Relacionamento entre quem compra e vende veículos passa por grande transformação. A transição não será tão rápida, mas há necessidade de manter flexibilidade para evitar que o mundo digital se sobreponha de maneira fria ao contato pessoal. Este foi o lema do 28º Congresso da Fenabrave, realizado ao longo de dois dias em São Paulo (SP), semana passada, tendo como pano de fundo o segundo ano consecutivo de recuperação de vendas.
Duas reivindicações do setor de concessionárias ainda patinam, sai ano, entra ano, e interessam também aos compradores: renovação de frota e inspeção veicular. O País precisaria de recuperação econômica consistente para dar sustentação a esses dois programas. Para complicar o Renave (Registro Nacional de Veículos em Estoque), que traria mais segurança jurídica e menores custos nas transações de carros usados, depende de integração entre todos os Detrans do País. Passados dois anos, ainda patina, como lembrou Alarico Assumpção Jr., presidente da Fenabrave.
Miguel Fonseca, vice-presidente da Toyota, chamou a atenção sobre o avanço do compartilhamento ou cobrança pelo uso. Vão exigir custos maiores de manutenção, pois os veículos deverão rodar até quatro vezes mais do que hoje. Sobre o crescimento avassalador dessa modalidade há dúvidas, já lembradas por essa coluna. No exterior, pesquisas apontam certa insegurança dos usuários sobre a forma como o carro foi guiado ou “abusado” anteriormente. Se o carro é seu, você sabe tratá-lo. Um estranho teria o mesmo cuidado?
De qualquer modo, novas ferramentas de comercialização chegaram para ficar. De acordo com o diretor do Itaú Unibanco, Rodnei Bernardino, o assistente digital apresentado no evento e disponível agora em setembro é um exemplo. “Um robô interage com o cliente por meio de perguntas e respostas. Assim, consegue captar praticamente todos os seus desejos por meio do aplicativo no PC ou smartphone. Da cor do veículo às condições do financiamento, a qualquer hora, nos sete dias da semana. Facilita a vida do comprador e agiliza o trabalho do vendedor na loja”, explica.
Para o CEO da plataforma iCarros, Ricardo Bonzo Filho, nenhum cliente ficará desassistido mesmo quando transações totalmente on line tornarem-se corriqueiras. “O atendimento presencial nunca deverá ser negligenciado”, defende.
As mudanças atingem também quem prefere vender o veículo usado numa transação direta entre particulares, sem participação de lojistas ou concessionárias. A internet abriu novas possibilidades e impressiona o número de sites em que é possível anunciar ou procurar o modelo desejado. Apenas um deles, OLX, que nasceu na Argentina e hoje de propriedade do grupo sul-africano Naspers, afirma ter 20 milhões de usuários por mês no Brasil e responder por mais de 25% do total de carros seminovos e usados comercializados. Tamanha concentração, em poucos anos de atuação, chega a assustar.
O jeito é se render ao pensamento de Alvin Toffler, escritor e futurista americano, falecido há dois anos: “O analfabeto do século XXI não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender.”
ALTA RODA
AGITAÇÃO nos EUA
sobre carros elétricos. Apple contratou ex-engenheiro chefe da Tesla, Doug
Field, o que levou a interpretações de volta ao interesse em produzir veículos.
Embora a gigante de US$ 1 trilhão nunca tenha anunciado o projeto, continua a
investir em tecnologia para autônomos. Quanto à Tesla, fechará seu capital. “Cansou”
de expor vexaminosos prejuízos...
ANFAVEA e Secretaria
Nacional do Consumidor ampliam o esforço para mais motoristas atenderem às
campanhas de revocação (recall) e assim corrigir itens de segurança defeituosos.
Índice atual é inferior a 50%, na média, e em alguns casos, abaixo de 40%. No
site da entidade agora há um link para dados específicos e atualizados: www.anfavea.com.br/recall.html.
SEGUNDA geração
de lâmpadas em LED da Philips abrange 80% da frota e sua durabilidade é quatro
vezes superior às halógenas convencionais. Capacidade de iluminação é quase
três vezes maior com um facho branco que descansa a vista. Custa aproximadamente
o quádruplo de uma lâmpada convencional. Deve-se registrar a modificação no
Detran.
MAIOR fabricante
de rodas de aço e de liga leve do mundo é uma empresa multinacional brasileira.
Iochpe-Maxion completa um século de fundação em novembro próximo. Empresa de
origem gaúcha diversificou sua atuação ao longo do tempo, até se concentrar em
rodas (adquiriu marcas consagradas no exterior), que representam 80%. Chassis e
longarinas são 20%.
DIVERSIFICAR também
é estratégico na Cummins, fabricante de motores pesados e geradores. Sabe-se
que veículos comerciais serão os últimos a migrar para a eletrificação, embora
ônibus e caminhões urbanos tendam a ser elétricos. Investe ainda em gás natural
(transforma ciclo Diesel em ciclo Otto), biocombustíveis e produção de baterias.
Marca americana completa 100 anos em 2019.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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