A quinta série de resultados de 2018 do Programa de Avaliação de Veículos Novos para a América Latina e o Caribe (Latin NCAP) evidencia a fraca proteção para adultos do Hyundai Accent e a melhoras na proteção contra impactos laterais do Ford Ka. A exemplo de seu arquirrival - o Chevrolet Onix - o Ka obteve um péssimo desempenho no crash-test lateral em 2017, obtendo nota zero em proteção. Com o face-lift promovido este ano, o modelo da Ford recebeu reforços estruturais na carroceria.
Fabricado no Brasil, o Ka agora obteve três estrelas de proteção a adultos (22,83 de 34 pontos possíveis) e quatro estrelas para a proteção das crianças (35,41 de 49 pontos possíveis). O resultado do teste de impacto frontal de 2017 foi reaproveitado, bastando à Ford ceder um carro fabricado este ano para a realização do teste de impacto lateral.
As unidades do Ka reforçadas são as produzidas desde 12 de junho de 2018 (a partir do código de chassi 9B9BFZH55U7K8206502). Estes carros possuem reforços estruturais na coluna lateral e elementos de absorção de energia nas portas. O resultado não foi maior porque a proteção ao tórax no impacto lateral ficou além do esperado. Os bonecos (dummies) traseiros representam crianças de 3 anos e de 18 meses. O modelo dispõe de ancoragens ISOFIX e Top Tether para fixação de cadeirinhas, além dos cintos de 3 pontos e apoios de cabeça para os cinco ocupantes. Só nas versões FreeStyle e Titanium o modelo conta com um pacote mais abrangente de segurança, com seis airbags e controles de tração e estabilidade.
Já o Hyundai Accent, fabricado na Coreia do Sul, tirou zero estrela na proteção a adultos (0 de 34 pontos possíveis) e apenas uma estrela de proteção infantil (16,04 pontos de 49 possíveis). O Accent básico é vendido em alguns mercados latino-americanos sem airbags. O impacto da cabeça com o volante e a alta compressão no tórax do motorista explicaram a baixa pontuação para adultos, apesar da estrutura da carroceria ser considerada estável. O Accent não traz fixações ISOFIX e, para quem senta ao meio do banco traseiro, não há cinto de 3 pontos nem apoio de cabeça.
Além da proteção ao dummy de três anos ser fraca, vários modelos de cadeirinhas infantis não puderam ser adequadamente instalados no modelo. O impacto lateral do Accent não foi realizado, devido à zero estrela no impacto frontal. A Hyundai decepciona com esse baixo resultado, já que em outros mercados, a quantidade de equipamentos de segurança é bem maior.
Alejandro Furas, Secretário Geral do Latin NCAP, disse:
“É alentador encontrar mais modelos compactos com melhoras como o Ka; contudo, seu rendimento de segurança básico está ainda por baixo da versão europeia. É alarmante comprovar como fabricantes globais de veículos, como a Hyundai, continuam a vender carros zero estrela na América Latina, enquanto oferecem veículos cinco estrelas em modelos similares na Europa.
Com estes novos resultados, o Latin NCAP mostra, mais uma vez, que o mercado, junto com os consumidores, consegue a melhora de modelos populares antes e ultrapassando as regulações locais que, no melhor dos casos, apenas começaram a incluir proteção contra impactos laterais só para os novos modelos. Infelizmente, as regulações governamentais ainda não incluem o Controle Eletrônico de Estabilidade (ESC) e a proteção de pedestres, significando que a região ainda está 20 anos atrás da Europa, onde já contam com o ESC e proteção de pedestres e está se legislando para a Frenagem de Emergência Autónoma (AEB).
A informação independente para os consumidores se tornou uma ferramenta muito poderosa e eficiente que já está impulsionando o mercado latino-americano para outros mais seguros. Os governos deveriam oferecer incentivos, alentar e promover a qualificação obrigatória para todos os automóveis vendidos em seus mercados, acelerando a mudança em direção a veículos mais seguros. Os governos deveriam motivar e criar incentivos para os carros com tecnologias de segurança ativa, como os sistemas ESC e AEB, com a finalidade de alterar os níveis de segurança dos veículos novos vendidos na região e alinhá-los com os requisitos mundiais".
Ricardo Morales, Presidente da Comissão Diretiva do Latin NCAP, disse:
“Recebemos com grande entusiasmo as melhoras voluntárias realizadas pela Ford, reagindo ao ruim resultado obtido previamente no Latin NCAP, mostrado quão efetivos são os programas de testes de consumidores. Este modelo foi melhorado antes e ultrapassando qualquer requisito do governo. Esperamos ver mais reações como esta ao se encontrar carros zero estrela na região. É inaceitável a política de duplo padrão que alguns fabricantes ainda têm para a América Latina e o Caribe".
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