A proximidade das eleições municipais em todo o País leva os candidatos a prefeito a apresentar suas propostas para ao menos mitigar, entre outros problemas graves, o de poluição atmosférica nos grandes centros urbanos. São Paulo, cidade mais populosa e com maior frota de veículos (cerca de 5,5 milhões, incluídas as motocicletas), conseguiu implantar entre 2008 e 2013 uma polêmica inspeção ambiental veicular (IAV). Houve mais erros do que acertos, porém nada justifica a falta de ação ao longo de quatro anos, além de simples encerramento do programa.
Recentemente, a capital paulista sediou o 13º Encontro de Alto Nível sobre Contaminação Atmosférica e os Desafios das Megacidades, organizado pela Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental (Aiesa). Ao contrário da Cidade do México e de Santiago do Chile, a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e seus 39 municípios não dispõem de ações diretas de controle de emissões de oxidantes fotoquímicos (geradores de ozônio ao nível do solo) e de material particulado fino (MP2,5).
Entre as recomendações apresentadas estão o avanço da legislação de emissões em veículos novos e o combate a fraudes de motoristas de caminhões e transportadoras que anulam o sistema de reagente à base de ureia em motores a diesel modernos. Na RMSP o tráfego de veículos pesados é o mais volumoso do País e o problema tende a se agravar pois também a fiscalização em campo deve ser permanente.
Em um cenário ideal, a sugestão da Aiesa é um programa de renovação de frota e inibir a circulação de veículos de alto potencial poluidor. A Cidade do México já estabeleceu restrições a automóveis, ônibus e caminhões de tecnologia antiga, apesar de inspeções ambientais sérias, obrigatórias e regulares existentes há décadas.
Hoje apenas o Estado do Rio de Janeiro continua a fazer vistoria, algo bem superficial, mal controlado e a preço fora de propósito. No fundo frustra quem é obrigado a pagar e desconfia de que o problema não está sendo resolvido. Na capital de São Paulo se tentou fazer algo um pouco mais rigoroso. Começou de forma errada ao atingir carros novos com menos de três anos de uso. Sem incluir os outros municípios da RMSP, dependentes de um acordo político passando pelo governo estadual, a eficácia da IAV fica comprometida. Por isso quem estiver à frente da prefeitura paulistana em 2017 terá de tentar logo uma solução para toda a região.
Há debates sobre IAV paga ou gratuita. Com pagamento se conseguiria algo mais sério do ponto de vista técnico, porém o eventual reembolso teria de vir diretamente dos 50% que cabem aos municípios no IPVA, pois se trata de imposto apenas sobre proprietários de veículos. Sem esta decisão transparente fica difícil defender a gratuidade.
Com exceção de motores a diesel que exigem inspeção anual, os demais veículos leves poderiam ser checados depois de três anos de uso, entre quatro e dez anos verificados bienalmente e acima disso, anualmente, como ocorre em outros países. E o correto seria utilizar rolos dinamométricos sob as rodas motrizes que simulem condições reais de uso, uma técnica consagrada no mundo.
RODA VIVA
TUDO indica que o mercado interno chegou ao fundo do poço, ou seja, não vai piorar mais. Nos sete primeiros meses deste ano o recuo chegou a quase 25% em relação a igual período de 2015. Até o final de 2016, Anfavea confia que os números negativos limitem-se a 19% e reação mesmo, só em 2017. Estoques totais baixaram de 39 para 37 dias em julho.
COMO já se esperava, Onix e Prisma Joy mantiveram as mesmas linhas e ganharam alterações mecânicas já presentes na reformulação dos dois modelos recém-lançados. Passaram a ser versões de entrada, ganharam alguns equipamentos e o preço subiu para R$ 38.990 e 42.990, respectivamente. O primeiro deve representar 20% e o segundo 30% das vendas destes compactos.
ETIOS pegou embalo graças ao novo painel, motores mais potentes e econômicos e opção, pela primeira vez, de câmbio automático. Quem compra, atualmente, modelos novos manteve o poder aquisitivo e a Toyota acredita que a versão de topo, Platinum, encontrará interessados. Fez retoques na parte frontal, incluiu novas rodas e cobra R$ 62.490 (hatch) e 65.990 (sedã).
NISSAN faz uma aposta diferente para carros elétricos com pilha a combustível. Utiliza etanol e um reformador a bordo para gerar hidrogênio e em seguida eletricidade. Dessa forma fica longe de tomadas e baterias de baixa autonomia. Protótipo mostrado no Rio de Janeiro tem alcance de 600 quilômetros e baixíssimo custo/km. Ainda não há previsão de mercado.
BUSCA incessante por economia de combustível levou a GM a admitir, em um seminário técnico nos EUA, que pode desenvolver uma caixa automática, do tipo CVT, para modelos pequenos. Embora nem todos gostem de certa dormência ao não sentir as passagens de marchas, parece que o pragmatismo e as leis de eficiência energética acabaram por prevalecer.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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