1973, dedicando-se agora só à F1, passou para a equipe BRM, também sem destaque: fez só 2 pontos, fechando o campeonato na 18ª colocação.
Lauda ingressou na Ferrari na temporada de 1974 - e começou bem, obtendo uma segunda posição em seu primeiro GP (o da Argentina). Não demorou para obter sua primeira vitória, no GP da Espanha - era a primeira vitória da Scuderia em dois anos. No ano de 1975, teve um início de temporada morno, mas deslanchou quando passou a correr com a Ferrari 312T, vencendo 4 de 5 corridas; assim, bastou um terceiro lugar no GP da Itália (Monza) para faturar seu primeiro título mundial de F1.
O ano de 1976 teria tudo para ser uma continuidade de sua ascendente trajetória, mas Niki Lauda sofreu um sério acidente no GP de Nurburgring - o piloto era a favor de boicotar o circuito, por conta das várias falhas de segurança ao longo de seus 23 quilômetros. Lauda ficou preso às ferragens da Ferrari em chamas, sofrendo queimaduras severas (principalmente no rosto) e inalando muita fumaça tóxica, que afetaram pulmões e sangue. Foi levado consciente, mas teve que ser posto em coma. Porém, sua recuperação foi muito rápida: Lauda só ficou de fora de duas corridas. E travou uma batalha intensa pelo título de 1976 com James Hunt até a corrida final - no final das contas, Hunt levou a taça por um único ponto. Lauda ainda correu mais um ano pela Ferrari, e seu desempenho constantemente bom em toda a temporada de 1977 lhe rendeu seu segundo título de F1.
Só que a relação com a Scuderia italiana já não era a mesma, e Niki optou por ingressar na Brabham em 1978, chegando a pilotar o modelo BT46B, que ficou famoso pelo ventilador embutido em sua parte traseira que garantia maior downforce. Logo depois da primeira vitória, o modelo foi banido pela FIA. No primeiro ano pela Brabham, Lauda abandonou em 9 de 14 corridas, mas ainda obteve um 4º lugar no geral. O motor Alfa Romeo de 12 cilindros em linha foi trocado por um V12 em 1979, mas Lauda completou apenas duas corridas em toda a temporada e abandonou a carreira com o campeonato ainda em curso, no GP do Canadá - ficou na 14ª posição entre os pilotos. No mesmo ano, fundou a companhia aérea Lauda Air, que começaria a operar de fato em 1985.
Contudo, Niki Lauda resolveu voltar a correr de Fórmula 1 no ano de 1982, agora pela McLaren. Venceu duas das corridas da temporada, embora tenha sido desqualificado em uma corrida, não partiu em outra e não concluiu outras seis vezes: fechou o ano em quinto. Na temporada de 1983 não veio uma vitória sequer (e o resultado do campeonato foi uma pálida 10ª posição), mas em 1984, sua regularidade o fez alcançar seu terceiro título mundial, por apenas 0,5 ponto de vantagem em relação ao ascendente Alain Prost: "só" venceu 5 vezes (Prost esteve 7 vezes no topo do pódio), mas obteve outros 4 "segundos lugares".
Lauda ainda participou da temporada de 1985 da Fórmula 1, porém terminou apenas 3 das 14 corridas. Seu último GP foi o de Adelaide, na Austrália (era a primeira vez que o circuito era utilizado para a F1). Mas Niki estava se aposentando apenas das corridas: começou as operações da Lauda Air, esteve à frente da equipe da Jaguar na Fórmula 1 de 2001 a 2002 e ainda passou a controlar outras duas empresas aéreas de baixo custo, a Niki (2003) e a Laudamotion (2018).
By Aero Icarus from Zürich, Switzerland - 178al - Lauda Air Boeing 767-3Z9ER; OE-LAE@ZRH;29.06.2002, CC BY-SA 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=27010145 |
Apesar do acidente na pista de Nurburgring de 1976 ter sido grave a ponto de Lauda ter recebido sua extrema-unção, o piloto considerava que o pior momento de sua vida foi o período do acidente com o Boeing 767 (voo 004 da Lauda Air), em 26 de junho de 1991, na Tailândia: um reversor de um dos motores abriu em pleno voo e os pilotos foram incapazes de controlar a aeronave, que mergulhou a uma velocidade tão alta que começou a se desintegrar ainda no ar. Todos os 223 ocupantes faleceram. Na época, Lauda esteve à frente das investigações e chegou a usar um simulador da fabricante do avião: em todas as 15 vezes com o problema se manifestando, ele não conseguia recuperar o controle. Posteriormente em 1991, a Boeing alertou sobre a existência de potenciais reversores defeituosos em suas linhas 737, 747, 757 e 767 de aeronaves.
Em agosto de 2018, Lauda passou por um transplante de pulmão na Áustria. Mas a saúde do tricampeão se debilitou nos últimos meses, e ele morreu durante o sono em sua residência em Viena (Áustria), aos 70 anos.
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