Um estudo acaba de ser publicado pela organização não
governamental (ONG) Nossa São Paulo sobre o tempo médio de deslocamento na
capital paulista: caiu em torno de 10 minutos entre 2015 e 2018. Não representa
muito, mas se trata de algum avanço. O dado reflete uma modificação nos hábitos
trazida pelos aplicativos de mobilidade como Uber, 99 e Cabify. Esses serviços
já se estendem a mais de 100 cidades brasileiras.
Os meios de transporte usados pelos paulistanos mudaram em
três anos. Ônibus caíram de 47% para 43%, metrô de 8% para 7%. Carros particulares
subiram de 22% para 24%; aplicativos e táxis de 2% para 5%. Bicicletas de 1%
para 2%. Esse fenômeno tem sido detectado em outras grandes cidades no mundo e
começa a preocupar os administradores públicos. Uso menor do transporte
coletivo tende a torná-lo mais caro e desestimula investimentos na sua
melhoria.
Não à toa a prefeitura da cidade de Nova York entrou em
conflito com Uber e seu concorrente principal Lyft para limitar o número de
automóveis. Quer poder avaliar melhor o impacto no trânsito e nos custos de
transporte público. Essa discussão ainda continua por lá.
No Brasil, Uber está introduzindo uma versão mais simples (desenvolvida
na Índia) de seu aplicativo, para celulares de poucos recursos, a fim de
alavancar a modalidade Pool onde mais de uma pessoa é transportada por veículo.
Por outro lado, São Paulo foi a primeira cidade do mundo a lançar o serviço do
Waze de carona paga, desde agosto passado. Ideia é oferecer e pedir carona a um
preço entre R$ 4 e R$ 25. A empresa destaca se tratar de algo diferente, focado
em serviço solidário: motorista só pode oferecer duas caronas por dia. Como se
trata de experiência nova, não objetiva retorno financeiro no momento. A checar,
no futuro.
No levantamento da ONG citada não há referência sobre os
aplicativos de rotas alternativas como fator de melhor uso da malha viária e,
por consequência, tempos menores de deslocamentos. De fato, é difícil avaliar
esse impacto. No entanto, São Paulo é a cidade com o maior número de usuários do
Waze no mundo e o Brasil, como um todo, só perde para os EUA, na mesma
comparação.
Mas o aplicativo também falha. Há pouco mais de um ano houve
um grande engarrafamento em São Paulo porque os usuários foram canalizados,
erroneamente, para algumas avenidas. Mais recentemente houve queixas de voltas
desnecessárias e roteiros que levavam ao destino informado, porém do lado
oposto da rua ou avenida, causando transtorno e tempo maior de viagem. Outro
aplicativo, o Google Maps (Google é dona do Waze, embora sem interação), às
vezes indica rotas mais longas em dias e horários sabidamente sem problemas de
trânsito.
A exemplo de grandes empresas de TI, Google é refratária a
dar muitas explicações e Waze, pior ainda. Basta algo de errado acontecer. A
Coluna tentou, por dois meses, saber se houve disfunções temporárias, relatadas
por uso próprio e leitores, nos famosos algoritmos de roteamento. Google Maps
negou qualquer problema e se prontificou a checar o percurso errado. Waze nem
ao menos respondeu: deve se considerar à prova de erros.
ALTA RODA
NOVA família de
motores de três cilindros virá com os novos Onix e sua versão sedã, Prisma,
entre o final de 2019 e o começo de 2020. Conhecida como CSS (sigla em inglês
para Estratégia de Conjunto de Cilindros), incluirá versões de 1.000 e 1.200
cm³ tanto de aspiração natural quanto com turbocompressor. Consumo e desempenho
surpreenderão o mercado.
EMPRESA inglesa,
Camcon Automotive, promete para os primeiros anos 2020 um revolucionário avanço
para motores de combustão interna (MCI) em termos de consumo e emissões.
Micromotores elétricos comandarão digitalmente abertura e fechamento de válvulas,
eliminado atuais árvores, balancins, molas e correias. Espera-se sobrevida, antes
inimaginável, para os MCI.
APESAR de preço
nada camarada na faixa de R$ 400 mil, BMW X3 M40i montado em Araquari (SC)
garante fortes emoções. Começa pelo seis-cilindros em linha de 360 cv e 51 kgfm:
acelera com grande vigor para um SUV desse porte. Volante de ótima pegada, suspensão
bem firme e tração 4x4 complementam-se. Espaço atrás meio acanhado, mas
porta-malas é bom.
ESTUDOS da
Empresa de Pesquisas Energética (EPE) apontam um fosso abissal entre os
hemisférios Norte e Sul em termos de veículos elétricos e híbridos. Por seu
alto preço, EPE estima que os dois somados representem apenas 2,5% das vendas
em 2026, no Brasil (hoje, 0,2%). Os mais otimistas, no entanto, acreditam em
participação de 30% em 2030. Haja otimismo!
PRIMEIRAS revisões
gratuitas eram comuns nos primórdios da produção nacional de veículos, nos anos
1960. Carros menos confiáveis levavam a indústria a estimular passagem pelas
oficinas. Depois, caiu em desuso. Essa estratégia tem voltado pontualmente,
dessa vez como alternativa aos tradicionais descontos que acabam por desvalorizar,
mais adiante, um modelo no mercado de usados.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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