Desde 2005 a picape média Hilux não mudava tanto. Isso se tornou necessário porque os modelos de cabine dupla das seis marcas que disputam esse mercado no Brasil conquistaram espaço nas cidades, apesar da irracionalidade de seu porte e do peso elevado. A Toyota fez um trabalho profundo do chassi à carroceria, do estilo ao trem de força. Pela primeira vez a eterna líder S10 terá que se cuidar mais para manter a posição.
A frente foi atualizada (inclui luzes diurnas de LED) para se adequar ao estilo mundial do fabricante japonês, sem perder o aspecto de robustez. Portas e teto são novos, além da boa solução estilística da terceira coluna da cabine. As lanternas traseiras precisariam ter sido mudadas: as diferenças são sutis. Para compensar há dois desenhos de rodas de liga leve, de 17 e de 18 pol. A nova Hilux ficou sete cm mais comprida (5,33 m de dificuldade para achar uma vaga) e dois cm mais larga. Distância entre-eixos não mudou, porém a Toyota afirma que os passageiros atrás ganharam 3,5 cm para os joelhos, apesar do comprimento interno da cabine ter encolhido sete cm. E na frente o espaço para ombros é dois cm maior; atrás, permaneceu o mesmo.
Em segurança a marca japonesa não economizou. São até cinco airbags (um deles para joelho do motorista) e engates Isofix para bancos infantis. Como a versão feita na Tailândia já ganhou cinco estrelas para passageiros e quatro para crianças, a produzida na Argentina deve repetir o resultado. O interior também foi renovado com destaque para a bem posicionada tela multimídia de sete pol. com GPS e TV. Até a anacrônica alavanca de tração 4x4 e reduzida do câmbio foi substituída por sistema elétrico. Espelhos agora rebatem eletricamente. Existe tomada de 220 V no console central que pode recarregar um telefone celular mais rapidamente, além de outros equipamentos eletrônicos. Câmera de ré foi reposicionada para a maçaneta da tampa da caçamba (antes era “espetada” na tampa). Lanterna de neblina é outra novidade.
Maior isolamento acústico da cabine e a rigidez 20% maior do novo chassi melhoram nitidamente o nível de ruído e vibração internos. O novo motor, mais leve, colaborou, pois o antigo era bem ruidoso. Os ganhos se estenderam à economia de combustível de até 10%, segundo a fábrica. A potência subiu para 177 cv e o torque, para 45,9 kgf.m, apesar da redução de cilindrada de 3 para 2,8 litros. Câmbios automático e manual passaram de cinco para seis marchas, baixando rotação em velocidades de cruzeiro.
Dirigibilidade é outro destaque, a começar pela regulagem de altura e, agora, de distância do volante. Mesmo com a caçamba vazia ou no uso fora de estrada, os cinco cm a mais no curso da suspensão traseira dão outro grau de civilidade à picape de quase 2.100 kg.
São três versões de acabamento: SR, SRV e SRX. Os preços da versão de cabine dupla, que representa 90% das vendas, começam em R$ 130.960. Mas pode chegar a nada menos de R$ 188.120 (tração 4x4), para quem estiver disposto a investir em um veículo que legalmente é comercial leve, de preço equivalente a quase o dobro de um Corolla ou Civic completos.
RODA VIVA
HONDA segue tendência mundial de substituir paulatinamente motores aspirados por superalimentados (turbocompressor), em motores de ciclo Otto. Nova geração do Civic brasileiro terá um turbo de 1,5 litro, em meados de 2016. Depois virá o de 1 litro, três-cilindros também turbo, na próxima atualização estilística do Fit, prevista para final de 2017.
VENDAS à vista subiram de 38% para 48% este ano, como reflexo da saída do mercado de compradores de menor poder aquisitivo e dependentes de financiamento. Em outubro, média de vendas em dias úteis teve leve alta de 0,8% sobre setembro. Mesmo com os seguidos cortes de produção os estoques não baixam: 53 dias, em setembro e, de novo, em outubro.
LEVE rejuvenescida na parte frontal do ix35, lanternas traseiras de LEDs e uma versão de topo que continua bem recheada, como banco do motorista de couro com ajuste elétrico, podem dar fôlego ao crossover da Hyundai na faixa dos R$ 100.000. Motor perdeu potência e torque (9%) para ajustar consumo. Em estrada, principalmente, a diferença é bem sentida.
FAGULHAS surgem da aliança Renault-Nissan, segundo o jornal The Japan Times. Nissan, por gerar 80% dos lucros, quer assumir decisões na administração central. O governo francês, dono de 15% das ações da Renault, fez manobras no mercado de ações para manter sua influência. Só mesmo o brasileiro Carlos Ghosn, executivo principal, para aplacar interesses em jogo.
GOVERNO japonês queria cortar vantagens fiscais para os kei jidosha, os carros “populares” de lá com motores de apenas 660 cm³ (todos turbo) e dimensões reduzidas (menos na altura, que pode chegar a 2 metros), mas desistiu de mexer no vespeiro. Representam mais de um terço do mercado interno, mas incentivos para os híbridos já vinham erodindo seu avanço.
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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