A transformação em lei do programa Rota 2030 e a
regulamentação de alguns dos seus itens principais vão impactar as estratégias
de lançamentos de produtos fabricados no Brasil ou na Argentina, já a partir do
próximo ano. Um dos pontos sensíveis foi o enquadramento de modelos híbridos,
com motor flex, em uma nova categoria fiscal. Eles não estavam contemplados com
nenhuma diferenciação de imposto sobre os que utilizam apenas gasolina.
Deve-se destacar que um modelo com essa motorização, se abastecido
com etanol, apresenta emissão de CO2 (gás de efeito estufa) quase
igual à de um carro elétrico cuja bateria seja recarregada por energia de fonte
fóssil (termoelétrica a carvão, gás ou diesel). Tudo dentro do conceito de
ciclo fechado (do “poço” à roda, no jargão técnico).
A mudança fiscal levou a Toyota a anunciar, imediatamente,
que fabricará um automóvel com essa solução alternativa no Brasil, sem marcar
data ou apontar um produto. Mas é fácil concluir que se trata da 12ª geração do
Corolla, a ser lançada em agosto ou setembro próximo, e sua versão híbrida flex,
em novembro ou dezembro. Como o preço deverá ser um pouco mais em conta que o
atual híbrido Prius, este provavelmente deixará de ser comercializado aqui.
Outra japonesa, a Nissan, aproveitará para lançar o Kicks
e-Power, elétrico de baixo custo por utilizar um motor/gerador para carregar
uma pequena bateria de tração. O motor poderá usar etanol ou gasolina (flex) e
alcançar entre 25 e 35 km/l, respectivamente. Talvez fique para 2020.
Em 2019 haverá muitas novidades, embora não seja possível
prever todos os meses exatos. Logo em janeiro surge o Caoa Chery Tiggo 7
(versão de sete lugares do 5x), enquanto o Tiggo 8, também de sete lugares,
está previsto para dezembro. JAC T80 (7
lugares) estreia em fevereiro. Ainda no final
do primeiro trimestre chega às concessionárias o VW T-Cross, nova referência
entre SUVs compactos. A marca alemã também terá Polo e Virtus GTS, além do híbrido
Golf GTE. Será um ano muito forte para a GM. As principais atrações são a
segunda geração de Onix e Prisma (hatch e sedã mais vendidos no País) e a
estreia de novos motores de três cilindros. Previsão: meados do segundo
semestre.
Para a Hyundai, 2019 será importante com a segunda geração
dos HB20/HB20S (hatch e sedã), ainda no primeiro semestre, cuja diretriz de
estilo é o conceito Saga, exibido no recente Salão do Automóvel de São Paulo. Renault
terá reestilização de meia-geração do Sandero e do Logan, no segundo trimestre.
Peugeot 2008 e Suzuki Jimny (este apresentado no salão paulista) também receberão
atualizações mais profundas, no primeiro trimestre.
O mercado de picapes também terá novidades. Além da
Mercedes-Benz Classe X no segundo semestre, Ranger Storm foi confirmada para
novembro. Incógnita continua sendo a Renault Alaskan, irmã gêmea da Nissan
Frontier, em razão do imbróglio Carlos Ghosn que abala a aliança
franco-nipônica.
ALTA RODA
TIGGO 5X é aposta
forte da CAOA Chery nos SUVs. Com 2,63 m de distância entre eixos, garante
espaço interno superior aos atuais rivais. Conjunto mecânico de primeira linha:
motor turboflex de 1,5 L/150 cv (etanol) e câmbio automatizado de duas
embreagens (seis marchas) proporciona trocas bem rápidas. Freio de imobilização
elétrico automático é muito útil no para-e-anda do trânsito.
DESTACAM-SE ainda
no Tiggo 5x banco do motorista elétrico, monitoramento de pressão e temperatura
dos pneus, multimídia de 9 pol. e rodas de 18 pol. de diâmetro. Suspensão
poderia ser um pouco mais firme, mas o mercado tem preferido esse tipo de
acerto. Porta-malas de 340 litros é um ponto fraco. Preços bastante competitivos:
R$ 86.990 a 96.990.
EVOLUÇÃO de meia
geração do Honda HR-V destaca-se pelo acerto da suspensão. Um pouco mais macia,
sem comprometer comportamento em curvas, absorve melhor as irregularidades do
piso. Novos bancos aumentaram o conforto e “abraçam” melhor o corpo. Câmbio CVT
evoluiu discretamente, mas só na posição “S” da alavanca desempenho ganha vida.
OBSERVATÓRIO Nacional
de Segurança Viária (ONSV) analisou números de mortos no trânsito de 2011
a 2016. Houve redução de 15%, mas o Brasil não deve alcançar a meta proposta
pela ONU até 2020. Neste ritmo, a previsão é de que o Brasil registre 33 mil
óbitos/ano ao fim do prazo. Para cumprir o acertado, a mortalidade deveria cair
de 62.000/ano para 31.000/ano.
ESTUDO em parceria
J.D. Power Brasil/iCarros apontou quais as redes sociais mais utilizadas nas
pesquisas de compra. Os consultados podiam citar mais de uma e, assim, a soma
passa de 100%. Com 53% Facebook liderou, seguido por YouTube (40%), WhatsApp
(31%) e Instagram (17%). A última, no entanto, mostrou-se a mais eficiente na
decisão de escolha de um modelo.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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