Fotos | Reprodução/Acervo Digital Quatro Rodas e Arquivo pessoal
Repórter fotográfico da revista Quatro Rodas desde 1989, Marco de Bari não resistiu a um grave traumatismo craniano decorrente de um acidente durante uma sessão de fotos. Uma estrutura metálica despencou sobre ele e também em seu assistente de fotografia Daniel Guedes Fenandes Dionizio, que está internado com graves ferimentos no Hospital das Clínicas de São Paulo e teve uma das pernas amputada. O acidente ocorreu em um estúdio fotográfico na zona oeste de SP, no dia 5 de julho. A revista confirmou o falecimento de Bari no início da tarde de hoje (08).
Bari tinha 53 anos e iniciou sua carreira como freelancer, emplacando sua primeira capa da Quatro Rodas em maio de 1989 - época em que a referência de fotografia automotiva na revista era Cláudio Laranjeira. Na edição comemorativa de 45 anos da revista, ele relembrou:
"Ah!, foi um inicio bem marcante o meu em Quatro Rodas. Eu era colaborador e estava na redação quando precisaram de um fotógrafo para fazer uma capa. Como não havia nenhum da equipe disponível, me mandaram para a pauta. E minha vida mudou. Consegui emplacar sete capas só no meu primeiro ano. Foi um grande momento para mim e - sem querer parecer arrogante - resultou em transformações importantes na revista. Além de modificar a linguagem e o estilo das fotografias. ajudei a melhorar o padrão de qualidade e a mudar a mentalidade das pessoas que trabalhavam na redação. A fotografia passou a ter mais valor e respeito, tornando-se tão importante quanto o texto. Fazer uma boa imagem, no entanto, continua sendo um desafio. Não é tarefa simples conseguir boas locações, carros-pipa, escadas Magirus e, ainda, fazer fotos com o corpo para fora do carro, as vezes em cima do teto e a uma velocidade acima dos 80 km/h. A fotografia editorial de automóveis é diferente da foto jornalistica ou de publicidade. Quase nunca sabemos o que vamos encontrar pela frente, pois não usamos produtores de locações. Em 16 anos de revista, acho que o lançamento do New Beetle, da Volkswagen, foi o trabalho que mais exigiu de mim. Mesmo sem convite para a apresentação do carro, em Atlanta (EUA), descobrimos como seria o evento e fomos para la. Quatro Rodas conseguiu produzir uma capa exclusiva. A foto não era maravilhosa, mas deu grande repercussão por aqui."
Fotografias marcantes passaram a ser característica registrada da revista Quatro Rodas até hoje. A beleza das imagens escondia desafios dignos de filmes de ação. Em 1999, ao fazer fotos do Audi TT Roadster, Bari acabou detido por soldados após entrar em uma base militar norte-americana na cidade de Frankfurt (Alemanha) - e para evitar qualquer dano às imagens já registradas, conseguiu guardar o cartão de memória de sua máquina em um dos tênis.
Para a edição de 40 anos da revista, de agosto do ano seguinte, teve que dar explicações no Aeroporto de Milão: em sua bagagem levava típicos acessórios femininos, como meia-calça, vestido, sapatos de salto alto e até creme para bronzear as pernas. Questionado se seria travesti pelo oficial da alfândega, Bari o convenceu de que estes itens seriam utilizados por uma modelo que contracenaria com a Ferrari 360 Spider - afinal, todo o trabalho de dirigir a macchina italiana e de fazer as fotos seria feito em um dia apenas.
Fugindo dos efeitos de computador irreais que já apareciam em fotografias de divulgação a partir da década de 1990, Marco de Bari não raro ficava sobre o teto ou dentro do porta-malas de um carro em movimento para capturar imagens. De vez em quando, até helicóptero era utilizado para capturar o melhor ângulo, sem falar nos jogos de espelho e nos diversos litros de água para acentuar reflexões de imagem.
Particularmente, apreciei bastante o trabalho de Marco de Bari e, sempre que possível, busquei me espelhar em sua criatividade para fazer fotos interessantes de automóveis quando as circunstâncias permitiam. Recebi a notícia do falecimento através de meu colega de atividade Marlos Ney Vidal, do Autos Segredos, que escreveu:
"Estive com ele uma vez, e tive a oportunidade de dizer que era fã dele. Que fique em paz."
Marco de Bari deixa a esposa Juliana Linhares, editora da Veja, a filha Nicolle, o sobrinho (e também fotógrafo) Flávio Bari, a mãe Rosa, e os irmãos Fernanda, José e Sérgio.
"Estive com ele uma vez, e tive a oportunidade de dizer que era fã dele. Que fique em paz."
Marco de Bari deixa a esposa Juliana Linhares, editora da Veja, a filha Nicolle, o sobrinho (e também fotógrafo) Flávio Bari, a mãe Rosa, e os irmãos Fernanda, José e Sérgio.
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