Uso de cintos de segurança ainda enfrenta grandes
resistências no Brasil. A chegada das férias de verão leva a um maior número de
veículos nas estradas e acidentes tendem a aumentar. Só no Estado de São Paulo,
onde a fiscalização é mais rigorosa, cerca de 300.000 multas por ano são
aplicadas. Nas rodovias federais do País, são mais de 200.000 anualmente.
Utilizar os cintos é essencial em qualquer percurso, longo
ou curto, em cidade ou estrada. Em geral, motoristas e ocupantes se preocupam
mais quando utilizam estradas. Mesmo assim, os números são assustadores. Pesquisa
da Arteris, responsável por mais de 3.000 quilômetros de rodovias brasileiras, indica
que 9% dos motoristas desprezam esse equipamento e quase 40% dos demais
ocupantes, principalmente no banco de trás, também deixam de usá-lo.
Essa proporção não deve mudar muito em cidades. Por medo de multas,
motorista e seu acompanhante no banco dianteiro são mais atentos no cumprir dessa
obrigatoriedade. No banco de trás a taxa de utilização é baixíssima. A partir
de 2020, todos os modelos novos à venda terão que vir de fábrica com três
cintos de três pontos no banco traseiro.
Para quem pensa que está mais seguro no banco traseiro deve recordar
o acidente fatal da Princesa Diana e seu namorado Dodi Al-Fayed, nas ruas de Paris, em 1997. Nenhum usava o cinto e o único
sobrevivente foi o segurança do casal, no banco dianteiro, que o utilizava
corretamente.
Em choque contra barreira
indeformável, a pouco mais de 60 km/h, as forças geradas multiplicam por 40
vezes a massa de uma pessoa ou objeto. Isso significa que passageiro ou
motorista de 75 kg transforma-se em três toneladas ao ir de encontro a partes
metálicas ou ao encosto do banco dianteiro. Dificilmente se escapa com vida sem
os cintos, pois airbags têm função apenas complementar. Em colisão frontal
entre dois veículos, ambos a uns 30 km/h, consequências são iguais.
Artesp, a agência
paulista que fiscaliza rodovias estaduais sob concessão, confirma em outra pesquisa:
57% das pessoas que viajavam no banco traseiro sem esta proteção, morreram em
acidentes.
Outro motivo de
atenção é evitar que os cintos fiquem torcidos com o seu uso descuidado.
Trata-se de uma situação muito comum ao se desafivelar. As pessoas soltam a
trava e simplesmente deixam a fita transversal subir até a ancoragem superior pela
retração normal do carretel. Com a repetição desses movimentos o cinto começa a
torcer, situação frequente em táxis ou carros utilizados em transporte por aplicativos.
Recomendação: ao
destravar, acompanhe com a mão o movimento de retração até a fivela chegar à
argola no alto da ancoragem. Isso vale para cintos de segurança de três pontos,
dianteiros e traseiros, pois uma fita torcida perde grande parte de sua eficiência
de proteção. Se isso ocorrer, vá a uma oficina ou tapeceiro, peça para destorcer
e aprenda.
Ou faça você mesmo:
se estiver torcido no sentido anti-horário, pegue a fivela do cinto e gire-a no
sentido horário e vice-versa. Veja uma demonstração
(amadora) no link: https://www.youtube.com/watch?v=XMdefdVBM_o.
ALTA RODA
ESTE ANO deve ocorrer uma boa reação das
vendas de varejo (consumidor final) em relação às de atacado (faturamento
direto para frotistas, locadoras, PCD e governos). Nos últimos anos o comprador
comum sofreu com queda de renda e desemprego, além de crédito curto e bastante
seletivo. Hoje, vendas diretas estão em torno de 40% do total. Devem recuar
para um terço.
FÁBRICA da Honda
em Itirapina (SP), pronta desde 2016 e mantida fechada em razão da queda de
mercado, começa a produzir este mês. Primeiro produto, o Fit, se beneficiará de
linha de montagem e processos industriais bem mais modernos. City será o
segundo, seis meses depois. Até 2021, no ritmo de dois por ano, todos os
modelos serão transferidos de Sumaré (SP).
APERTO sobre
motoristas de aplicativos (Uber, 99, Cabify e outros), agora para valer, na
cidade de São Paulo. Todos serão obrigados a fazer um curso, passar por
aprovação, além de cadastro obrigatório. Há exigência de seguro para
passageiros e CNH para atividade remunerada. Veículos terão no máximo oito anos
de fabricação e serão inspecionados. Usuário, claro, pagará a conta.
TRAMITA na Câmara
dos Deputados um projeto de verdadeiro incentivo para quem não paga em dia IPVA, taxa de licenciamento e multas. Apreensão do
veículo ocorreria apenas quando as irregularidades fossem constatadas em segunda
abordagem do condutor entre 15 dias e 12 meses após a data da primeira
infração. Tal aberração não pode ser aprovada.
AINDA é cedo para
confiar, mas há um aspecto interessante do projeto de uma pequena empresa alemã,
a MWI. Propõe substituir velas de ignição por pulsos de micro-ondas, o que
baixaria a temperatura de combustão com ganhos de até 30% no consumo de
gasolina e até 80% de emissões danosas à saúde. Vantagem: poderia ser aplicado
em motores atuais.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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