Como o Brasil poderá se inserir no contexto de abertura de
mercado que vem sendo prometida pelo ministro da Economia Paulo Guedes? Este
foi um dos temas mais debatidos no Congresso Latino-Americano da Indústria
Automobilística, que acaba de ser realizado pela Editora Autodata. Há duas frentes
imediatas em discussão em relação aos veículos: comércio sem barreiras
tarifárias com União Europeia e com o México.
Pelas regras do Mercosul, só o bloco de quatro países
(Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) pode negociar. Um acordo esteve próximo
no ano passado e a transição seria longa, de 10 a 15 anos, até o Imposto de Importação
sobre veículos passar a ter alíquota zero. Para aumentar as incertezas, o novo governo
brasileiro estuda alternativas, entre elas um acerto direto com os europeus.
Seria um sério revés para o Mercosul que, depois de 24 anos, nem ao menos conseguiu
se estabelecer como zona de livre comércio.
No entanto, o Brasil se entendeu, há pouco mais de uma
semana, com o México. Ao contrário do regime vigente no Mercosul (para cada dólar
importado por um país, 1,5 dólar pode ser exportado para o outro), passou a
vigorar o livre comércio, sem cotas ou impostos alfandegários. Os mexicanos
hoje produzem mais que o Brasil e ainda receberam grandes investimentos de
marcas europeias e asiáticas. Significa que vários modelos, inclusive de marcas
premium, poderiam chegar aos portos por
preços bastante competitivos, pois os custos de fabricação no México são de 20%
a 25% menores que os daqui.
Pablo Di Si, presidente da Volkswagen no Brasil, lembrou
durante o congresso um ponto importante. O nível de componentes realmente
produzidos no México é baixo. Para exportar, agora livremente para cá, pelo
menos 40% das peças precisariam ser de origem mexicana. E isso está difícil de
comprovar, pois eles se beneficiam de componentes bem mais baratos, importados
em altos volumes de vários países, em especial dos EUA. Aqui, ao contrário, a
indústria de autopeças tem forte presença, mas enfrenta o penoso custo Brasil.
O presidente da GM América do Sul, Carlos Zarlenga, apontou
as distorções ao comparar preços. Excluídos os impostos, aqui e no exterior, o
Brasil apresenta valores menores. Seríamos, então, competitivos para exportar,
mas isso deixa de ocorrer porque não há desoneração total quando se vende ao exterior,
como outros países o fazem. Com exportações maiores, escala de produção subiria
e cairiam custos internos. Isso o México faz muito melhor que o Brasil.
Um programa sério de exportação teria de começar com a total
retirada de tributos, sem gerar créditos que se acumulam, como os do ICMS. Só
no Estado de São Paulo as fabricantes têm entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões a
receber. Também seria necessário aumentar o conteúdo tecnológico (comprando e
vendendo, de e para o exterior, isento de impostos), a produtividade nas
fábricas e, claro, investir muito, mas muito mesmo, em infraestrutura.
O País precisa abrir sua economia. Mas sem um processo
ordenado e simultâneo de aumento de competitividade da indústria e do setor de
serviços, isso não será possível.
ALTA RODA
ONIX passa a ser
nome mundial em compactos da GM, inclusive na China. Haverá cinco silhuetas:
hatch, sedã, SUV (Tracker), monovolume (Spin) e picape (Montana). Prisma poderá
se chamar Onix sedã, vai crescer e ocupar o lugar do Cobalt. Coluna antecipa
início de produção em Gravataí (RS): setembro e novembro deste ano, sedã e
hatch, respectivamente. No mercado, 30 dias depois.
OITAVA geração do
Porsche 911 chega em maio ao Brasil. Carrera S, R$ 679.000 e 4S (tração 4x4),
R$ 719.000. Potência (450 cv) e torque (54 kgfm) subiram. Em dirigibilidade surpreende:
ainda melhor em curvas. Apesar de mais largo e usar rodas de 20 pol. de
diâmetro na frente e 21 pol. atrás, massa diminuiu 24 kg. Eletroassistência melhorou
resposta do pedal de freio.
PRIMAZIA mundial do
novo 911, detecção de pista molhada por meio de microfones nas caixas de rodas reprograma
parâmetros de desempenho. Linhas estão ainda mais harmônicas: teto em angulação
pronunciada, maçanetas das portas embutidas, desenho do defletor atrás e fina faixa
luminosa unindo as lanternas traseiras. Interior, foi todo renovado.
JEEP Renegade Limited
recebeu retoques frontais com inspiração moderna no utilitário original dos
anos 1940. Boa evolução foi o para-choque dianteiro igual ao da versão 4x4 a
fim de aumentar o ângulo de entrada, agora compatível à proposta do modelo.
Antes raspava facilmente em lombadas e valetas. Nova tela multimídia ficou bem
melhor que a anterior.
BURACOS de todos
os tipos e tamanhos em ruas e até em estradas infernizam a vida dos brasileiros.
Depois das fortes chuvas de verão, situação piorou. A ponto de a Dunlop
relembrar que, desde 2015, oferece garantia de reposição de pneus danificados
de forma irreversível, quando vendidos na sua rede autorizada. Verdadeiro
seguro contra irresponsabilidade dos governos.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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