Não se deixe sensibilizar pela cara simpática e pelas formas compactas: o Fiat 500 Abarth tem a mesma personalidade dos escorpiões que carrega em seus logotipos. A última experiência que tivemos foi com escorpiões de verdade, que vez ou outra invadiam o sítio que serviu de locação de fotos para o Jeep Renegade Trailhawk em fevereiro (o quê??? Você não leu esta matéria? Clique aqui que dá tempo). Os aracnídeos, assim como este Cinquecento, não eram muito grandes e viviam escondidos durante o dia (aqui em Teresina [PI], durante o ano de 2015, duas unidades da versão Abarth foram emplacadas - isso é que é exclusividade). E se não houver cuidado ao lidar com eles...
No continente europeu, o Abarth 500 é comercializado desde meados de 2008, ano em que o Cinquecento foi apresentado pela primeira vez aos brasileiros no Salão de SP. Um ano depois iniciariam as vendas por aqui. Porém, trazer o modelo mais nervoso da fábrica da Polônia sairia caro. Assim, a importação só foi definida após o início da produção da versão Abarth em Toluca, México, e finalmente em novembro de 2014 o 500 Abarth passou a ser comercializado nacionalmente.
As informações são alternadas nos botões "Trip" (à direita, na haste do limpador de para-brisa, e nos botões de menu ao lado direito do painel de instrumentos). Curioso que ele aponta se você abriu a porta esquerda, a direita ou a "bagageira" (e mostra gráficos em todas as situações), mas teoricamente você pode andar com o capô aberto sem nenhuma notificação...
Outro opcional é o teto solar elétrico, que possui cortina perfurada preta com retração manual e acionamento parcial ou completo pelo botão no teto, que desliza até quase tocar a antena e ajuda a arejar a cabine. Durante as chuvas teresinenses na Semana Santa (milagre!) e as andanças nas estradas, o teto apresentou vedação nota 10.
Já o ar-condicionado digital é de série e possui ajuste entre 16 e 32 graus Celsius, com ajuste de meio em meio grau. Possui comandos intuitivos e a operação do ventilador é bem ágil. Assim, o 500 manteve o clima frio enquanto do lado de fora reinava o calorão no dia da sessão de fotos. Apertando o botão Auto, o sistema se encarrega de ajustar a temperatura e a velocidade do vento. Ao centro fica o comando de acendimento dos faróis de neblina.
A porta esquerda traz apenas os comandos dos retrovisores elétricos - assim como nas outras versões, os acionadores dos vidros elétricos (com recurso um-toque para descida) ficam próximos à alavanca do câmbio, em semicírculos, favorecendo a ergonomia.
O espaço é adequado a crianças: há espaço razoável para a cabeça e ajuste de altura dos encostos macios, mas para as pernas, é o caso de negociar com o motorista ou o carona para que afaste seu banco para a frente... Estes passageiros contam com dois porta-copos ao centro, ganchos para cabide e um recuo nas laterais. Chega a ser engraçado olhar para trás e ver a mini-tampa do bagagito.
O 500 Abarth não traz estepe por conta dos escapes mais volumosos. Se o pneu furar, há um compressor e um líquido veda-furos (a ausência deste kit foi, inclusive, fator que atrasou um pouco a cessão do modelo da Fiat para nós). A capacidade é de 185 litros (se achou pouco, saiba que o Cabrio acomoda 153 L), mas se serve de consolo, basta apertar dois botões para rebater os encostos dos bancos traseiros, liberando o volume de 550 litros.
Mas agora vamos ao que interessa: desempenho! O motor Multiair de 1368 cm³ é dotado de turbocompressor, 16 válvulas, taxa de compressão de 9,8:1, comando de válvulas variável na admissão e comando simples na admissão. Isso garante a ele 167 cavalos a 5500 rotações por minuto (sete a mais em relação ao 500 norte-americano) e 23,0 kgfm de torque entre 2500 e 4000 rpm. O ronco emitido por este motor é daqueles de despertar com um sorriso. Mesmo com sua metodologia própria, os números da Fiat dão uma boa noção do que este carro é capaz: acelera de 0 a 100 km/h em 6,9 segundos e atinge a velocidade máxima de 214 km/h. É preciso ficar muito atento ao velocímetro para não cometer excessos...
"Dócil" o 500 Abarth nunca é direito, pois o ronco fulminante sempre estará deliciando os ouvidos, mas é até possível utilizá-lo no cotidiano se você pressionar levemente o acelerador e seguir a shift-light presente no quadro de instrumentos, que prioriza o "Eco Index" - que nada mais é um econômetro com valores numéricos, ao invés das faixinhas amarelas e verdes que os carros mais humildes da Fiat trazem no lugar do conta-giros. Mas o Cinquecento não se dá bem com monotonia: ele instiga o motorista a se sentir piloto, com o equilíbrio dinâmico da carroceria de 1164 quilos e o ímpeto do conjunto mecânico. Até a partida é diferente: ele só arranca se pisar na embreagem.
A Fiat poderia colocar no retrovisor a mensagem: "Objects in the mirror are LOSING" |
Nas acelerações, prepare-se para colar o corpo no banco: com a força entregue a partir de 2,5 mil rotações por minuto, mesmo em primeira ou segunda marcha é possível extrair muita diversão. E falando no câmbio, os engates são facilitados com a embreagem leve de se operar e a alavanca de câmbio bem dimensionada e próxima do motorista. São cinco marchas, mas o escalonamento entre elas diminui a necessidade de se fazer as operações mecânicas, o que é um alívio no anda-e-pára do trânsito.
E olha que todas estas sensações são sentidas com o carro no modo Normal: apertando-se o botão Sport (à esquerda, na fileira de botões centrais). A pressão do turbo é elevada de 0,8 bar para 1,24 bar, o volante fica mais pesado e o pedal do acelerador responde de forma mais ágil. E o quadro de instrumentos assume a forma mais esportiva. Note que a posição dos pedais facilita o "punta-tacco" (técnica em que o pé direito aciona o freio e, ao mesmo tempo, o acelerador) e que o gatilho de abertura do capô lembra o de carros de corrida.
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Já o consumo de combustível é outro daqueles fatores que ficam em segundo plano, talvez terceiro... Em circuito mais urbano que rodoviário, o 500 Abarth fez 7,5 km/l (vale lembrar que ele é movido unicamente a gasolina). Resultado esperado para um esportivo, um pouco distanciado dos 9,5 km/l na cidade e 10,9 km/l na estrada que alcançou nos testes do Inmetro, mas o que é incontornável é o tanque de combustível que possui os mesmos 40 litros das versões bem mais comedidas (em desempenho e consumo), e reduz a autonomia. Mas pelo menos, em nossa exata uma semana de convivência com o carro, não precisamos reabastecer.
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Com 3,67 metros de comprimento, o Fiat 500 Abarth só é maior que o Mobi na linha da montadora betinense (vale lembrar que o novo compacto da marca será apresentado no dia 13 de abril e estaremos fazendo o possível para trazer as novidades sobre o modelo para você, internauta). O Cinquecento possui 1,63 m de largura (sem espelhos), altura de 1,49 metro e distância em relação ao solo de 12 centímetros. Aliás, o spoiler dianteiro já denunciava marcas de raspadas, mas até que o 500 continua encarando lombadas, desde que a velocidades mais baixas. Já a pressão sugerida para os pneus (frios) é de 38 PSI na frente e 32 PSI atrás.
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Com 3,67 metros de comprimento, o Fiat 500 Abarth só é maior que o Mobi na linha da montadora betinense (vale lembrar que o novo compacto da marca será apresentado no dia 13 de abril e estaremos fazendo o possível para trazer as novidades sobre o modelo para você, internauta). O Cinquecento possui 1,63 m de largura (sem espelhos), altura de 1,49 metro e distância em relação ao solo de 12 centímetros. Aliás, o spoiler dianteiro já denunciava marcas de raspadas, mas até que o 500 continua encarando lombadas, desde que a velocidades mais baixas. Já a pressão sugerida para os pneus (frios) é de 38 PSI na frente e 32 PSI atrás.
As cores disponíveis para a carroceria são: Branco Caldo ("nossa" tonalidade), Preto Gara, Vermelho Sfrontato (sólidas) e a metálica Cinza Nuvoloso, por R$ 1576. O som Beats Premium é oferecido por R$ 2338 e o teto solar representa um acréscimo de R$ 4403. Já as faixas adesivas (vermelhas, pretas ou brancas) são acessórios livres e é possível comprar o Abarth sem elas.
Veredicto: em um mercado que por anos esteve saturado de hatches sem diferencial mecânico algum, o Fiat 500 Abarth traz padrão de o padrão de esportividade que o consagrou na Europa e nos Estados Unidos. O que lhe "falta" em tamanho (e, por outro lado, o torna mais prático de encaixar em lugares apertados) é compensado pelo motor, equipamentos, segurança... Dá até pena ver o Cinquecento ter os patamares de preços elevados, o que fez com que as vendas no Brasil caíssem das 5062 unidades de 2014 para 2134 carros no ano passado. Mas o veneno do 500 é daquele tipo que faz bem ao organismo - até porque é aplicado na medida certa.
Design_ 9,5
O estilo do Cinquecento que reconquistou a Itália já tem nove anos, mas quando estamos tratando de modelos retrô, o charme permanece por muitos anos. E o Abarth é daqueles carros que todo mundo gosta de dar uma olhada, comprovando que é uma personalização de bom-gosto e que o diferencia bem das outras versões (Cult e Cabrio). Só não leva nota maior porque a linha Fiat 500 recebeu atualizações no Velho Continente, e tais modificações ainda devem demorar a chegar ao modelo produzido no México.
Espaço interno_ 8,0
Considerando suas dimensões enxutas (e o comparando a seus verdadeiros oponentes), quem senta na frente desfruta de bom espaço para cabeça, ombros e pernas, contando com fartos espaços para objetos nas portas e nichos para por copos, telefones e outros pequenos objetos. Mas o banco traseiro é mera curiosidade, adequado apenas a crianças não muito crescidas (e cadeirinhas de bebê). Quando chegou a dramática hora de entregar as chaves do 500 de volta e voltei para casa de táxi, o banco traseiro do Palio Fire parecia o de uma limusine.
Conforto_ 8,0
Sabe aquela história de que carro da Fiat prima pelo conforto? Aqui, o acerto é para desempenho e é preciso ter cautela com os buracos, mas até que o conjunto de suspensão (McPherson na frente e eixo de torção atrás) absorve leves irregularidades do piso. Se a coluna de direção fosse ajustável em profundidade, a posição de dirigir seria melhor. Em contrapartida, os bancos têm bons apoios e, com os vidros erguidos e sendo cuidadoso com o acelerador, o nível de ruído interno é bem aceitável.
Acabamento_ 9,0
Alguns detalhes de acabamento do Cinquecento Abarth, como o painel com aplique envernizado na cor da carroceria e os plásticos com diferentes texturas, também estão presentes nas versões mais acessíveis. Mas os revestimentos de couro e o forro de teto preto dão maior prestígio ao ambiente. Outros detalhes, como as tiras de tecido para empurrar os bancos para a frente, lembram aqueles esportivos em que o peso foi reduzido ao extremo, como o Porsche Boxster Spyder. Só um detalhe destoava no carro em que avaliamos: o desgaste acentuado do pomo da alavanca do câmbio com o hodômetro marcando menos de 4 mil quilômetros.
Equipamentos_ 9,5
Noves fora o teto solar elétrico e o sistema de som Beats, tudo é de série no 500 Abarth, e isso inclui muita coisa: ar-condicionado digital, direção elétrica, computador de bordo, revestimentos de couro, sistema de som Alpine (ou Beats como opcional)... já a central multimídia só está disponível na nova linha Cinquecento recém-apresentada na Europa.
Desempenho_ 9,75
Quem diria: um Fiat Cinquecento mais ágil que muito carro de cara malvada por aí! Mérito do brilhante conjunto mecânico, meio old-school (sem câmbio de 6 marchas ou automático, nem injeção direta de combustível) mas ainda assim eficiente. Legal é escutar o ronco esportivo (desavisados podem interpretar isso como ruído anormal, mas quem é entendido em hot-hatches vai apreciar bastante). Ah, e a performance nas curvas e em frenagens também é elogiável.
Segurança_ 9,75
O pacote de segurança do 500 Abarth envolve desde itens como cintos de 3 pontos e apoios de cabeça para os 4 ocupantes a 7 airbags, controles de tração e estabilidade, vetorização do torque, hill-holder, freios a disco nas quatro rodas... Ter a sensação de proteção em um carro tão pequeno e com potencial de andar rápido é duplamente recompensante.
Consumo_ 8,0
É como dizem: "cavalo anda, cavalo bebe". E, com toda essa disposição, não se podia esperar do Cinquecento um exemplo de frugalidade - isto é para a versão Cult 1.4 aspirada. Portanto, a média ao redor dos 7,5 km/l é "convivível", mas ainda assim é bom ficar atento em grandes deslocamentos, pois a autonomia é reduzida proporcionalmente em relação à empolgação ao rodar.
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Diante de um Brasil em que tamanho de carro ainda é documento, os R$ 94 mil do 500 Abarth parecem salgados, mas basta analisar os hot-hatches rivais para atestar que o modelo da Fiat está bem posicionado neste segmento: conta com charme retrô, conjunto mecânico bem-acertado, boa lista de itens de série, segurança e até ar de exclusividade - que é o que muitos compradores neste segmento procuram. E uma curiosidade: lembra que no começo da matéria foi falado no emplacamento de dois 500 Abarth em Teresina? Um deles é exatamente igual ao "nosso" (foto ao lado): branco, faixas pretas, som Beats e teto solar. Foi posto à venda com 699 quilômetros, por R$ 85.000. Clique aqui para ver o anúncio.
Nota Final = 8,8
As notas são atribuídas considerando a categoria do carro analisado, os atributos oferecidos pelos concorrentes, além das expectativas entre o que o modelo promete e o que, de fato, oferece. Frações de pontuação adotadas: x,0, x,25, x,5, x,75. Critérios - Design = aspecto externo. Espaço interno = amplitude do espaço para passageiros (dianteiros e traseiros) e bagagem. Conforto = suspensão, nível de ruído, posição de dirigir, comodidades. Acabamento = atenção aos detalhes internos. Equipamentos = itens de tecnologia e conforto, sejam de série ou opcionais. Desempenho = aceleração, velocidade máxima, retomada, handling e outros fatores. Segurança = itens de proteção ativa e passiva. Consumo = combustível gasto e autonomia. Custo-benefício = relação de vantagem entre o preço pago e o que o carro entrega.
Agradecimentos | Assessoria de imprensa da Fiat-Chrysler, Jelta Veículos e amigos do grupo Auto REALIDADE
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Agradecimentos | Assessoria de imprensa da Fiat-Chrysler, Jelta Veículos e amigos do grupo Auto REALIDADE
Álbum de recordações do Fiat 500 Abarth!
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