Fotos, vídeo e texto | Júlio Max, de Pirenópolis - Goiás
Viagem a convite da Nissan
Quando a Nissan Frontier chegou ao Brasil em sua atual geração, no primeiro trimestre de 2017, representou um grande avanço em relação à picape anterior e ficou na medida para competir com as mais modernas representantes de seu segmento. Inicialmente importada do México, a Frontier passa a ser trazida de Córdoba (Argentina) em sua linha 2019. Você deve estar estranhando por que estamos falando sobre este lançamento agora em fevereiro, já que as primeiras unidades da Frontier 2019 começaram a ser comercializadas logo após sua aparição no Salão do Automóvel de São Paulo em 2018. Mas tem explicação: a Nissan preferiu fazer nada menos que 5 eventos de lançamento da picape, valorizando - assim como ocorreu na Expedição Frontier - a cultura e a história de cada região do Brasil onde será apresentada.
Nós do Auto REALIDADE fomos convidados para o segundo desta sequência de eventos, que reuniu majoritariamente jornalistas do Centro-Oeste, além da imprensa do Piauí, no Estado de Goiás. Depois de rodar cerca de 400 quilômetros com a Frontier, chegou a hora de contar as impressões ao dirigi-la!
Nós do Auto REALIDADE fomos convidados para o segundo desta sequência de eventos, que reuniu majoritariamente jornalistas do Centro-Oeste, além da imprensa do Piauí, no Estado de Goiás. Depois de rodar cerca de 400 quilômetros com a Frontier, chegou a hora de contar as impressões ao dirigi-la!
Visualmente, a Frontier argentina é bem parecida com a mexicana (vale lembrar que a picape mal completou 2 anos de Brasil em sua atual geração). A versão LE, topo-de-linha, passa a ter pintura bronze na grade superior e recebe rodas de 18 polegadas com pneus 255/60 (inclusive no estepe), que a deixam mais atraente, e alinhada com as versões tops de outras picapes médias. Há ainda uma opção nova de cor para a carroceria, o Azul Cayman. Veja aqui mais pormenores da Frontier LE.
Já a Attack, que foi escolhida para este test-drive, conta com uma caracterização visual bem aventureira, composta por faixas foscas no capô, quebra-mato dianteiro, pneus 255/70 All Terrain com rodas de 16 polegadas pintadas de grafite (também inclui o estepe), estribos, capas dos retrovisores e maçanetas em preto, santantônio e adesivos nas portas e laterais da caçamba identificando a versão. Será vendida em 3 cores: vermelha, branca e preta.
Há ainda outras duas versões que não estavam presentes no evento, mas já estão sendo comercializadas. A XE (que você pode ver em detalhes aqui) traz pacote de equipamentos muito similar ao da LE mexicana - ou seja, vem bem completa, com ar digital de 2 zonas, banco do motorista elétrico com ajuste lombar, revestimentos de couro, chave presencial e partida por botão, sensor de ré, retrovisores com luzes de seta em LED e rebatimento elétrico, entre outros itens. Dispensa rodas de 18 polegadas, câmeras de visão em 360 graus, airbags laterais/de cortina, rack de teto e teto solar elétrico para custar R$ 172.880.
E a versão S 4x4 (saiba mais sobre ela clicando aqui), por R$ 136.190, é a opção voltada para vendas diretas - como produtores rurais e frotistas. O visual é despojado - com rodas de aço e sem adornos cromados - mas esta versão já vem razoavelmente bem-equipada, com direção hidráulica, ar-condicionado, travas/vidros/retrovisores elétricos, seletor giratório de tração, assistente de partida em ladeiras, controles de estabilidade e tração, controlador de velocidade de descida, freios ABS com Brake Assist, entre outros. É também a única Frontier com câmbio manual, de 6 marchas.
A Nissan aproveitou o evento para formalmente cancelar uma das versões que constava na listagem apresentada no fim de outubro de 2018: a Attack 4x2 automática, que seria lançada em abril. Ao constatar que o público que compra picape diesel raramente vai se contentar com a tração apenas traseira, a marca decidiu manter disponíveis somente as versões com tração 4x4. Este segmento de picapes diesel 4x2, somado ao de picapes com motor Flex (gasolina e etanol), representam apenas 25% dos consumidores, segundo a Nissan. Daí o foco no investimento para os outros 75% de público, atendidos pelas versões S, Attack, XE e LE.
Internamente, a Frontier Attack agrada. Seu padrão de acabamento é muito similar ao da extinta versão SE, que pudemos dirigir por alguns dias em uma das etapas da Expedição Nissan. Na Attack, foram mantidos o volante revestido de couro (com ajuste de altura e comandos do computador de bordo, som e telefone), e os revestimentos de tecido nos bancos e parte das portas trazem o mesmo padrão. A maioria dos plásticos na cabine é rígido, com apliques lisos e prateados no console, centro do painel e raios do volante.
O quadro de instrumentos manteve o esquema de instrumentos analógicos (conta-giros junto com temperatura do motor; nível de combustível junto com o velocímetro) e, ao centro, a tela de 5 polegadas colorida do computador de bordo, com novas funções. Agora, há velocímetro digital (muito mais prático na estrada), bússola e, no canto direito superior, a temperatura externa. Foram mantidas informações como o indicador de consumo de combustível que aparece toda vez que se desliga o motor, além de indicador de porta aberta, autonomia e configurações (como piscar as setas 3 vezes com um leve toque na haste, acender as luzes internas ao abrir a porta, etc).
A central multimídia I-AVI, de série a partir da versão Attack, é bem mais que o rádio com tela colorida (e insensível ao toque) que existia na versão SE. Para começar, há uma vistosa tela touchscreen de 8 polegadas, como nas versões mais completas. A nitidez do monitor também é maior que no antigo sistema Multi-App. As teclas e botões estão bem mais integrados ao painel, e é fácil encontrar as informações. Dois celulares podem ser pareados simultaneamente via Bluetooth.
Através dos aplicativos Android Auto e Apple CarPlay, é possível espelhar o conteúdo de celulares. Há ainda duas entradas USB (uma delas para carregamento, dentro do porta-objetos sob o apoio de braço dianteiro), entrada auxiliar, e a imagem da câmera de ré com linhas de guia - um alento se considerarmos que a SE não trazia nada além dos retrovisores para ajudar nas manobras. Mas a Attack poderia seguir o exemplo da versão XE e já vir com o GPS integrado, pois não foram raras as vezes em que nos perdemos nos caminhos de Goiás, mesmo com um road-book disponível (um celular espelhado não adiantaria muita coisa, pois estávamos sem rede de telefone em alguns trechos). O som possui 2 alto-falantes dianteiros e 2 tweeters (alto-falantes traseiros estão a partir da versão XE).
A chave do tipo canivete lembra a do Kicks S, com botões para travar/destravar as portas. Nos vidros, é mantido o esquema um-toque para baixo para o motorista, com acionamento elétrico "contínuo" para as outras janelas. Como é comum em veículos de projeto japonês, o bloqueio dos vidros elétricos afeta os traseiros e também o do passageiro dianteiro. Todas as versões contam com retrovisores elétricos, mas o ajuste precisa ser feito com o carro desligado, e a chave na posição ACC ou ON. Se a chave ficar no contato ao abrir a porta, um "bipe de despertador" é acionado, como nos March e Versa. A novidade da linha 2019 está na discreta iluminação dos botões traseiros, que ajuda a localizá-los no escuro. Além disso, todas as versões passam a ter o travamento das portas em movimento.
As luzes de teto foram mantidas, com focos individuais ao centro, "luz de salão" ao centro e ainda a iluminação junto aos para-sóis com espelhos. Há também um porta-óculos forrado de carpete ao centro.
O ar-condicionado é manual de zona única na versão Attack, e traz duas saídas de ar traseiras, com vedação. Segundo a marca, houve uma melhoria no fluxo de ar na Frontier argentina. Foram mantidos os práticos porta-copos/garrafas diante das saídas de ar dianteiras, que ajudam a manter a bebida mais fria. Eles são acompanhados por outros 4 locais aptos a receber copos na frente e outros 4 atrás (somando os nas portas e os do apoio de braço traseiro). Há ainda 11 outros porta-trecos na frente, um a menos que a Frontier anterior, já que a parte central do painel ficou plana (antes havia um pequeno nicho com tomada 12 Volts).
A versão Attack vem com faróis de neblina, limpador de para-brisa com ajuste intermitente variável e desembaçador traseiro.
Atrás, a segurança foi reforçada: todos os passageiros passam a dispor de apoios de cabeça e cintos de três pontos. A Frontier agora também traz fixações ISOFIX e Top Tether, que ancoram a cadeirinha infantil diretamente na estrutura da picape. Quem senta ao meio também tem acomoda melhor as pernas, já que o porta-copo improvisado no piso dá lugar ao descansa-braço com lugar para 2 copos (de série em todas as versões).
E para completar, o assento ficou 12,9 centímetros mais comprido (possibilitando acomodar melhor as coxas), a espuma do banco ficou mais macia e o encosto ficou 3,5 graus mais reclinado. Não viajei no banco de trás, mas durante os trajetos, quem andou lá gostou do conforto.
E para completar, o assento ficou 12,9 centímetros mais comprido (possibilitando acomodar melhor as coxas), a espuma do banco ficou mais macia e o encosto ficou 3,5 graus mais reclinado. Não viajei no banco de trás, mas durante os trajetos, quem andou lá gostou do conforto.
O protetor de caçamba é um acessório em todas as versões da Frontier. Há quatro ganchos fixos nas extremidades laterais do compartimento. A capacidade volumétrica é de 1054 litros, e a capacidade de carga nesta versão é de 1040 quilos. Se o reboque tiver freio, a picape da Nissan pode levar até 3500 quilos (ou até 750 kg em caso de reboque sem freio).
Foi possível dirigir a Frontier em diversas situações ao longo do dia de testes. A partida ocorreu no Clárion Órion de Goiânia, após uma apresentação dos principais atributos da linha 2019 da picape. Primeiro, enfrentamos o trânsito da capital, para em seguida pegarmos estradas bem pavimentadas, rumo à Fazenda Babilônia, da época colonial. Mas, cerca de 90 quilômetros depois, entramos em um trecho fora-de-estrada de mão única, que exigia negociação com outros motoristas (e até com bois!) para poder seguir caminho. Mesmo em algumas situações precisando andar rápido na terra, a Frontier se saiu muito bem em todas as situações - inclusive debaixo de chuva forte, que nos fez acionar o limpador em sua velocidade máxima.
Seu motor 2.3 Biturbo Diesel de 4 cilindros e 16 válvulas vem com acionamento por corrente (que dispensa troca) e bomba de óleo com controle elétrico de pressão. Gera 190 cavalos a 3750 rpm (30 cv a mais que a Frontier S, que traz um só turbo) e torque de 45,9 kgfm a 1500 rpm. Nas estradas de Goiás, foi possível sentir a força proporcionada nas acelerações e retomadas. E a picape é estável até mesmo quando é preciso acelerar nas curvas. Em altas velocidades, a picape continua inspirando muita confiança ao rodar.
Já o câmbio automático de 7 marchas com conversor de torque interpreta muito bem o que o motorista quer do jeito que se pisa no acelerador. De toda forma, há o modo sequencial (disponível ao deslocar o câmbio na posição D para a esquerda).
O consumo de combustível foi até contido: chegamos a 12,1 km/l no trecho de estradas de volta entre Pirenópolis e Anápolis, mesmo mantendo velocidades altas. Pelo Inmetro, a média em estrada é de 10,5 km/l, e de 9,5 km/l na cidade. O tanque de combustível, com abertura interna, armazena 80 litros, o que garantiu autonomia mais do que suficiente para ir e voltar.
A assistência da direção permanece hidráulica, por ser considerado um mecanismo mais robusto e que evita que o motorista perca o controle em situações de off-road pesado. De toda forma, a Nissan recalibrou este conjunto, e a direção está mais cômoda em manobras de baixa velocidade. O diâmetro de giro diminuiu de 12,4 para 12,0 metros.
A suspensão foi outro ponto que foi modificado na Frontier 2019. A picape argentina passa a ter nova geometria e estrutura nos dois eixos, bem como padrão duplo de molas (maiores) na traseira. Isto foi pensado para, quando se colocar até 500 quilos na caçamba, a carroceria continue equilibrada a ponto de não ser necessário ajustar a altura dos faróis - um alento, ao lembrarmos que não é possível ajustá-los internamente. A Frontier se mostrou muito estável, mesmo em curvas que foram feitas acelerando. Mas os pneus, por serem de uso misto e perfil mais alto, cantam um pouco em curvas ágeis.
A vocação para o uso fora-de-estrada é reforçada pela altura em relação ao solo de 23 centímetros e pelos ângulos de ataque de 30,3 graus e, de saída, de 27,4 graus.
A vocação para o uso fora-de-estrada é reforçada pela altura em relação ao solo de 23 centímetros e pelos ângulos de ataque de 30,3 graus e, de saída, de 27,4 graus.
E os freios também foram modificados, eliminando aquela sensação do pedal ser "borrachudo". Neste conjunto, a principal mudança ocorreu nos cilindros dos freios traseiros (a tambor), que ficaram maiores. Segundo testes da Nissan, a efetividade do freio em uso súbito da Frontier argentina superou a sua "gêmea" mexicana e sua principal rival, a Toyota Hilux. Essa efetividade é medida na desaceleração do veículo versus deslocamento do pedal. Na prática, a picape freia com muito mais suavidade quando avistamos de repente um radar ou um buraco na pista, como aconteceu algumas vezes em nosso trajeto.
O silêncio a bordo foi aprimorado com isolamentos no capô, console, painel e para-lamas dianteiros, além do para-brisa acústico. Ao volante, ficou nítido como a Frontier se tornou mais quieta em relação à versão mexicana. Segundo a marca, em algumas circunstâncias, o nível de ruído é até 5 decibéis menor.
O seletor de tração continua com a mesma operação. A posição 2WD indica a tração traseira, mais recomendada para pisos com boas condições (possibilitando uma ligeira economia de combustível). A até 100 km/h é possível alternar para a tração 4x4. E se for necessário todo o torque nas quatro rodas, basta puxar o seletor para o modo 4x4 reduzida, que atua a até 7 km/h. No uso fora-de-estrada, também ajuda o diferencial de deslizamento limitado, que agora é acionado eletronicamente (antes havia botão no painel para ativá-lo). O botão que permaneceu foi o do controlador automático de velocidade de descidas.
Apesar das picapes dos dias atuais incorporarem cada vez mais tecnologias, a grande maioria das representantes do segmento médio seguem trazendo suspensão traseira com eixo rígido - igual aos carros de boi do século XVIII, como este que vimos na Fazenda Babilônia. Na Frontier, este eixo traseiro é complementado pelo esquema multi-link e molas helicoidais, no lugar do feixe de molas das rivais. As vantagens são: maior durabilidade e conforto de rodagem, menos barulhos e tempo de reparo mais curto (cerca de 42 minutos contra aproximados 84 minutos, segundo a Nissan).
A Frontier Attack chega ao mercado com um preço atraente - R$ 153.590. Com câmbio automático, motor Diesel e tração 4x4, as rivais estão mais caras: a Hilux SR custa R$ 160 490; a S10 LT, R$ 160 690, e a Ranger XLS, R$ 164 650. E não é só isso: o custo de revisões é menor que nas rivais, graças ao valor de mão-de-obra incluso. Na manutenção até 60 mil quilômetros, gasta-se R$ 5304, enquanto Ranger e S10 cobram R$ 5493 e R$ 5568 pelos mesmos serviços.
A Frontier LE, de acordo com a Nissan, foi ajustada na produção argentina para concorrer mano-a-mano com as picapes médias mais completas, como S10 High Country, Ranger Limited e Hilux SRX. Isso explica o preço de tabela de R$ 193.290, alinhado com as demais rivais. Mas se serve de consolo, a rede Nissan é conhecida por garantir bons descontos sobre os preços sugeridos. E considerando que ela tem itens interessantes que nenhuma outra picape possui - como o teto solar e o conjunto de câmeras de visão em 360 graus com detector de objetos em movimento - certamente as oponentes vão ter que se mexer para oferecer mais equipamentos exclusivos...
Curiosidades da viagem!
- Nosso pen-drive contava com um mix de músicas que incluía artistas genuinamente de Goiás, como Alok, Zezé de Camargo e Luciano, Vanessa Camargo, Marília Mendonça, Bruno e Marrone, Jorge e Matheus, Amado Batista, Leandro e Leonardo, entre muitos outros. Mas também havia álbuns nacionais e internacionais para agradar a todos os gostos.
- A Fazenda Babilônia, localizada na região rural de Pirenópolis, remonta ao século XVIII, conservando diversos artigos antigos e marcas do tempo. Hoje, mantém 80% de sua originalidade e é tombada como patrimônio nacional. Fomos recepcionados por dona Telma, que fez questão de explicar diversos detalhes sobre a fazenda, que é aberta ao público desde 1997. Uma atração à parte são os animais que pastam aos fundos da fazenda, como bois, cavalos e porcos.
- A pousada Villa dos Pireneus, também em Pirenópolis, obriga a encarar 6 quilômetros bastante mal-conservados de terra. Mas o visual, ao chegar, compensa tudo: a altitude da região é de cerca de 1300 metros e é possível avistar os morros no horizonte. Lá, uma miniatura de Pincher pareceu assustado com tanta gente, e o que um dia foram molas de alguma suspensão de carro viraram suporte para o crescimento de plantas...
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