Nos últimos tempos, principalmente entre 2014 e 2018, Contran
e Denatran vêm tomando decisões equivocadas e até atrapalhadas por meio de resoluções
que, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), têm força de lei.
Não bastam os erros e recuos em relação a vários temas, como
o das novas placas no padrão Mercosul. Depois de mais de um milhão de carros circulando,
é inacreditável acenar com outra reviravolta só para identificar município e Estado
de origem. Argumentação muita fraca: teria sido pedido pelas polícias para
facilitar a identificação. Na União Europeia circulam mais de 250 milhões de
veículos e apenas o país é reconhecido por letras. O sistema anterior de
plaquetas, com nome do município e sigla do Estado, só gerava gastos
desnecessários e mais burocracia.
No capítulo dos “arrependimentos”, o novo presidente do
Contran, Jerry Adriane Dias Rodrigues, acaba de revogar a resolução 706, de
25/10/2017, que regulamenta aplicação de multas para pedestres e ciclistas.
Está no CTB desde sua promulgação, em 23 de setembro de 1997. Mesmo bem difícil
de cobrar os infratores, podia ser grande aliada por seu efeito educativo. As
justificativas são inconsistentes e confusas.
Está ainda em discussão a extensão da validade da Carteira
Nacional de Habilitação (CNH) de cinco para dez anos. Antes se precisariam
estudar as estatísticas, mas o bom senso indica como razoável a renovação aos
30 anos e 40 anos de idade do portador e, acima disso, voltar ao intervalo de
cinco anos.
Há outra questão no campo de cogitação. Aumento da pontuação,
de 20 para 40, que implique suspensão da CNH. A possível nova referência parece
razoável, no caso específico de motoristas profissionais, pois rodam muito
acima da média. No caso de amadores poderia subir para 25 ou 30 pontos, por uma
simples razão: o sistema atual mistura indevidamente infrações de trânsito e
administrativas.
Na cidade de São Paulo, por exemplo, existe rodízio por finais
de placas em dois períodos do dia, de segunda a sexta- feira, sem fins
ambientais. O motorista recebe a mesma pontuação de uma infração comum.
Combater engarrafamentos com multas é absurdo.
Existe ainda a intenção de dispensar o uso de simuladores de
direção, nos Centros de Formação de Condutores. Há cerca de 7.000 deles
instalados no Brasil. Em pelo menos 20 países são obrigatórios ou de uso
facultativo. Completamente sem sentido desativar ou desestimular sua
utilização. Funcionam como aulas pré-práticas e cumprem papel didático
importante. Ajudam, inclusive, no aspecto psicológico para parte dos alunos que
têm receio de guiar um automóvel pela primeira vez.
Trata-se de raciocínio simplório considerá-los apenas como jogo
de computador. Tais equipamentos simulam situações adversas e/ou perigosas em
um ambiente seguro, especialmente sob condições de baixa visibilidade (à noite,
chuva ou neblina). Os alunos também desenvolvem primeiras noções de percepção
de risco, inclusive de velocidades absoluta e relativa. Podem perceber quando
devem acelerar para evitar tornar-se um estorvo no trânsito e ao mesmo tempo
respeitar os limites, além de explorar aspectos de direção defensiva.
ALTA RODA
PORSCHE admitiu
que a próxima geração 100% elétrica do Macan, prevista para 2022, conviverá com
a versão de motor a combustão. Trata-se de recuo sobre seu comunicado da semana
passada, admitido apenas depois de questionada. Não se pronunciou se fará
apenas “retoques” no modelo atual. É natural clientes do Macan sentirem-se em
dúvida.
CARLOS GHOSN, ex-executivo-chefe da aliança
Renault-Nissan-Mitsubishi, pagou fiança de US$ 8,9 milhões (R$ 34 milhões) à
Justiça do Japão para aguardar em prisão domiciliar o julgamento das acusações
sobre desvios administrativos na Nissan. Ele deverá permanecer no país até o
desfecho da ação. Ghosn reafirma sua inocência e espera poder prová-la aos
juízes.
STATION Audi
Avant RS 4 é para quem quer exclusividade, sem perder substância dentro da
escola alemã de alto desempenho. Exemplo: 0,7 cm mais baixo que o sedã RS 4.
Com 450 cv e nada menos de 61,2 kgfm, acelera de 0 a 100 km/h em apenas 4,1 s
contra 3,9 s do cupê RS 5 (mais leve, mesmo motor V-6, de 2,9 litros, turbo). Preços
de coçar a cabeça: R$ 546.990 e 556.990 (cupê).
VW T-CROSS 1,4 turbo, no uso diário,
surpreende não apenas por acelerações fortes, mas pelo comportamento geral tanto
em piso ruim quanto bom. Passageiros no banco de trás têm bastante espaço para pernas,
além de saídas de ar-condicionado. Posição do encosto traseiro mais ereta a fim de aumentar volume do
porta-malas incomoda um pouco, em percursos mais longos.
CONTROLE de
funções por gestos já não é novidade. Mas que tal utilizar IA (Inteligência
Artificial) para abrir a porta do carro apenas com um sorriso? Pois a
Mindtronic, de Taiwan, desenvolveu exatamente isso e mais: aprender com o humor
e as preferências do motorista para criar seu perfil. Daí passa a sugerir
atividades, paradas ou restaurantes no seu caminho.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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