Chevrolet Onix LT 1.0: o queridinho do Brasil, posto à prova



Quando foi lançado no Brasil, em 2012, o Chevrolet Onix mirava os representantes do segmento de hatches compactos, um segmento acima dos modelos de entrada (que na época era representada por Mille e Celta), para quem fazia questão de um modelo com itens como direção assistida e ar-condicionado de série. E com o passar do tempo, o Onix se tornou queridinho dos brasileiros. Como? Os ex-líderes Gol e Palio não se reinventaram, enquanto a rede Chevrolet conquistava consumidores argumentando para a relação custo-benefício - que não pode se ignorada em tempos de crise... Com a reestilização em 2016, o Onix chegou a vender mais do que em 2015!




Mas o que este carro tem para agradar tantos consumidores? Podemos começar pela aparência, que se não chega ao nível de equilíbrio transmitido pelo Hyundai HB20, porém inspira robustez e atenção aos detalhes. Este é o modelo 1.0 LT, o mais em conta com o novo visual (para quem busca um modelo mais barato há a versão Joy, com a mesma mecânica e a cara do velho Onix LS).


Os faróis de máscara negra tem novo formato na junção com a grade, que ficou mais larga e traz molduras prateadas. Os para-choques da frente e de trás, com mais vincos, sugerem esportividade. As calotas trazem estilo interessante, mas o tamanho (aro 14'') é desproporcional para as caixas de roda. Nas laterais, destaque para os vincos bem definidos, além de maçanetas e capas dos retrovisores na cor da carroceria. As lanternas também ganharam estilo mais ousado.


Por dentro, ainda que as frestas do painel com as portas e os plásticos rígidos reinem, o ambiente transmite um bom nível de conforto. O que enche os olhos de cara é o visor digital ao lado do conta-giros, que mede a velocidade de forma digital e mostra nível de combustível e avisos. Não há computador de bordo, mas a iluminação "Ice Blue" dá um tom futurista ao ambiente.


O volante passa a ter assistência elétrica progressiva, porém nesta versão a coluna é fixa. O banco do motorista regula em altura, porém o mecanismo por roldana (similar ao do HB20) é pouco ergonômico.


O ar-condicionado é item de série e passa a ser mais intuitivo, com menos botões: a refrigeração é ligada apertando o botão que regula a temperatura, e o desembaçador passar a funcionar nas velocidades mais altas do ventilador de ar.


Nesta versão, o queridinho dos consumidores - o sistema multimídia MyLink - é opcional. Mas num segmento onde Ka e HB20 trazem sistema de som de série, o Onix LT contra-ataca por um rádio que possui as principais funções da atualidade. Não tem CD Player, mas conta com MP3/WMA Player, entrada USB, rádio com função RDS e Bluetooth. Além disso, esta versão vem com o pacote Safe do OnStar, que não conta com os botões no retrovisor interno, mas já traz serviços como alertas de valet, monitoramento de rota, alerta de velocidade ultrapassada; acionamento das luzes, buzina e travamento das portas pelo celular; diagnóstico avançado remoto, alerta de pressão dos pneus e quilometragem, além da assistência de recuperação em caso de roubo.

Tudo bonitinho na teoria, mas na prática... Para poder usar o OnStar, é necessário que a concessionária ative sua conta no ato da compra. "Nosso" Onix não foi cedido pela Chevrolet do Brasil (que alega o fator custo para não trazer veículos de imprensa para o Piauí), e portanto não conseguimos ter acesso às informações do carro mesmo com a instalação do aplicativo. Na Play Store, se acumulam as reclamações sobre o funcionamento do app, que demanda a instalação de mapas imprecisos e que lotam a memória dos celulares. Para completar, o serviço é gratuito por 6 meses apenas.


Saindo da tecnologia para a análise sensorial, o Onix tem espaço bom para quem senta à frente é justo na traseira. As portas dianteiras são revestidas de tecido, porém de aspecto similar a uma lixa (lembrando o Classic e o Fox), que não é agradável ao toque. O que melhorou para valer foram os painéis de porta, que estão mais ergonômicos (um problema do modelo antigo, com seus puxadores baixos demais).


O porta-malas tem a razoável capacidade de 280 litros (5 a menos que o Volkswagen up! e 20 L menos em relação ao HB20), e este espaço é obtido às custas de um estepe fino, com dimensões diferentes das outras rodas. Ao menos há na tampa um apoio para os dedos fecharem o porta-malas mais facilmente. O encosto do banco traseiro é inteiriço em todas as versões.


Além dos referidos itens, o Onix traz vidros elétricos nas portas da frente (com função um-toque para baixo e para cima, fechamento ou abertura ao segurar o botão de travamento ou destravamento das portas, recurso anti-esmagamento e comandos iluminados), travas elétricas (ausentes na versão Joy) e banco traseiro rebatível.


Quando o assunto é segurança, o Onix é um ponto... dentro da curva. Airbags frontais, alarme, freios ABS com EBD e cintos dianteiros com ajuste de altura são os itens mais representativos. O passageiro central que senta atrás conta unicamente com o cinto subabdominal. Nos crash-tests feitos pelo Latin NCAP em 2013, recebeu medianas três estrelas, porém logo após este teste foram incluídos reforços estruturais.


Apesar de manter a potência, o conjunto mecânico do Onix foi aprimorado para melhor. O 1.0 SPE/4, de 8 válvulas e 4 cilindros, continua rendendo 78/80 cavalos e 9,5/9,8 kgfm a 5200 rpm. No uso cotidiano, o Onix demonstrou ter boa elasticidade, ainda que o fato de ser um propulsor 1-litro tradicional se faça evidente quando se sobe uma ladeira em terceira marcha com o ar ligado, por exemplo.

Além disso, o Chevrolet passa a ter câmbio manual de 6 marchas (por ora, só modelos turbinados como o HB20 ou acima de 1.0 como o Etios estão adotando as seis velocidades). Os engates são macios e o curso é preciso, sem chance de engatar a ré por engano, já que é preciso puxar uma arruela e ela fica distante das outras marchas. A direção tem calibração cômoda, sem ser menos eficaz como o Sandero (cuja direção é eletro-hidráulica) nem excessivamente leve em baixas velocidades como o Mobi Drive com a função City ativada.

Para ajudar a economizar combustível, o quadro de instrumentos traz luz indicadora de mudança de marcha para a frente. Também há luz-espia de baixa pressão em algum dos pneus, o que favorece o consumo de combustível.

No conforto, o Onix se sobressai: com exatos 4444 quilômetros, o carro avaliado praticamente não tem barulhos de acabamento e a suspensão tem acerto suave, permitindo passar pelos pisos precários com tranquilidade.


Para ter um Onix de cara nova, atualmente é preciso desembolsar R$ 45.690 - somente se o carro for pintado na cor Preto Ouro Negro metálica, sendo que a cor Branco Summit, sólida, representa um adicional de R$ 600, e as outras cores metálicas (Vermelho Carmim, Prata Switchblade e Cinza Graphite, somam R$ 1350). Já o preço pago pela central multimídia MyLink é competitivo (R$ 1400) e inclui botão interno e na chave para destravamento do porta-malas e comandos de som no volante.


Boletim comentado do Chevrolet Onix LT 1.0

Design = 8,5

Planejado ao gosto dos brasileiros, o Onix tem um estilo com elementos familiares a outros GM, como a grade bipartida, faróis horizontais, vincos em vários pontos da carroceria e traseira com estilo suavizado - o modelo anterior foi apontado como cópia do Gol G5 desde o lançamento... As alterações vieram em boa hora. Se pudéssemos interferir no visual do Chevrolet, adicionaríamos refletores no para-choque traseiro (a região fica empobrecida) e rodas de 15 polegadas, já que as de 14 polegadas ficam desproporcionais.

Espaço interno = 8,75

Se o Onix não é espaçoso como o Sandero, ao menos os ocupantes não tem muito do que reclamar do espaço para pernas e cabeça. A quantidade de nichos para guardar objetos é boa, principalmente no console entre os bancos dianteiros. Já o porta-malas tem capacidade na média da categoria à custa de um estepe menor do que as 4 rodas no chão. O porta-luvas tem capacidade boa para o segmento.

Conforto = 9,0

Foi o ponto mais positivo em nossas impressões. Com a assistência elétrica da direção, manobrar em espaços estreitos passa a ser mais fácil. Mesmo sem regulagem da coluna de direção, o motorista pode ajustar seu banco e o cinto de segurança. O nível de ruído do motor está dentro do esperado para um quatro-cilindros e o ar-condicionado gela bem; já a suspensão filtra bem as irregularidades do piso e ajuda a manter o ambiente interno tranquilo.

Acabamento = 8,25

Neste aspecto, o Onix até se esforça para transmitir certo prestígio: volante, alavanca de câmbio e maçanetas, áreas em que o condutor vive passando a mão, são mais refinados em relação ao modelo de entrada Joy. Mas o ambiente interno abusa do plástico preto, com texturas em algumas regiões; o forro de teto também é simples, e só as portas da frente trazem revestimento (por sinal com aspecto de lixa, similar ao do Classic).

Equipamentos = 8,25

Além dos itens triviais nesta categoria (ar-condicionado, direção assistida, travas e vidros dianteiros elétricos), o Onix vem com algumas benesses. A chave, do tipo canivete, incorpora abertura e fechamento dos vidros ao pressionar o botão correspondente; ao destravar o carro, as luzes externas se acendem. O rádio single-DIN tem boa qualidade de som e boa conectividade básica, incluindo função RDS, entrada USB e Bluetooth. Para fechar o pacote, o OnStar permite o monitoramento remoto e o diagnóstico de funções do carro. Mas faltam computador de bordo, volante com regulagem de altura, retrovisores elétricos...

Desempenho = 8,5

Apesar de ser um 1.0 da velha guarda - de quatro cilindros e 8 válvulas, basicamente o mesmo propulsor de Corsa e Celta aprimorado - o SPE/4 tem rendimento condizente com sua proposta. Mérito das alterações invisíveis, porém palpáveis realizadas na mecânica, tornando o Onix mais leve e 1 centímetro mais baixo.

Segurança = 8,25

Traz o feijão-com-arroz: airbags frontais, freios ABS com EBD e regulagem de altura nos cintos dianteiros. O pacote é idêntico em toda a linha. Quando avaliado pelo Latin NCAP, o Onix obteve a mediana classificação de 3 estrelas para adultos; meses depois, a Chevrolet providenciou reforços estruturais na carroceria, porém até o momento não há resultados conclusivos quanto à segurança. Os freios atuam bem, enquanto a rolagem da carroceria em curvas é levemente acentuada.

Consumo = 8,5

As modificações que fizeram o Onix andar mais sem alterações nos números de potência e torque também fizeram melhorar um ponto crítico da "geração" anterior, o consumo de combustível. Mesmo sem computador de bordo para monitorá-lo, o Onix passa a ser capaz de atingir, com gasolina, médias de 11,5 km/l na cidade e 13,5 km/l na estrada, de acordo com os testes estabelecidos pelo Inmetro.

Custo-benefício = 8,5

Atualmente o carro mais vendido do Brasil, o Chevrolet Onix é um dos modelos que menos perde valor na hora da revenda, o que conta muito em tempos de crise. Os custos com seguro e manutenção também são competitivos, e a rede de concessionárias da marca é conhecida por ser uma das que tem maior jogo-de-cintura com o consumidor. A versão 1.0 LT já traz um pacote de equipamentos interessante para o convívio diário, e portanto é uma opção racional para quem quer um hatch compacto e confortável.

Nota Final = 8,5

As notas são atribuídas considerando a categoria do carro analisado, os atributos oferecidos pelos concorrentes, além das expectativas entre o que o modelo promete e o que, de fato, oferece. Frações de pontuação adotadas: x,0, x,25, x,5, x,75. Critérios - Design = aspecto estético do automóvel. Espaço interno = amplitude do espaço para passageiros (dianteiros e traseiros, de acordo com a capacidade declarada do carro), locais para por objetos e bagagem. Conforto = suspensão, nível de ruído, posição de dirigir, comodidades. Acabamento = atenção aos detalhes internos, escolha de materiais e padronagens. Equipamentos = itens de tecnologia e conforto inclusos no automóvel avaliado. Desempenho = aceleração, velocidade máxima, retomada, comportamento em curvas e frenagem. Segurança = visibilidade, itens de proteção ativa e passiva. Consumo = combustível gasto e autonomia. Custo-benefício = relação de vantagem entre o preço pago e o que o carro entrega.

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