Realizado nos anos ímpares, o Salão do Automóvel de Buenos Aires alterna-se nos anos pares com o de São Paulo. Naturalmente é bem menor em área de exposição e nas edições anteriores tinha em geral poucas novidades. A mostra que estará aberta até o próximo dia 20 dessa vez surpreendeu. Até modelos previstos para estrear primeiro aqui e depois lá foram exibidos no centro de exposições La Rural.
Um deles era o Chevrolet Equinox, sucessor do Captiva a ser importado do México, com lançamento previsto no Brasil para novembro próximo. A GM pretende, de início, oferecer o SUV apenas com motor a gasolina, 2 litros turbo/262 cv e tração 4x4. O preço não foi revelado, mas vai girar em torno de R$ 150.000 por estar isento de imposto de importação. Pouco maior que o Jeep Compass, é possível que versões mais baratas cheguem depois.
Novo Ford EcoSport também não esteve em novembro passado no Salão de São Paulo, mas deu as caras sem disfarces na capital portenha. A versão era a de topo Titanium, com motor de 2 litros e interior totalmente renovado inclusive com tela multimídia do tipo tablete de 8 pol. Será lançado aqui no próximo mês e estreia o motor de 1,5 litro, 3 cilindros e 137 cv (etanol).
A Renault mostrou o novo subcompacto de suspensão elevada Kwid, agora de portas abertas (em São Paulo estavam fechadas) e surpreendeu anunciando os preços antes mesmo do lançamento aqui em julho: R$ 29.990, R$ 34.990 e R$ 39.990. À exceção do Chery QQ, será o modelo mais barato em produção no Brasil e trará de série airbags frontais e laterais, ampliando a estratégia quando do lançamento do Clio em 1999: primeiro compacto com airbags de série.
Outro mexicano em exposição, o Tiguan Allspace de sete lugares chegará no começo de 2018 e reforça a aposta da marca alemã em SUVs. Aproveitou e exibiu o Atlas, um SUV peso-pesado fabricado nos EUA, com intuito de testar sua aceitação nos dois maiores mercados na América do Sul.
A Argentina atravessa um período de rápido crescimento de vendas. Deve atingir 800.000 unidades este ano e um incentivo específico para picapes levou a Toyota Hilux a liderar o mercado pela primeira vez na história. Por isso, não se estranham tantas versões especiais de picapes como a própria Hilux Iron, Chevrolet S10 Trailboss, Nissan Frontier Attack e Fiat Toro Black Jack. VW Amarok com motor V-6 Diesel já está à venda lá, a mais potente dessa classe.
Até a Mercedes-Benz Classe X foi exibida com menos disfarces, porém o lançamento só ocorrerá em 2019. Sua produção no país vizinho aproveitará a sinergia com os modelos “plebeus” Nissan Frontier e Renault Alaskan (PSA também responderá com modelo similar de mesmo porte, mas ainda não confirmou pormenores).
Outras surpresas em Buenos Aires incluem modelos que serão importados com baixo volume: Toyota C-HR híbrido, um SUV compacto de linhas bastante audaciosas, Honda Civic Type R com enorme asa traseira e, possivelmente, o DS7 Crossback quando a PSA concluir a reformatação de sua marca de topo no Mercosul. A Audi discretamente apresentou o Q2, um SUV compacto sobre a base modular MQB dos novos A1 e Polo, o que pode dar asas à imaginação.
RODA VIVA
AGORA é oficial. Gol volta a ser o modelo de entrada da Volkswagen, confirmado pelo presidente da empresa, David Powels, durante o Salão de Buenos Aires. O up! fica colocado logo acima, apesar de se enquadrar como subcompacto, a exemplo do Mobi e Kwid. Novo SUV compacto, o T-Cross, será fabricado no Paraná em 2018. Lá se produz o Fox: será que continuará?
ANFAVEA empreende esforço para aumentar protagonismo na OICA (Organização Internacional dos Construtores de Veículos Automotores). Para tanto sediou recentemente e, pela primeira vez, o 174° encontro do Comitê Técnico da entidade mundial. Tudo para ter voz ativa em procedimentos de padronização, incluindo aspectos de interesse da indústria brasileira.
PARA o Denatran ainda há 94 milhões de veículos na frota brasileira, mas se trata de pura ficção. Se, em 50 anos, foram licenciados cerca de 100 milhões de veículos no total (73 milhões de autos e comerciais, mais 27 milhões de motos, arredondando), como só 6% estão sucateados? Causa fortes distorções de planejamento e até em estatísticas de acidentes.
TERCEIRO Simpósio de Eficiência Energética, Emissões e Combustíveis organizado em São Paulo, semana passada, pela AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva) destacou a proposta de Ricardo Abreu, da Mahle, sobre a possibilidade de produção de etanol com menor teor de água (1% apenas). Possibilitaria motores flex de maior desempenho e economia.
MESMO simpósio discutiu o aumento da octanagem da gasolina, em linha com propostas estudadas nos EUA e na Europa. Com adição de etanol isso seria mais fácil no Brasil. O consultor Alfred Szwarc chamou a atenção para o fato de que 64 países já utilizam ou têm meta de adicionar etanol à gasolina, a maneira mais barata de reduzir emissões de CO2.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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