Cadillac Cimarron: a trajetória do "Monza em vestes de luxo"



Algumas vezes, o setor automotivo apresenta novidades baseadas nos anseios dos consumidores e na realidade que um país vive, mas que terminam em fracassos que parecem óbvios.

A General Motors, ao desenvolver o Projeto J, planejava vendê-lo com todas as suas marcas - e isso incluía a Cadillac, que enfrentava uma fase de declínio dos automóveis grandalhões, mas ainda conservava status de marca superior. Nos Estados Unidos, o "J Car" foi comercializado como Buick Skyhawk, Chevrolet Cavalier, Oldsmobile Firenza e, na Pontiac, como J2000, 2000 e Sunbird. O modelo nasceu na Europa como a terceira geração do Opel Ascona e foi comercializado no Brasil, com poucas alterações visuais: era nosso conhecido Chevrolet Monza, a partir de 1982 na carroceria hatch de duas portas, e no ano seguinte como sedan - tornando-se o automóvel mais vendido do País entre 1984 e 1986.


Ainda que advertido pelo então presidente da GM de que não havia possibilidade de transformar o J Car (um carro pequeno e econômico para os norte-americanos) em um Cadillac, Ed Kennard deu continuidade à viabilidade de sua produção. Na seleção de nomes, que incluía Caville, Carmel, Cascade, Envoy, Series 62 e J2000, Cimarron foi o escolhido para o sedan, lançado em maio de 1981. Foi o primeiro Cadillac com motor de quatro cilindros desde 1914, e o primeiro carro da marca com câmbio manual em quase 30 anos.


Sim, o Cimarron vinha bem completo, contando de série com ar-condicionado, vidros elétricos, rodas de liga leve, revestimentos em couro, rádio, luzes de cortesia, retrovisores elétricos, limpadores de para-brisa com intermitência, travamento da portinhola do tanque de combustível suspensão com ajuste especial para o modelo (com barra estabilizadora) e desembaçador traseiro, itens dignos dos modelos de alto luxo dos anos 1980.



O problema é que o pequeno Cadillac custava quase o dobro de modelos com sua plataforma, como o Cavalier. (O.K., equipando os "J-Cars" com todos estes itens, a conta sairia semelhante). Além disso, o câmbio era um manual de 4 marchas (lembremos que em certas regiões dos Estados Unidos, há pessoas que simplesmente não sabem conduzir carros com câmbio mecânico); a transmissão "Turbo-Hydramatic", de apenas 3 marchas, ficava como opcional.


Resultado: no primeiro ano de vendas, foram apenas 25 968 unidades comercializadas, um terço do que previra a marca. Apesar das mudanças que recebeu para se tornar Cimarron, o público ainda enxergava um "J Car" com uma lasca do prestígio de um verdadeiro Cadillac. O motor 1.8 com carburador Rochester movido a gasolina era fraco (rendia 88 horsepower), e o propulsor 2.0 (utilizado no Cimarron entre 1983 e 1986, com injeção de combustível TBI) tinha a proeza de render menos potência: 86 horsepower. Ao menos, mais força era entregue pelo 2.0 em regime menor de rotações por minuto.


Mesmo com a adoção do 2.0, o Cimarron nunca mais atingiu o nível de vendas do primeiro ano, contabilizando 19 294 unidades em 1983, 21 898 carros em 1984 e 19 890 automóveis em 1985. Só neste ano veio a opção do motor 2.8 V6 de 130 horsepower, que se tornou o propulsor padrão a partir de 1987.


Ainda em 1985, foi exibido o carro-conceito Cimarron PPG, que pouco tinha a ver em termos estiísticos com o sedã. Era um conversível de formas aerodinâmicas, com ambientes dianteiro e traseiro separados, cada qual com seu para-brisa, aparelho de TV central e um par de portas. O volante trazia um telefone embutido. Já o conjunto mecânico era o mesmíssimo do Cimarron de série: motor 2.8 V6 e câmbio automático de 3 marchas, conjunto que o levava a declarados 193 km/h.


Apesar do Cimarron estar visualmente mais atraente, o público continuava não enxergando nele um Cadillac. Em 1986, foram vendidas 24 534 unidades, enquanto em 1987 este número caiu quase 10 mil unidades, para 14 561 carros.


No último ano de produção (1988), só 6454 unidades foram comercializadas. A produção foi encerrada em junho. Um mês depois, saiu de linha seu irmão Oldsmobile Firenza. Naquele ano de 1988, o Opel Ascona também deixou de ser fabricado, substituído pela primeira geração do Vectra. O Buick Skyhawk durou até 1989 e o Chevrolet Cavalier teve uma geração seguinte, que recebeu algumas remodelações e ficou no mercado até 2005. Nosso Monza passou por uma reestilização em 1991 e sobreviveu até 1996.


Depois do fracasso comercial, a Cadillac abandonou o segmento de sedans médio-compactos por anos a fio. O BLS, meio-irmão do Saab 9-3 lançado em 2006, também teve vida curta (apenas três anos). Atualmente, o representante da marca é o belo ATS, que começou a ser produzido em 2013 e vem se saindo bem em vendas nos Estados Unidos e Europa, inclusive sendo eleito o Carro Norte-Americano do Ano de 2013, em júri composto por 49 jornalistas dos EUA e Canadá.


Fonte - Wikipedia/Imagens - AutoWP.ru

Comentários

Manú D Subtil disse…
Horrível! O nosso Monza/Ascona C e bem mais bonito e moderno e autêntico. Não custava nada pra Chevrolet americana em produzir esse Cavalier com a mesma aparência do nosso Chevrolet Monza exatamente como a Volkswagen dos EUA fez com o Santana quadrado ( lá chamado Quantum) apenas a frente era um pouco diferente, de resto era todo idêntico, que infeliz atitude em produzir essa aberração acima ao invés do nosso querido Chevrolet Monza.