* Por Gabriel Lobitsky
Outro dia resolvi comprar o carro dos meus sonhos. Já trabalhei bastante e acho que é hora de me presentear com este, que de tão especial e caro, é quase como uma jóia. Após a compra (encomenda, na verdade, pois ele será feito especialmente para mim), ganhei um smartwatch para acompanhar o processo de produção do carro e ser avisado, dali mesmo, direto do meu pulso, de cada uma das etapas do processo e de quando ele estivesse chegando. Mas, antes disso, o vendedor me colocou dentro de um scanner. Sim... é verdade. Tive o meu corpo inteiro scanneado para que o carro fosse construído pensando nas minhas necessidades, no meu tamanho, etc. Achei tudo aquilo surreal e muito interessante, e numa conversa com o vendedor descobri que a marca se vale de outras tecnologias para manter revendas envolvidas nestes e outros processos; e que dentro da fábrica, todas as “coisas e equipamentos se conversam” e emitem informações umas às outras.
É claro que essa é uma história fictícia, pois ainda estou um tanto quanto longe de poder “me dar a esse luxo”. Não fosse isso, eu já poderia encontrar no mercado uma indústria capaz de torná-la realidade. Temos conversado com companhias de manufatura dos segmentos mais diversos, no Brasil e em outros lugares do mundo, e projetos como esse já saíram do campo das ideias. Já estão em papéis, em fase de estimativas, provas de conceito, etc. É a tal da indústria 4.0, que promete fazer com que sistemas ciber-físicos monitorem processos, tomem decisões, se comuniquem e cooperem entre si e com humanos em tempo real, por meio de computação em nuvem, internet das coisas, realidade aumentada, inteligência artificial, etc.
Por exemplo, empresas como a Ferrari, cliente da Infor, vão por esse caminho. Eles já adotaram o ERP, processos de Supply chain management, de manufatura e finanças que estão sendo consolidados com o middleware inovador Infor ION.
Se por um lado, o mercado tem discutido, e muito, os benefícios, impactos, montantes de investimento, viabilidade para que a indústria 4.0 se torne uma realidade; por outro vemos empresas que estão confusas, de olho em inovação, mas ainda deixando de fazer algumas coisas básicas como, por exemplo, olhar para os seus processos. Por isso, antes de investir numa série de tecnologias com o objetivo de transformar a sua indústria numa versão 4.0, analise-os. O histórico mostra que o empreendedor brasileiro, por exemplo, não vê valor no processo. A indústria utiliza, entre outros indicadores, o OEE (Overall Equipment Effectiveness) para análise da linha de produção. Mas se um equipamento está rodando a 75%, ele prefere trocar uma linha de produção inteira, ao invés de investir em inteligência para garantir que os equipamentos e sua eficiência voltem a funcionar em 100%.Soluções de scheduling optimization seria muito valiosas neste caso. Com isso, ele aumenta seu consumo em outras pontas, como água, energia, manutenção, pessoas, etc. Se a indústria tem um gargalo na parte produtiva, é preciso entender, com base no processo, aonde investir em tecnologia. E é nesse sentido, quando falamos em inteligência em pró de maior eficácia e eficiência operacional, que acredito que toda essa discussão em torno da indústria 4.0 comece a gerar valor.
Hoje muito se fala em big data, mas a análise de pequenos dados – small data - é mais valiosa para entender onde estão os principais desafios. Soluções de gestão de ativos, por exemplo, podem ajudar a medir a gestão das máquinas. A internet das coisas é capaz de conectar dados, comparar processos e identificar quais ações devem ser tomadas. A indústria precisa ter eficiência operacional a seu favor para que ela entregue ótimos serviços aos seus clientes. No Brasil, alguns segmentos já atuam com inovação, como o setor de bebidas, que mede 100% da sua linha de produção e consegue garantir o atendimento de ponta a ponta (da produção à entrega), em um tempo adequado, e de acordo com os níveis de consumo. Também vemos montadoras, ou empresas de entrega, que usam internet das coisas para despacho, monitoramento do custo, recebimento, etc.
Mas por trás de tudo isso, estão os processos. Por isso, esse é o convite que faço à todos aqueles que estão deslumbrados com a possibilidade de ver o mundo físico e virtual trabalhando juntos para garantir mais eficiência, menos tempo e menor custo – o mundo ideal para qualquer empresa de manufatura. A fábrica inteligente pode até ser uma realidade para alguns segmentos da indústria, mas a maior parte do mercado ainda tem um longo caminho a percorrer. E no final do dia, as modernas tecnologias da informação e da comunicação só trarão resultados para o negócio se estiverem atendendo às necessidades dos seus processos.
*Gabriel Lobitsky é Diretor de vendas da Infor para o Sul da América Latina
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