A inesperada morte de Sergio Marchionne, o ítalo-canadense responsável pela recuperação financeira de dois grandes grupos automobilísticos que acabou por fundir sob o nome Fiat Chrysler Automobiles (FCA), trouxe, além de enorme consternação, uma série de novos desafios. Todos propostos por ele mesmo, um executivo altamente dinâmico, cerebral e impulsivo.

Marchionne tinha um jeito próprio de trabalhar, desde que entrou na empresa em 2004. Primeiro passo foi obrigar a GM a assumir a Fiat ou pagar US$ 2 bilhões de indenização como rezava um contrato malfeito. Ele venceu a disputa e com esse dinheiro apostou tudo na releitura moderna do subcompacto 500, em 2007, transformando-o em grande sucesso. Em 2009, foi sozinho aos EUA convencido de que poderia salvar a concordatária Chrysler. A empresa pertencia ao governo americano, que a entregou de graça para se livrar do problema.
Cinco anos depois, em 2014, promoveu a fusão e prometeu zerar toda a dívida da FCA em 2018. Promessa cumprida. Marchionne não tolerava erros e nem contestações. Assim dois Luca, de Meo (Fiat) e di Montezemolo (Ferrari), bateram de frente e saíram. Mas ele continuou. Também não desanimou ao errar seguidas previsões de vendas para as marcas Alfa Romeo e Lancia.
Em 1º de junho último, em Balocco (Itália) apresentou a investidores o segundo plano quinquenal (2018-2022) a ser tocado por seu sucessor, a partir de abril de 2019. Em lance audacioso, diminuiu bastante o volume de investimentos nas marcas Fiat e Chrysler, em favor das mais rentáveis Jeep, Ram, Alfa Romeo e Maserati. Já tinha a resposta pronta, quando questionado se não havia contradição com o próprio nome da empresa: “Acho que não. Há uma marca premium que também não está na razão social”, disparou. Todos entenderam se tratar da Daimler, dona da Mercedes-Benz.
Apesar da profunda admiração do seu nome nos meios automobilístico e financeiro, alguns analistas consideram como bem mais desafiadores os próximos cinco anos da companhia. Marchionne já tinha escolhido seu sucessor, mas só pretendia anunciá-lo adiante. Ele não se aposentaria de vez, pois continuaria na presidência da Ferrari e, claro, de olho no seu ungido para ajudar no que fosse possível.
O inglês Mike Manley, líder da Jeep e Ram, comandará agora a empresa por escolha de John Elkann, neto do falecido Gianni Agnelli, da família fundadora da Fiat. Manley é um executivo muito competente, mas a sua ascensão levou ao pedido de demissão de Alfredo Altavilla, um dos cotados para a sucessão. Deixou sinal de divisão interna, embora se especule que havia um terceiro nome de preferência do desparecido executivo.
Marchionne sempre defendeu a consolidação de grandes grupos automobilísticos. Ideia era enfrentar a imensa necessidade de capitais e reinventar essa indústria no disruptivo campo da mobilidade do futuro. Tentou, de público, acordo com a GM por considerar existir fortes sinergias entre os dois grupos, mas foi rechaçado provavelmente por mágoas do passado. Antes havia conversado com a PSA e, há pouco, com a chinesa Geely.
Talvez, agora, com um anglo-saxão à frente da FCA o diálogo seja reaberto. Marchionne aplaudiria de pé.
ALTA RODA
PELA primeira vez, Gol e Voyage passam a oferecer câmbio automático. É um Aisin (japonês) de seis marchas que forma conjunto com o motor EA 211 de 1,6 L/120 cv (etanol). VW afirma que a opção, em torno de R$ 3.000, é mais acessível que os R$ 4.000 da média de mercado. O preço do Gol parte de R$ 54.580 e do Voyage, 59.990.
MARCA alemã também lançou Polo e Virtus com o mesmo motor e câmbio (antes só manual) por R$ 62.690 e 66.525, na ordem. Estima-se que, em apenas dois anos, 60% de todo o mercado brasileiro será de automáticos – hoje, 40%. Programa para pessoas com deficiência (PCD) tem estimulado a demanda. Como há limite de preço de R$ 70.000, carros compactos, aos poucos, tomarão o lugar dos médios.
ARGENTINA tornou-se celeiro das picapes médias. Nissan acaba de inaugurar nova fábrica em Córdoba para 70.000 unidades/ano de Frontier e, no final do ano, Renault Alaskan e Mercedes-Benz Classe X. Em dois meses, o modelo argentino substituirá o mexicano no Mercosul. Haverá duas novas versões e alguns reforços estruturais em relação à atual picape.
CARRO autônomo de Nível 3 (motorista pode largar o volante, mas deve monitorar o tráfego) tem preço estimado em US$ 30.000/R$ 115.000, apenas pelo equipamento. Equivale quase aos US$ 35.000/R$ 133.000 de um modelo elétrico básico nos EUA. Por isso, Audi ainda não revelou o preço do A8 autônomo. Estima-se que em cinco anos opção custaria U$$ 10.000/R$ 38.000.
APENAS três dos cinco fabricantes com efemérides em 2018 se movimentaram no exterior para comemorar. Renault (120 anos), Porsche e Land Rover (ambas fundadas há 70 anos). Honda (70 anos) e Subaru (60 anos) até agora deixaram passar em branco. Ford, a marca mais antiga instalada no Brasil, vai comemorar 100 anos de atuação aqui em 2019.

Comentários
Postar um comentário
Na seção de comentários do Auto REALIDADE você está livre para escrever o que você achou da matéria.
Caso você queira fazer perguntas maiores, incluir fotos ou tirar dúvidas, envie e-mail para blogautorealidade@hotmail.com
Sua opinião é muito importante para o Auto REALIDADE! Estamos a disposição no Facebook (http://www.facebook.com/AutoREALIDADE), no Instagram (http://www.instagram.com/autorealidade e no Twitter (@AutoREALIDADE).