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Duas boas notícias brindam esse fim de ano e resolvem – ou pelo menos indicam caminhos – algumas pendências legislativas sobre assuntos de alto interesse para os consumidores de veículos, os fabricantes, os três níveis de governo e os cidadãos comuns, incluídos os não motorizados. Os temas são sensíveis: emissões e segurança passiva/ativa.
Esta Coluna sempre defendeu a Inspeção Técnica Veicular (ITV) de forma integrada, ou seja, um único centro de controle capaz de verificar simultaneamente itens ligados à poluição atmosférica e aqueles vitais para circulação segura. Inspiração é o modelo europeu bastante testado, a custos suportáveis e vigente por mais de meio século. Parece surreal que o Código de Trânsito Brasileiro, desde 1997, tenha previsto um programa nacional de inspeções e “apenas” 20 anos depois tenha sido regulamentado.
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O Estado do Rio de Janeiro criou um arremedo de ITV, a partir de 1998, mas sempre foi algo polêmico e sem grande rigor técnico. Agora, a Resolução 716 do Contran estabelece a data de 31 de dezembro de 2019 para todos os governos estaduais iniciarem as inspeções. O prazo parece bem apertado e é improvável que os 26 Estados e o Distrito Federal cumpram integralmente o cronograma.
Persistem algumas dúvidas. As inspeções serão bienais e a partir do quarto licenciamento (veículos com mais de três anos de uso). No Rio de Janeiro é anual e teria, em teoria, de se ajustar. Também faltam esclarecimentos sobre periodicidade menor para motocicletas (por seu uso intensivo) e veículos leves a diesel (limites frouxos de emissões). Precisaria ainda uma campanha de esclarecimento para convencer muitos motoristas de que o valor da tarifa compensaria os gastos com a falta de manutenção preventiva. Por fim, possibilitaria algum grau de renovação da frota em médio prazo.
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Ainda mais importante é a Resolução 717. Trata de uma previsão sobre itens de segurança que passarão a ser exigidos de todos os veículos novos importados ou produzidos no Brasil. Finalmente há uma iniciativa de racionalidade e, acima de tudo, de previsibilidade em um campo onde o País precisa avançar. No total são 38 regulamentações, de diferentes níveis de complexidade, porém respeitarão prazos rígidos de estudos e posterior implantação.
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Estaria aberta, assim, a possibilidade em médio termo de um racional e efetivo Brasil NCAP (sigla, em inglês, para Programa de Avaliação de Veículos Novos), outra bandeira desta Coluna. Com uma frota de mais de 42 milhões de veículos leves e pesados, que continuará a se expandir ainda por muito tempo, é perfeitamente factível criar um roteiro de médio e longo prazos. O objetivo está claro: adequar nível maior de segurança aos volumes de produção que promoveriam uma relação harmoniosa entre custos, escala econômica e, principalmente, dentro do poder aquisitivo de quem compra os veículos.
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Não basta oferecer modelos mais seguros. Precisam estar dentro da realidade do mercado nacional (ou regional, no caso Mercosul). Exigências em países desenvolvidos servem de parâmetro, mas tentar replicá-las aqui por mero voluntarismo, trata-se apenas de jogo de cena.
RODA VIVA
OTIMISTAS dessa vez acertaram. Anfavea admite que as vendas ao mercado interno, a partir dos números consolidados até novembro, deverão crescer 10%, acima de sua previsão de 7,3% para 2017. No mês passado, a média subiu para mais de 10.000 emplacamentos/dia e estoques se mantiveram dentro da normalidade: 34 dias. Só nível de financiamentos ainda preocupa.
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EXPORTAÇÕES, por sua vez, continuam batendo recordes históricos seguidos. Este ano devem crescer cerca de 50% sobre 2016, o que impulsionou a produção e a recuperação de empregos. Até meados de 2018 todos os funcionários em layoff (suspensão temporária de trabalho) voltarão aos seus postos. Para o próximo ano já se fala em crescimento de até 15% do mercado.
KWID pode demorar ainda alguns meses para se consolidar no mercado de subcompactos, porém continua com ótima relação preço-benefício. Internamente, um pouco estreito e rústico no acabamento. Porta-malas muito bom, mas tanque de combustível é pequeno. Faltam apoio para pé esquerdo e pouco mais de “peso” no volante. Desempenho coerente com a proposta.
POLO foi eleito Carro do Ano 2018 pela revista Autoesporte. Outros vencedores: Audi A5 (Carro Premium); BMW Série 5 (Carro Superpremium); Nissan Frontier (Picape); Ford 1,5 3-cilindros, do EcoSport (Motor abaixo de 2 litros) e Chevrolet Ecotec, do Equinox (Motor igual ou acima de 2 litros). No total, 29 jornalistas e engenheiros votaram nessa 51ª edição do prêmio.
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SSANGYONG ainda não fixou preços para os quatro produtos que chegam a partir de março próximo. Três SUVs e uma picape, no entanto, têm faixas de preços estimados bem competitivas. Importadora Venko espera comercializar até 10.000 veículos/ano (incluído novo Rexton), sem fixar datas. Com 30.000 veículos/ano seria possível pensar em operação CKD.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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