Avaliação: Fiat Toro Freedom 1.8 consome menos gasolina e traz mais equipamentos


Fotos, vídeo e texto | Júlio Max, de Teresina (PI)
Colaborou nesta avaliação | Juliana Raquel
Agradecimentos | Assessoria de Imprensa Fiat-Chrysler

Dois anos atrás, a Fiat apostou no Toro para se estabelecer em um novo segmento de picapes - sem se basear na plataforma de um carro compacto (como a Strada, derivada do Palio), muito menos numa carroceria sobre chassi (a exemplo de todas as picapes médias). A fórmula escolhida pela marca foi esticar a arquitetura usada nos Jeep Renegade e Compass, que possibilitaram criar uma picape que pudesse atender aos anseios gerais do público brasileiro e ser exportada atendendo aos requisitos de qualidade e segurança de outros mercados. E deu certo: do lançamento até abril de 2018, a picape acumulou 108 989 unidades emplacadas no Brasil. Agora, o Auto REALIDADE teve a oportunidade de analisar minuciosamente a nova versão Freedom 1.8 Flex, que passa a trazer melhorias para entregar mais desempenho no dia-a-dia com menor consumo de combustível e também incorpora diversos equipamentos antes só oferecidos como opcionais.



O design do Toro continua agradando mesmo com sua popularidade nas ruas (ganhando inclusive algumas vagas em frotas de locadoras). No segmento de picapes, seu estilo é um dos mais originais. A frente alta se destaca pelos LEDs de posição unidos pela barra cromada. Abaixo, estão a grade do radiador e os faróis baixo e alto. Mais abaixo, ficam os faróis de neblina (com molduras cromadas e com função de acendimento em curvas a até 40 km/h) e a abertura interior do para-choque.


Sua lateral é marcada pelos para-lamas volumosos e vincos fortes nas laterais, além das molduras plásticas de proteção. Sobressaem-se as barras de teto e as rodas de liga leve, de 16 polegadas.



Atrás, as lanternas de LED com luzes de seta escondidas por lentes que trazem triângulos estilizados chamam atenção, assim como a tampa traseira bipartida, com o escudo da Fiat ao centro, que abriga a câmera de ré. Protetor de caçamba e capota marítima vêm de série. A lanterna de neblina do lado esquerdo no para-choque foi eliminada, abrindo espaço para a segunda lâmpada de ré.


Se por fora o Toro agrada, por dentro as impressões também são boas. Seu volante, revestido de couro, conta com revestimento de couro e ajuste de altura e profundidade, além de vários botões para facilitar a vida do motorista. No raio esquerdo concentram-se os comandos de computador de bordo, e do lado direito, as funções do controlador automático de velocidade. Atrás dos raios, estão botões que controlam o som, alternando faixas ou alterando o volume. Há ainda as aletas para trocas sequenciais de marcha. À esquerda do painel estão o botão de acendimento dos faróis de neblina e o ajuste manual de luminosidade (que afeta não apenas o quadro de instrumentos, como outros comandos iluminados da cabine). Há também um sensor de luminosidade dentro do quadro de instrumentos que faz este ajuste de forma automática.


O acabamento interno demonstra cuidados raros inclusive no segmento superior das picapes médias. O teto possui forro de tecido e as alças têm retorno suave, com ganchos para pendurar cabides e lâmpadas de cortesia para quem senta atrás. As portas da frente trazem uma área revestida em couro e os apoios para as mãos trazem revestimento macio ao toque. O painel é todo de plástico rígido, com encaixes bem-feitos e variações de texturas - ao centro, a moldura do sistema multimídia traz a cor preto-brilhante. Há também fundo emborrachado nos porta-objetos do console central. Até os fechos dos cintos trazem carpete nas laterais para minimizar pequenos barulhos.


O quadro de instrumentos é bem completo, contando com um computador de bordo que contém várias informações: velocidade digital com limitador, trip A e B, autonomia e consumo instantâneo de combustível, informações de som e GPS, além de tensão da bateria, pressão individual dos pneus, quilometragem restante para a revisão, horímetro do motor, temperatura do óleo e do câmbio, visor de portas abertas (inclui a tampa traseira mas não acusa o capô aberto), mensagens e alterações da disposição das informações no visor ou de configurações como a ativação ou não do airbag do passageiro dianteiro, por exemplo.


O sistema multimídia Uconnect não acompanhou as novidades já disponíveis em outros carros da FCA, mas cumpre bem seu papel. Os botões atrás dos raios do volante e ao centro do painel auxiliam na operação, e a tela de 5 polegadas é sensível ao toque. O GPS é bem informativo, incluindo informações sobre radares e pontos de interesse, minimizando a dependência do celular que Argo e Cronos exigem. A qualidade de som é razoavelmente boa, com grande amplitude de volume e 6 alto-falantes (4 nas portas e 2 no painel).



Há também conexão Bluetooth para streaming de áudio e chamadas telefônicas, duas entradas USB (uma delas voltada para os ocupantes de trás), entrada auxiliar, duas tomadas de 12 Volts e alteração de parâmetros pela central. Por ela é possível, por exemplo, prolongar o acendimento dos faróis segundos após o desligamento do carro, deixar o sistema multimídia ligado por até uma hora após desligar a ignição, destravar todas as portas ou só a do motorista, travar ou não as portas com o carro em movimento, etc.


A chave é do tipo canivete e, ao travar as portas pelo botão do logotipo Fiat, fecha também os vidros (curiosamente, ao ser apertado duas vezes, impede também que as portas sejam abertas por dentro), da mesma forma que segurar o botão de destravar as portas abre as janelas. Há também botão para destravar só a caçamba e o de acender o pisca-alerta por 3 minutos, para facilitar a localização do carro em ambientes pouco iluminados.



Os vidros têm acionamento por um toque e recurso anti-esmagamento, com botão para bloqueio das janelas traseiras. Tanto a porta do motorista quanto a do passageiro dianteiro trazem botões para travar e destravar todas as portas.



O ar-condicionado de duas zonas também é item de série nesta versão. Com ajuste de meio em meio grau entre 16 e 32º C, possui também o modo automático, que considera a temperatura externa e outras variáveis para ajustar a ventilação à temperatura adequada. Este ar é canalizado para o porta-objetos dentro do apoio de braço dianteiro. Destaque para os botões, emborrachados.



Há diversos porta-objetos pela cabine: a parte central do alto do painel possui um recipiente aberto, e há outro local acima do porta-luvas (este, por sua vez, com iluminação e tampa amortecida). Todas as porta contam com porta-latas/pequenas garrafas e o banco dianteiro do passageiro abriga um "secreto" porta-trecos de bom tamanho. O console central vem com um porta-copo, o motorista conta com porta-óculos e o porta-objetos sob o apoio de braço central tem boa área e um tapetinho emborrachado (removível, inclusive).


Quem senta atrás, além do bom espaço para pernas e cabeça, conta com porta-revistas atrás dos bancos dianteiros, lugar para por latas nas portas e um descansa-braço central, com porta-copos retrátil e um pequeno porta-objetos. O encosto do banco traseiro, inteiriço, é rebatível, mas o assento não.



Com iluminação de cortesia ao abrir as portas dianteiras, os retrovisores trazem também luzes de seta e ajustes elétricos, com função tilt-down ao engatar a ré (para que seja ativada, deve-se escolher a posição do espelho com a ignição ligada e o seletor do espelho deve necessariamente estar posicionado para o lado direito) e rebatimento elétrico por botão ou ao travar o veículo. Os espelhos nos para-sóis trazem iluminação ao abrir a tampa e há botão para desativar o alarme volumétrico da cabine.



No quesito segurança, o Toro traz um pacote abrangente de equipamentos. De série, esta versão traz controles de tração e estabilidade (que podem ser desativados por botão no console), assistente de partida em ladeiras, alerta sonoro para cinto de segurança desafivelado nos bancos dianteiros, ajuste de altura e pré-tensionadores dos cintos dianteiros, airbags frontais, freios ABS com EBD e assistente de frenagem de pânico (que atua quando o motorista pisa fortemente no pedal do freio sem soltá-lo), cintos de 3 pontos e apoios de cabeça ajustáveis para todos, acendimento do pisca-alerta em frenagens de emergência, presilhas nos tapetes dianteiros, fixações ISOFIX e Top Tether para cadeirinhas infantis... Com este conjunto, em março a picape obteve 4 estrelas de proteção a adultos e crianças nos testes de colisão do Latin NCAP. Mas quem quiser mais segurança poderá pedir como opcional o pacote Safety, que inclui os airbags laterais dianteiros, do tipo cortina e também para proteção dos joelhos do motorista (de lambuja, vêm os bancos de couro).


Quem acompanha assiduamente o Auto REALIDADE deve lembrar que em julho de 2016 realizamos uma avaliação do Toro Freedom, também 1.8. Em termos de equipamentos, só há diferenças entre o carro que dirigimos há dois anos em comparação ao atual na presença de duas luzes de ré (antes havia a lanterna de neblina) e no teto solar (que hoje só é oferecido como opcional na versão Volcano). Mas houve mudanças mecânicas substanciais de lá para cá. O motor 1.8 de 4 cilindros e 16 válvulas E.torQ VIS - sigla em inglês para sistema de admissão variável - passou a incorporar as melhorias inicialmente adotadas pelo Jeep Renegade, sob a nomenclatura Evo. Seu acionamento é por corrente.


Agora, existe o pré-aquecimento de combustível, que dispensa o inconveniente tanquinho de partida a frio (raramente ou nunca usado em regiões de clima quente ou quando o motorista não abastece com etanol). Porém, o rendimento de potência e torque permaneceram os mesmos. Com gasolina, são 135 cavalos a 5750 rpm e 18,8 kgfm de torque a 3750 rpm, enquanto com etanol o rendimento é de 139 cv e 19,3 kgfm, nas mesmas rotações. Mas agora, há o botão Sport, que permanece realizando as trocas de marcha de modo automático, porém "segurando" as marchas em rotações maiores do motor, minimizando a necessidade do motorista por o câmbio em modo sequencial e favorecendo maior desempenho - ao menos na teoria, pois na prática a aceleração é satisfatória até cerca de 80 km/h, custando mais a embalar a partir daí. Nosso tempo de 0 a 100 km/h, por exemplo, foi 1,9 segundo acima do que o declarado pela marca.


No uso urbano, o câmbio automático de 6 marchas em geral tem inteligência suficiente para engatar uma marcha adequada à situação (exemplo: retomada seguida de subida) e praticamente sempre irá fazer as trocas de maneira suave, exceto quando o motorista fizer mudanças agressivas no modo sequencial - que pode ser feito na alavanca ou nas aletas junto ao volante. Ao lado direito do volante estão os comandos do controlador e limitador de velocidade. Confira os resultados dos nossos testes de desempenho (realizados em ambiente seguro, com gasolina, ar-condicionado ligado, uma pessoa a bordo e medidos pelo app GPS Acceleration):

Aceleração de 0 a 100 km/h: 14,7 segundos
Retomada de 60 a 100 km/h: 11,3 segundos
Retomada de 80 a 120 km/h: 12,2 segundos

Segundo a Fiat, a picape atinge velocidade máxima de 175 km/h usando etanol (172 km/h com gasolina). A marca informa peso de 1619 quilos, mas este valor é aplicável à versão 1.8 básica, com menos equipamentos.



Com o Toro, o Auto REALIDADE inaugura a aferição do nível de ruído na cabine perceptível pelo motorista - sempre com vidros fechados, rádio desligado e ventilador do ar-condicionado ligado na menor velocidade. Os valores são aproximados. Confira os números:

Nível de ruído em ponto-morto: 34 dB
Nível de ruído a 40 km/h: 56 dB 
Nível de ruído a 60 km/h: 60 dB


Outra novidade do Toro 1.8 Flex, visando conter o consumo de combustível, é o Start&Stop, ativo toda vez que se liga o carro. Ao pisar no freio, o motor é desligado por um minuto (se o ar-condicionado estiver desligado, são 3 minutos de inatividade do motor). Todo o sistema elétrico, inclusive a assistência da direção, permanecem em operação, mas o motor só religa ao se retirar o pé do freio. Para lidar melhor com o liga-desliga, há uma bateria específica.


Vale lembrar que o Start&Stop pode ser desligado por botão, assim como o modo Sport, e não opera em algumas situações (como quando o carro não atingiu a temperatura adequada de funcionamento do motor, andou pouco de uma parada para a outra, se alguma porta estiver aberta ou o motorista estiver sem cinto, etc). Ainda tratando de medidas para reduzir o consumo de combustível, o monitoramento de pressão dos pneus passou a ser equipamento de série e os pneus, que eram Bridgestone Dueler H/T, passam a ser os Pirelli Scorpion Verde "All Season".


Na prática, o Toro 1.8 conseguiu médias de consumo urbano ligeiramente melhores em relação às versões 1.8 (6,0 km/l) e 2.4 (6,2 km/l) que já avaliamos: deixando o Start&Stop ativo em todas as situações e usando moderadamente o ar-condicionado, a média total ficou em 7 quilômetros por litro. O tanque de combustível possui a capacidade de 60 litros e sua tampa é aberta ao empurrá-la com o carro destravado.



Consumo médio de combustível (gasolina): 7,0 km/l
Distância percorrida: 278,8 quilômetros
Velocidade média: 17 km/h


Sua caçamba possui protetor plástico e capota marítima, além de duas travessas de reforço, ganchos de ancoragem protegidos por borrachas, mangueiras e drenos para escoar água. Embutida no brake-light está a iluminação de caçamba, acionada por botão no console de teto e ativada só com o carro parado. A abertura do habitáculo sempre se dá primeiramente pela porta esquerda, que possui um botão atrás do escudo da Fiat. Aberta esta parte, tem-se acesso à alavanca que, empurrada para baixo, libera a porta traseira.



O estepe está fixado ao assoalho da caçamba e possui roda de aço de 16 polegadas com pneu 215/65, assim como os outros quatro no chão. Já que estamos falando de estepe, aqui vão outros lembretes: o triângulo de sinalização fica envolto num carpete que normalmente é fixado atrás do encosto do banco traseiro (puxa-se uma tira de tecido próximo ao encosto de cabeça do meio para ter acesso). Já o macaco e o kit de ferramentas estão no assoalho, debaixo do banco do motorista. A picape avaliada trazia no porta-luvas o kit de parafusos antifurto para as rodas (um por roda), que custa 400 reais.


A posição de dirigir lembra mais um SUV (como o Jeep Compass) do que uma picape média propriamente dita, ainda mais alta. Usar o Toro na cidade é um jogo de pontos e contrapontos. Por um lado, a assistência da direção elétrica progressiva - bastante leve em baixas velocidades - aliada aos espelhos retrovisores bem dimensionados, à boa visibilidade frontal e à presença de câmera de ré e dos sensores de estacionamento atrás, facilitam a tarefa de manobrar.

Vez ou outra, porém, é necessário sangue-frio para manobrar a picape em alguns locais, pois o raio de giro de 12,2 metros, mesmo sendo 0,7 metro menor em relação às versões diesel, é 1,5 metro maior em comparação a sua principal rival, a Renault Oroch. Além disso, a visibilidade pelo retrovisor interno é parcialmente comprometida pela caçamba. Em compensação, o conjunto de iluminação é muito bom. Os freios ancoram bem a picape quando demandados, mesmo com os tambores nas rodas traseiras (na frente, são discos ventilados).


No convívio urbano, um dos principais destaques vai para o conjunto de suspensão independente com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos telescópicos de duplo efeito: do tipo McPherson na dianteira com braços oscilantes em aço estampado fixados ao subchassi e barra estabilizadora, e multi-link na traseira com links transversais e longitudinais, e barra estabilizadora. Mesmo sendo uma picape, suas reações ao volante são muito próximas de um SUV do que das tradicionais pick-ups construídas sobre chassi. A altura em relação ao solo de 23,3 centímetros favorece a transposição de irregularidades nas vias, bem como os ângulos de ataque (25,7 graus) e de saída (28,3 °).



Colocamos a picape para encarar um trecho fora-de-estrada com alguns desníveis e uma via com lama. E o Toro se saiu bem: os pneus são adequados para estes terrenos. A altura em relação ao solo elevada e o conjunto independente de suspensão fizeram a picape encarar tranquilamente esta trilha sem tração nas quatro rodas.


O público que não faz questão de todos estes equipamentos passa a ter a opção da versão Endurance (tabelada em R$ 90 990, mas ofertada por R$ 79 990 nas concessionárias), que traz o mesmo motor 1.8 Flex aliado ao câmbio automático de 6 marchas. Sua lista de equipamentos é parecida com a da versão Freedom mais básica até então, porém não há o rack de teto ou a capota marítima. E nem se iluda com a central multimídia (opcional) vista na foto mais abaixo, pois nem o rádio com tela monocromática (como a do Mobi e Uno) vem de série. Até o porta-escadas visto no carro das fotos, que integra o brake-light, precisa ser pago à parte.


Por aproximação, a maior rival do Toro Freedom Flex é a Renault Oroch Dynamique 2.0 com câmbio automático de 4 marchas. Seu preço de tabela com todos os opcionais é de R$ 92.280, incluindo a pintura metálica, revestimentos de couro e o kit estético Outsider, que inclui protetor plástico do para-choque com faróis auxiliares, alargadores nos para-lamas, grade de vidro traseiro e capota marítima.

 
Menor (com 22,2 centímetros a menos de comprimento, 2,3 cm mais estreita e com distância entre-eixos 16,1 cm menor), a Oroch não deixa de ser uma boa alternativa para levar cinco passageiros com mais conforto que a Saveiro Cabine Dupla, que só tem 2 portas (na Strada CD, só 4 pessoas se acomodam). A caçamba possui a mesma capacidade de carga do Toro (650 quilos), porém o volume é mais reduzido: 683 litros.


Em termos de acabamento interno, a Oroch perde feio: todos os materiais são notavelmente mais simples - uma das poucas exceções está no revestimento nas portas traseiras que a rival não traz. E, descontando o sistema multimídia mais completo da Renault, com tela touchscreen maior (7 polegadas), informações de tráfego (disponível só em algumas regiões) e avaliação do modo de condução do motorista ao longo de um percurso, a picape da Renault possui bem menos equipamentos que o Toro, principalmente quando o assunto é segurança: não há controles de tração e estabilidade, airbags laterais nem ancoragem para cadeirinhas infantis.


O conjunto mecânico da Oroch é composto por um ultrapassado porém forte motor, o 2.0 16 válvulas de 143/148 cavalos, atrapalhado pelo câmbio automático de 4 marchas, que mesmo com modo sequencial disponível (com trocas de marcha na alavanca), não traz uma relação de marchas adequada para reduzir os gastos com combustível. Resultado: a Oroch até arranca na frente, mas o consumo de combustível urbano é cerca de 10% pior, conforme dados do Inmetro (e o tanque de combustível é 10 litros menor). Por estas e outras discrepâncias, nem Fiat nem Renault consideram que suas picapes competem uma com a outra...


Poucas semanas antes da Fiat nos ceder esta unidade (que é 2017/2018), houve o lançamento da linha 2019 da picape, que alterou a lista de equipamentos das versões. Agora, todo Toro Freedom traz praticamente todos os itens presentes no carro das imagens, até então opcionais. Com todos os itens, incluindo a pintura metálica Prata Melfi (R$ 1930), o preço de tabela do Fiat Toro que avaliamos bate em R$ 110 910. Aos equipamentos de fábrica, soma-se o pack Safety (que por R$ 5990, inclui airbags laterais, de cortina e para os joelhos do motorista, além dos bancos parcialmente revestidos de couro; é possível também levar só os bancos em couro).


Da unidade 2018 que avaliamos para a 2019, só há três diferenças externas: a "nossa" ainda trazia o logotipo "AT6" na traseira (agora suprimido, pois não existem mais versões com câmbio manual para fazer a diferenciação visual) e a grade pintada em preto brilhante com frisos cromados foi retirada do novo modelo Freedom, mas em compensação agora traz o desembaçador traseiro. Além disso, na linha 2019 é possível adquirir os kits Protection (por R$ 899, adiciona para-barros e frisos nas portas na cor preta) e Chrome (inclui, por R$ 490, maçanetas externas cromadas e protetor de soleira cromado).


O Toro Freedom possui 4,915 metros de comprimento, 1,84 metro de largura (2,03 m com os retrovisores), 1,735 metro de altura e distância entre-eixos de 2,99 metros.

Confira o valor das revisões para esta versão, parceláveis em 4 vezes:
10 mil quilômetros - R$ 364,00
20 mil quilômetros - R$ 672,00
30 mil quilômetros - R$ 636,00
40 mil quilômetros - R$ 836,00
50 mil quilômetros - R$ 696,00
60 mil quilômetros - R$ 1232,00



Vale lembrar que é possível pacotes de revisões, de 2 a 10 revisões: as 2 primeiras revisões saem por R$ 985 (economia de 51 reais), as 3 primeiras revisões saem por R$ 1590 (economia de 82 reais), as 4 primeiras revisões custam R$ 2385 (economia de 123 reais), as 5 primeiras revisões por R$ 3047 (economia de 157 reais) e as seis revisões por R$ 4218 (economia de 218 reais).


A Fiat também oferece garantia estendida para 4 ou 5 anos, podendo ser aplicada só a componentes mecânicos (motor, câmbio, ar-condicionado, direção, freios, tração, conjunto elétrico e de refrigeração, injeção de combustível, juntas/vedações e suspensão) ou se estender ao carro inteiro. Para a cobertura do conjunto mecânico por 1 ano adicional paga-se R$ 831, e por 2 anos adicionais, R$ 1453; já a garantia total de 4 anos custa R$ 1262, e a de 5 anos, R$ 2211.



A assistência 24 horas também é opcional, com diversos planos e aplicável por 1 ou 2 anos. O plano Essencial (R$ 289, 1 ano, ou R$ 489 por 2 anos) inclui serviço de reboque, socorro mecânico, retorno dos passageiros do veículo ou prosseguimento de viagem, transporte para retirada do veículo após sua reparação, hospedagem de passageiros e serviços de concierge. O plano Leva e Traz (R$ 389) inclui somente a busca do veículo para revisões, com entrega no local apontado pelo proprietário. Há ainda o "Essencial +" (R$ 499, 2 anos), com a cobertura de carro reserva. E o Supremo (R$ 529 por 1 ano e R$ 979 por 2 anos) inclui todos os serviços descritos.

Boletim comentado do Fiat Toro Freedom 1.8 Flex


Design = 9,25
O Fiat Toro continua tendo no seu visual um de seus maiores apelos de vendas. Sim, é um estilo pouco convencional, com as luzes de posição em LED desmembradas dos faróis principais, e a tampa traseira dividida em duas partes. Mas a carroceria transpira robustez e equilíbrio nas formas e vincos. Em relação à versão básica Endurance, este modelo Freedom possui vários diferenciais no visual externo: capas dos retrovisores e maçanetas pintadas, rodas de liga leve (também de 16 polegadas), molduras cromadas dos faróis de neblina, rack de teto, capota marítima, luzes de cortesia ao abrir as portas... Sem dúvidas, uma picape muito apresentável.

Espaço interno = 9,0
Considerando-se que sua carroceria tem entre 30 a 40 centímetros a menos de comprimento do que a maioria das picapes médias, o habitáculo para passageiros é muito bem aproveitado, com espaço amplo para cabeça, ombros e pernas de quatro adultos e uma criança (ou em alguns casos 5 adultos, se quem sentar no meio conseguir apoiar as pernas no túnel central, que não é tão elevado). Há também diversos nichos espalhados pela cabine para guardar objetos e uma caçamba de 820 litros bem protegida.

Conforto = 9,0
Continua sendo um dos destaques do Fiat Toro: direção suave nas manobras, suspensão que filtra bem as irregularidades do solo, ótimo isolamento acústico da cabine, bancos ergonômicos e boa posição de dirigir (com bons ajustes para volante e assento do motorista), além de ar-condicionado eficiente, nível de vibrações razoavelmente contido, apoio de braço dianteiro com regulagem longitudinal, alças fixas nas colunas dianteiras para facilitar o acesso à cabine, pedais que demandam pouca pressão... Neste segmento, é uma das referências.

Acabamento = 8,75
Para o segmento, o Toro conta com materiais e montagem das peças exemplares, que além de causarem boa impressão aos ocupantes, minimizam ruídos a bordo. Revestimentos em couro de boa qualidade, acabamentos emborrachados nos porta-objetos centrais e apoios de porta, tapetes em carpete (inclusive nas ferramentas), parafusos e trilho dos bancos cobertos... Até a capa do manual do proprietário e outros documentos é feita de couro. Contudo, as portas traseiras não trazem revestimento em couro (uma falta de continuidade que se generalizou entre os novos carros) e, em pisos irregulares, alguns plásticos do painel rangiam, mesmo tendo rodado pouco mais de 6 mil quilômetros.

Equipamentos = 9,0
A lista de equipamentos de série do Toro Freedom passou a ser muito mais satisfatória, evitando ao consumidor encomendar um pedido muito específico para a fábrica. Itens antes só disponíveis como opcional, como ar-condicionado digital dual-zone, central multimídia, rodas de liga leve, sensores de chuva e de luminosidade, sensor de estacionamento traseiro, retrovisor interno eletrocrômico, câmera de ré... O único item que nas primeiras levas da picape era opcional nesta versão e não está mais disponível é o teto solar elétrico. Curiosamente, o sistema multimídia com tela de 6,2 polegadas, TV digital e DVD player que era opcional para esta versão na linha 2018, só está disponível nas versões Endurance (opcional) e Blackjack (de série) na linha 2019.

Desempenho = 8,5
Apesar de algumas críticas da mídia especializada neste quesito, para o uso urbano o Toro 1.8 se saiu bem em praticamente todas as situações urbanas, entregando um desempenho consistente mesmo em subidas. Porém, quando demandada ao limite, de fato demora a embalar nas acelerações e retomadas. Merece menção honrosa o câmbio automático, que passa as seis marchas com muita suavidade e, mesmo com relações que objetivam economizar combustível, entende bem quando o motorista pisa mais forte no acelerador (mantendo marchas mais baixas para caso for preciso retomar velocidade) ou inicia uma subida. O maior destaque vai para o comportamento nas curvas: além dos controles eletrônicos de prontidão, a carroceria construída sobre monobloco é bem mais assentada do que as tradicionais picapes feitas sobre chassi, permitindo fazer curvas em velocidades maiores.

Segurança = 9,5
Felizmente, a Fiat voltou atrás e, na linha 2019, disponibiliza novamente o pacote que inclui os airbags laterais, de cortina e para os joelhos do motorista na versão Freedom (entre o lançamento da linha 2018 e a versão 2019, este complemento de segurança só estava presente na versão topo-de-linha Volcano). De acordo com os ensaios do Latin NCAP realizados este ano, nos quais a picape obteve 4 estrelas de proteção a adultos e crianças, a nota máxima só não foi alcançada porque a ausência dos airbags laterais fez com que, no impacto lateral, a proteção ao tórax foi "marginal" (no limite). Bolsas de ar à parte, o Toro traz um abrangente pacote de equipamentos de segurança passiva: freios ABS com EBD e assistente de frenagem de pânico, controles de tração e estabilidade, Hill Holder, cintos de 3 pontos e apoios de cabeça para todos... Ah, e os freios são muito bons.

Consumo de combustível = 7,5
Percebemos uma sensível economia de combustível, devida principalmente à adoção do Start&Stop, que "apaga" o motor na situação onde ele mais gasta combustível - as paradas de trânsito. Porém, a redução do consumo não chegou perto dos dados certificados pelo Inmetro. Se o Toro 1.8 que avaliamos em 2016 fez média de 6 km/l, o novo modelo conseguiu fazer exatamente 7,0 km/l (um pouco distante, portanto, dos 8,3 km/l na cidade com gasolina declarados pelo órgão). Após pouco mais de 278 quilômetros, devolvemos a picape com pouco mais de 1/4 do tanque de combustível.

Custo-benefício = 9,25
A Fiat demonstrou que aprendeu uma lição básica do mercado: carros com muitos equipamentos opcionais, além de geralmente fazer o consumidor esperar mais para a fábrica cumprir a demanda específica (ex.: adicionar só um dos 4 pacotes de opcionais), tendem a se desvalorizarem muito mais (quando se referencia à tabela Fipe do carro sem opcionais, por exemplo). Quem adquirir um Toro 2019 para casa terá um produto com melhorias em relação a dois anos atrás, que lhe renderam um acréscimo de 2 décimos em sua nota final nos parâmetros de avaliação do Auto REALIDADE: maior rendimento com o regime de marchas no modo Sport, desligamento do motor nas paradas de trânsito e inclusão de equipamentos fizeram bem à picape, que continua vendendo muito bem no Brasil, só atrás da Strada (com versões bem mais baratas e grande público que a compra através das vendas diretas). Este sucesso, com certeza, irá mobilizar outras montadoras a criarem rivais para o Toro, um carro que se revela bastante prático no uso cotidiano, aliando a pegada ao dirigir e a quantidade de equipamentos de comodidade e segurança de um utilitário esportivo com a desejada caçamba, sem ser grande em demasia como as picapes médias.

Nota Final = 8,9

As notas são atribuídas considerando a categoria do carro analisado, os atributos oferecidos pelos concorrentes, além das expectativas entre o que o modelo promete e o que, de fato, oferece. Frações de pontuação adotadas: x,0, x,25, x,5, x,75. Critérios - Design = aspecto estético do automóvel. Espaço interno = amplitude do espaço para passageiros (dianteiros e traseiros, de acordo com a capacidade declarada do carro), locais para por objetos e bagagem. Conforto = suspensão, nível de ruído, posição de dirigir, comodidades. Acabamento = atenção aos detalhes internos, escolha de materiais e padronagens. Equipamentos = itens de tecnologia e conforto inclusos no automóvel avaliado. Desempenho = aceleração, velocidade máxima, retomada, comportamento em curvas. Segurança = visibilidade, itens de proteção ativa e passiva, frenagem. Consumo = combustível gasto e autonomia. Custo-benefício = relação de vantagem entre o preço pago e o que o carro entrega.


Vem conferir a Galeria de Fotos do Fiat Toro Freedom 1.8 Flex AT6!





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