Mobilidade é um tema quase onipresente nos debates sobre presente e futuro das cidades depois que o mundo acelerou a migração do campo para as megaconcentrações urbanas e seu entorno. Entre as diversas facetas discutidas, pelo menos duas têm chamado atenção. Uma em razão do potencial de diminuir emissões de gases sob regulamentação e de efeito estufa e a outra, por melhorar as condições de trânsito.
A primeira centra-se na eletrificação parcial (hibridização) ou total. Os planos ousados divulgados pela maioria das marcas apontam 50% de todos os carros novos classificados como híbridos e até 20% elétricos, à altura da metade da próxima década. Essa previsão está mais próxima de modelos de preço médio a alto, porém o equilíbrio do negócio ainda continua um pouco turvo.
Relatório recente da J.D. Powers aponta proprietários de Tesla não tão satisfeitos com a qualidade de seus carros. A badalada empresa californiana só produz automóveis elétricos na faixa de US$ 80.000 a US$ 100.000 (com impostos brasileiros algo em torno de R$ 600.000). Prepara-se para lançar em 2018 modelos de US$ 35.000 e a consultoria lembra que os donos de veículos nessa faixa de preço poderiam ser menos indulgentes por terem suas casas menos recheadas de carros à disposição.
Sistemas de condução autônoma também aparecem em destaque quando se almejam racionalização do uso do automóvel e diminuição do número deles nas ruas. As coisas, porém, não são tão fáceis. Google e Apple desistiram de planos velados para produção de carros autônomos, preferindo se concentrar apenas na tecnologia e parcerias. Nesta 2ª feira a Uber anunciou ter suspendido os seus testes com um Volvo XC90 autônomo de sua frota em ruas do estado americano do Arizona, depois de um abalroamento de por carro que não respeitou uma parada obrigatória. Antes a empresa tinha sido proibida de continuar seus testes em vias públicas da Califórnia.
Solução mais simples e facilitada pela conectividade dos veículos chega até o final do ano em São Paulo. O aplicativo de rotas alternativas Waze, propriedade do Google, oferecerá nova opção de um programa de caronas já testado em outros países. Anunciado na semana passada, sem data exata de implantação, lança mão de quatro milhões de usuários de roteiros adaptativos que tornaram a cidade de maior adesão a esse recurso no mundo.
Pelo cruzamento de dados de origem e destino um algoritmo descobre pessoas que poderiam estar num mesmo veículo e na mesma rota. A ideia é realmente oferecer carona em troca de pagamento mínimo para partilhar despesas, mas não foram anunciados pormenores de como se fará esse controle e como se enquadrará na regulamentação desses serviços na capital paulista. Não se trataria, portanto, de mais um concorrente aos serviços de transporte alternativo a exemplo de Uber, Cabify e outros já presentes em várias cidades brasileiras.
O gigante da informática entende que o verdadeiro vilão é o trânsito e não os carros. Tirar automóveis das ruas e ainda economizar dinheiro por meio de um serviço confiável de caronas poderiam mitigar um dos principais problemas de São Paulo e outras grandes cidades brasileiras. Que assim seja.
RODA VIVA
ENTRE os quatro modelos que a VW lançará com sua arquitetura mais moderna (MQB), depois do Polo, do sedã derivado Virtus e do SUV compacto, surgirá uma picape compacta. Esta será maior do que a atual Saveiro, com quatro portas, próxima às dimensões da Renault Duster Oroch, porém menor que a Fiat Toro e sua carga útil de uma tonelada.
ARGENTINA, aos poucos, conquista mais produtos. Além de fabricar cinco das seis picapes médias da região (e mais duas em breve), receberá investimentos de Renault e Grupo PSA. De 2018 em diante os furgões (MPV) Kangoo e Peugeot Partner/Citroën Berlingo, respectivamente, todos de nova geração. PSA tem planos ousados com nova arquitetura CMP de modelos compactos e médios.
ACONTECEU o esperado. Jeep Compass está vendendo mais que o Renegade por atributos superiores e diferença de preço pequena. O primeiro, de maior porte, tem espaço interno e porta-malas convincentes, além de melhor isolamento do conjunto motor-câmbio automático de 9 marchas (igual ao do Renegade). Mas visibilidade traseira do Compass poderia ser melhor.
CARRO FÁCIL, da seguradora Porto Seguro, inova como assinatura de veículos. Aposta na mudança do ´ter´ para o ‘usar’. Trata-se de uma espécie de leasing agregado a serviços de negociação, documentação, manutenção e o próprio seguro mediante uma mensalidade. Por enquanto apenas no Estado de São Paulo e algumas regiões do Rio de Janeiro.
PREFERÊNCIA de passagem em rotatórias é sempre de quem já a adentrou. Mas boa parte dos motoristas desconhece essa norma, lembrando-se apenas da regra da via preferencial em cruzamentos. Esse erro, além de irritante, pode causar acidentes. Por isso seria muito bom o Denatran providenciar uma campanha nacional de esclarecimento em nome da segurança no trânsito.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e
consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e
de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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